19 de outubro de 2020

187 Estudo completo sobre o estado dos mortos no Sheol

 

*Nota: O artigo abaixo é extraído de um dos capítulos da nova versão do meu livro "A Lenda da Imortalidade da Alma" (ainda em construção). O capítulo em questão inclui uma análise completa de Isaías 14, de Ezequiel 32 e da parábola do rico e Lázaro, que eu deixei de fora neste artigo para não deixá-lo ainda mais exorbitantemente longo. Se você quer ler o capítulo completo, basta clicar aqui que o pdf será baixado automaticamente. 

Introdução
 
Talvez a mais importante prova da inexistência de consciência no estado intermediário é que o único lugar para o qual a Bíblia diz que justos e ímpios vão após a morte, o Sheol, não é nem um céu nem um inferno, mas tão-somente a região subterrânea da terra onde estão os cadáveres dos mortos. “Sheol” é um termo hebraico que às vezes é apenas transliterado nas versões em português da Bíblia, embora muitas delas, pelo viés do tradutor, traduzam por “inferno” ou por “mansão dos mortos”, impondo um conceito que não está no texto. Tome como exemplo um simples texto como Isaías 14:15, que a NVI traduz da seguinte maneira:
 
“Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo!” (Isaías 14:15)
 
O original hebraico diz:
 
“Yarad sh'owl yrekah bowr”
 
“Sh'owl” é o termo geralmente transcrito como “Sheol”, na maioria das Bíblias em português. Mas veja como este mesmo texto é traduzido pela Almeida Revista e Atualizada:
 
“Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14:15)
 
Na ARA, o Sheol é traduzido como o “reino dos mortos”, o que para alguns pode transmitir a ideia de um reino literal cujos habitantes estão vivos e interagem entre si (algo semelhante ao “reino dos céus”). Algo parecido faz a Nova Almeida Atualizada, que assim traduz o verso em questão:
 
“Mas você descerá ao mundo dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14:15)
 
A versão católica Ave Maria, de forma similar, assim traduz:
 
“E, entretanto, eis que foste precipitado à morada dos mortos, ao mais profundo abismo” (Isaías 14:15)
 
A Bíblia da CNBB, também católica, já coloca uma “mansão” no texto:
 
“Foste, porém, precipitado à mansão dos mortos, chegaste ao fundo do Abismo!” (Isaías 14:15)
 
Para piorar, observe como o mesmo texto é traduzido pela Almeida Corrigida Fiel:
 
“E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo” (Isaías 14:15)
 
Aqui eles já meteram o “inferno” no meio, sem mais nem menos.
 
Uma tradução mais “neutra” podemos encontrar na Nova Versão Transformadora, onde se lê:
 
“Em vez disso, será lançado ao lugar dos mortos, ao mais profundo abismo” (Isaías 14:15)
 
A tabela abaixo resume as diferentes traduções para o Sheol em Isaías 14:15:
 

Bíblia

Tradução

Nova Versão Internacional

Sheol

Almeida Revista e Atualizada

Reino dos mortos

Nova Almeida Atualizada

Mundo dos mortos

Ave Maria

Morada dos mortos

CNBB

Mansão dos mortos

Almeida Corrigida Fiel

Inferno

Nova Versão Transformadora

Lugar dos mortos

Lembre-se de que estamos falando apenas de sete versões diferentes traduzindo um único texto. Se ampliássemos a quantidade de versões e de textos onde o Sheol aparece, teríamos uma tabela quase interminável de traduções diferentes para a mesma palavra. O viés doutrinário da grande maioria dessas traduções é evidenciado quando simplesmente comparamos a forma como eles traduzem o Sheol em Isaías 14:15 com o modo como traduzem a mesma palavra em Eclesiastes 9:10, que na NVI aparece assim:
 
“O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria” (Eclesiastes 9:10)
 
Embora no original hebraico conste a mesma palavra Sheol que aparece no texto de Isaías, a NVI preferiu traduzir por “sepultura” aqui, e manter o “Sheol” no outro texto, sem tradução. Das outras versões, a maior parte delas prefere traduzir por “sepultura”, induzindo o leitor a pensar que em Isaías o autor falava de um “reino” ou “mundo” onde os mortos estão conscientes, e que em Eclesiastes o autor falava apenas do túmulo e nada a mais (embora seja o mesmo termo que apareça no hebraico de ambos os textos):
 

Bíblia

Tradução

Nova Versão Internacional

Sepultura

Almeida Revista e Atualizada

Além

Nova Almeida Atualizada

Sepultura

Ave Maria

Região dos mortos

CNBB

Mundo dos mortos

Almeida Corrigida Fiel

Sepultura

Nova Versão Transformadora

Sepultura

A primeira ironia a se observar é que nenhuma versão manteve a mesma tradução, para manter um mínimo de coerência. Todas elas mudaram alguma coisa, mesmo que uma mudança sutil. O segundo detalhe curioso é que a maioria das versões consultadas traduziram o Sheol em Eclesiastes 9:10 como “sepultura”, mas nenhuma fez isso com o Sheol em Isaías 14:15. Até a NVI, que de todas foi a única corajosa que verteu o Sheol como Sheol em Isaías 14:15, deixando que o leitor tirasse as suas próprias conclusões, mudou a tradução para “sepultura” em Eclesiastes 9:10, induzindo o leigo a pensar que um autor falava do Sheol, e o outro não.
 
Não admira que muitos apologistas imortalistas não familiarizados com o texto hebraico pensem que Salomão falava do qeber (túmulo) em Eclesiastes 9:10, e não do Sheol. Essas mudanças são intencionais, e fazem parte das sutilezas com as quais os tradutores imortalistas adulteram a Bíblia a fim de ofuscar a verdade nítida e clarividente a qualquer leitor do hebraico, de que o Sheol nada mais é que a região subterrânea da terra. Em minhas pesquisas para escrever este capítulo, descobri que o Sheol aparece 66 vezes no texto hebraico, e que na vasta maioria delas os tradutores preferiram ocultar sua menção, pelo simples fato de que os textos claramente mostram se tratar de um lugar sem vida onde os mortos estão enterrados. Nestes casos, eles preferem traduzir por “sepultura”, “túmulo” ou “cova”.
 
Por outro lado, nos poucos textos onde não está claro o significado do Sheol (ou seja, onde o contexto não mostra claramente que se trata de um lugar sem vida, embora também não afirme ser um lugar com vida), eles aproveitam para manter o termo “Sheol” ou para traduzir por “mansão dos mortos”, “reino dos mortos”, “mundo dos mortos” e “inferno”, já que ali o tradutor vê a oportunidade de encaixar o inferno ou o lugar intermediário onde as almas supostamente estariam. Assim, os leitores sem familiaridade com o hebraico são induzidos a pensar que este lugar aparece pouquíssimas vezes na Bíblia, e todas elas em textos que abrem alguma margem para a possibilidade de um lugar com vida.
 
Mal sabem eles que o Sheol aparece em toda a parte, e que é justamente o grosso dos textos sobre o Sheol que lança luz ao seu significado nos demais textos, onde o sentido é “obscuro” ao olhar o texto por si só. Nenhum leigo consegue perceber isso ao ler apenas as traduções, porque as traduções maliciosas os induzem ao erro. Ao invés de manterem o Sheol onde o Sheol aparece e deixarem que a Bíblia interprete a Bíblia (ou seja, que os textos com significado menos claro sejam explicados à luz dos textos onde o significado é claro), eles astutamente encobrem o Sheol em pelo menos 80% dos textos onde o Sheol aparece, e o mantém na minoria que abre alguma margem para interpretações duvidosas, que os teólogos imortalistas se aproveitam às custas da ignorância do leitor médio.
 
Quando defrontados com essa realidade, alguns imortalistas chegam ao ponto de sugerir que quase todas as vezes que o Sheol aparece na Bíblia ele aparece em um sentido alternativo e secundário que não tem nada a ver com o Sheol, e que o verdadeiro significado do Sheol só pode ser deduzido daquela pequena gama de textos que eles distorcem vergonhosamente, ignorando todos os demais. Isso não apenas é um exemplo de como não se faz exegese, como ilustra bem o tipo de hermenêutica defeituosa que se cria na base do desespero. É a famosa “exegese de costura”, que ao invés de partir da Bíblia e dela tirar as conclusões mais sensatas, parte-se de um pressuposto doutrinário e tenta-se “arranjar” os textos de uma forma que convenientemente combine com o desejado.
 
Para evitar a exegese de costura, todos os textos que serão aqui apresentados estarão devidamente acompanhados de seu significado no hebraico, para que o leitor saiba quando é o Sheol que aparece, e quando é outro termo (exceto nas ocasiões em que a tradução utilizada já use o termo Sheol, em conformidade com o hebraico).
 
 
O que é e onde fica o Sheol?
 
Sheol e Hades – Antes de mais nada, e para evitar confusões futuras, precisamos esclarecer que o equivalente grego ao Sheol é o Hades, o que explica por que os textos do Antigo Testamento que mencionam o Sheol são citados no Novo Testamento como uma referência ao Hades. Por exemplo, o salmista diz que “tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição” (Sl 16:10). O termo aqui traduzido por “sepulcro”, no original hebraico, é o Sheol. Este mesmo texto é citado por Pedro em seu discurso no Pentecoste, mas com o Hades em lugar do Sheol (cf. At 2:27 no original grego).
 
De forma semelhante, Oseias diz: “Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde está, ó sepultura, a sua destruição?” (Os 13:14). Aqui, mais uma vez, é o Sheol que aparece no texto hebraico. Paulo cita esse mesmo texto em 1ª Coríntios 15:55, mas com o Hades em lugar do Sheol, uma vez que o Hades é o equivalente grego ao Sheol do hebraico. Na Septuaginta, uma famosa versão grega do Antigo Testamento produzida poucos séculos antes de Cristo, o Sheol também é sempre traduzido como Hades.
 
Onde fica o Sheol? – Que o Sheol e o Hades são os mesmos, isso é um ponto pacífico entre holistas e dualistas. A grande discussão gira em torno do que vem a ser o Sheol/Hades. Como veremos, na Bíblia o Sheol/Hades significa invariavelmente a região subterrânea da terra onde os mortos estão sepultados, ainda que em textos de natureza poética ou alegórica haja liberdade poética para se referir ao Sheol de uma forma figurada (no mesmo sentido em que as árvores falam e conversam entre si). Mas na teologia imortalista, o Sheol é a própria morada dos espíritos dos mortos, onde estão conscientes e sofrendo tormento (se forem ímpios) ou desfrutando paz e bem-aventurança (se forem justos).
 
O problema é que os imortalistas sequer tem um consenso em relação a quem está no Sheol ou onde o Sheol fica. Para alguns, o Sheol é um lugar subterrâneo literal no interior da terra (que alguns identificam como o núcleo do planeta) onde as almas de justos e ímpios vão após a morte. Não me pergunte o que um espírito imaterial faria no interior de um planeta físico, mas este é o único jeito que eles encontraram para conciliar os inúmeros textos que descrevem o Sheol invariavelmente como um lugar subterrâneo na terra. O Pr. Natanael Rinaldi, por exemplo, afirmou que o Sheol “é o lugar não visto, abaixo da terra, enquanto a sepultura é na superfície da terra, é um lugar visto por qualquer ser humano”[1].
 
Há inúmeras ilustrações de autores imortalistas que mostram o Sheol/Hades como um “reino dos mortos” embaixo da terra, como, por exemplo, nesse autointitulado “mapa escatológico” cheio de setas pra lá e pra cá, que ilustra bem a confusão mental que assola a cabeça de tantos imortalistas:
 

Curiosamente, o mesmo Natanael Rinaldi que disse em um artigo que o Sheol fica embaixo da terra escreveu outra coisa em seu livro, onde se opõe aberta e descaradamente aos textos bíblicos que ele mesmo cita e diz que o Sheol fica na verdade em “outra dimensão”, tentando dar algum sentido lógico à crença imortalista, à custa dos textos bíblicos:
 
[O Sheol] é visto como ficando abaixo, nas “entranhas da terra” ou “lugar mais baixo da terra” (Jó 11:8; Is 44:23, 57:9; Ez 26:20; Am 9:2). Essas expressões não podem ser literalizadas dentro de uma posição geográfica. Indicam que o Sheol não faz parte desta dimensão (ou mundo), mas existe em outra dimensão.[2]
 
Não me pergunte de onde foi que Rinaldi viu nos textos uma indicação de que o Sheol “existe em outra dimensão”, mas aqui nos deparamos com o primeiro grande dilema que atormenta a mente dos imortalistas. Se eles disserem que o Sheol fica nas regiões subterrâneas da terra, como a Bíblia taxativamente ensina, terão que lidar com insuperáveis problemas lógicos; por outro lado, se disserem que fica em outra dimensão, terão que lidar com o problema da Bíblia. Na dúvida, a maior parte deles prefere sacrificar a Bíblia e lançar o Sheol para uma outra dimensão, ainda que não haja um único mísero texto que afirme que o Sheol pertence a uma outra dimensão fora da terra. Isso mostra o apreço que eles têm pela Bíblia: nenhum.
 
Imortalistas como Natanael Rinaldi precisam se decidir se o Sheol é um lugar embaixo da terra ou se fica fora da terra. Se o Sheol fica mesmo em uma outra dimensão, então fica fora da terra, e todos os textos bíblicos que descrevem o Sheol como parte da terra estão simplesmente enganando o leitor. É curioso notar que não há um único texto bíblico que diga que o céu onde Deus habita é uma parte da terra, justamente porque os escritores bíblicos sabiam que ficava numa outra dimensão. Por isso vemos vários textos que contrastam o céu com a terra (cf. Dt 4:39; Is 55:9; 1Rs 8:27; Sl 73:25; Mt 6:19-20, 16:19, 28:18; Cl 3:2, etc).
 
Por outro lado, nunca vemos um único texto bíblico que coloque em contraste o Sheol (que para os imortalistas também fica numa outra dimensão espiritual) com a terra, ou que considere o Sheol um lugar fora da terra. Pelo contrário, o Sheol é sempre, somente e invariavelmente identificado com as regiões subterrâneas da terra, justamente porque os escritores bíblicos sabiam que ele é parte da terra, não de outra dimensão, como o céu. Dizer que o Sheol fica em outra dimensão é zombar da inteligência de qualquer leitor alfabetizado, e até dos que não são. É pisar em cima dos textos bíblicos desavergonhadamente e dizer que vale qualquer coisa para salvar uma doutrina antibíblica como a da imortalidade da alma.
 
Em Amós, Deus diz que “ainda que cavem até o Sheol, dali a minha mão irá tirá-los” (Am 9:2). Aqui vemos que é possível chegar ao Sheol cavando. Eu me pergunto quanto tempo será preciso escavar até acessar uma outra dimensão, como ensina Rinaldi e tantos outros autores imortalistas. Deve ser bastante, eu suponho. Note como o texto é muito mais simples de se entender quando simplesmente assumimos que o Sheol é exatamente aquilo que os escritores bíblicos diziam ser: a região subterrânea da terra. Neste caso, a linguagem de “cavar” é apropriada e de fácil entendimento, bem diferente do que seria se o Sheol se situasse numa dimensão metafísica, tornando a escavação tão inútil quanto ridícula, e fazendo dela uma linguagem totalmente inapropriada, um nonsense.
 
Um texto que mostra com uma clareza indiscutível como o Sheol era identificado com a região subterrânea da terra é o episódio da revolta de Corá, ocasião na qual a terra se abriu e engoliu vivos os rebeldes:
 
“Então o Senhor disse a Moisés: ‘Diga à comunidade que se afaste das tendas de Corá, Datã e Abirão’. Moisés levantou-se e foi para onde estavam Datã e Abirão, e as autoridades de Israel o seguiram. Ele advertiu a comunidade: ‘Afastem-se das tendas desses ímpios! Não toquem em nada do que pertence a eles, senão vocês serão eliminados por causa dos pecados deles’. Eles se afastaram das tendas de Corá, Datã e Abirão. Datã e Abirão tinham saído e estavam de pé, à entrada de suas tendas, junto com suas mulheres, seus filhos e suas crianças pequenas. E disse Moisés: ‘Assim vocês saberão que o Senhor me enviou para fazer todas essas coisas e que isso não partiu de mim. Se estes homens tiverem morte natural e experimentarem somente aquilo que normalmente acontece aos homens, então o Senhor não me enviou. Mas, se o Senhor fizer acontecer algo totalmente novo, e a terra abrir a sua boca e os engolir, junto com tudo o que é deles, e eles descerem vivos ao Sheol, então vocês saberão que estes homens desprezaram o Senhor’. Assim que Moisés acabou de dizer tudo isso, o chão debaixo deles fendeu-se e a terra abriu a sua boca e os engoliu juntamente com suas famílias, com todos os seguidores de Corá e com todos os seus bens. Desceram vivos à sepultura [Sheol], com tudo o que possuíam; a terra fechou-se sobre eles, e pereceram dentre a assembleia” (Números 16:23-33)
 
Aqui vemos claramente os seguidores de Corá descendo vivos ao Sheol ao serem engolidos pela terra, justamente porque o Sheol compreende as regiões subterrâneas da terra. Observe ainda que o texto não apenas diz que os seguidores de Corá desceram vivos ao Sheol, mas também que desceram com tudo o que possuíam (ou seja, com os seus pertences). Se o Sheol fica numa outra dimensão, a única coisa que podemos concluir é que, enquanto os seguidores de Corá eram engolidos pela terra, suas almas se separaram de seus corpos e foram magicamente teletransportadas para uma outra dimensão, juntamente com os seus bens. Se isso parece ridículo, é porque é ridículo.
 
Como comenta Bacchiocchi, “este episódio claramente revela que a pessoa inteira, não somente a alma, desce ao Sheol”[3]. É evidente que o Sheol para os hebreus nada mais era que o interior da terra, onde as pessoas eram enterradas. O que diferenciou esse episódio de Números 16:30-33 de uma morte comum é que numa morte comum o homem é enterrado depois que morre, e é enterrado sozinho, enquanto aqui todos os seguidores de Corá foram enterrados vivos quando a terra se abriu e os engoliu junto com todos os seus pertences, incluindo suas tendas (vs. 24-27).
 
Substâncias físicas no Sheol – O fato de objetos físicos descerem ao Sheol, como no episódio da revolta de Corá, é outra prova indiscutível de que os hebreus de modo algum imaginavam o Sheol como pertencente a outra dimensão. Vemos outro exemplo disso em Isaías 5:13-14, que fala a respeito da cidade de Jerusalém:
 
 
Aqui vemos que não apenas os habitantes desceriam ao Sheol, mas também o próprio «esplendor da cidade e a sua riqueza». Talvez você esteja se questionando como isso é possível, já que os israelitas não enterrariam suas próprias riquezas e palácios. Isso não seria preciso, já que isso é o que acontece naturalmente com uma cidade em ruínas: com o passar do tempo, ela é lentamente “engolida” pela terra da mesma forma que os seguidores de Corá. É por isso que quando um arqueólogo tenta encontrar vestígios de uma civilização antiga, e mesmo de uma não tão antiga assim, ele precisa escavar, e muito. O que Deus estava dizendo é que toda a riqueza da cidade e o seu esplendor viraria ruínas nas mãos dos babilônicos, o que faria a cidade desaparecer no fundo da terra – ou seja, no Sheol.
 
Algo semelhante é dito a respeito da cidade de Tiro, sobre a qual Ezequiel declara:
 
“Depois entoarão um lamento acerca de você e lhe dirão: ‘Como você está destruída, ó cidade de renome, povoada por homens do mar! Você era um poder nos mares, você e os seus cidadãos; você impunha pavor a todos que ali vivem. Agora as regiões litorâneas tremem no dia de sua queda; as ilhas do mar estão apavoradas diante de sua ruína’. Assim diz o Soberano Senhor: Quando eu fizer de você uma cidade abandonada, como uma cidade inabitável, e quando eu a cobrir com as vastas águas do abismo, então farei você descer com os que descem à cova, para fazer companhia aos antigos. Eu a farei habitar embaixo da terra, como em ruínas antigas, com aqueles que descem à cova, e você não voltará e não retomará o seu lugar na terra dos viventes. Levarei você a um fim terrível e você já não existirá. Você será procurada, e jamais será achada, palavra do Soberano Senhor” (Ezequiel 26:17-21)
 
A cidade faria «companhia aos antigos», não porque ela fosse teletransportada para uma outra dimensão onde os antigos estariam queimando ou se regozijando, mas porque habitaria «embaixo da terra», assim como eles. Essa expressão de modo algum diz respeito a uma dimensão espiritual metafísica, mas meramente à região subterrânea da terra, o lugar onde os mortos estão enterrados e onde se encontram os resquícios das antigas cidades. O mesmo pode ser dito a respeito das árvores que são cortadas e morrem, as quais também vão «para baixo da terra», junto com «os que descem à cova»:
 
“Por isso nenhuma outra árvore junto às águas chegará a erguer-se orgulhosamente tão alto, alçando o seu topo acima da folhagem espessa. Nenhuma outra árvore igualmente bem regada chegará a essa altura; estão todas destinadas à morte, e irão para baixo da terra, entre os homens mortais, com os que descem à cova(Ezequiel 31:14)
 
“Qual das árvores do Éden pode comparar-se a você em esplendor e majestade? No entanto, você também será derrubado e irá para baixo da terra, junto com as árvores do Éden; você jazerá entre os incircuncisos, com os que foram mortos pela espada” (Ezequiel 31:18)
 
Neste último texto, vemos que o destino do faraó seria o mesmo das árvores do Éden, que estão embaixo da terra. Isso não significa que as árvores do Éden tenham sido teletransportadas para o inferno numa outra dimensão onde o faraó estaria sofrendo, significa apenas que o faraó estaria no mesmo lugar que as árvores destruídas pelo dilúvio: embaixo da terra. Assim, vemos que toda a região subterrânea da terra é chamada de Sheol, razão pela qual ela é tantas vezes associada aos mortos, que lá estão enterrados.
 
Para a superfície terrestre ou para designar o planeta como um todo, os hebreus usavam o termo erets (traduzido como “terra”), enquanto usavam Sheol quando queriam designar a região subterrânea da terra. Em todas as 66 vezes que o Sheol aparece no Antigo Testamento, ele pode ser simplesmente traduzido como “regiões subterrâneas” (referindo-se ao que está embaixo da terra) sem perda de sentido, mas em muitos desses casos traduzi-lo por “inferno” ou por qualquer lugar em outra dimensão seria simplesmente ridículo.
 
Joelhos se dobrando no inferno? – Ironicamente, quando o termo em latim infernus foi criado, ele designava justamente as regiões inferiores da terra, mas com o tempo passou a ser usado no sentido de um lugar de tormento numa dimensão metafísica, tornando-se o “inferno” que popularmente conhecemos. Há quem se apegue a Filipenses 2:9-11 na tentativa de impor o conceito popular de infernus, como o lugar onde o espírito dos ímpios está queimando conscientemente. Isso porque Paulo diz que todo joelho se dobraria a Cristo “debaixo da terra” (na versão em latim, nos “infernus”):
 
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11)
 
Baseado nisso, eles concluem que a expressão “debaixo da terra” deve designar um lugar com consciência e atividade, caso contrário ninguém conseguiria dobrar seus joelhos ali. Com essa mesma lógica, poderíamos concluir que a Atlântida do filme do Aquaman é uma cidade real no fundo do mar, já que outro texto bíblico diz:
 
“Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: ‘Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!’” (Apocalipse 5:13)
 
Será que isso significa que há literalmente seres aquáticos que conscientemente louvam ao Senhor com a oração citada no verso? Poucos seriam capazes de chegar a esta conclusão, embora façam exatamente isso em relação ao “debaixo da terra” do texto aos filipenses. O que Paulo queria dizer não é que os joelhos se dobrariam enquanto estivessem debaixo da terra, mas sim que todos aqueles que estão debaixo da terra um dia dobrarão seus joelhos diante do Senhor. Da mesma forma, João não estava dizendo que quem estava no mar louvaria ao Senhor enquanto estivesse no mar, mas sim que o mar entregará os seus mortos (Ap 20:13), quando então eles reconhecerão ao Senhor e lhe darão glória.
 
Em outras palavras, todos os que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar um dia reconhecerão a majestade do Senhor, o que acontecerá quando eles ressuscitarem e estiverem frente a frente com ele. Isso inclui todos os que estão vivos hoje (no céu ou na terra) e os que já morreram e estão debaixo da terra ou do mar. Se uma mãe com vários filhos espalhados pela casa dissesse que “todos os que estão na sala, na cozinha e no quarto vão tomar banho”, isso obviamente não significaria que eles vão tomar banho na sala, na cozinha ou no quarto, mas sim que os que estão nestes lugares irão tomar banho (evidentemente, no banheiro). Da mesma forma, todos os que estão debaixo da terra confessarão que Jesus é o Senhor, não enquanto estiverem embaixo da terra, mas quando forem ressuscitados.
 
 
Para onde vão os salvos após a morte?
 
Subir ao céu ou descer ao Sheol? – Um dos problemas mais sérios que os imortalistas tem de enfrentar é a impossibilidade de conciliar a visão de que a alma “desce” para o Sheol com a de que o espírito “sobe” para Deus na morte. Como vimos no capítulo 2, os imortalistas rotineiramente citam Eclesiastes 12:7 fora de contexto para dizer que uma alma imortal abandona o corpo depois da morte e vai para a presença de Deus, já que o texto diz que “o pó volta à terra, de onde veio, e o espírito volta a Deus, que o deu” (Ec 12:7). Como vimos, o espírito neste texto se refere ao princípio animador da vida que Deus soprou no homem em Gênesis 2:7, e que volta para Ele por ocasião da morte. Em nada tem a ver com uma alma dotada de personalidade e consciência à parte do corpo.
 
No entanto, uma vez que para os imortalistas o espírito se refere precisamente à alma imortal fora do corpo, eles são obrigados a interpretar este texto no sentido de um ente pessoal que vai para a presença de Deus, mesmo antes da morte e da ressurreição de Cristo (na época em que Salomão escreveu este verso). Isso confronta diretamente os muitos textos bíblicos que se referem ao Sheol como um lugar embaixo da terra, situado em contraste com o Paraíso, em vez de ser identificado com ele. Jesus, por exemplo, exclamou: “E você, Cafarnaum, será elevada até ao céu? Não, você descerá até o Hades” (Mt 11:23).
 
Para Jesus, portanto, o Hades está embaixo da terra, e o céu em cima. Os dois claramente não estão no mesmo lugar, como seria preciso para conciliar o texto que fala do espírito subindo para Deus com os inúmeros textos que dizem que a alma desce ao Sheol na morte. Isso está perfeitamente de acordo com a noção bíblica de que o Sheol diz respeito às regiões inferiores da terra (portanto, “embaixo”) e de que o céu faz parte de uma dimensão mais elevada em relação à nossa (portanto, “em cima”). Se Deus habita no céu (1Rs 8:43; Jó 22:12; Mt 6:9; Hb 9:24) e o espírito volta para Deus por ocasião da morte (Ec 12:7), a única coisa que podemos concluir é que ele não desce ao Sheol, o que desmonta inteiramente a noção de que o espírito seja a tal “alma imortal”, o nosso verdadeiro “eu” que sobrevive à morte com consciência e personalidade.
 
E não foi apenas Jesus que situou o Sheol/Hades “embaixo”, em oposição ao céu. Sempre que um escritor bíblico se refere à ida de alguém ao Sheol, ele usa o verbo yarad (descer). Jó diz que assim como a nuvem esvai-se e desaparece, assim quem desce (yarad) à sepultura [Sheol, no hebraico] não volta” (Jó 7:9). De igual maneira, os seguidores de Corá desceram (yarad) vivos ao Sheol, com tudo o que possuíam; a terra fechou-se sobre eles, e pereceram dentre a assembleia” (Nm 16:33). Segundo Isaías, “o Sheol aumenta o seu apetite e escancara a sua boca. Para dentro dele descerão (yarad) o esplendor da cidade e a sua riqueza, o seu barulho e os que se divertem” (Is 5:14).
 
Davi pede que seu filho Salomão faça Joabe descer (yarad) ensanguentado à sepultura [Sheol]” (1Rs 2:9), e Jacó diz a seus filhos que se alguma coisa acontecesse a Benjamim, “vocês farão estes meus cabelos brancos descerem (yarad) ao Sheol com tristeza” (Gn 42:38), algo que é repetido pelos próprios filhos (Gn 44:31). Na oração de Ana, lemos que “o Senhor mata e preserva a vida; ele faz descer (yarad) à sepultura [Sheol] e dela resgata” (1Sm 2:6). Jó também declara que desceria (yarad) às portas do Sheol (Jó 17:16), e o salmista diz que estava prestes a descer à cova [Sheol]” (Sl 30:3).
 
Vale lembrar que yarad é o mesmo verbo hebraico também rotineiramente usado para se falar da descida à cova ou sepultura (cf. Sl 88:4; Pv 1:12; Is 38:18; Ez 26:20), o que reforça a conexão entre ambos. O uso constante do verbo yarad (descer) relativo ao Sheol, tanto para os justos como para os ímpios, vai ao encontro da mensagem de Jesus, que situou o Hades como um lugar em oposição ao céu (Mt 11:23). Enquanto para o Sheol é usado sempre e somente o verbo descer, para o céu é justamente o inverso que acontece. Embora o céu seja mencionado milhares de vezes na Bíblia, nunca vemos o uso de yarad ou de qualquer verbo hebraico ou grego para “descer”.
 
Em vez disso, vemos Moisés dizendo que “o Senhor é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Dt 4:39), que “o céu está acima da terra” (Dt 11:21) e que ao Senhor pertencem “os mais altos céus” (Dt 10:14). Josué reforça a mensagem de que “o Senhor é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Js 2:11), Samuel diz que “o clamor da cidade subiu até o céu” (1Sm 5:12), Esdras reconhece que “a nossa culpa sobe até os céus” (Ed 9:6), Jó declara que Deus está “nas alturas dos céus” (Jó 22:12), Salomão diz que “não há Deus como tu em cima nos céus nem embaixo na terra” (1Rs 8:23) e pergunta “quem subiu aos céus e desceu” (Pv 30:4).
 
Os salmos estão repletos dessa mesma mensagem. O salmista escreve que Deus “convoca os altos céus e a terra para o julgamento do seu povo” (Sl 50:4), que “os céus se elevam acima da terra” (Sl 103:11), que os “mais altos céus pertencem ao Senhor” (Sl 115:16), e que “se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura [Sheol], também lá estás” (Sl 139:8). Neste último texto, em particular, vemos novamente o Sheol como a antítese geográfica ao céu, com o objetivo de reforçar que não importa o quanto o salmista pudesse subir ou descer, ele nunca escaparia da onipresença de Deus.
 
Jesus também disse que “ninguém jamais subiu ao céu” (Jo 3:13), e em sua ascensão nos é dito que “ele foi elevado aos céus” (At 1:2). Em relação a Davi, somos informados que ele “não subiu aos céus” (At 2:34), e no Apocalipse vemos uma porta aberta no céu, de onde uma voz diz a João: Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas” (Ap 4:1). Paulo não apenas situou o céu “em cima”, como ainda reforçou o contraste entre ele e o Sheol quando escreveu:
 
“Mas a justiça que vem da fé diz: ‘Não diga em seu coração: ‘Quem subirá ao céu?’ (isto é, para fazer Cristo descer) ou ‘Quem descerá ao abismo?’ (isto é, para fazer subir Cristo dentre os mortos)” (Romanos 10:6-7)
 
O “abismo” do qual Paulo se refere é o mesmo abaddon citado em vários textos do Antigo Testamento em paralelismo com o Sheol e com a morte (cf. Jó 26:6, 22:28; Sl 88:11; Pv 15:11). Paulo diz que foi deste lugar que Jesus ressuscitou dos mortos, e Pedro em Atos 2:27 diz que foi do Hades (Sheol) que Jesus ressuscitou. Isso prova que o “Abismo” (abaddon) e o Sheol são o mesmo: ambos se referem ao lugar de onde Jesus ressuscitou. Note que Paulo claramente situa o céu acima (“subirá”), e o Abismo/Sheol embaixo (“descerá”), em perfeita harmonia com as palavras de Cristo em Mateus 11:23. Sendo assim, os imortalistas precisam lidar com o dilema: ou o espírito sobe para Deus no céu, ou desce para o Sheol/Hades.
 
Para os mortalistas, isso é perfeitamente simples e fácil de se explicar, uma vez que o espírito não é o “verdadeiro eu”, mas apenas o fôlego da vida, algo impessoal que veio de Deus (Gn 2:7) e volta para Deus na morte (Ec 12:7). Por isso todos os mortos descem ao Sheol, mas nenhum sobe para a presença de Deus. Mas se os imortalistas entendem que o espírito citado em Eclesiastes 12:7 se refere à alma imortal que sai do corpo após a morte, cabe a eles conciliar este texto (e todos os outros que são pateticamente tirados do contexto para dizer que alguém vai para o céu após a morte, como o do ladrão da cruz de Lucas 23:43) com todos os textos que dizem que os homens vão de corpo e alma ao Sheol após a morte – que é não apenas distinto do céu, mas antagônico a ele.
 
Tamanho é o problema que até hoje eles não se decidiram se os mortos descem ao Sheol na morte, ou se sobem ao Paraíso, ou se antes desciam e agora sobem. É basicamente uma salada de frutas, onde cada um diz uma coisa diferente do outro e ninguém consegue provar nada, simplesmente porque sua teologia é deficiente e contradiz a si mesma. Norman Geisler escancara esse dilema em seu Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia, onde elenca os argumentos dos dois lados e não chega a qualquer conclusão definitiva (embora pareça favorecer a tese de que os mortos iam e vão direto ao céu).
 
Em favor da tese de que os mortos estão no Sheol, ele cita como exemplo o texto que fala dos “espíritos em prisão” (1Pe 3:19) e a parábola do rico e Lázaro, sempre apontada como a prova mais forte da imortalidade da alma na Bíblia, onde o rico estava no Hades e Lázaro no “seio de Abraão”, que supostamente seria um compartimento no Hades para os justos (discorrerei amplamente sobre a parábola ao final deste capítulo). Já em favor da tese contrária (de que após a morte vamos direto pro céu) ele cita como exemplo o ladrão da cruz, que supostamente estaria no Paraíso naquele mesmo dia, bem como Jesus entregando o espírito ao Pai (Lc 23:46) e o episódio do monte da transfiguração (Mt 17:3).
 
Essas contradições mostram como é difícil encaixar os conceitos imortalistas referentes à alma e ao espírito dentro da Bíblia, como um malabarista que tenta equilibrar numa corda bamba os textos que usa para provar a imortalidade da alma, ao mesmo tempo em que mal consegue encaixá-los adequadamente dentro de sua própria teologia. Eles são cínicos o suficiente para usar textos como Eclesiastes 12:7 a fim de provar a sobrevivência da alma no céu, ao mesmo tempo em que usam a parábola do rico e Lázaro com o mesmo propósito, embora esta retrate os personagens em um lugar totalmente diferente do céu. E fazem o mesmo com todos os outros textos que usam, os quais não conseguem encaixar nem em sua própria teologia, muito menos na Bíblia.
 
Para tentar contornar uma contradição tão gritante, Geisler chega a dizer que “o seio de Abraão (Lc 16:23) é uma descrição do céu. Em nenhum ponto ele é descrito como sendo o inferno. É o lugar para onde Abraão foi, que é o ‘reino dos céus’”[4]. Ao invés de solucionar o problema, ele acaba criando outro, uma vez que na parábola Abraão podia não estar no inferno, mas ele estava claramente no mesmo lugar que o rico que sofria tormentos, separado apenas por um abismo (mas não tão grande que impossibilitasse a comunicação entre ambos – cf. Lc 16:26). Portanto, se Abraão estava mesmo no céu, a única coisa que podemos concluir é que o rico também estava no céu – ou pelo menos em um lugar muito próximo, que de modo algum seria geograficamente antagônico ao céu.
 
Na parábola, lemos que o rico estava no Hades (Lc 16:23), que para Jesus era um lugar diametralmente oposto ao céu: “E você, Cafarnaum, será elevada até ao céu? Não, você descerá até o Hades” (Mt 11:23). Se o rico estava tão perto de Abraão a ponto de conversar com ele, e ele estava em um lugar mais distante do céu do que a própria terra onde vivemos, então é óbvio que Abraão não podia estar no céu. Alguns tentarão resolver este problema alegando que o céu e o Hades são antagônicos apenas “espiritualmente” (no sentido de que no céu as pessoas estão perto de Deus, e no Hades/inferno estão distantes), mas que são geograficamente próximos. Essa tentativa esbarra nos inúmeros textos bíblicos que explicitamente colocam os justos no Sheol/Hades, o que incluiria o próprio Abraão.
 
Os justos no Sheol – O salmista escreve que “a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura” (Sl 88:3). Onde a NVI traduz por “sepultura”, é o Sheol que aparece no texto hebraico. Se o salmista sabia que ele iria ao Sheol caso morresse, é evidente que não passava pela sua cabeça que o Sheol era uma habitação apenas dos ímpios (ou seja, um “inferno”). Quando recuperado de sua enfermidade, ele louvou ao Senhor dizendo que “grande é o teu amor para comigo; tu me livraste das profundezas do Sheol” (Sl 86:13). Em outra ocasião, também próximo da morte, ele escreveu:
 
“As cordas do Sheol me envolveram; os laços da morte me alcançaram. Na minha aflição clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos” (Salmos 18:4-6)
 
Estas palavras são quase que repetidas à risca no Salmo 116, onde ele escreve:
 
“Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida. As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. Então clamei pelo nome do Senhor: ‘Livra-me, Senhor!’. O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo. O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou” (Salmos 116:2-6)
 
Tão certo o salmista estava de que o Sheol era o destino natural de todos os homens que ele fez a pergunta retórica: “Que homem pode viver e não ver a morte, ou livrar-se do poder da sepultura?” (Sl 89:48). Aqui, “sepultura” é mais uma vez a tradução do hebraico Sheol, o que mostra que para o salmista o Sheol estava longe de ser uma morada apenas de ímpios. Note que ele não pergunta “que homem ímpio pode livrar-se do Sheol”, mas fala do gênero humano, de uma forma geral[5].
 
O salmista estava consciente de que “Deus redimirá a minha vida (nephesh) da sepultura [Sheol] e me levará para si” (Sl 49:15). Embora a NVI traduza por “vida” e “sepultura”, é nephesh (alma) e Sheol que constam no original hebraico. Note que ele não diz que Deus não permitiria que sua alma passasse pelo Sheol, mas sim que Deus redimiria a sua alma dali. A palavra usada no hebraico para “redimir” é padah, que significa «resgatar, redimir, livrar; ser resgatado»[6]. Esta é uma das primeiras alusões à ressurreição final na Bíblia, e mostra que para o salmista não apenas o corpo seria ressuscitado, mas também sua nephesh.
 
Observe ainda que ele seria resgatado do Sheol, que é onde ele estaria antes disso, e que só então veria a Deus, o que fica claro na continuação do verso (“...e me levará para si”). Para o salmista, portanto, ele desceria de corpo e alma ao Sheol, e dali seria resgatado em algum momento para a presença do Senhor (o que ocorrerá na ressurreição dos mortos). Isso confronta toda a visão de que só os ímpios vão ao Sheol, ou de que é possível estar na presença de Deus no Sheol, ou de que o Sheol seja o próprio céu ou inferno.
 
O próprio Ezequias, que é descrito como um rei que “fez o que era bom e certo, e em tudo foi fiel diante do Senhor, do seu Deus” (2Cr 31:20), estava certo de que iria para o Sheol caso morresse: “No vigor da minha vida tenho que passar pelas portas da sepultura [Sheol] e ser roubado do restante dos meus anos?’” (Is 38:10). Semelhantemente, quando Deus livrou Davi das mãos de Saul, que queria matá-lo, ele cantou este cântico ao Senhor:
 
“As ondas da morte me cercaram; as torrentes da destruição me aterrorizaram. As cordas da sepultura [Sheol] me envolveram; as armadilhas da morte me confrontaram. Na minha angústia, clamei ao Senhor; clamei ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; o meu grito de socorro chegou aos seus ouvidos” (2ª Samuel 22:5-7)
 
Assim, o testemunho bíblico unânime é o de que todos os mortos sepultados debaixo da terra estão no Sheol, sejam eles justos ou ímpios, o que explica por que os personagens bíblicos mais fiéis e tementes a Deus esperavam ir ao Sheol na morte. Isso refuta o ensino tradicional de que vamos ao céu após a morte, uma vez que, como vimos, o céu é sempre apresentado em oposição ao Sheol, não como uma parte do mesmo. Sendo assim, é evidente que o espírito que volta para Deus na morte (Ec 12:7) não é uma alma imortal, como creem os imortalistas, mas o fôlego da vida, como destacamos no capítulo 2.
 
Se o Sheol ou Hades fosse a habitação apenas dos ímpios – ou seja, o inferno que popularmente conhecemos –, Jacó jamais teria dito que desceria ao Sheol para junto de seu filho José (Gn 37:35), a não ser que ele pensasse que ele e seu filho eram ímpios que queimariam juntos no quinto dos infernos. Jó também jamais teria exclamado: “Se tão-somente me escondesses na sepultura [Sheol] e me ocultasses até passar a tua ira!” (Jó 14:13). Quem em sã consciência desejaria ir para o inferno? Neste caso, Jó estaria desejando algo pior do que a vida horrível que ele tinha naquele momento, o que não faz o menor sentido. Como também não faz o menor sentido queimar um lugar que já está queimando, como Deus diz que faria com o Sheol:
 
“Pois um fogo foi aceso pela minha ira, fogo que queimará até às profundezas do Sheol. Ele devorará a terra e as suas colheitas e consumirá os alicerces dos montes” (Deuteronômio 32:22)
 
Até mesmo Russell Norman Champlin (1933-2018), que não apenas tem um livro defendendo a imortalidade da alma como ainda tem uma abordagem espírita sobre a vida após a morte, reconhece ao comentar este texto: 
 
A palavra aqui traduzida (Dt 32:22) por “inferno” é Sheol. A tradução “inferno” é um anacronismo. Nos seus primórdios, a teologia dos hebreus entendia essa palavra hebraica como indicativa somente da sepultura ou da morte. Posteriormente, contudo, veio a indicar um lugar de espíritos de mortos partidos deste mundo, mas que não seriam verdadeiras entidades humanas, porém apenas fragmentos de energia, sem sentidos, sem memória e sem consciência. No estágio seguinte de desenvolvimento, o Sheol tornou-se um lugar dos espíritos humanos que se iam deste mundo; e então o Sheol aparece dividido em dois compartimentos, um bom e o outro ruim.[7]
 
Como vimos no capítulo 1, só por ocasião da diáspora judaica é que os judeus expostos ao helenismo adotaram ideias imortalistas oriundas da filosofia grega, e desde então o Sheol passou a ser entendido por alguns como algo diferente daquilo que a revelação bíblica ensinava. Na Bíblia, o Sheol é chamado de “terra de sombras e densas trevas” (Jó 10:21), uma “terra tenebrosa como a noite” (Jó 10:22), uma terra de esquecimento e de escuridão (Sl 88:12), em contraste com a visão de que o Sheol é um “inferno” onde os ímpios estão queimando, pois onde há fogo, há luz. A única conclusão que nos resta é que o Sheol não é nem o céu nem o inferno, mas tão-somente a região subterrânea da terra onde se enterram os mortos.
 
O lugar indesejável – Os textos que acabamos de conferir não apenas provam que todos os justos esperavam ir ao Sheol após a morte – desmentindo os que dizem que apenas os ímpios descem ao Sheol –, mas também provam que o Sheol estava longe de ser um lugar de bem-aventurança, regozijo ou alegria na presença de Deus e de todos os santos que partiram desta vida. Isso porque todos esses textos tem uma coisa em comum: as pessoas envolvidas (Davi, Ezequias e etc) não queriam ir ao Sheol de jeito nenhum. Em todas as 66 ocasiões em que o Sheol aparece no AT e nas outras 8 vezes em que o Hades aparece no NT, não vemos uma única pessoa desejando ir para lá.
 
A única exceção é Jó, que estava tão arruinado e desolado que desejava ir ao Sheol, não porque achava que o Sheol era alguma coisa boa, mas porque na condição em que se encontrava preferia a morte do que a vida (Jó 14:13, 17:13). Isso deveria chamar a atenção de todos aqueles que pensam que os justos iam para uma “parte boa” do Sheol conhecida como o “seio de Abraão”: se isso é verdade, por que ninguém desejava ir para lá? Se de fato o Sheol fosse para os justos um lugar de consolo e refrigério na presença dos patriarcas, de nossos amigos e familiares já falecidos e de todos os santos que partiram desta vida, um lugar onde não há mais dor nem sofrimento, por que todos os justos do Antigo Testamento desejavam com todas as forças não ir para lá? Não é preciso ser um Sherlock Holmes para perceber que alguma coisa não bate.
 
Sempre que algum personagem bíblico estava prestes a descer ao Sheol, ele fazia questão de orar a Deus clamando para que isso não acontecesse (Is 38:17-19; Sl 6:4-5), e quando Deus livrava um justo da morte, ele agradecia por não ter descido ao Sheol (2Sm 22:5-7; Sl 18:5-6, 30:3, 116:2-6; Is 38:10). O Sheol nunca foi visto como um lugar de regozijo ou refrigério, mas como a “terra do esquecimento” (Sl 88:12), a “cova da corrupção” (Is 38:17) e o lugar de completa inatividade (Ec 9:10). “Mais vale um cão vivo do que um leão morto” (Ec 9:4), porque quem morreu “não sabe coisa nenhuma” (Ec 9:5) e tem sua memória “entregue ao esquecimento” (Ec 9:5).
 
Quando estava prestes a descer ao Sheol, o salmista disse que “a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura [Sheol]” (Sl 88:3). A palavra aqui traduzida por “angústia” é o hebraico ra`, que significa «ruim, mau, desagradável, maligno; que causa dor, infelicidade, miséria»[8]. É difícil imaginar como o salmista estaria se sentindo desse jeito sabendo que estava tão perto de se encontrar com Abraão, Moisés, seus entes queridos e talvez até com Deus no Sheol. O fato do salmista ter um horror tão grande à ideia de ir ao Sheol desmantela qualquer pretensão de interpretá-lo como um lugar de alegria e júbilo, semelhante ao céu.
 
O salmista também diz que “grande é o teu amor para comigo; tu me livraste das profundezas do Sheol” (Sl 86:13). Livrar do Sheol era um sinal do amor de Deus pelo salmista, o que demonstra mais uma vez que o Sheol era um lugar indesejável. Quando o salmista pergunta “que homem pode viver e não ver a morte, ou livrar-se do poder da sepultura [Sheol]?” (Sl 89:48), ele está novamente nos mostrando que o Sheol é um lugar para onde nem ele, nem pessoa alguma desejava ir. Assim como ninguém em sã consciência diria que deseja “se livrar do céu”, ninguém diria que deseja se livrar do Sheol se o Sheol fosse algum lugar bom, como uma “antessala” do céu.
 
Diante disso, está claro que o Sheol não era o céu nem um lugar análogo ao céu, da mesma forma que não era o inferno nem análogo ao inferno. Todas as descrições do Sheol, bem como o sentimento de pavor diante dele, descrevem com perfeição os sentimentos de quem sabe que o Sheol nada mais era que as regiões subterrâneas da terra, onde o corpo repousaria inconsciente. Isso explica por que ninguém desejava descer ao Sheol, exceto Jó, cuja aflição era tamanha que até mesmo o Sheol era encarado com bons olhos, da mesma forma que muitos que vivem em terrível sofrimento preferem a morte.
 
Provérbios 15:24 – Contra tudo isso, os imortalistas que creem na subida iminente ao céu após a morte se apegam a um único texto, onde Salomão supostamente estaria dizendo que os justos não descem ao Sheol: “O caminho da vida conduz para cima quem é sensato, para que ele não desça à sepultura [Sheol]” (Pv 15:24). Será que esse verso se opõe a todo o caminhão de textos que atestam com toda a clareza que o Sheol é o destino de toda a humanidade? Não tão cedo. Embora a NVI tenha traduzido por «conduz para cima», o “conduz” (yabal ou nachah) não consta no texto hebraico, que literalmente diz o seguinte:
 
’orach (caminho)
chay (vida)
ma àl (mais alto ou para cima)
sakal (ser prudente)
ma àn (por causa de)
suwr (desviar-se ou afastar-se)
Sheol  
mattah (embaixo)
 
A Bible in Basic English traduz por: Acting wisely is the way of life, guiding a man away from the underworld (“Agir sabiamente é o caminho da vida, guiando o homem para longe do submundo”). Uma tradução mais precisa e literal, com o mesmo sentido, seria: “Ser prudente é um caminho mais alto (ou mais elevado) de vida, porque afasta o homem do Sheol embaixo” (alternativamente, “de descer ao Sheol”). Em outras palavras, o texto não está falando sobre ir para o céu, mas de seguir um caminho mais elevado que afastará o homem da morte.
 
O mesmo termo ma àl que a NVI traduziu como “para cima”, mas que também pode ser traduzido como “mais alto” ou “mais elevado”, aparece em Deuteronômio 28:43 no seguinte contexto:
 
“O estrangeiro que está no meio de ti se elevará (ma àl) mais e mais, e tu mais e mais descerás. Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda” (Deuteronômio 28:43-44)
 
É evidente que o texto não está dizendo que o estrangeiro se elevaria-ma àl até o céu, como se estivesse falando do destino de sua alma. “Elevar”, aqui, diz respeito ao status que o estrangeiro desfrutaria em Israel, entre os vivos. Numerosos textos expressam um sentido semelhante. Em Jó, lemos que Deus “faz chover sobre a terra e envia águas sobre os campos, para pôr os abatidos num lugar alto e para que os enlutados se alegrem da maior ventura” (Jó 5:10-11). O Salmo 20 assim começa: “O Senhor te responda no dia da tribulação; o nome do Deus de Jacó te eleve em segurança” (Sl 20:1).
 
No Salmo 91, vemos Deus dizendo que “também eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome” (Sl 91:14). Alguns salmos adiante, ele escreve: “Mas ele levanta da opressão o necessitado, para um alto retiro, e multiplica as famílias como rebanhos” (Sl 107:41). O autor de Provérbios também diz que “torre forte é o nome do Senhor; a ela correrá o justo, e estará em alto refúgio (Pv 18:10). Todos esses textos usam verbos hebraicos que significam «elevar» ou «ser colocado no alto»[9], mas, obviamente, não estão falando do céu, mas sim de uma condição elevada.
 
Este é o mesmo caso de Provérbios 15:24, onde o “caminho mais elevado” não é o céu em si, mas uma vida com prudência. Viver sabiamente é o “caminho mais alto” que afasta o homem do Sheol, ou seja, da morte. Isso não significa que uma pessoa sábia não vá para o Sheol um dia, pois, como vimos, era um consenso que todos os homens, incluindo os mais piedosos, desciam ao Sheol na morte. Significa apenas que os sábios evitarão trilhar caminhos que levam à morte precoce, pois ter vida longa na terra é uma das tônicas principais tanto de Provérbios como do Antigo Testamento como um todo. Para citar apenas alguns exemplos do próprio livro de Provérbios:
 
“O temor do Senhor prolonga a vida, mas a vida do ímpio é abreviada(Provérbios 10:27)
 
“Ouça, meu filho, e aceite o que digo, e você terá vida longa(Provérbios 4:10)
 
“Na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra” (Provérbios 3:16)
 
“Pois por meu intermédio os seus dias serão multiplicados, e o tempo da sua vida se prolongará(Provérbios 9:11)
 
“Meu filho, não se esqueça da minha lei, mas guarde no coração os meus mandamentos, pois eles prolongarão a sua vida por muitos anos e lhe darão prosperidade e paz” (Provérbios 3:1-2)
 
“No caminho do perverso há espinhos e armadilhas; quem quer proteger a própria vida mantém-se longe dele” (Provérbios 22:5)
 
“O ensino dos sábios é fonte de vida, e afasta o homem das armadilhas da morte(Provérbios 13:14)
 
Como se nota, uma das tônicas principais de Provérbios estava em escutar os conselhos de sabedoria para prolongar seus dias na terra, e é neste mesmo sentido que Provérbios 15:24 deve ser entendido. Assim, “se afastar do Sheol” não significa “nunca ir ao Sheol”, mas multiplicar seus dias de vida na terra de modo a retardar o quanto possível a ida ao Sheol (i.e, a morte). Isso é reconhecido até mesmo por teólogos imortalistas de respeito, como é o caso do Dr. Thomas Constable, que comenta este texto da seguinte maneira:
 
Todos vão para o Sheol (o túmulo) eventualmente (exceto os crentes que experimentam o arrebatamento e não morrem). No entanto, os sábios evitam o Sheol o máximo que podem, sendo sábios. Viver com sabedoria tende a prolongar a vida.[10]
 
Quem também reconhece este fato é o renomado teólogo anglicano Charles John Ellicott (1819–1905), que comenta:
 
O caminho de vida é superior para os sábios. Essas palavras soam como um pequeno eco de passagens como Filipenses 3:20 e Colossenses 3:1-2, embora o significado pretendido pelo escritor possa ter sido apenas que o homem sábio que teme ao Senhor (Pv 1:7) é recompensado com vida longa na terra (Pv 3:16).[11]
 
Um salmo que expressa bem o sentido do texto de Provérbios é o Salmo 30:3, que diz: “Senhor, da cova [Sheol] fizeste subir a minha alma; preservaste-me a vida para que não descesse à sepultura”. A preservação da vida, neste caso, está atrelada ao fato da alma não ter descido ao Sheol, o que teria acontecido se Deus não tivesse estendido os dias de vida do salmista. Isso obviamente não significa que o salmista nunca iria ao Sheol (já vimos inúmeros textos onde o próprio salmista o afirma expressamente), mas sim que Deus o livrou de uma ida precoce ao Sheol ao livrá-lo da morte. O próprio autor de Provérbios volta a expressar este sentido no capítulo 23, onde diz:
 
“Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura” (Provérbios 23:13-14).
 
A parte que diz “a livrará da sepultura” é literalmente “livrará sua alma do Sheol”, já que o hebraico traz aqui nephesh e Sheol. Isso evidentemente não se opõe aos inúmeros textos bíblicos que mostram a alma de pessoas justas no Sheol, porque a intenção não era dizer que o filho jamais iria um dia para o Sheol, mas sim que a criança não morreria precocemente, por desobedecer aos pais. Não à toa Paulo diz que “honra teu pai e tua mãe’ é o primeiro mandamento com promessa: ‘Para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra’(Ef 6:2-3). Caso semelhante seria se eu dissesse a um fumante compulsivo: “Se você continuar fumando assim, você vai morrer”. Obviamente eu não estaria dizendo que quem não fuma jamais morrerá, mas sim que o fumante provavelmente morrerá mais cedo.
 
Corrobora com essa conclusão o fato de que jamais é dito em Provérbios ou em qualquer parte do Antigo Testamento que o justo vai pro céu depois da morte. Pelo contrário, somos sempre informados que o lar dos salvos é a terra, tanto no Antigo (Sl 37:29, 25:3; Pv 2:21) como no Novo Testamento (Mt 5:5; Ap 21:2-3). Se Provérbios 15:24 estivesse falando de ir morar no céu após a morte, este texto não seria apenas uma exceção à regra, mas estaria contradizendo todo o resto da Bíblia, incluindo o próprio livro, que diz que “os justos habitarão na terra, e os íntegros nela permanecerão (Pv 2:21). A ideia de ir morar no céu é estranha às Escrituras, estranha ao Antigo Testamento e estranha ao próprio autor de Provérbios.
 
O Sheol e o Paraíso – Temos, então, o seguinte panorama: de um lado, os textos que os imortalistas usam para dizer que vamos imediatamente para o céu após a morte; do outro, todo o testemunho bíblico que unanimemente atesta que o lar de todos nós é o Sheol, um lugar em oposição ao céu, de acordo com os mesmos escritores inspirados. Assim, toda a tentativa de interpretar textos como Eclesiastes 12:7, o “partir e estar com Cristo” (Fp 1:23) e o “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23:43) como uma alma que sai do corpo em direção ao céu é frustrada pelo realismo bíblico de que os mortos não vão imediatamente ao céu ou ao inferno, mas permanecem no Sheol até a ressurreição dos mortos.
 
Este último texto em particular é um “racha cuca” para os imortalistas, pois, ao afirmar que o ladrão estaria naquele mesmo dia no Paraíso, eles são obrigados a concluir que o Paraíso fica no Sheol, como afirma Pickering ao comentar o texto: “’Paraíso’ aqui diz respeito à metade do Hades (Sheol no AT) destinada aos finados justos. Hades é tipo a ‘sala de espera’ onde os espíritos dos finados aguardam o juízo final. Em Lucas 16:22 leva o nome de ‘seio de Abraão’”[12]. Mas se o Paraíso está no Hades, e Jesus classificou o Hades como antagônico ao céu (Mt 11:23), como explicar o texto em que Paulo diz que o Paraíso está justamente no céu?
 
“Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem – se no corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe – foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar” (2ª Coríntios 12:2-4)
 
No verso 2, Paulo diz que foi arrebatado ao terceiro céu, onde ouviu coisas indizíveis da parte de Deus. Ele abre um parêntesis no verso 3 para sublinhar que não sabia se estava lá fisicamente, e então volta a dizer que foi arrebatado ao Paraíso, retomando o ponto anterior. Isso prova que o terceiro céu é a mesma coisa que o Paraíso, para onde Paulo foi arrebatado. O “Paraíso”, portanto, não era um nome dado à “metade do Hades”(!) ou ao tal “seio de Abraão”, mas a uma parte do próprio céu, onde Deus habita. O termo aqui traduzido por “Paraíso” é paradeisos, que é exatamente a mesma palavra usada em Lucas 23:43.
 
O paradeisos só volta a ser citado novamente no Apocalipse, onde Cristo diz que “ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus” (Ap 2:7). Aqui vemos que a árvore da vida está no Paraíso, mas no capítulo 22 vemos a árvore da vida presente na «cidade santa» (Ap 22:2,14,19), chamada de «a Nova Jerusalém» (Ap 21:2), a mesma que desce dos céus à terra ao final do milênio, para ser a morada eterna dos santos (Ap 21:2-3). Isso significa que o Paraíso está hoje no céu, mas um dia descerá à terra e aqui estará para sempre, à semelhança do jardim do Éden, que Deus criou como um paraíso terrestre onde a humanidade passaria a eternidade se não tivesse pecado.
 
Se o Paraíso se encontra hoje no céu, a única coisa que podemos concluir é que o Paraíso não é um compartimento do Hades, como afirma Pickering e tantos outros imortalistas que literalizam a parábola do rico e Lázaro. O Hades não é o céu e tampouco é um compartimento do mesmo (Mt 11:23), o que nos leva à inevitável conclusão de que o ladrão da cruz não esteve naquele mesmo dia com Jesus no Paraíso, uma vez que o seu destino, como o de todos os demais, era descer ao Sheol/Hades, em vez de subir ao Paraíso, no terceiro céu. O ladrão não poderia estar no Paraíso e no Hades ao mesmo tempo, se são dois lugares completamente diferentes. E o mesmo se aplica a qualquer um que supostamente estaria na presença de Deus.
 
Os justos foram transferidos do Sheol para o céu? – Para tentar resolver parte do problema, alguns criaram a ideia de que os mortos iam para o Sheol até a morte de Cristo, quando então Jesus tirou os salvos dali e os levou ao céu, deixando no Sheol apenas os ímpios. Desde então, dizem eles, o justo que morre vai direto pro céu, mas o ímpio continua indo ao Sheol. Como é óbvio, essa ideia criativa e fantasiosa formulada na base do desespero não encontra qualquer respaldo bíblico, embora não faltem textos mutilados com este objetivo. Em seu livro, toda a argumentação de Natanael Rinaldi a este respeito se limita a isso aqui:
 
Paulo usa a linguagem de transição ou mudança, quando fala de Cristo como levando cativo o cativeiro, isto é, tirando os justos do Hades (seção denominada Seio de Abraão) e transportando-os para o céu (Ef 4:8-9). Posteriormente, pois na ressurreição de Cristo, os cristãos vão ao céu por ocasião da morte, a fim de esperar a ressurreição e o estado eterno.[13]
 
O texto que ele cita é Efésios 4:8-9, que diz o seguinte:
 
“Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?” (Efésios 4:8-9)
 
Se você não conseguiu ver neste texto Jesus “tirando os justos da sessão denominada Seio de Abraão do Hades e transportando-os para o céu”, não se sinta sozinho. Não se espante se às vezes (ou sempre) eles enxergarem coisas sinistras nos textos que simplesmente não estão ali. Para quem acredita em fantasminha fora do corpo, enxergar coisas a mais nos textos é fichinha. Talvez até estejam ali, mas nós não conseguimos ver porque são tão invisíveis quanto a alma imortal. De fato, a interpretação que Rinaldi e outros imortalistas fazem deste texto é tão surreal que chega a ser criticada até por teólogos imortalistas de calibre mais alto, como Geisler, que escreve:
 
Quando Cristo “levou cativo o cativeiro”, não estava levando amigos para o céu, mas trazendo inimigos a uma prisão. É uma referência à sua vitória sobre as forças do inimigo. Os cristãos não são “cativos” no céu. Não somos forçados a ir para lá contra a nossa própria e livre escolha (veja Mt 23:37; 2Pe 3:9).[14]
 
Sobre o “descer às regiões inferiores da terra”, ele comenta:
 
A expressão “até as regiões inferiores da terra” não é uma referência ao inferno, mas ao túmulo. Até mesmo o ventre de uma mulher é descrito como sendo “profundezas da terra” (Sl 139:15). Essa expressão significa simplesmente covas, túmulos, lugares fechados na terra, em oposição a partes altas, como montanhas.[15]
 
A situação fica ainda mais insustentável para os imortalistas quando observamos que o termo aichmalosia, aqui traduzido como “cativeiro”, também significa «uma multidão cativa», de acordo com a Concordância de Strong[16], «equivalente a prisioneiros», de acordo com o léxico de Thayer[17]. É por isso que a NVI traduz por “levou cativo muitos prisioneiros, e deu dons aos homens” (Ef 4:8). Teria Jesus feito os salvos de prisioneiros, levando-os cativos para o céu? A simples hipótese chega a ser ridícula.
 
Na verdade, Paulo estava apenas citando o Salmo 68:18, que por sua vez alude ao que acontecia tipicamente nas guerras da época. Quando um exército enfrentava o outro, o vencedor fazia prisioneiros do exército derrotado e os levava em cativeiro para servirem como escravos, além de se apoderar dos despojos da guerra, distribuindo-os entre si e com o seu povo. Foi isso o que Jesus fez quando triunfou sobre as forças das trevas na cruz do Calvário e em sua ressurreição: ele espiritualmente “despojou os poderes e as autoridades, e fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2:15).
 
A interpretação de que Jesus fez os próprios salvos cativos e os levou como prisioneiros ao céu é não apenas delirante, mas também extremamente recente na história da interpretação bíblica. Quando pesquisei a este respeito nos mais diversos comentários bíblicos escritos pelos teólogos imortalistas mais renomados dos séculos passados, fiquei bastante surpreso em constatar que nenhum, literalmente nenhum estudioso defendia tamanha aberração (o que inclui os imortalistas mais convictos e militantes, como João Calvino). Era ponto pacífico que o “levou cativo o cativeiro” representava a vitória espiritual de Cristo sobre os principados e potestades, não uma remoção dos salvos do “seio de Abraão” para o céu.
 
Para não encher o livro inteiro de citações, selecionei apenas algumas. Podemos começar com o famoso teólogo metodista Adam Clarke (1760-1832), que assim comenta o texto:
 
Todo este versículo, tal como no salmo, parece referir-se a um triunfo militar. Tome a seguinte paráfrase: Tu ascendeste ao alto: o conquistador foi colocado em uma carruagem muito elevada. Levaste cativo o cativeiro: os reis e generais conquistados eram geralmente amarrados atrás da carruagem do conquistador, para enfatizar o triunfo. Tu destes presentes aos homens: nessas ocasiões, o conquistador costumava jogar moedas no meio da multidão.[18]
 
O ministro presbiteriano Albert Barnes (1798-1870) também escreveu:
 
Ele não apenas subjuga seu inimigo, mas ele conduz seus cativos em triunfo. A alusão é aos triunfos públicos dos conquistadores, especialmente como celebrado entre os romanos, em que os cativos eram conduzidos em cadeias (Tácito, Ann. Xii. 38), e conforme o costume, em tais triunfos eram distribuídos presentes entre os soldados; compare também Juízes 5:30, onde parece que este também era um costume antigo em outras nações.[19]
 
John Gill (1697-1771), ministro batista do século XVIII e autor de uma conceituada Exposição do Novo Testamento, comentou:
 
Ele levou cativo ao cativeiro. É a expressão das conquistas e do triunfo de Cristo sobre o pecado, Satanás, o mundo, a morte e a sepultura; e, de fato, todo inimigo espiritual dele e de seu povo, especialmente o diabo, que leva os homens cativos à sua vontade e, portanto, é chamado cativeiro, e seus principados e potestades, a quem Cristo destruiu e triunfou; a alusão é aos triunfos públicos dos romanos, nos quais os cativos eram conduzidos em cadeias e expostos ao escárnio público.[20]
 
Jamieson (não o que você está pensando, mas o autor de um dos comentários bíblicos mais famosos do final do século XVIII) também disse:
 
Cativeiro. Isto é, um bando de cativos. No salmo, os inimigos cativos de Davi. No sentido antitípico, os inimigos de Cristo, o Filho de Davi: o diabo, a morte, a maldição e o pecado (Cl 2:15; 2Pe 2:4) foram conduzidos, por assim dizer, em uma procissão triunfal como um sinal da destruição do inimigo.[21]
 
Marvin Vincent (1834-1922), que foi ministro da Igreja Metodista (1858-1862) e da Presbiteriana (1863-1873), comentou:
 
Cativeiro. Resumo para o corpo de cativos (cf. Lc 4:18). Os cativos não são os redimidos, mas os inimigos do reino de Cristo: Satanás, o pecado e a morte. Compare com Colossenses 2:15 e 2ª Coríntios 2:14.[22]
 
John Wesley (1703-1791), um dos maiores vultos da história do Cristianismo e precursor do movimento metodista, escreveu:
 
Quando subiu ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. Ele triunfou sobre todos os seus inimigos, Satanás, o pecado e a morte, que antes escravizavam todo o mundo, aludindo ao costume dos antigos conquistadores, que conduziam aqueles que haviam conquistado acorrentados atrás deles. E como eles também costumavam dar donativos ao povo, quando eles voltavam da vitória, ele deu dons aos homens – tanto os dons ordinários quanto os extraordinários do Espírito.[23]
 
John Trapp (1601-1669), comentarista bíblico anglicano que exerceu grande influência em pregadores como Charles Spurgeon, dissertou:
 
Ele levou cativo o cativeiro. Como nos triunfos romanos, o vencedor subia ao Capitólio em uma carruagem de Estado, os prisioneiros seguiam a pé com as mãos amarradas atrás, e eles jogavam algumas moedas para serem recolhidas pelo povo comum; assim também, Cristo, no dia de sua solene entrada em seu reino celestial, triunfou sobre o pecado, a morte e o inferno.[24]
 
O ministro batista Peter Pett também disse:
 
A imagem é de um senhor conquistador liderando prisioneiros de guerra e recebendo tributo, e dando tributo àqueles que se mostraram fiéis. Portanto, Paulo tem em mente aqui o triunfo de Cristo na cruz, derrotando os poderes do inimigo (Cl 2:15) e dando presentes ao Seu povo fiel.[25]
 
O teólogo e pregador wesleyano Daniel Whedon (1808-1885) igualmente assinala:
 
Dr. Craven, o editor americano de “Revelation” de Lange, afirma que a frase implica em um resgate de amigos do cativeiro nas mãos de inimigos. Mas o verbo grego, traduzido pela frase “levado cativo”, ou “capturado”, deve significar reduzir ao cativeiro, não livrar dele.[26]
 
O pastor e escritor contemporâneo Mark Dunagan também comentou:
 
Os cativos não são os redimidos, mas os inimigos do reino de Cristo, Satanás, o pecado e a morte. Mesmo que os cristãos já tenham sido escravos do pecado (Rm 6:13,16), os "cativos" levados cativos no versículo acima são os inimigos de Deus. Outras Escrituras ensinam a mesma verdade, que por meio da cruz Cristo derrotou Seus inimigos (Cl 2:15; Lc 11:20-22; Ap 1:17-18; Hb 2:14-15; At 2:22-24; 1Jo 3:8). Isso se encaixa bem com o salmo citado. Os cativos são inimigos de Cristo; assim como no salmo, eles são os inimigos de Israel e do Deus de Israel. Como em um triunfo literal, os chefes do exército inimigo são levados cativos. O poder e a influência do diabo foram limitados para aqueles que optam por desobedecer a Cristo. Os obedientes estão livres do terror da morte (Hb 2:14-15). Eles estão livres dos enganos do diabo (Ef 4:14; 2Co 2:11). Eles têm as armas para resistir aos ataques do diabo (Ef 6:10-18; Tg 4:7).[27]
 
Charles Hodge (1797-1878), pastor presbiteriano e um dos maiores expoentes do calvinismo no século XIX, escreveu:
 
O Messias é representado pelo salmista como um conquistador, conduzindo cativos em triunfo e carregado de despojos que distribui aos seus seguidores. Assim, Cristo venceu. Ele destruiu aquele que tem o poder da morte, ou seja, o diabo. Ele libertou aqueles que pelo medo da morte estavam sujeitos à escravidão (Hb 2:15). Tendo derrotado principados e potestades, ele os exibiu publicamente, triunfando sobre eles (Cl 2:15). “Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão seguros. Mas quando alguém mais forte o ataca e vence, tira-lhe a armadura em que confiava e divide os despojos” (Lc 11:21-22). Esse é o modo familiar de representação a respeito da obra de Cristo. Ele capturou Satanás.[28]
 
Até mesmo Calvino (1509-1564), a quem muito se deve o fato da Reforma ter adotado a visão imortalista, comentou Efésios 4:8 nas seguintes palavras:
 
Ele levou cativo o cativeiro. Cativeiro é um substantivo coletivo para inimigos cativos, e o significado claro é que Deus reduziu seus inimigos à sujeição, o que foi mais plenamente realizado em Cristo do que de qualquer outra forma. Ele não só obteve uma vitória completa sobre o diabo, o pecado, a morte e todo o poder do inferno, mas a partir dos rebeldes ele forma todos os dias “um povo voluntário” (Sl 110:3) quando ele subjuga por sua palavra a obstinação da nossa carne. Por outro lado, seus inimigos – cuja classe todos os homens perversos pertencem – são mantidos presos por correntes de ferro e são impedidos por seu poder de exercer sua fúria além dos limites que ele designa.[29]
 
Como você pode ver, o consenso unânime entre os próprios teólogos imortalistas mais conceituados dos séculos passados era que os “prisioneiros” levados em “cativeiro” representavam a vitória espiritual de Cristo sobre as forças das trevas (Satanás, o pecado e o mal). Aquilo que os comandantes de guerra faziam com o exército derrotado é usado como metáfora para ilustrar o que Jesus fez espiritualmente ao derrotar os principados e potestades na cruz do Calvário, e isso não tem nada a ver com levar cativo os próprios salvos ao céu, numa viagem intergaláctica do seio de Abraão para o Paraíso. Isso está em conformidade com os vários textos bíblicos que expressam a mesma ideia, como Colossenses 2:13-15, que diz:
 
“Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Colossenses 2:13-15)
 
A mesma linguagem que Paulo emprega em Efésios 4:8 também é usada aqui. Ambos os textos falam daquilo que Jesus fez ao triunfar sobre o inimigo na cruz, ambos os textos aludem ao espetáculo público que o conquistador fazia com os prisioneiros do exército adversário e ambos os textos mencionam o despojo/presentes. No caso de Efésios 4:8, é dito que Cristo «deu dons (presentes) aos homens», o que, como vimos, era uma prática recorrente do exército vitorioso, que tomava os despojos do adversário e os repartia com o seu povo. Os dons também não se referem a uma ida dos salvos ao céu, mas aos dons ministeriais, como prossegue Paulo:
 
“Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativo muitos prisioneiros, e deu dons aos homens. Que significa ‘ele subiu’, senão que também descera às profundezas da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas. E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Efésios 4:8-13)
 
A ideia absurda e disparatosa de que Cristo levava em cativeiro o seu próprio povo para o céu só veio a surgir em tempos recentes, quando teólogos imortalistas bem menos sérios e sem qualquer escrúpulo moral precisaram de um pretexto sórdido que justificasse a ida imediata da alma do salvo ao céu após a morte, sem ter que negar a clareza de tantos textos bíblicos do Antigo Testamento que expressamente colocam todos indistintamente no Sheol. Então criaram a grande gambiarra teológica que caiu como uma luva, ao deslocarem os salvos de um lugar para outro depois da morte de Cristo, mesmo sem qualquer respaldo bíblico (e inclusive às custas de distorções bizarras como a de Efésios 4:8).
 
O outro texto tirado vergonhosamente do contexto para apoiar a tese da transferência intergaláctica dos salvos do seio de Abraão para o Paraíso é o trecho final de Hebreus 2:13, que diz: “Aqui estou eu com os filhos que Deus me deu”. Para alguns imortalistas, isso significaria que quando Cristo entrou no céu ele veio acompanhado das almas dos justos teletransportadas do Hades para o Paraíso, e é nisso que consistiria a expressão “aqui estou eu com os filhos que Deus me deu”. O problema com essa interpretação é que o próprio verso seguinte explica quando isso aconteceu, e de que tipo gente está falando:
 
“Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo” (Hebreus 2:14)
 
Como se vê, o autor não estava falando de almas incorpóreas fora do corpo, mas de pessoas de carne e sangue ματος καὶ σαρκός). Uma vez que um espírito não tem carne ou sangue, é evidente que ele não estava falando de almas fora do corpo, mas de pessoas fisicamente presentes. Por isso o texto prossegue dizendo que Jesus «participou dessa condição humana», já que se referia não ao que Jesus fez entre a sua morte e ressurreição, mas justamente à sua encarnação. Em outras palavras, os “filhos que Deus me deu” são os homens e mulheres que seguiram Jesus quando ele esteve na terra, não um grupo de almas desencarnadas que Jesus levou para o céu após a morte.
 
Outro texto por vezes usado para provar que Jesus tirou os salvos do seio de Abraão no Hades e os teletransportou para a presença de Deus no céu está em Apocalipse 1:18, quando Jesus diz que tem as chaves da morte e do Hades:
 
“Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades” (Apocalipse 1:18)
 
Um bom observador deve ter notado que não há nada no texto que sugira que os salvos foram transferidos de uma parte a outra do universo, o que é claramente ir “além daquilo que está escrito” (1Co 4:6). A bem da verdade, o texto nem sequer diz que Jesus tomou as chaves do diabo, só diz que ele está em posse das chaves. Presumimos isso justamente por causa de textos como Colossenses 2:13-15 e Efésios 4:8, que mostram o triunfo espiritual de Cristo sobre as forças das trevas, por ocasião de sua vitória na cruz e por sua ressurreição.
 
A ideia transmitida nestes textos não é que Jesus foi ao inferno e ali literalmente arrancou as chaves das mãos do diabo, mas que Cristo, como “as primícias dos que dormem” (1Co 15:23), venceu o império da morte por meio de Sua ressurreição gloriosa e assim antecipou a nossa própria ressurreição no último dia, quando seremos ressuscitados do Hades assim como ele foi. Por isso Paulo diz que “da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (1Co 15:22-23).
 
Paulo diz que Cristo, “tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2:15). Obviamente, ele não estava falando de um espetáculo público literal enquanto Jesus morria na cruz, mas sim de um espetáculo espiritual, onde as forças do mal eram derrotadas, despojadas e humilhadas espiritualmente. Da mesma forma, Jesus não tomou as chaves das mãos do diabo literalmente, como creem certas pessoas que chegam a afirmar que Jesus desceu até o inferno, da mesma forma que não entregou uma chave literal para Pedro (Mt 16:19) e para os demais apóstolos (Mt 18:18). As chaves são um símbolo de autoridade. Quando Jesus diz que tem as chaves da morte e do Hades, o que ele quer dizer é que toda autoridade lhe foi dada (Mt 28:18), até mesmo sobre o império da morte.
 
E como Jesus tem a autoridade sobre o Hades, ele pode ressuscitar qualquer pessoa dali, no último dia. É isso o que Paulo alude em 1ª Coríntios 15:54-55, que diz:
 
“E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Coríntios 15:54-55)
 
O termo que a ACF traduziu como “inferno” é o Hades, no original grego (que, como vimos, é o equivalente ao Sheol do Antigo Testamento). Este texto prova que os justos permanecerão no Hades/Sheol até a ressurreição do último dia, pois é só neste momento que Paulo diz que o Hades será derrotado. Se os justos já tivessem deixado o Hades na época de Cristo, o Hades já teria sido derrotado há milhares de anos. E antes que alguém diga que essa ressurreição da qual Paulo se refere diz respeito apenas aos ímpios, Paulo claramente fala em nome dos cristãos quando diz que “nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados” (v. 51), e também quando escreve poucos versos antes:
 
“Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem(1ª Coríntios 15:21-23)
 
Não é a ressurreição dos ímpios que quebra os aguilhões da morte, mas justamente a ressurreição dos justos, que a morte não consegue reter. Assim, é perfeitamente claro que os justos permanecerão no Hades até a ressurreição na volta de Jesus, quando então o próprio Hades será derrotado. Isso não apenas prova que os salvos que falecem permanecem descendo ao Sheol e não subindo ao céu, como refuta a separação esdrúxula que os imortalistas fazem entre o Hades para os ímpios e o “seio de Abraão” para os justos. Para Paulo, os próprios justos estão no Hades, e lá permanecerão até que o Hades seja vencido na ressurreição.
 
Conclusão – Em suma, os imortalistas não tem qualquer evidência bíblica séria de que Jesus transferiu os justos do Sheol para o céu, onde Deus habita. Os poucos textos citados para este fim não passam de distorções bizarras e vergonhosas, que só servem para demonstrar o quanto eles precisam apelar aos malabarismos mais bárbaros na vã tentativa de dar algum sentido à doutrina que eles criaram. Ao invés de tirar suas conclusões a partir da Bíblia, eles fazem justamente o oposto, procurando “brechas” na Escritura e deturpando os textos mais simples para encaixar nela a imortalidade da alma, pois sem apelar desse jeito nada faz sentido na teologia imortalista.
 
A razão pela qual os imortalistas tiveram que criar esse arranjo teológico é fácil de entender, já que é o único jeito de conciliar, ao menos parcialmente, os textos que eles usam para dizer que vamos imediatamente ao céu após a morte com os textos que dizem que o destino de todos é o Sheol, embaixo da terra. Como vimos, de acordo com eles, Jesus prometeu ao ladrão da cruz que estaria naquele mesmo dia com ele no Paraíso (Lc 23:43), que segundo Paulo fica no terceiro céu, onde Deus habita (2Co 12:2-4). No entanto, se Jesus esteve no Hades após a morte (At 2:27) e se o Sheol/Hades é o destino de todos os que morrem (Jó 3:19; Sl 49:15, 31:17), como o ladrão da cruz poderia estar naquele mesmo dia no Paraíso?
 
Da mesma forma, eles dizem que Paulo esperava estar com Cristo como um espírito incorpóreo num estado intermediário (Fp 1:23), e sabemos que Jesus está assentado à direita do Pai, no céu (At 7:56; Lc 22:69; Mc 16:19). Mas se todos descem ao Sheol na morte, como Paulo poderia estar no céu? E como poderia Abraão estar no céu com Deus, se na parábola do rico e Lázaro (que eles interpretam literalmente) ele está geograficamente próximo do rico no Hades, a ponto de conseguir conversar com ele (Lc 16:24-31)?
 
E mais: se o espírito é a própria alma imortal, como poderiam Jesus e Estêvão entregar o espírito a Deus (Lc 23:46; At 7:59), se eles iriam para o Sheol/Hades após a morte, e não para a presença de Deus? Apelar para a onipresença de Deus não resolve o problema, pois se fosse assim nós já estaríamos na presença de Deus hoje, já que a onipresença dEle obviamente abrange a própria terra. A única solução seria dizer que o Sheol/Hades está no próprio céu onde Deus habita visivelmente, mas, como vimos, isso esbarra em todos os textos que contrastam um e outro – o céu em cima, e o Sheol/Hades embaixo (Mt 11:23; Lc 10:15).
 
É por essas e outras que os imortalistas tiveram que arrumar um jeito de resolver o problema, inventando a lendária transferência de lugar dos salvos entre a morte e a ressurreição de Cristo, o que nem mesmo resolveria todos os problemas, já que desde os tempos do Antigo Testamento Salomão dizia que o espírito voltava para Deus na morte (Ec 12:7), o que para os imortalistas se refere à alma imortal. O próprio fato deles precisarem apelar para uma tese tão excêntrica e sem qualquer fundamento bíblico mostra o quanto a contradição é mesmo insolúvel, a ponto de ser preciso uma engenharia colossal para explicar o inexplicável, à custa dos textos bíblicos grosseiramente amputados.
 
 
Sheol, sepultura, pó e cova
 
Imortalistas inutilmente argumentam que a Bíblia distingue o Sheol da sepultura, e por isso não podem ser o mesmo. Rinaldi, por exemplo, escreve que qeber (sepultura) e Sheol são sempre contrastadas e nunca equiparadas. Qeber é o lugar do corpo, enquanto que Sheol (Hades) é o lugar do espírito e da alma”[30]. De fato, ele acerta quando diz que o Sheol não é uma mera sepultura individual, já que o Sheol compreende toda a região subterrânea e não um simples túmulo. No entanto, é simplesmente falso, para não dizer mentiroso, que “qeber é o lugar do corpo, enquanto que Sheol é o lugar do espírito e da alma”. Quem afirma isso o faz de má-fé ou por uma ignorância extraordinária.
 
Isso me faz lembrar uma antiga querela que tive com o pastor imortalista Jamierson Oliveira, em 2015. Na ocasião, ele propôs aos mortalistas o seguinte desafio:
 
“Você poderia me dar uma única referência bíblica de pessoas colocando corpos físicos no Sheol ou no Hades, e alma ou espírito indo para a sepultura ou túmulo?”
 
Eu o respondi com todo o prazer, citando 17 textos bíblicos que expressamente colocam o corpo no Sheol e a alma no túmulo[31]. Ele respondeu que “a minha refutação está guardada”, mas deve ter guardado tão bem que perdeu, e até hoje (2020) não saiu nada. A verdade é que os imortalistas são tão fracos de Bíblia que fazem afirmações das mais categóricas e desafios dos mais ousados em torno de coisas das quais desconhecem por completo. Nenhum deles sequer se deu ao trabalho de conferir uma a uma das 66 ocorrências do Sheol no Antigo Testamento ou do Hades do Novo, limitando-se a repetir os jargões imortalistas presentes em blogs de quinta categoria.
 
Um exemplo de corpo físico no Sheol é o de Joabe, o comandante do exército de Israel na época do rei Davi. Em seu leito de morte, o rei diz a seu filho e herdeiro Salomão: “Mas, agora, não o considere inocente. Você é um homem sábio e saberá o que fazer com ele; apesar de ele já ser idoso, faça-o descer ensanguentado à sepultura” (1Rs 2:9). O termo aqui traduzido por “sepultura” é Sheol, no hebraico. A não ser que o espírito de Joabe sangre, é evidente que Davi falava de seu corpo físico, que desceria ensanguentado ao Sheol por ser atacado e morto de forma violenta, o que aconteceu pouco depois (1Rs 2:28-34).
 
Um exemplo semelhante é o de Jacó, que esperava descer ao Sheol com os seus cabelos brancos:
 
 
“Agora, pois, se eu voltar a teu servo, a meu pai, sem levar o jovem conosco, logo que meu pai, que é tão apegado a ele, perceber que o jovem não está conosco, morrerá. Teus servos farão seu velho pai descer seus cabelos brancos ao Sheol com tristeza(Gênesis 44:30-31)
 
Novamente vemos o verbo “descer”, porque Jacó sabia que o Sheol nada mais era que as regiões subterrâneas da terra. Ele não esperava ir para o céu depois da morte, nem pensava que seu espírito se separaria do corpo e iria a uma outra dimensão. Isso porque os textos são claros em dizer que seus cabelos brancos desceriam com ele ao Sheol, não uma alma incorpórea e fluídica. Jacó sabia perfeitamente que não era o seu espírito que estaria no Sheol, mas seu corpo físico, com cabelos, ossos e tudo mais. Vemos isso claramente no Salmo 141:7, que diz:
 
“Quando eles caírem nas mãos da Rocha, o juiz deles, ouvirão as minhas palavras com apreço. Como a terra é arada e fendida, assim foram espalhados os seus ossos à entrada da sepultura(Salmos 141:6-7)
 
Mais uma vez, o termo aqui traduzido por “sepultura” é Sheol, no hebraico. Se o Sheol fica em outra dimensão, só podemos concluir que os ossos do ímpio que morreu foram teletransportados para aparecerem à entrada do Sheol, na outra dimensão. Isso ainda não chegaria a provar a imortalidade da alma, mas com certeza provaria a imortalidade dos ossos!
 
Mas, como é óbvio, os ossos espalhados na entrada do Sheol significam apenas que os restos mortais daquele homem estavam espalhados na terra, onde em breve seriam soterrados assim como os seguidores de Corá e todos os que morrem, mais cedo ou mais tarde. Em nada tem a ver com um lugar no centro da terra ou em outra dimensão. Infelizmente, apologistas imortalistas como Jamierson e Rinaldi não sabem disso, porque se limitam a fazer exegese em cima de traduções defeituosas em português, em vez de conferir os originais hebraico e grego.
 
O fato do Sheol ser a habitação de corpos físicos, e não de almas fora do corpo, é expressado com perfeição pelo salmista, que diz: “Voltem os ímpios ao pó, todas as nações que se esquecem de Deus!” (Sl 9:17). O termo que a NVI traduz por “pó” e que a ACF traduz por “inferno” é justamente o Sheol, no hebraico. Mas “inferno” é uma tradução visceralmente equivocada, uma vez que o texto diz “voltem” (shuwb, que significa «retornar, voltar»[32]). Ninguém volta para um lugar onde nunca esteve; portanto, traduzir por “inferno” é um disparate. Neste sentido, a NVI é mais coerente ao traduzir por “pó”, lembrando que “do pó viestes, e ao pó voltarás(Gn 3:19), texto que usa o mesmo verbo shuwb, no hebraico.
 
Em outras palavras, quando o salmista diz que os ímpios voltarão ao Sheol, o que ele quer dizer é que eles voltarão ao pó da terra, de onde foram feitos. Aqui, o Sheol é claramente identificado com o pó, de onde Deus fez o corpo (Gn 2:7). É o corpo que foi feito do pó da terra (Sheol), e é o corpo que para lá retorna na morte. Nada tem a ver com um inferno numa outra dimensão ou com qualquer coisa do tipo. Quem também relaciona o Sheol com o pó da terra é Jó, quando diz:
 
“Ora, se o único lar pelo qual espero é o Sheol; se estendo a minha cama nas trevas; se digo à corrupção mortal: Você é o meu pai, e se aos vermes digo: Vocês são minha mãe e minha irmã, onde está então minha esperança? Quem poderá ver alguma esperança para mim? Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?(Jó 17:13-16)
 
Jó não estava dizendo que iria para o inferno e que ali seria comido por vermes metafísicos, mas apenas que voltaria ao pó, onde seu corpo mortal viraria comida para os vermes. Por isso ele conclui dizendo: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao ?” (v. 16). O paralelismo entre as “portas do Sheol” e o “pó” mostra claramente que Jó equiparava ambos, como sendo idênticos (como vimos no capítulo 2, o paralelismo hebraico consistia em repetir na segunda parte do verso o mesmo que havia sido dito na parte anterior, mas com outras palavras).
 
A razão pela qual o Sheol é equiparado ao pó nestes textos é porque o pó é o “silente, empoeirado e escuro lugar para onde Deus disse a Adão que ele e seus descendentes deveriam ir”[33]. O corpo que é enterrado na morte se decompõe e volta a ser pó, como disse Deus (Gn 3:19). Por isso Jó falou em descer ao pó, uma linguagem que diz respeito à morte, quando seria enterrado embaixo da terra. Assim, o Sheol está intimamente relacionado ao pó, não porque haja pó na dimensão metafísica em que os imortalistas colocaram o Sheol, mas porque se refere às profundezas da terra, onde o corpo perece e volta ao pó, cumprindo o ciclo da vida.
 
Este significado torna-se ainda mais nítido à luz do Salmo 49, que diz:
 
 
Nas duas ocasiões onde aparece a palavra “sepultura” na tradução da NVI, é o Sheol que aparece no original hebraico. Literalmente, o que o salmista dizia era que a aparência deles se desfaria no Sheol, que é a consequência inevitável do processo de decomposição de um corpo. Em nada tem a ver com um espírito incorpóreo com uma aparência que se desfaz numa outra dimensão ou no centro da terra. O termo aqui traduzido por “desfará” no hebraico é balah, que significa «gastar pelo uso, consumir completamente»[34]. É isso o que acontece com um cadáver, que é completamente consumido onde quer que esteja enterrado.
 
Como se nota, os escritores bíblicos tinham plena consciência do significado simples, lógico e coerente de Sheol, e assim o descreviam recorrentemente. Só quem não aceita a clareza dos textos bíblicos são os dualistas, seja por uma ignorância invencível, seja por uma obstinação ainda mais difícil de se vencer. Sequer haveria discussão quanto ao significado tão objetivo e evidente expresso em tantos textos, se não fosse pela necessidade patológica que os imortalistas tem em encontrar um lugar para colocar a alma dos mortos fora do corpo, o que os leva a distorcer criminosamente o significado do Sheol a fim de transformá-lo em algo que faria qualquer hebreu dos tempos bíblicos se revirar no túmulo.
 
E por falar em túmulo, o Sheol também está intimamente relacionado a ele. Embora seja errado limitar o Sheol a uma sepultura individual (qeber), as sepulturas são enterradas na terra, ou seja, no Sheol. Por essa razão, todos os que estão sepultados estão no Sheol, embora nem todos os que estejam no Sheol foram devidamente sepultados em um túmulo (os seguidores de Corá, por exemplo, foram engolidos vivos pela terra, e outros tantos cadáveres são privados de sepultura). Essa relação íntima entre o Sheol e a sepultura (ou cova) explica os tantos textos bíblicos que equivalem ambos.
 
Em Oseias, por exemplo, Deus diz: “Eu os redimirei do poder da sepultura; eu os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde está, ó sepultura, a sua destruição?” (Os 13:14). O termo aqui traduzido por “sepultura”, no hebraico, é o Sheol. Paulo cita esse mesmo texto em 1ª Coríntios 15:55, ao falar da ressurreição da carne. Isso significa que o que é ressuscitado do Sheol no texto de Oseias é o mesmo que é ressuscitado da sepultura no texto de Paulo aos coríntios, porque o que ressuscita é um corpo morto na sepultura/Sheol, não uma alma desencarnada, que não precisaria de ressurreição. Semelhantemente, o salmista escreve:
 
“Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição(Salmos 16:9-10)
 
A parte que diz “tu não me abandonarás no sepulcro”, no hebraico é `azab nephesh sh'owl (“não abandonarás minha alma no Sheol”). É ali, no Sheol, que o seu corpo repousaria tranquilo, e onde sua alma não sofreria decomposição (observe o paralelismo hebraico, que iguala corpo e alma). Isso refuta ao mesmo tempo a ideia de que o corpo não vai pro Sheol e de que a alma é um elemento incorpóreo que não está sujeito à decomposição. Sequer faria sentido falar em “sofrer decomposição” se estivesse falando de um ente fluídico e imaterial, o que por definição seria algo impossível.
 
O mais interessante é que Pedro aplica este texto a Jesus, que não foi abandonado no Sheol nem sofreu decomposição, porque ressuscitou ao terceiro dia (At 2:27). Logo após citar o salmo em questão, ele declara:
 
“Irmãos, posso dizer-lhes com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje. Mas ele era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que colocaria um dos seus descendentes em seu trono. Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição” (Atos 2:29-31)
 
Davi disse que sua alma não seria abandonada no Sheol nem sofreria decomposição (Sl 16:9-10), e Pedro, ao citar este verso (At 2:27), o aplica profeticamente a Jesus, cujo corpo não sofreu decomposição no túmulo. Isso prova que, para Pedro, não havia diferença substancial entre a alma e o corpo, e tampouco entre o Sheol e o túmulo. Se houvesse, ele seria facilmente acusado de estar distorcendo o salmo em questão, que fala da alma no Sheol, não do corpo no túmulo, como Pedro disse. Portanto, no salmo e no uso do salmo por parte de Pedro vemos, de uma só vez, que:
 
(1)   o corpo é citado em paralelismo com a alma, como se fossem o mesmo;
(2)   o corpo também vai para o Sheol;
(3)   a alma também pode sofrer decomposição;
(4)   a alma também ressuscita;
(5)   um corpo no túmulo é a mesma coisa que uma alma no Sheol;
(6)   estar sepultado é a mesma coisa que estar no Sheol.
 
Em outra ocasião, o salmista escreveu:
 
“Ó Senhor, Deus que me salva, a ti clamo dia e noite. Que a minha oração chegue diante de ti; inclina os teus ouvidos ao meu clamor. Tenho sofrido tanto que a minha vida está à beira da sepultura! Sou contado entre os que descem à cova; sou como um homem que já não tem forças. Fui colocado junto aos mortos, sou como os cadáveres que jazem no túmulo, dos quais já não te lembras, pois foram tirados de tua mão” (Salmos 88:1-5)
 
Onde se lê que “minha vida está à beira da sepultura”, é o Sheol que aparece no hebraico. Para os imortalistas, isso significa que o salmista estava dizendo que sua alma sairia do corpo rumo a uma outra dimensão na presença de Deus, que seria o Sheol. No entanto, essa ideia é fortemente combatida nos versos seguintes, onde ele complementa o seu pensamento dizendo estar contado entre os que descem à cova (v. 4), como os cadáveres que jazem no túmulo (v. 5). Em outras palavras, aqui o Sheol é igualado à cova-bowr e ao túmulo-qeber, como o destino que o aguardava.
 
Vemos algo semelhante no Salmo 30, onde o salmista diz: “Senhor, tiraste-me da sepultura; prestes a descer à cova, devolveste-me à vida” (Sl 30:3). A parte que diz «tiraste-me da sepultura», no hebraico, é `alah nephesh sh'owl, que traduzido significa “tiraste minha alma do Sheol”. Note que ele não apenas diz que sua alma foi “tirada” do Sheol, mas que estava prestes a descer à cova. Esse texto foi mal traduzido pela NVI, que praticamente eliminou o paralelismo presente no hebraico, que diz: Yhovah `alah nephesh sh'owl chayah yarad bowr, que, literalmente traduzido, é: “Senhor, tiraste minha alma do Sheol; conservaste-me vivo para que não descesse à cova”.
 
O paralelismo entre a primeira e a segunda parte do verso mostra que o Sheol era igualado à cova, e não a um lugar em uma outra dimensão. Era o local onde se colocavam os cadáveres, não um repositório de almas fantasmagóricas. O mesmo paralelismo observamos no livro de Provérbios, que diz: “Vamos engoli-los vivos, como a sepultura engole os mortos; vamos destruí-los inteiros, como são destruídos os que descem à cova” (Pv 1:12). Como você já deve suspeitar, o termo aqui traduzido por “sepultura” é o Sheol, no hebraico. Aqui, o Sheol é mais uma vez igualado à cova (bowr), que aparece 67 vezes na Bíblia, e nunca designa um lugar numa outra dimensão. Todas as vezes que a palavra é usada, é para se referir a uma cova literal, cavada na terra (que pode servir de poço, sepultura, cisterna e etc)[35].
 
Jó também diz que “assim como o calor e a seca depressa consomem a neve derretida, assim a sepultura consome os que pecaram” (Jó 24:19). À essa altura, creio que não é preciso dizer qual palavra consta no original hebraico do termo aqui traduzido por “sepultura”. O mais importante é que o texto diz que o Sheol consome os que pecaram, da mesma forma que o calor consome a neve derretida. Essa é uma linguagem totalmente condizente com um cadáver no túmulo, que se consome e se decompõe até voltar ao pó de onde veio – como a neve que se derrete e já não é mais neve –, mas nada compatível com um espírito imortal e imaterial, além de incorruptível.
 
Outro texto que mostra com clareza o vínculo entre o Sheol e a sepultura está em Isaías 38, onde o rei Ezequias, que estava à beira da morte, agradece pelos quinze anos acrescentados à sua vida e diz ao Senhor:
 
“Foi para o meu benefício que tanto sofri. Em teu amor me guardaste da cova da destruição; lançaste para trás de ti todos os meus pecados, pois a sepultura não pode louvar-te, a morte não pode cantar o teu louvor. Aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade. Os vivos, somente os vivos, te louvam, como hoje estou fazendo; os pais contam a tua fidelidade a seus filhos” (Isaías 38:17-19)
 
O hebraico deste texto tem uma série de nuances que passam despercebidas na tradução defeituosa ao português. Primeiramente, na parte que diz que «em teu amor me guardaste da cova da destruição», é nephesh (alma) que aparece. O que ele disse literalmente é que Deus, ao livrá-lo da morte, livrou sua alma de descer à cova (do hebraico shachath, que significa «cova, destruição, sepultura»[36]). Isso responde o inocente desafio do pastor Jamierson, que pediu um texto bíblico onde a alma está na sepultura (na verdade, como vimos no capítulo 2, há muitos textos idênticos a esse, onde a nephesh está na cova, sepultura ou túmulo).
 
Logo após louvar a Deus por ter livrado sua alma da cova, Ezequias conclui: “Pois a sepultura não pode louvar-te...” (v. 18). Aqui, “sepultura” é a tradução do hebraico Sheol, o que não apenas mostra que não há louvor no Sheol (refutando totalmente a ideia de que o Sheol era um lugar onde os salvos estivessem conscientes), mas também iguala o Sheol à cova-shachath, uma vez que o texto é uma conclusão que completa o sentido do verso anterior. Em outras palavras, Deus livrou sua alma de descer à cova, porque ele não poderia louvar a Deus no Sheol.
 
Se o Sheol fosse algo diferente da cova citada no verso 17, o verso 18 não seria um complemento, mas a introdução de uma ideia totalmente nova, o que é claramente absurdo pelo contexto. O fato do Sheol ser identificado com a “cova da destruição” é reforçado na continuação do próprio verso 18, que diz que «aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade». Aqui é usada outra palavra para cova (bowr), mas que expressa o mesmo sentido. Ezequias usa três palavras diferentes para designar o local onde iria após a morte – shachath, Sheol e bowr –, e ambos são igualados em absoluto. Era bastante comum um judeu usar palavras diferentes para expressar a mesma ideia em paralelismo, como ocorre no Salmo 24:
 
“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (Salmos 24:1)
 
A segunda parte do verso diz a mesma coisa da primeira, mas com outras palavras. Em uma é usada a palavra “terra” (erets); na outra, “mundo” (tebel). Em uma, do Senhor é “o que nela existe”; na outra, “os que nele vivem”. A segunda parte vem para complementar a primeira reforçando o mesmo sentido através do uso de palavras sinônimas ou bastante próximas, não para introduzir uma ideia nova ao texto. Vemos isso centenas de vezes na Bíblia. Quando Isaías usa shachath, Sheol e bowr para dizer que depois da morte ele não poderia louvar a Deus, ele estava recorrendo à mesma prática de usar palavras diferentes para expressar a mesma ideia. Isso obviamente exige que o Sheol seja tão físico e terreno quanto a sepultura e a cova; um lugar na terra onde se enterram os mortos, não um lugar metafísico para almas fora do corpo.
 
Em sua tese de dissertação de doutorado sobre o tema, o erudito bíblico Ralph Walter Doermann chegou à conclusão de que “os mortos eram concebidos como estando no Sheol e na sepultura ao mesmo tempo, contudo não em dois lugares diferentes”[37]. Da mesma forma que quem está em São Paulo também está no Brasil, mas isso não significa que esteja em dois lugares diferentes, assim também quem está na sepultura está no Sheol, porque o Sheol abrange a sepultura. Assim, embora o Sheol não se limite à sepultura apenas, ele está intimamente relacionado a ela, uma vez que todos os mortos que foram sepultados estão no Sheol.
 
Só não está no Sheol os mortos que não foram enterrados, como aqueles que morreram no mar. O texto mais esclarecedor concernente a isso é o que retrata o Hades entregando os mortos que nele havia e o mar entregando os mortos que nele havia, o que revela que quem tinha morrido no mar não estava no Hades:
 
“O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com o que tinha feito. Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte” (Apocalipse 20:13-14)
 
Se os mortos no mar estivessem no Hades, este texto simplesmente não faria sentido, pois retrata cada um entregando os seus mortos (ou seja, «os mortos que neles havia»). Aqui vemos o mar entregando os mortos que nele havia (ou seja, os que morreram no mar), enquanto a morte e o Hades entregam os mortos que neles havia (ou seja, os que morreram na terra). Os mortos no mar não estão no Hades, justamente porque não estão debaixo da terra (já que boiam no mar). Quem confirma isso é o renomado teólogo imortalista N. T. Wright, que assim comenta o texto em questão:
 
Na cosmologia antiga, o mar não era entendido como uma parte do Hades. Assim, aqueles que morreram por afogamento no mar e nunca foram recuperados para um enterro constituíam uma categoria separada dos mortos. Mas eles também são agora levados perante o grande trono branco.[38]
 
Isso é mais uma prova avassaladora de que o Sheol/Hades nada mais é que as regiões subterrâneas da terra. Se dissesse respeito a uma dimensão metafísica para onde as almas se dirigem, é evidente que os que morreram no mar estariam lá também. A não ser que os imortalistas inventem que o “mar” neste texto também se refere a uma outra dimensão metafísica para onde vão as almas que não estão no Hades, fica mais do que evidente que o autor concebia o Hades como não mais que a região subterrânea da terra onde os mortos estão enterrados, uma região tão desprovida de vida quanto os mortos que flutuam no mar.
 
Os imortalistas simplesmente não conseguem explicar por que João distinguiu o Hades e o mar, ou mesmo por que raios o mar aparece no texto. Interpretar aqui que João se referia aos que morreram no mar quando diz que o mar entregou os seus mortos, mas que ao se referir ao Hades estava falando das almas numa outra dimensão, é simplesmente boçal. A única divisão lógica é aquela exposta por Wright: o mar diz respeito aos que morreram no mar e por isso não foram enterrados, e o Hades aos que morreram em terra firme e estão debaixo da terra. O que João estava dizendo é que tanto os cadáveres que estão boiando no mar quanto aqueles que estão enterrados na terra ressuscitarão para prestar contas a Deus no dia do juízo, o que anula toda tentativa de interpretar o Hades como um “mundo espiritual dos espíritos”. O Hades é uma região tão física quanto o mar, e tão inóspito à vida humana quanto ele.
 
 
Há vida no Sheol?
 
Há atividade no Sheol? – Provavelmente nenhum texto seja mais enfático em relação à natureza do Sheol do que Eclesiastes 9:10, que diz:
 
“O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria” (Eclesiastes 9:10)
 
Embora a NVI traduza por “sepultura”, é o Sheol que aparece no original hebraico. Note que o autor não diz que há vida, consciência ou qualquer tipo de atividade no Sheol. Pelo contrário, ele diz que no Sheol não há atividade, nem planejamento, nem conhecimento ou sabedoria alguma. Dificilmente poderia haver uma descrição mais firme e contundente da completa ausência de vida ou consciência no Sheol, em direto contraste com a noção de uma morada metafísica de almas imortais.
 
Imortalistas geralmente argumentam que o que Salomão estava querendo dizer é que no Sheol não há conhecimento das coisas que acontecem na terra, mas que eles têm pleno conhecimento do que acontece à sua volta, no Sheol. Isso é claramente refutado pelo contexto, que diz tudo o que devemos fazer temos que fazer agora, já que no Sheol não teremos como realizá-los. Se essas práticas fossem possíveis de serem realizadas no Sheol, a primeira parte do verso seria inteiramente sem sentido, já que as coisas que fazemos aqui também seriam possíveis de se realizar no além. A única coisa que explica a necessidade de fazermos tais coisas agora é justamente porque depois não teremos como realizá-las no Sheol. No Sheol é impossível fazer o que fazemos aqui, justamente porque no Sheol não há vida, apenas morte.
 
Ademais, se o conhecimento que Salomão diz que não há no Sheol é o “conhecimento do que acontece na terra”, o que seria a sabedoria, citada no mesmo verso? Sabedoria do que acontece na terra? Isso não faz sentido algum. É difícil imaginar como isso possa se aplicar a um homem sábio, a não ser que ele perca a sabedoria assim que chega ao Sheol. Mas quando entendemos o verdadeiro significado do Sheol, fica muito fácil de explicar: não há sabedoria no Sheol, porque não há vida no Sheol. E se não há vida, não há nada que se relacione a ela, o que inclui tudo o que Salomão escreveu no verso e muito mais.
 
Na morte, o sábio está na mesma condição que o tolo – ambos voltam ao pó de onde vieram. Por isso Salomão diz que “assim como morre o sábio, morre o tolo” (Ec 2:16), algo que não faria sentido algum se ambos tivessem destinos completamente diferentes no Sheol. É só na ressurreição que o destino dos dois é discriminado, não enquanto estão no Sheol. Isso vai ao encontro das palavras do salmista, de “que os ímpios sejam humilhados e calados fiquem no Sheol(Sl 31:17). Como um ímpio ficaria calado em seu próprio lugar de tormento? Se o salmista tivesse qualquer noção de sofrimento no Sheol, ele diria exatamente o oposto, que eles gritariam no Sheol devido ao seu sofrimento, como qualquer imortalista diria.
 
Não me surpreenderia se alguém chegasse ao ponto de dizer que a parte que diz “calados fiquem no Sheol” deva ser interpretada como “calados fiquem nesta vida, mas no Sheol não”. Ou, pior ainda, que os seus corpos estão calados, mas suas almas imortais fora do corpo estão gritando de agonia e desespero. Além de uma interpretação ridícula, esbarraria na própria argumentação do Sr. Jamierson, que desafiou os mortalistas a mostrar um texto bíblico onde os corpos estão no Sheol, já que para ele (e para os imortalistas no geral) o Sheol é a morada das almas, e o lugar do corpo é apenas a sepultura. Quanto mais eles argumentam, mais se enrolam em sua própria isca.
 
Em outro salmo, o salmista diz que “se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio (Sl 94:17). Que “lugar do silêncio” é esse, que o salmista diz que a sua alma-nephesh habitaria depois da morte? O céu não pode ser, pois é um lugar de júbilo e regozijo. O inferno também não, pois é um lugar de dor e gritaria (e além disso, um destino pouco provável para o salmista). A única conclusão que resta é que ele falava do Sheol, o «lugar do silêncio» debaixo da terra para onde vai corpo e alma, uma unidade indivisível.
 
Este texto é tão mortal que nem mesmo permite a manobra sorrateira à qual eles estão acostumados, de dizer que neste caso Sheol se refere à sepultura, mas que em outros casos (que ninguém sabe quais) se refere ao mundo do além. Isso porque o salmista diz que sua nephesh (alma) iria para o lugar do silêncio na morte, o que, portanto, colocaria a alma do salmista na sepultura, o que deixaria Jamierson de cabelo em pé (embora ele já tenha poucos).
 
Portanto, a única solução que resta para os imortalistas são duas manobras sorrateiras atuando juntas: primeiro, dizer que nephesh (alma) está se referindo ao corpo e não à alma, e, segundo, dizer que o Sheol está se referindo à sepultura (qeber) e não ao Sheol mesmo. O tipo de manobra que só gente extremamente dissimulada seria capaz de vender, e só gente extremamente ingênua seria capaz de comprar – o que muitos deles não hesitam em fazer, já que é a única opção que lhes resta. Isso mostra o quanto seus argumentadores não são sérios nem estão comprometidos com hermenêutica alguma, apenas estão desesperados em arrumar qualquer pretexto que sirva para negar a clareza do texto bíblico que depõe contra eles.
 
Há lembrança no Sheol? – Como se não fosse o bastante, o salmista faz a pergunta retórica: “Quem morreu não se lembra de ti. No Sheol, quem te louvará?” (Sl 6:5). É evidente que se nós morrêssemos, a primeira pessoa de quem nos lembraríamos seria Deus. Nenhum católico diria que os “santos” no céu para os quais ele reza não se lembram do Deus com quem eles estão. A única solução que resta aos imortalistas é a manobra de que o texto “só se refere ao corpo”, como se o salmista estivesse mais preocupado em descrever a condição de um cadáver apodrecendo na sepultura do que da alma na presença de Deus. Mas mesmo essa inferência ridícula é refutada logo em seguida, quando ele diz: “No Sheol, quem te louvará?”.
 
Note que o salmista não fala do qeber, mas do Sheol, precisamente o lugar que os imortalistas acreditam estar em uma outra dimensão e onde as almas dos justos estão (ou estavam) na presença de Deus. E é neste lugar que ele diz que ninguém pode louvar a Deus, o que seria absolutamente falso, se os justos estivessem conscientes no Sheol (a não ser que haja uma placa na entrada do Sheol dizendo “proibido louvar a Deus”, o que eu particularmente acho improvável, mas não duvido que um imortalista o afirme).
 
Não poucos imortalistas tem a desfaçatez de dizer que aqui o salmista estava falando apenas sobre louvar a Deus na assembleia de Israel, como se ele dissesse: “No Sheol, quem te louvará na assembleia?” – o que além de risível é um completo nonsense, já que é obviamente impossível louvar em um lugar estando em outro. Isso seria como se eu dissesse: “No Recife, quem pode louvar a Deus em São Paulo?”. Não apenas a frase é irracional, como leva a uma direção obviamente oposta à que o salmista expressava. Como você pode perceber ao ler o salmo na íntegra, todo o ponto girava em torno da inutilidade que o salmista teria para com Deus caso viesse a morrer:
 
Salmos 6
1 Senhor, não me castigues na tua ira nem me disciplines no teu furor.
2 Misericórdia, Senhor, pois vou desfalecendo! Cura-me, Senhor, pois os meus ossos tremem:
3 Todo o meu ser estremece. Até quando, Senhor, até quando?
4 Volta-te, Senhor, e livra-me; salva-me por causa do teu amor leal.
5 Quem morreu não se lembra de ti. No Sheol, quem te louvará?
6 Estou exausto de tanto gemer. De tanto chorar inundo de noite a minha cama; de lágrimas encharco o meu leito.
7 Os meus olhos se consomem de tristeza; fraquejam por causa de todos os meus adversários.
8 Afastem-se de mim todos vocês que praticam o mal, porque o Senhor ouviu o meu choro.
9 O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor aceitou a minha oração.
10 Serão humilhados e aterrorizados todos os meus inimigos; frustrados, recuarão de repente.
 
Como você pode notar, o salmista acreditava estar à beira da morte, e por isso faz essa oração ao Senhor, onde roga pela manutenção de sua vida. No verso 5, ele apresenta uma razão pela qual ele seria mais útil vivo, ao alegar que os mortos não se lembram de Deus e não podem louvá-lo no Sheol. Se os mortos estivessem na presença de Deus e o louvassem no Sheol, essa razão seria de toda falsa, e jogaria por terra todo o argumento. Para os católicos, por exemplo, o salmista não apenas continuaria se lembrando de Deus depois da morte e o louvaria no Sheol, como ainda se tornaria um intercessor muito mais poderoso do que na terra. Obviamente, isso é o oposto ao entendimento do salmista, que acreditava que só seria útil para Deus vivo, na terra. Isso porque ele sabia que o Sheol não era uma morada de almas conscientes louvando a Deus, mas o fim da existência no túmulo.
 
Há louvor no Sheol? – Um texto que ecoa bem o entendimento do salmista a respeito do Sheol é o de Isaías 38:18-19, quando o rei Ezequias diz:
 
“Pois a sepultura não pode louvar-te, a morte não pode cantar o teu louvor. Aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade. Os vivos, somente os vivos, te louvam, como hoje estou fazendo; os pais contam a tua fidelidade a seus filhos” (Isaías 38:18-19)
 
Onde a NVI traz “sepultura”, é Sheol que consta no hebraico. Como vimos, o autor equivale o Sheol à cova, mas não só isso: ele também diz que não há louvor no Sheol. Imortalistas argumentam que Ezequias só estava dizendo que ninguém no Sheol pode louvar a Deus na assembleia israelita, mas que podem louvá-lo no próprio Sheol. Isso é claramente refutado no verso seguinte, que diz que “os vivos, e somente os vivos, te louvam, como hoje estou fazendo”. Não sei de que forma Ezequias poderia deixar mais claro que não há a menor possibilidade de louvar a Deus depois da morte, no Sheol.
 
Assim como no Salmo 6, o contexto de Isaías 38 também fulmina qualquer hipótese que não seja a interpretação natural do texto. Isso porque Ezequias estava agradecendo por Deus ter lhe dado quinze anos a mais de vida, após o profeta Isaías dizer que ele morreria da doença que havia contraído. É neste contexto que ele diz que só os vivos podem louvar a Deus e que não há como louvá-lo no Sheol. Em outras palavras, o que ele estava dizendo é que seria mais útil vivo, pois enquanto vivo poderia louvar ao Senhor, algo que ele não poderia fazer depois de morto.
 
Dizer que aqui Ezequias estava falando apenas de louvar a Deus entre os vivos equivaleria a interpretar sua frase como “os vivos, e somente os vivos, podem te louvar entre os vivos”, o que seria uma informação redundante e inútil. Tanto o contexto como o bom senso implicam que Ezequias estava olhando para além da vida presente, fazendo questão de destacar que ele não teria valor algum para Deus na condição de morto, mas vivo ele poderia louvá-lo e adorá-lo. Ou, para usar as palavras do sábio filho de Davi, “até um cachorro vivo é melhor do que um leão morto” (Ec 9:4). Diante disso, é evidente que para os escritores bíblicos o Sheol era um lugar inteiramente destituído de vida, consciência ou atividade.
 
Isso é confirmado pelo salmista no Salmo 88, que lembra muito a oração de Ezequias perto da morte:
 
“Afastaste de mim os meus melhores amigos e me tornaste repugnante para eles. Estou como um preso que não pode fugir; minhas vistas já estão fracas de tristeza. A ti, Senhor, clamo cada dia; a ti ergo as minhas mãos. Acaso mostras as tuas maravilhas aos mortos? Acaso os mortos se levantam e te louvam? Será que o teu amor é anunciado no túmulo, e a tua fidelidade, no Abismo da Morte? Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de justiça, na terra do esquecimento? Mas eu, Senhor, a ti clamo por socorro; já de manhã a minha oração chega à tua presença” (Salmos 88:8-13)
 
Note a semelhança deste texto com os dois últimos que analisamos, que também sugere ser impossível os mortos louvarem a Deus. A diferença é que o termo que aparece para “túmulo” aqui é qeber, o que mostra que o salmista se referia aos mortos na sepultura exatamente da mesma maneira que ele se referia aos mortos no Sheol, porque de fato ambos se referem ao cadáver embaixo da terra (mudando apenas a amplitude da coisa, já que o Sheol inclui todos os mortos em qualquer lugar debaixo da terra). O paralelismo entre o túmulo e o Abaddon (que, como vimos, é igualado ao Sheol) mostra não apenas a paridade entre um e outro, mas também que no Sheol não é anunciada a fidelidade de Deus ou seus feitos de justiça – algo completamente falso se o Sheol fosse uma outra dimensão onde os que morreram estão próximos de Deus.
 
Como reconhece o erudito imortalista Hans Walter Wolff em sua clássica obra Anthropology of the Old Testament,
 
no mundo dos mortos, não há mais lugar para a obra de Javé, nem para seu anúncio ou seu louvor. Essa concepção é confirmada muitas vezes, por exemplo, no Salmo 115:17. (...) Com isso, à definição do morto como excluído do louvor de Deus se opõe aquela do vivo como ser humano que pode exaltar a obra e a palavra de Javé.[39]
 
Há castigo ou recompensa no Sheol? – A. R. Crabtree, professor e reitor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil no início do século passado, disse que o Sheol “não se representa como lugar de castigo nem de recompensa”[40]. Isso fica ainda mais claro a partir da descrição que Jó faz do Sheol, que em nada se parece com o céu ou com o inferno:
 
“Por que não morri ao nascer, e não pereci quando saí do ventre? Por que houve joelhos para me receberem e seios para me amamentarem? Agora eu bem poderia estar deitado em paz e achar repouso junto aos reis e conselheiros da terra, que construíram para si lugares que agora jazem em ruínas, com governantes que possuíam ouro, que enchiam suas casas de prata. Por que não me sepultaram como criança abortada, como um bebê que nunca viu a luz do dia? Ali os ímpios já não se agitam, e ali os cansados permanecem em repouso; os prisioneiros também desfrutam sossego, já não ouvem mais os gritos do feitor de escravos. Os simples e os poderosos ali estão, e o escravo está livre de seu senhor” (Jó 3:11-19)
 
Jó não estava falando de uma sepultura individual (qeber), porque diz que se tivesse morrido logo após nascer estaria na companhia dos reis, conselheiros e governantes da terra, que não compartilhariam o mesmo túmulo depois da morte. Portanto, é evidente que ele estava falando do Sheol, onde estão todos os mortos, embaixo da terra. Sabemos, então, que Jó se referia ao Sheol, mas que tipo de Sheol era esse? Seria o Sheol imortalista da outra dimensão, onde as almas estão perfeitamente ativas e conscientes? Não é o que parece. Jó diz que ali «os ímpios já não se agitam», o que é o inverso da descrição do inferno tradicional, onde os ímpios estão gritando e correndo de demônios torturadores.
 
O verbo hebraico usado aqui é rogez, que significa «agitação, exaltação, aborrecimento, tumulto, tremor, inquietação, furor»[41]. Basicamente, todos os comportamentos que se esperariam de um ímpio em um lugar de sofrimento consciente. Ainda mais significativo que isso é que “já não ouvem mais os gritos do feitor de escravos” (v. 18), quando o senhor de escravos deveria ser o primeiro a estar gritando de dor. Se os ímpios não parecem estar em um lugar que lembre o mais remotamente o inferno, os justos não parecem estar em um lugar como o céu. Os cansados «permanecem em repouso» e os prisioneiros «desfrutam sossego», assim como Jó, que estaria “deitado em paz e acharia repouso junto aos reis e conselheiros da terra” (vs. 13-14).
 
Isso lembra muito o texto em que Daniel diz que “multidões que dormem no pó da terra despertarão” (Dn 12:2), ao se referir à ressurreição do último dia. Note que Daniel não diz que essas multidões virão do céu ou do inferno, mas do pó da terra, que, como vimos, está associado ao Sheol. E a respeito da condição dessas pessoas no Sheol ele usa o verbo yashen (dormir), o mesmo que Jó usa em relação à condição dos mortos no Sheol, no texto que acabamos de conferir (Jó 3:13). E é do Sheol (Hades) que Paulo diz que os mortos serão ressuscitados (1Co 15:54-55).
 
Os imortalistas alegam que Daniel falava apenas do corpo, pois é só o corpo que ressuscita (uma vez que a alma já está viva). Se isso é verdade em relação ao texto de Daniel, também deveria ser para o texto de Jó, que fala da condição dos mortos no Sheol usando a mesma linguagem. Mas isso implicaria que o Sheol é o lugar onde fica o corpo, o que os imortalistas como Jamierson Oliveira não admitem. Isso os deixa na delicada situação onde são forçados a concluir que Jó falava do sono da alma em Jó 3:13, já que é no Sheol que Jó encontraria repouso (yashen), ou então negar que o Sheol seja um lugar de almas incorpóreas numa outra dimensão, para sustentar que é só o corpo que iria “dormir”. De um jeito ou de outro, eles estão em apuros. Como diz o ditado, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
 
Reunir-se aos antepassados – O fato de tanto Jó como Daniel aludirem ao “sono” no Sheol ou no pó da terra lança luz aos vários textos do Pentateuco que dizem que alguém que morreu “foi reunido aos seus antepassados” (cf. Gn 25:8,17, 35:29, 49:33; Nm 20:26, 31:2; Dt 32:50). Esses textos são por vezes citados pelos imortalistas para dizer que a alma dos personagens bíblicos em questão se desligou do corpo e foi se encontrar conscientemente com os seus antepassados na outra dimensão, quando na verdade é apenas um eufemismo semita para dizer que eles compartilhariam o mesmo lugar embaixo da terra. Alguém que morre é reunido aos outros mortos no cemitério, não porque tenha virado um fantasma que assombra o lugar com as outras almas penadas, mas porque seu destino é compartilhar o mesmo lugar daqueles que já morreram e que estão ali sepultados.
 
É por isso que a expressão “foi reunido aos seus antepassados” é substituída nos livros históricos pela expressão descansou com os seus antepassados” (cf. 1Rs 2:10, 15:8, 16:6,28, 22:40; 2Rs 20:21; 2Cr 16:13, 33:20, etc), que quer dizer a mesma coisa. Essa expressão é usada indistintamente para os reis justos e ímpios, o que significa que o “descansar” aqui em nada tem a ver com um “descanso celestial” no sentido de refrigério (até mesmo o ímpio rei Acabe, marido de Jezabel, «descansou com os seus antepassados» – 1Rs 22:40).
 
Além disso, os imortalistas rotineiramente argumentam que o “sono” diz respeito somente ao corpo, uma vez que a alma está bem ativa e consciente no “mundo dos mortos”. O problema é que isso implicaria que a expressão “descansou com os seus antepassados” se refere ao estado do corpo, o que prova que “se reunir aos antepassados” não era de modo algum uma linguagem de vida após a morte, como muitos imortalistas inutilmente argumentam (especialmente em relação ao texto em que Jacó diz que desceria ao seu filho no Sheol – cf. Gn 37:35). Mais do que isso, implicaria que o próprio Sheol é o lugar do corpo, e não da alma fora do corpo, uma vez que o Sheol abrange todos os mortos embaixo da terra, enquanto a sepultura (qeber) diz respeito apenas ao túmulo individual.
 
Dito em termos simples, a expressão «foi reunido aos seus antepassados» é um eufemismo equivalente à expressão «descansou com os seus antepassados» e diz respeito ao estado do corpo morto no Sheol, um estado de óbvia inatividade após a morte. Os cadáveres de todos os que morreram na terra estão reunidos no mesmo lugar, ou seja, no Sheol (=embaixo da terra), e ali “descansam”, indicando inatividade. Isso é tudo o que os hebreus tinham a dizer quanto ao estado atual dos mortos, sem o menor indício de vida após a morte em uma outra dimensão, como acreditavam os povos pagãos à sua volta.
 
Wolff honestamente admite que enquanto nas religiões do antigo Oriente Médio os mortos eram glorificados ou deificados após a morte,
 
coisa semelhante é inconcebível no Antigo Testamento. Na maioria das vezes, a menção da descida ao Sheol como mundo dos mortos não significa mais do que a referência ao enterro como o fim da vida (Gn 42:38, 44:29,31; Is 38:10,17; Sl 9:15,17, 16:10, 49:9,15, 88:3-6,11; Pv 1:12)[42].
 
O próprio fato da cidade de Tiro “descer com os que descem à cova, para fazer companhia aos antigos (Ez 26:20), prova que a mesma linguagem empregada em relação aos mortos no Sheol também era utilizada para cidades na cova, o que obviamente não significa que haja vida consciente na cova ou que Tiro sobrevive numa outra dimensão na companhia das almas dos mortos. Ao contrário, é dito a seu respeito que “você já não existirá” (v. 21), que é o que acontece com quem “habita embaixo da terra” (v. 20). Habitar embaixo da terra, fazer companhia aos mortos, ser reunido aos antepassados e descansar com os antepassados são expressões idiomáticas semíticas comumente usadas para designar não uma vida após a morte, mas o fim da existência ao ser enterrado na terra, um fim comum a toda a humanidade.
 
As “portas” e “cordas” do Sheol – Não satisfeitos em distorcer o eufemismo semita para a morte, eles também se apoderam de forças de expressão usadas em relação ao Sheol como a “prova” de que o Sheol é uma mansão literal dos mortos, no outro mundo. Leia com atenção o “argumento” levantado por Michael S. Heiser: “O Sheol tinha ‘barras’ (Jó 17:16) e ‘cordas’ para amarrar seus habitantes (2Sm 22:5-6), impedindo qualquer fuga (Jó 7:9)”[43]. O primeiro texto que ele cita é Jó 17:16, que diz: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?”. Ele usa esse texto para explicar as “portas do Hades” de Mateus 16:18, que não prevalecerão contra a Igreja do Senhor. Para ele, trata-se de portas literais, e era disso que Jó estava falando.
 
Como vimos, essa interpretação já nasce completamente refutada logo de cara pelo paralelismo hebraico presente no texto, que iguala o Sheol ao pó da terra. Uma vez que o pó não tem um portão literal, é evidente que as “portas do Sheol” são uma força de expressão. Jesus também disse que devemos andar pelo “caminho estreito” (Mt 7:14) e entrar pela “porta estreita” (Mt 7:14), mas ninguém em sã consciência acredita que ele estava falando de uma porta ou caminho literais que devemos percorrer nesta vida, como se uma pessoa obesa não pudesse ser salva por não passar por uma porta tão estreita. Da mesma forma, ninguém lucidamente acredita que Jesus entregou uma chave literal nas mãos de Pedro quando disse que estava lhe dando as chaves do Reino dos céus (Mt 16:19), as mesmas que ele deu aos demais apóstolos (Mt 18:18).
 
“Chave”, “porta” e “caminho” são figuras de linguagem recorrentes na Bíblia, e a não ser que o contexto indique o contrário, não devem ser tomadas ao pé da letra. Paulo disse que a morte tem um “aguilhão” (1Co 15:55-56), mas nem por isso alguém pensa que a morte é um personagem real empunhando um aguilhão (embora essa imagem seja recorrente nos quadrinhos e nos filmes de terror). No Salmo 9:13, o salmista pede para Deus salvá-lo «das portas da morte», embora a morte em si não seja um lugar para ter portas, mas somente uma condição. A mesma linguagem é empregada em relação às «comportas do céu», que o próprio teólogo imortalista Norman Geisler reconhece que não deve ser entendida literalmente:
 
A Bíblia fala, é claro, com uma linguagem figurada quando diz que “as comportas dos céus se abriram” (Gn 7:11), quando aconteceu o dilúvio. Mas essa expressão não é para ser tomada literalmente, da mesma forma como não tomamos de modo literal a seguinte frase dita por alguém: “Estavam ali cinco gatos pingados”.[44]
 
O segundo texto citado por Heiser é o de 2ª Samuel 22:5-6, que diz:
 
“As ondas da morte me cercaram; as torrentes da destruição me aterrorizaram. As cordas da sepultura me envolveram; as armadilhas da morte me confrontaram” (2ª Samuel 22:5-6)
 
Heiser está certo ao aplicar este texto ao Sheol, pois é o Sheol que aparece no hebraico onde a NVI traduz por “sepultura”. No entanto, o contexto não diz nada a respeito de “cordas para amarrar seus habitantes”, mas é apenas uma forma poética de expressar sua aflição, uma vez que se encontrava à beira da morte. Algo semelhante vemos no Salmo 116:3, onde lemos que a própria morte tem “cordas”, o que é obviamente tão figurado quanto as cordas do Sheol. Note que o texto também diz que as ondas da morte o cercaram, que as torrentes da destruição o aterrorizaram e que as armadilhas da morte o confrontaram, mas nem por isso alguém acredita que a morte tem cercas, que a destruição tem torrentes e que a morte tem armadilhas literais.
 
Mais do que isso, o paralelismo aqui deixa claro que o Sheol é igualado à morte e à destruição, não à vida em outro mundo. Como se não bastasse, o texto em questão se refere ao rei Davi, que entoou este cântico ao Senhor quando Ele o livrou de seus inimigos. Uma vez que Davi era um homem “segundo o coração de Deus” (At 13:22), é evidente que ele não iria para o inferno ou a “parte ruim” do Sheol, onde seria amarrado com cordas. Para os imortalistas, Davi estaria no “seio de Abraão”, a “parte boa” do Sheol, não num assombroso lugar em que precisaria ser amarrado para não fugir. Aparentemente Heiser se esqueceu deste detalhe, na ânsia de encontrar provas de atividade no Sheol.
 
Por fim, ele cita o texto de Jó que diz que “assim como a nuvem esvai-se e desaparece, assim quem desce à sepultura [Sheol] não volta” (Jó 7:9), para dizer que as cordas servem para evitar a fuga. Mas além deste texto de Jó não ter absolutamente qualquer relação com o texto de 2ª Samuel (o que diz muito sobre a metodologia usada pelos imortalistas para enganar o leitor mais incauto), o texto em si não fala nada sobre a natureza do Sheol, só diz que não há como voltar do Sheol.
 
Jó acreditava na ressurreição do último dia (Jó 19:25-27), mas como ele viveu na época dos patriarcas, nunca tinha testemunhado uma ressurreição para esta vida, como a de Lázaro. Por isso ele complementa logo em seguida que “nunca mais voltará ao seu lar; a sua habitação não mais o conhecerá” (Jó 7:10). Ele não estava negando a ressurreição do último dia que ele próprio dizia crer (Jó 19:25-27), estava apenas dizendo que ninguém voltava do Sheol para o seu lar, isto é, para a habitação terrena que tinha aqui, na companhia de seus familiares, porque até aquele momento nenhuma ressurreição havia ocorrido ainda e todos os que morreram permaneciam mortos em seus respectivos túmulos. Tirar esse texto do contexto para sustentar a consciência no Sheol beira a estupidez.
 
Sheol e Abaddon – Que o Sheol designa apenas destruição e morte, e não vida consciente em algum lugar, isso também é indicado pelo paralelismo com o Abaddon, que significa literalmente “destruição”. Jó diz que “o Sheol está nu diante de Deus, e nada encobre a Destruição [abaddon]” (Jó 26:6). Semelhantemente, em Provérbios lemos que “a Sepultura [Sheol] e a Destruição [abaddon] estão abertas diante do Senhor” (Pv 15:11). Como comenta Bacchiocchi, “o fato do Sheol estar associado com Abaddon, o local de destruição, mostra que o reino dos mortos era visto como um lugar de destruição, e não como um lugar de eterno sofrimento para os ímpios”[45].
 
Isso é confirmado pelos muitos textos bíblicos que associam o Sheol sempre e somente à morte e à destruição, e nunca à vida ou consciência em outro mundo. O Sheol aparece em paralelismo com a morte no Salmo 116:3, em Provérbios 5:5, em Provérbios 7:27 e em Isaías 28:15, onde os ímpios se vangloriam dizendo que “fizemos um pacto com a morte, com a sepultura [Sheol] fizemos um acordo”. O paralelismo mostra que não se trata de dois acordos diferentes, mas do mesmo pacto. Em outras palavras, fazer um pacto com a morte é o mesmo que fazer pacto com o Sheol, porque o Sheol é igualado à morte, como a cessação total da existência (i.e, o inverso da vida).
 
Isso explica por que o Sheol é descrito como um «ventre estéril» em Provérbios 30:16. Uma mulher estéril é uma mulher que não pode gerar vida em seu ventre, e, da mesma forma, não há vida no interior do Sheol. Isso se opõe por completo à visão imortalista que entende o Sheol como um lugar onde almas perfeitamente vivas e conscientes se encontram em uma outra dimensão. Como reconhece o teólogo imortalista Robert Martin-Achard, “o Sheol seria a terra sem vida, o mundo caótico, o não-mundo”[46].
 
De todos os textos bíblicos que falam do Sheol ou Hades, há apenas três que são mais frequentemente usados pelos defensores da imortalidade da alma na tentativa de fundamentar o entendimento deles a este respeito. Curiosamente, como veremos, dois desses textos tem linguagem claramente poética, e o outro é uma parábola. Não poderíamos esperar mais de uma tese inteiramente destituída de qualquer amparo bíblico sério.

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[1] RINALDI, Natanael. O que dizem os adventistas sobre o Seol e o Hades? Disponível em: <http://www.cacp.org.br/o-que-dizem-os-adventistas-sobre-o-seol-e-o-hades>. Acesso em: 29/09/2020.

[2] RINALDI, Natanael. Imortalidade Condicional ou Sono da Alma. São Paulo: Vida Cristã, 2019, p. 95.

[3] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 150.

[4] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 371.

[5] Ainda que hajam exceções pontuais, como Enoque e Elias, que não passaram pela morte porque foram arrebatados vivos, como os crentes serão na volta de Jesus.

[6] #6299 da Concordância de Strong.

[7] CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 2000. v. 2, p. 880.

[8] #7451 da Concordância de Strong.

[9] #7682 da Concordância de Strong.

[10] CONSTABLE, Thomas. DD. "Commentary on Proverbs 15:24". "Expository Notes of Dr. Thomas Constable", 2012.

[11] ELLICOTT, Charles John. "Commentary on Proverbs 15:24". "Ellicott's Commentary for English Readers", 1905.

[12] PICKERING, Wilbur. Comentários em Lucas 23:43. Disponível em: <https://www.prunch.com.br/wp-content/uploads/2020/01/Lucas.pdf>. Acesso em: 13/09/2020.

[13] RINALDI, Natanael. Imortalidade Condicional ou Sono da Alma. São Paulo: Vida Cristã, 2019, p. 98.

[14] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 371.

[15] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 371.

[16] #161 da Concordância de Strong.

[17] #161 do léxico de Thayer.

[18] CLARKE, Adam. "Commentary on Ephesians 4:8". "The Adam Clarke Commentary".

[19] BARNES, Albert. "Commentary on Ephesians 4:8". "Barnes' Notes on the Whole Bible", 1870.

[20] GILL, John. "Commentary on Ephesians 4:8". "The New John Gill Exposition of the Entire Bible".

[21] JAMIESON, Robert, D.D.; FAUSSET, A. R.; BROWN, David. "Commentary on Ephesians 4:8". "Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible", 1871.

[22] VINCENT, Marvin R. DD. "Commentary on Ephesians 4:8". "Vincent's Word Studies in the New Testament", 1887.

[23] WESLEY, John. "Commentary on Ephesians 4:8". "John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible", 1765.

[24] TRAPP, John. "Commentary on Ephesians 4:8". “John Trapp Complete Commentary”, 1865.

[25] PETT, Peter. "Commentary on Ephesians 4:8". "Peter Pett's Commentary on the Bible”, 2013.

[26] WHEDON, Daniel. "Commentary on Ephesians 4:8". "Whedon's Commentary on the Bible", 1874.

[27] DUNAGAN, Mark. "Commentary on Ephesians 4:8". "Mark Dunagan Commentaries on the Bible", 1999.

[28] HODGE, Charles. "Commentary on Ephesians 4:8". “Hodge's Commentary on Romans, Ephesians and First Corintians”.

[29] CALVIN, John. "Commentary on Ephesians 4:8". "Calvin's Commentary on the Bible", 1840.

[30] RINALDI, Natanael. Imortalidade Condicional ou Sono da Alma. São Paulo: Vida Cristã, 2019, p. 94.

[31] Disponível em: <http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/07/o-sheol-hades-e-uma-morada-de-almas.html>.

[32] #7725 da Concordância de Strong.

[33] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 155.

[34] #1086 da Concordância de Strong.

[35] Confira em: <https://biblehub.com/hebrew/strongs_953.htm>. Acesso em: 30/09/2020.

[36] #7845 da Concordância de Strong.

[37] DOERMANN, Ralph Walter. Sheol in the Old Testament. Dissertação (Doutorado em Teologia) – Duke University. Durham, 1961, p. 191.

[38] WRIGHT, N. T. Os Evangelhos Para Todos. São Paulo: Thomas Nelson, 2020, p. 1899.

[39] WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2007, p. 171-172.

[40] CRABTREE, A. R. Teologia Bíblica do Velho Testamento. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960, p. 268.

[41] #7267 da Concordância de Strong.

[42] WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2007, p. 167.

[43] HEISER, Michael S. What Did Jesus Mean by “Gates of Hell”? Disponível em: <https://blog.logos.com/2018/04/jesus-mean-gates-hell>. Acesso em: 03/10/2020.

[44] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 184.

[45] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 151.

[46] MARTIN-ACHARD, Robert. Da Morte à Ressurreição segundo o Antigo Testamento. São Paulo: Academia Cristã LTDA, 2005, p. 54.

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187 comentários:

  1. "Bom, eu não sou o lucas obviamente, mais gostaria de responde-lo(...)" Eu creio dessa forma também! Acho que é bom diferenciar a ficção da realidade.

    Eu perguntei porque eu gosto de revisar minhas crenças/convicções.

    Obrigado pelas respostas, Lucas e Seu Jiraya!

    (Essa é a minha resposta a minha última pergunta feita na aba de comentários da postagem anterior a essa que o Lucas fez. Só respondi aqui porque já chegou a 200 comentários lá.)

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  2. Lucas, o que você acha do Princípio constitucional da Vedação ao Retrocesso previsto na Constituição Federal de 1988?

    Esse princípio constitucional diz que todo e qualquer direito conquistado no roll dos Direitos humanos e individuais deve permanecer perpetuamente positivado no Direito brasileiro sendo completamente proibido à abolição total ou parcial desses direitos.

    Esse princípio constitucional embora seja bom em teoria, na prática ele acaba por se tornar um empecilho pois me lembro que na época do Temer durante a Reforma Trabalhista e Previdenciária eu via muitos juristas de esquerda e muitos comentaristas progressistas se utilizando desse princípio constitucional como argumento contra a Reforma da Previdência e em especial à Reforma Trabalhista, pois originalmente Temer nessa reforma queria tirar: a obrigatoriedade de uma hora mínima de almoço, manter o salário mínimo apesar de incentivar fortemente às negociações entre empregados e empregadores para o estabelecimento de um salário e tirar muitos dos encargos burocráticos que há nos direitos trabalhistas que praticamente inviabilizam a manutenção de pequenas empresas e negócios nesse país. Inclusive foi com base nesse princípio que o Congresso Nacional à época rechaçou essa Reforma Trabalhista do Temer.

    Outros exemplos de empecilhos são: o casamento gay que por conta desse princípio não deve ser abolido no nosso ordenamento jurídico pois entende-se que o casamento gay foi uma conquista social de minorias historicamente "oprimidas"; numa eventual abolição da pena de morte em nosso país ela não poderá de forma alguma ser reinstituída em nosso país pois o entendimento da doutrina é de que uma eventual abolição da pena de morte implicaria em uma "conquista social" no Direito à vida para o ordenamento jurídico brasileiro, o mesmo também se aplica numa hipotética legalização do aborto em nosso país.

    Ps. Embora a CF/88 proíba explicitamente a pena de morte essa proibição é válida apenas para crimes civis, a pena de morte no Brasil é apenas permitida em caso de guerra declarada e em casos de crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em solo brasileiro nesse período de guerra.

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    1. Eu acho um princípio horroroso, mas previsível em se tratando de um país como o nosso. Além de emperrar a economia, ainda é extremamente subjetivo, pois o que é um "direito conquistado no rol dos direitos humanos e individuais" para uns pode não ser para outros. Por exemplo, se a esquerda conseguir legalizar o aborto eles vão dizer que o aborto foi uma "conquista individual" e que faz parte dos "direitos humanos", quando na verdade deveria ser o oposto, o direito mais básico do ser humano é o direito à vida, e por essa mesma razão o aborto deveria ser proibido. Ou seja, eles pegam algo que fere os direitos humanos mais básicos e o consideram um direito humano inviolável, o que é uma contradição gritante. Em relação aos direitos trabalhistas, não apenas a maior parte deles deveria ser abolido por travar a economia (grande parte deles não existe em nenhum país desenvolvido ou sério), mas também desconsideram o quanto a situação econômica pode mudar de uma hora pra outra. Na Venezuela, por exemplo, quando a economia do país morreu nas mãos do ditador Nicolás Maduro e a moeda deles passou a não valer mais nada, eles só conseguiram continuar sobrevivendo graças ao trabalho e ao comércio informal, considerado ilegal no país, mas se não fosse por ele já teria todo mundo morrido de fome ou fugido do país. Se dependesse da esquerda nem existiria coisas como o Uber mais, eles encheriam de regulações, taxações e burocracia trabalhista a tal ponto que inviabilizaria o negócio, e sem ele muita gente estaria no olho da rua e o desemprego seria infinitamente maior. E sequer teria como mudar isso depois, já que essa medida seria considerada um "direito conquistado" e não teria mais como voltar atrás. É o tipo de demência que só se espera em um país como o nosso.

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    2. Estudante de direito, entao como faz para tirar a reeleição?

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    3. Vitor, a reeleição não é um direito humano fundamental positivado no rol dos direitos humanos e individuais e portanto está sujeita à alteração e abolição.

      Tecnicamente falando, é possível sim abolir a reeleição, mas para que isso aconteça é necessário que haja uma Reforma política para tal, mas acontece que atualmente 60% dos nossos congressistas são deputados e senadores reeleitos e por conta disso há uma enorme falta de vontade política para abolir a reeleição tanto de parlamentares quanto de membros do executivo pois para nossos queridos políticos isso significaria o fim da mamata com o Dinheiro público e toda a maracutaia.

      De todo modo, não acho que a reeleição deveria ser abolida, até porque a as maiores democracias do mundo como EUA, França, Alemanha, Reino Unido e Israel permitem a reeleição. E países como os Estados Unidos possuem uma forte tradição de reeleger presidentes que fazem um bom trabalho. Além disso se um gestor faz um bom trabalho e deseja ser reeleito para dar continuidade aos projetos políticos ele deveria ter o direito de ser reeleito, mas sou veementemente contra a reeleição ilimitada, a grande maioria dos países que têm reeleição ilimitada são ditaduras onde não há alternância de poder como é o caso da Venezuela e China. Além disso, a reeleição ilimitada é um prato cheio para populistas que a veem como uma oportunidade para se perpetuar no poder e garantir o seu próprio projeto pessoal de poder.

      Em suma é sim possível abolir a reeleição no nosso ordenamento jurídico, mas há muita falta de vontade política para isso (contudo é válido sempre lembrar que a CF/88 originalmente não previa a reeleição para o executivo até 1997), contudo acho que com a forte exceção da reeleição ilimitada, a reeleição com limite de mandatos não deve ser proibida, a reeleição ao meu ver deve ser permitida com o limite máximo de dois mandatos (sejam eles de 8 para mandatos de 4 anos e 10 para mandatos de 5 anos).

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    4. Lucas, já que falamos sobre o Princípio constitucional da Vedação ao Retrocesso previsto na CF/88 gostaria que você comentasse esse artigo sobre um acordo que o Brasil assinou recentemente com os EUA e mais outros 30 países contra o aborto e casamento gay:

      https://www.google.com/amp/s/www.uol.com.br/universa/colunas/maria-carolina-trevisan/2020/10/22/governo-bolsonaro-usa-conceito-de-familia-para-retroceder-em-direitos.amp.htm

      https://www.google.com/amp/s/m.huffpostbrasil.com/amp/entry/declaracao-genebra-aborto_br_5f90c42fc5b66d4a0dbbd2a3/

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  3. lucas você viu a hashtag do twitter #cristofobiaexiste ? qual sua opnião sobre

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    1. Não acompanho o twitter, então estou totalmente por fora.

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    2. a hashtag era relacionado as igrejas queimadas, as pessoas aproveitaram a deixa da frase do bolsonaro pra cria-la

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  4. Pode passar a lista de apologética protestante estrangeira aqui ?

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    1. Sim, segue abaixo:

      https://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/

      https://christiantruth.com/

      http://www.exegeticalapologetics.com/

      http://answeringcatholicclaims.blogspot.com/

      https://www.aomin.org/aoblog/

      https://www.youtube.com/c/KeithTruth/videos

      http://watchmansbagpipes.blogspot.com/search/label/Roman%20Catholicism

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  5. Os Bolivianos fizeram uma escolha de m**** elegeram o poste do Evo Morales:

    https://www.google.com/amp/s/brasil.elpais.com/internacional/2020-10-19/luis-arce-sera-o-proximo-presidente-da-bolivia-com-o-apoio-dos-indigenas-e-do-voto-oculto-da-classe-media.html%3foutputType=amp

    https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/10/19/arce-assumira-as-redeas-de-uma-bolivia-polarizada-e-em-crise-economica.amp.htm

    Por isso que a América Latrina está na m**** e gosta de estar na m****, infelizmente o Latino-americano adora um populista demagogo.

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    1. Sim péssima escolha e o pior que o principal candidato da direita,um tal de Camacho também é um populista ao estilo do Bolsonaro,o povo latino americano adora um populista dos dois lados,tanto na direita quanto na esquerda,eu não me surpreenderia se Ciro Gomes for eleito aqui em 2022

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    2. Verdade Gabriel, você está coberto de razão.

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  6. Lucas, o patriarcado continua ate hoje? E como ele foncionaria?

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    1. O "patriarcado" segundo o dicionário se refere ao domínio masculino em uma sociedade, neste sentido ele é bem mais fraco hoje do que já foi um dia, mas ainda existe em alguma medida (sobretudo nos países islâmicos).

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  7. Lucas porque na sua opinião o Brasil não teve uma forte imigração em massa de irlandeses como os Estados Unidos, Canadá e até mesmo a Argentina tiveram? Certa vez enquanto eu estava lendo sobre a História da imigração europeia no Brasil descobri que o grande motivo do Brasil não ter tido uma imigração em massa de irlandeses foi em grande parte culpa da monarquia.

    Certa vez li que lá na época da independência do Brasil a monarquia brasileira fez experimentos com muitos povos europeus pra saber quais deles seriam mais fiéis à Nação, inclusive lá atrás na Guerra da Cisplatina tanto Portugal como o Brasil Imperial contrataram mercenários irlandeses para lutar contra os uruguaios e argentinos no Prata.

    Mas acontece que os Irlandeses de todas as nacionalidades europeias foram a mais insubordinada e rebelde à coroa brasileira, inclusive muitos mercenários irlandeses desertavam para o lado argentino e uruguaio. O motivo era que os Irlandeses eram ferrenhamente anti-monarquistas e se recusavam a lutar ou serem fiéis a um país monárquico e reacionário, e que já naquela época os Irlandeses tinham um forte sentimento republicano e iluminista. Por conta disso o D. Pedro I proibiu a imigração irlandesa no Brasil e essa proibição vigorou até a Proclamação da República.

    Lucas, na sua opinião se o Brasil tivesse tido uma forte imigração irlandesa talvez seríamos mais diferentes? Vi que apesar de serem um povo ferrenhamente católico os Irlandeses também ajudaram e muito no desenvolvimento do trabalho e dos negócios e muitos fundaram empresas e indústrias que fizeram a economia americana crescer, além disso a grande maioria dos irlandeses nos EUA (e nos países que tiveram forte imigração irlandesa como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul) abandonou o catolicismo e se converteu ao protestantismo.

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    1. Essa história eu não conhecia, mas a meu ver o fato do Brasil ter demorado tanto a receber imigrantes é muito simples de explicar: porque ninguém queria vir para cá. Até o final do século XIX o Brasil estava há anos-luz da Argentina e do Uruguai em termos de PIB per capita, então é óbvio que se você fosse um europeu e quisesse fazer a vida na América do Sul, procuraria um lugar melhor do que um país tão atrasado como o Brasil, afinal de contas ninguém sai de sua terra natal para uma terra pior que a dele. O Brasil só foi começar a se desenvolver pra valer no início do século XX, que coincide com o período de imigração em massa da Europa, embora as duas guerras mundiais tenham ajudado nisso. Os países que você citou já eram desenvolvidos ou razoavelmente desenvolvidos antes disso, então receberam imigrantes mais cedo e em maior número. Não é à toa que tanta gente quer ir morar nos EUA, mas poucos estão dispostos a ir morar em Cuba, Haiti, Nicarágua e etc. A primeira coisa que o imigrante pensa é se vale a pena se mudar para o outro país, e para tanto é preciso que o outro país seja minimamente atrativo, algo que o Brasil passava longe de ser. Aqui toda a economia era agrária e escravista, e nenhum imigrante em sã consciência desejaria viver em condições tão precárias.

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    2. Só um adendo: já que toquei no assunto da imigração irlandesa, porque a grande maioria dos irlandeses que imigraram nos EUA se converteu ao protestantismo?

      De acordo com uma pesquisa feita com vários americanos de ascendência irlandesa: 45% são protestantes e 33% são católicos, em geral no Sul e Meio-oeste 70% dos irlando-americanos são protestantes contra 19% de católicos, já no Nordeste americano (Estados como Nova York, Nova Inglaterra e Nova Jersey) 50% são católicos e 38% são protestantes.

      Fonte: https://www.cambridge.org/core/journals/religion-and-american-culture/article/how-the-irish-became-protestant-in-america/9052A7FF691AE37CDD0C765CCAEAAB38

      Lucas, porque alguns indivíduos que pertencem a um determinado Povo que segue uma religião se converte para outra religião, como é o seu caso, você é descendente de italianos, mas é evangélico e a grande maioria dos italianos (assim como os Irlandeses) são um povo bastante católico. Isso acontece por motivos de assimilação ou porque as alguns indivíduos verdadeiramente tem um encontro com Deus e acabam por abandonar as velhas crenças religiosas do povo de origem?

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    3. Começa com uma conversão por razões religiosas, e a partir dali a descendência da pessoa que se converteu também "nasce" convertida. No meu caso, o meu pai se converteu do catolicismo, conheceu a minha mãe que já era evangélica e eu "nasci" evangélico. Então não é como se milhões de irlandeses tiveram que se converter em massa, na verdade alguns milhares de converteram e geraram uma descendência de convertidos.

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  8. Lucas, por que tanta gente ainda acredita no tormento eterno no inferno? pois em todo esse tempo só vi você defender a ideia do aniquilacionismo

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    1. Porque estão condicionadas desde a infância a aceitar isso como sendo a verdade. A maioria dos cristãos nunca leu a Bíblia inteira na vida, e dos que leem, grande parte a lê de forma enviesada, apenas para confirmar seus pontos de vista prévios, não para buscar a verdade honestamente de mente aberta, para onde ela levar. Isso sem falar do "efeito manada" que nós como seres humanos que somos estamos sempre vulneráveis, propensos a pensar que algo é verdadeiro por ser defendido pela maioria, e quanto maior essa maioria for, mais confortáveis e seguros nos sentimos, como se isso garantisse que estamos mesmo no caminho certo (quando Jesus diz que são cegos guiando cegos, e que o caminho da vida é estreito, pelo qual poucos passam). Isso explica por que tanta gente usa argumentos do tipo "você está contra trocentos teólogos que dizem tal coisa" e "a minha igreja é mais antiga e diz aquilo". Sem falar que é sempre muito mais cômodo estar com a maioria e só receber tapinha nas costas do que contrariar todo mundo e sofrer ataques de todos os lados, nem todo mundo é emocionalmente maduro para isso e está disposto a pagar esse preço, por isso mesmo a Bíblia diz que muitos judeus acreditavam em Jesus mas tinham medo de o confessar em público, porque preferiam a aprovação dos homens do que a de Deus (Jo 12:42-43). Embora os artigos abaixo não sejam diretamente sobre isso, o que eu explico neles se aplica perfeitamente ao que estamos tratando:

      http://www.lucasbanzoli.com/2020/06/por-que-as-pessoas-acreditam-tao.html

      http://www.lucasbanzoli.com/2020/03/estar-com-maioria-nao-significa-estar.html

      De todo modo, eu estou longe de ser o único aniquilacionista que existe, na verdade é um movimento cada vez mais crescente entre os teólogos mais reputados, só que muitos deles só são conhecidos dentro do ambiente acadêmico e não são populares (como Oscar Cullmann, que é tido por muitos como o maior teólogo do século XX, mas que quase ninguém conhece entre as pessoas comuns).

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  9. Se houvessem mais homens como esse desembargador nesse país com certeza absoluta estaríamos bem melhores:

    https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/10/20/mprj-denuncia-promotor-de-justica-por-suspeita-de-oferecer-r-190-mil-para-desembargador-soltar-miliciano-preso.ghtml

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  10. Essa foi a melhor propaganda eleitoral que já vi em minha vida, queria morar em São Paulo só pra poder votar no Holiday:

    https://youtu.be/VGp9SRxhbBk

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  11. Lucas há um tempo atrás você me disse que o principal motivo pelo qual os nossos vizinhos hispânicos (com breve exceção do México) terem rejeitado a monarquia e optado pela República foi porque ao contrário daqui, os colonos hispânicos tinham um profundo ódio e repulsa pela metrópole Espanha. Mas porque aqui no Brasil não tivemos o mesmo ódio por Portugal sendo que na prática os espanhóis em comparação com os portugueses foram até mais bonzinhos com suas colônias? (Por exemplo na grande maioria das colônias hispânicas não houve tanto trabalho escravo como aqui no Brasil, haviam Universidades e até mesmo hospitais na América hispânica e em alguns locais como o Chile e Argentina também haviam uma relativa Liberdade de imprensa, coisas que eram impensáveis pelos Portugueses aqui no Brasil).

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    1. Eu não me lembro de ter dito isso, mas o fato de que o homem que proclamou a independência do nosso país tenha sido o rei do outro país (Portugal) pesa muito nisso. Se tivesse acontecido antes, com Tiradentes por exemplo, a república teria sido proclamada aqui também desde o início, mas como foi com um rei, a monarquia acabou sendo o rumo natural. Na verdade a independência do Brasil foi uma ocorrência bem singular, eu não consigo me lembrar de nenhum caso análogo onde o próprio rei da metrópole tenha proclamado a independência da colônia à rebelia da própria metrópole. O que tornou isso possível foi a fuga de Dom João VI ao Brasil por causa de Napoleão, se não fosse por isso o Brasil teria naturalmente adotado a república ao se tornar independente.

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  12. Sei não mas acho que estou com uma pulga atrás da orelha quanto à esse Kassio Nunes:

    https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/10/21/sabatina-kassio-marques-senado.amp.htm

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    1. Atualização:

      Kassio Nunes teve o nome aprovado para a vaga no STF por 57 votos a favor, 10 contra e 1 abstenção:

      https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/10/21/kassio-marques-e-aprovado-pelo-senado-e-assumira-vaga-no-stf.ghtml

      Hoje é um Dia Negro para a História do Brasil. 😞😔

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    2. Não fale em "dia negro", senão a patrulha do politicamente correto vai te acusar de ser racista 😆

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  13. Lucas, porque o antiamericanismo é tão forte no Oriente médio (e parte da América Latina)?

    Certa vez enquanto eu estava pesquisando sobre os países que mais odeiam os EUA descobriu que os 8 dos 10 países que mais odeiam os EUA estão no Oriente médio são eles: Síria, Líbano, Turquia, Egito, Irã, Iraque, Iêmen e Paquistão os outros dois países que mais odeiam os EUA são China e Coreia do Norte que se encontram no Leste da Ásia. Porque esses países tem tanto ódio dos EUA sendo que a Rússia e a China também intervém militarmente nesses países e ainda chegam a ser piores que os EUA em alguns casos e nem por isso esses dois países são tão odiados como os Estados Unidos é odiado? (Pelo contrário a China em especial a Rússia mesmo realizando intervenções militares nesses países gozam de forte influência no Oriente médio como é o caso do Irã cujo o maior aliado militar é a Rússia).

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    1. Doutrinação ideológica, pura e simplesmente. Impulsionada pelo fato dos EUA ser o maior aliado de Israel e de eles odiarem Israel mortalmente. Se não fosse pelos EUA não haveria Israel, e eles acham que os judeus "roubaram a terra santa" deles. Aí entra uma rivalidade milenar que dispensa comentários.

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  14. 1) Eu também quando escrevo às vezes pareço estar bravo ou com raiva ou muito sério quando não estou, este é o problema da escrita, não dá pra colocar entonação então não dá pra saber realmente o que a pessoa está sentindo ou o que ela deseja passar (a não ser que seja algo muito pesado, como um texto cheio de palavrões, ataques pessoais e etc), mas particularmente eu não vi isso na mensagem à qual você se refere, me pareceu bem natural.

    2) Por essa mesma lógica, então poderíamos dizer que os israelitas eram politeístas, já que muitos israelitas da época adoravam falsos deuses (e obviamente ninguém adoraria algo que pensa que não existe). O que eles não entendem é que há uma diferença crucial entre a "crença oficial" (registrada na lei) e a crença pessoal de cada um, que podem ser as maiores birutices influenciadas por tudo que é tipo de coisa pagã.

    3) Muito bem apontado, eu sempre ressaltei isso. No meu livro "Os Pais da Igreja contra a Imortalidade da Alma" eu comparo os documentos apócrifos escritos por gnósticos "cristãos" dos primeiros séculos (que acreditavam em imortalidade da alma) com os escritos dos Pais da Igreja do mesmo período, e mostro o contraste gritante. Enquanto estes falam apenas da ressurreição para a vida eterna e retratam os mortos como "dormindo" ou sem vida até a ressurreição, aqueles estão cheios de referências explícitas à "alma imortal", à religação entre corpo e alma na ressurreição, ao "mundo dos espíritos" onde a alma fica após a morte, e assim por diante. Chega a ser surreal alguém não perceber a diferença. E como você disse, o mesmo pode ser afirmado na relação entre a Bíblia e os outros documentos da época. Os gregos, romanos, egípcios e etc não apenas acreditavam em uma alma imortal que sobrevive após a morte, como ainda a tinham como a tônica principal de seus escritos, falavam disso o tempo todo, porque afinal é algo extremamente importante para se falar em um livro sagrado, uma informação que todos buscam e querem saber. Aí você vai na Bíblia, um livro muito mais gigantesco, com milhares e milhares de capítulos, e tudo o que eles tem é meia dúzia de textos isolados e bisonhamente tirados do contexto, chega a ser ridículo. E ainda tem trouxa que acha que isso é suficiente para provar a imortalidade da alma na Bíblia, com o perdão da expressão. E pra piorar, na Bíblia encontramos inúmeros trechos IMPOSSÍVEIS de se encontrar na literatura imortalista da época ou mesmo na atual, tais como que os mortos nada sabem, que os mortos não louvam a Deus, que os mortos "dormem" na sepultura, que os seus pensamentos já pereceram, que não há atividade alguma depois da morte e etc, sem falar nas centenas de textos que afirmam expressamente a morte da nephesh ou psiquê nos originais hebraico e grego. Realmente só a lavagem cerebral e a ignorância seletiva explica por que tanta gente ainda continua acreditando nisso.

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  15. 1 Banzoli, na epoca pre ditadura, havia a possibilidade de um golpe comunista ou nao?
    2 Como seria o cristianismo se nao tive-se se unido com Roma?
    3 Como os impios serao julgados? Vao ser punidos pelo numero de pecados, pela gravidade deles ou os dois?
    4 Imortalidade da alma em Lc 20:38?
    5 Lucas, como devo falar q o problema é da pessoa e nao meu, ou é meu e nao dela, para que nao soe de forma mal educada, por exemplo, alguem fala q so feio e retruco "problema meu"? E porque as pessoas se ofendem quando dizemos isso?
    6 Lucas, sobre promessas, elas ainda sao validas? Como fazelas do modo certo? Da pra desfazelas¿
    7 Pq os jovens tem se interessado pelo evangelho?

    Vai demora um poco o livro banzoli, pera...

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    1. 1) Tentaram fazer um golpe sim (a chamada "Intentona Comunista"), mas foi um fracasso retumbante. Os comunistas simplesmente não tinham tantos adeptos nem recursos suficientes para constituírem uma ameaça séria ao país. Por isso os ditadores os usavam como pretexto para assumir o poder (Vargas com o "Plano Cohen" no Estado Novo, e os militares em 64).

      2) Talvez fosse mais parecido com o que a Igreja oriental é hoje, e precisaria de uma reforma do mesmo jeito.

      3) Eu entendo que por tudo isso. Deus é perfeitamente justo e nenhum julgamento humano poderia ser mais justo que o dEle.

      4) http://desvendandoalenda.blogspot.com/2012/12/deus-de-vivos-e-nao-de-mortos.html

      5) Se alguém te ofender desse jeito e se sentir ofendido com uma resposta dessas tem que ser bem cínico mesmo. Quem provoca ou insulta sabe que pode esperar uma resposta grossa desse tipo. Eu se fosse você nem teria contato com gente assim, não vale a pena.

      6) "Sobretudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa" (Tiago 5:12). Por isso eu não faço juramento nenhum e tenho certeza que ninguém vai perder nada deixando de fazer.

      7) A chama que arde no coração de cada pessoa por Deus não tem idade. Jovens sempre se interessaram pelo evangelho, inclusive todos os discípulos de Jesus à exceção de Pedro eram bastante jovens, como escrevi aqui:

      http://ocristianismoemfoco.blogspot.com/2016/02/a-idade-dos-discipulos.html

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    2. Banzolao vc considera que ainda que fosse real a tal ameaça comunista em 1964 o golpe militar foi totalmente desnecessário?Eu lembro que vc escreveu um texto criticando o Brasil Paralelo por defender o golpe de 1964 em seu documentário,vc entende que não se combate uma ditadura como outra,o comunismo poderia ser combatido democraticamente

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    3. O que eu disse é que se houvesse um golpe comunista real, os militares poderiam facilmente (e neste caso, legitimamente) tirá-los do poder (o que não seria um golpe, mas desfazer um golpe para restaurar a democracia). O que não faz o menor sentido é um "contragolpe prévio", isto é, fazer um golpe sob o pretexto de que se não o fizesse outros o fariam, e permanecer no poder por mais de vinte anos, o que só engana trouxa.

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  16. Que coincidência, eu entrei no seu blog justamente pra baixar de novo o livro sobre imortalidade da alma, e agora descobri que vai ter uma reedição!!! Uhuu

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  17. Lucas, por que o fruto de adão e eva foi um pecado? por eles terem desobedecido a Deus ou tem mais motivos, e por que Deus expulsou ele?

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    1. O pecado não foi comer do fruto em si, mas a desobediência a Deus, que neste caso consistiu no fruto da árvore que Deus proibiu comer para que a humanidade fosse preservada de tanto sofrimento que veio depois. A expulsão do jardim foi para que eles não comessem também da árvore da vida e se tornassem imortais (e ainda tem gente que diz que temos uma alma imortal mesmo assim...).

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  18. Excelente artigo, Lucas! Só não enxerga a verdade quem não quer ver! Vi a sua resposta àquele meu comentário, que bom que nos entendemos.

    1) Desde que descobri a verdade sobre a morte passei a dar mais valor à vida e ao meu corpo. Aliás, tenho uma leve suspeita de que um dos motivos que fez o Diabo inventar a imortalidade da alma, é fazer com que as pessoas desvalorizem seu próprio corpo e as suas vidas. Todavia, descobrir essa verdade me deu um desconforto. Acompanho seu blog desde 2016, mas achava sem sentido o aniquilacionismo. Mas finalmente seus argumentos me convenceram em 2019, quando quis me aprofundar mais no assunto. Foi bem difícil pra mim porque tinha acabado de perder um parente bem próximo. E descobrir a verdade me fez pensar: "poxa vida, ele não existe mais. E a cada dia que passa, mais perto está a minha vez". Estou aterrorizado com a morte. Como será que é deixar de existir? Sei que Paulo falou disso em 1Ts 4.15-18, mas mesmo assim terei que esperar não sei quantos anos para viver de novo. Isso é assustador! Me sinto como se estivesse no corredor da morte!

    2) Poderia me dar uma boa explicação do significado de heresia e ortodoxia? Que eu saiba, ortodoxia é a verdade e heresia é o engano. Mas não significa que todo herege vai pro inferno. Por exemplo, o anti-trinitárianismo é heresia, mas não acredito que alguém vai pro inferno SÓ porque é anti-trinitariano.

    3) A Bíblia possui listas de gente que vai pro inferno em 1Co 6.10, Gl 5.19-21 e Ap 21.8, confesso que eu cometo alguns pecados que entram nessa lista, será que vou pro inferno? Será que Deus terá piedade por eu ter uma fé firme n'Ele?

    4) Existe a Igreja Ortodoxa e a Ortodoxia Oriental. Que eu saiba, a Igreja Ortodoxa é aquela comunhão de igrejas que se submetem ao patriarca de Constantinopla e a Ortodoxia Oriental são igrejas cismáticas que já pertenceram à comunhão: Igreja Copta, Igreja Assíria, etc., estou certo?

    5) Já inventaram algum apelido para os ortodoxos? Tipo, para os católicos tem "papista", "romanista", "tridentino", "idólatra", "necromante", e pros ortodoxos? Pra mim podia ser "heterodoxos", que tal?

    6) A maioria dos católicos são sincretistas, né? Praticam Umbanda, Espiritismo, Candonblé, acreditam em reencarnação, etc. Bom, pelo menos a maioria dos católicos que conheço fazem essas coisas aí, inclusive os da minha família.

    7) Existe alguma passagem na Bíblia que condena a pedofilia?

    8) O que acha dos cordões de oração anglicano, luterano, reformado e metodista? Bom, com base em Mt 6.7,8, acho descaradamente anti-bíblico.

    9) Você sabia que além da igreja anglo-católica (anglicanos católicos), também existe a Igreja Católica Luterana? O que acha disso?

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    1. 1) Não há nenhuma razão para se atemorizar em face da morte diante disso. Isso porque, para quem morre, a transição para a ressurreição ocorre em um milésimo de segundo, como se não houvesse intervalo. Por exemplo, quando você dorme uma noite profundamente sem ser incomodado e acorda na manhã seguinte, não parece pra você que se passaram umas oito horas, a sensação é que passou bem menos tempo do que para quem esteve acordado aquele período todo. Para quem morre a sensação é menor ainda, justamente porque ele não mais existe. Então é como se você morresse e imediatamente em seguida já ressuscitasse, porque é a primeira memória que você terá. É como se o período entre um evento e outro não existisse, embora na verdade ele exista, mas para os outros que estão vivos, não pra você que já morreu. Na prática, não tem diferença para como os imortalistas entendem a morte, em ambos os casos você morre e logo em seguida se vê na presença de Deus, a diferença é que para eles isso acontece com uma alma fora do corpo num estado intermediário, enquanto para nós isso acontece na ressurreição, quando Jesus voltar.

      2) É muito complicado isso, eu pretendo escrever um artigo só sobre isso um dia. Porque o conceito de "ortodoxia" não está atrelado diretamente à verdade em si, mas sim àquilo que alguém entende como sendo o ensino "padrão" ou "tradicional". Mas acontece que cada um tem um entendimento diferente do que é "tradicional", e consequentemente existem mil e umas "ortodoxias" diferentes. Por isso os calvinistas acham que ser ortodoxo é ser calvinista, os católicos romanos acham que só eles são ortodoxos porque são supostamente os mais antigos, e os do oriente eu não preciso nem falar nada já que o próprio nome que eles deram a si mesmos já diz tudo. Tanto que o oposto à ortodoxia não é a heresia, mas a heterodoxia. Mas como eu disse, todo mundo é ortodoxo aos seus próprios olhos, então na prática este conceito acaba sendo quase que completamente inútil.

      3) Uma coisa é cometer um pecado por acidente, isso pode acontecer com qualquer cristão em algum momento, outra coisa é ter um "pecado de estimação" que se pratica recorrentemente e sem arrependimento, isso sim configura o pecado de morte.

      4) Sim.

      5) Uma vez eu vi um romanista os chamando de "tortodoxos" xD

      6) Dos católicos comuns sim, com certeza. A maioria dos católicos não conhece a doutrina da própria igreja e nem sabe no que crê. Falta de comunhão com Deus dá nisso, a pessoa fica literalmente perdida e começa a buscar respostas em tudo qualquer lugar, como esses que você mencionou. Se o catolicismo aproximasse os fiéis de Deus, provavelmente esse tipo de coisa seria muito mais rara (assim como é raro encontrar um evangélico umbandista, espírita e etc).

      7) Este artigo responde bem a isso:

      https://www.gotquestions.org/Portugues/pedofilia-Biblia.html

      8) Eu sou metodista e nunca ouvi falar de um "cordão de oração metodista". Mas de fato todas essas orações decoradas incorrem no mesmo equívoco das rezas católicas, com o atenuante de que pelo menos são dirigidas a Deus e não a um morto...

      9) Apostasia.

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    2. "9) Apostasia"

      Falando em apostasia e perversão da verdade:

      https://www.hypeness.com.br/2018/09/igreja-evangelica-vai-realizar-maior-casamento-gay-coletivo-da-historia-do-rn/

      Calma que pode piorar só mais um pouquinho:

      https://www.google.com/amp/s/catracalivre.com.br/entretenimento/pastora-mae-de-saulo-poncio-apoia-casamento-gay-e-polemiza/amp/

      https://www.google.com/amp/s/www.otempo.com.br/mobile/diversao/mae-de-saulo-poncio-posa-nua-para-celebrar-casamento-gay-em-sua-igreja-1.2264531%3famp

      E a pessoa ainda se diz "pastora", olha até a Flordelis é mais "pastora" que ela!

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  19. Lucas , veja essa frase de george orwell: ´´A humanidade precisa se libertar do conceito de Deus e Diabo, e admitir que ela mesma faz o bem e o mal´´.
    Já vi pessoas alegando que os cristão culpam o diabo quando algo de ruim acontece , como se nós não tivéssemos responsabilidades , e eu achei muito ridículo esse estereótipo. Enfim comente

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    1. São duas coisas diferentes aqui. Uma coisa é colocar a culpa no diabo por tudo de ruim que acontece (quando a própria Bíblia diz que cada um é tentado e peca pelos seus próprios maus desejos), outra coisa é dizer que o diabo não existe. Da mesma forma, uma coisa é deixar de reconhecer coisas boas que algumas pessoas podem fazer, outra coisa é dizer que Deus não existe por causa disso. A existência de Deus e do diabo não anula a responsabilidade humana, seja para o bem ou para o mal. Significa apenas que todas as coisas boas são facultadas por Deus (pois sem Ele nós nada seríamos) e que o diabo está envolvido em muitos males criados pelo próprio coração ímpio do homem.

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  20. Lucas, certa vez andei pesquisando sobre a relação entre os esportes e as sociedades e descobri um dado bem curioso: um ser humano médio hoje em dia assiste bem mais a esportes do que assistiam há dois séculos atrás, há uns duzentos anos atrás a maioria dos esportes que conhecemos hoje: Futebol americano, baseball, rúgbi, hóquei, futebol (soccer), basquete, handebol, tênis e afins não existiam até pelo menos meados do século XIX (eles começaram a surgir lá por volta de 1840-1890). Haviam pouquíssimos esportes antes do século XIX e mesmo assim apenas os filhos dos nobres praticavam esportes e mesmo assim a grande maioria do povão não assistia ou se preocupava com esportes, mas esse cenário mudou muito a partir do século XX. Porque antes haviam pouquíssimos esportes? Porque hoje assistimos mais a esportes do que há dois séculos?

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    1. Assistimos mais esportes porque hoje quase todo mundo tem televisão ou internet para assistir esportes, o que era impossível há dois séculos. E praticamos mais esportes porque há dois séculos quase todo mundo vivia abaixo da linha da pobreza e tinha que trabalhar o dia inteiro para um senhor de escravos ou um nobre, então não tinha tempo pra esse tipo de atividade, que seria considerada uma "distração" ao trabalho. Por isso só quem podia passar tempo com isso eram os nobres, como você bem colocou. É como eu disse no meu livro mais recente dos 500 Anos da Reforma: o cidadão médio de nossos dias tem uma vida infinitamente melhor e com muito mais benefícios e privilégios do que a do cidadão médio de séculos atrás. Muito do que nós fazemos hoje só era possível ser feito no passado por uma seleta minoria de nobres, e outras nem eles mesmos tinham (como televisão, computador, internet e tecnologias no geral que facilitam a nossa vida hoje e nos trazem um grau de conforto que nenhum nobre podia desfrutar por mais rico que fosse).

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  21. Lucas, recentemente enquanto pesquisava sobre movimentos sociais como feminismo, LGBT, negro e demais movimentos de esquerda acabei esbarrando com isso:

    https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ativismo_pedófilo

    SÉRIO ESSE MOVIMENTO EXISTE E TEM UMA ORGANIZAÇÃO QUE SE CHAMA NAMBLA! 🤢🤮

    https://en.m.wikipedia.org/wiki/North_American_Man/Boy_Love_Association

    Mas uma coisa que noto é que esse movimento (Graças a Deus) ainda não emplacou tanto como o movimento gay e o pró-aborto, e para ser sincero esse movimento "pedossexual" ainda sofre muita rejeição da grande maioria das pessoas inclusive de especialistas, tanto é que sempre quando surge um boato dizendo que o movimento LGBT quer inserir os pedossexuais no movimento eles vêm correndo dizendo que é fake news, esse movimento também é rejeitado pelo movimento LGBT:

    https://www.google.com/amp/s/www.e-farsas.com/grupos-querem-inserir-o-p-de-pedossexual-na-sigla-lgbt.html/amp

    https://www.aosfatos.org/noticias/noticia-falsa-que-relaciona-pedofilos-lgbts-foi-importada-dos-eua/

    https://www.google.com/amp/s/www.buzzfeed.com/amphtml/victornascimento/pedofilia-bolsonaro-lgbt-fake-news

    Por óbvios motivos esse movimento não emplacou na esquerda (Pelo menos não ainda), mas há uns 30 anos atrás a esquerda também era anti-drogas e hoje veementemente defende a legalização das drogas, até os anos 60 a esquerda ocidental também era veementemente contra o aborto, mas do nada eles passaram a apoiar o aborto a partir dos anos 60 e até recentemente a esquerda também condenavam a obesidade até que surgiu o movimento contra a "gordofobia" e há muitos esquerdistas entrando para esse movimento e daqui a pouco só falta dizer que incentivar uma pessoa obesa a emagrecer é "gordofobia", olha eu tenho sobrepeso e já fui bem obeso (cheguei a pesar 144 kg, mas agora peso 115 kg), mas depois que entrei pra faculdade passei a cuidar da minha saúde e focar na perca de peso e te digo com todas as palavras: OBESIDADE É DOENÇA!.

    Será que do jeito que a moralidade vem se pervertendo nos últimos anos em nossa sociedade será que esse movimento pode conquistar espaço na esquerda e haver uma criação de uma "pedosexofobia"?

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    1. Sim, esse movimento vai crescer e provavelmente ser aceito pela sociedade
      ( Mt 24:12).
      O movimento gay veio, entao veio o do poliamor, e que parece ao meu ver, vai vir o da zoofilia, e assim por diante ate a pedofilia.
      Mas como Jesus diz, nao é por isso que devemos parar de amar essas pessoas, mesmo que seja de revirar o estomago.

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    2. Sim. Na minha opinião é só questão de tempo. Por que eu penso isso? Porque a esquerda quer defender tudo que é contra os valores cristãos. Outra coisa que vai acontecer algum dia é a Bíblia ser proibida por ser um livro homofóbico.

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    3. Sua pergunta não foi direcionada a mim, mas gostaria de comentar, pois é um tema interessante.
      Na minha opinião, o Diabo atua em todas as áreas da humanidade. Então, quando vc tem um Estado com religião, vc tem problemas com intolerância religiosa, políticas que se intrometem em assuntos eclesiásticos, etc. Porém, quando vc tem um Estado LAICO, o Diabo dá um jeitinho de acabar com tudo também. Ele ataca a MORAL e a ÉTICA, pois quem não tem religião não tem MOTIVO ALGUM para ser ético e moral. E já que praticamente todos os países desenvolvidos e civilizados são laicos, eles simplesmente não tem como proibir a pedofilia, a zoofilia, as drogas, etc.
      Mas o que acho que pode acontecer, é que daqui uns 30 anos, os pais poderem decidir se menores de 16 anos (atual idade mínima para se relacionar com adultos) terão relacionamento com adultos. Então, lá no futuro, poderemos ver, por exemplo, uma menina de 7 anos com um cara de 45. Acredito que um dos fatores que colaboram com isso, é que muitos muçulmanos estão vindo para o Ocidente, e no Islã, a pedofilia é normal. Se vc n sabe, o próprio fundador do Islã, MAOMÉ, ERA UM PEDÓFILO!
      Eu, particularmente, acho que isso vai acabar com a moralidade e nós evangélicos provavelmente seremos considerados "caretas" por não praticarmos estas abominações.
      O que nos resta fazer é lutar pelos nossos direitos de não permitir que façam isso com nossos filhos no futuro. É perigoso que aconteça o mesmo que ocorre hoje em dia: os gays já tem o direito de serem gays, até aí tudo bem! Mas eles já extrapolaram os limites e hoje em dia, se vc beijar um travesti e ir lá brigar com ele depois que descobrir que na verdade era um travesti te enganando se passando por mulher, É CONSIDERADO HOMOFOBIA! Na cabeça desses esquerdalhas retardados, se vc é um homem hétero, vc tem a OBRIGAÇÃO de ficar com "mulheres" trans também! É só vc pesquisar no Youtube e vai achar um monte de vídeos de travec*s achando que têm o direito de enganar os homens fingindo que são mulheres de verdade.
      Se não tomarmos cuidado, quando legalizarem a pedofilia, os pedófilos vão começar a achar que têm o direito de abusar dos filhos dos outros, basicamente o mesmo que os travec*s fazem hoje em dia com os homens.

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    4. Por mais nojenta e doentia que essa prática seja, o fato é que ao longo da maior parte da história humana que conhecemos, a pedofilia foi admitida ao menos em algum grau, então não seria muito exagero pensar que possa voltar a ser. Se você pesquisar, vai ver muitas rainhas ou princesas medievais e até de séculos posteriores que se casaram aos 11 ou 12 anos; Tomás de Aquino diz que as meninas podiam se casar desde antes da idade da puberdade (que começa aos 10 anos), na história apócrifa do protoevangelho de Tiago é dito que Maria estava noiva de José aos 13 (a história pode ser falsa, mas retrata uma realidade comum à época), e assim por diante. Não eram só os árabes que admitiam o que hoje consideramos pedofilia, o Ocidente era igualzinho, a diferença é que nós evoluímos ao ponto de perceber o quanto essa prática é imoral e a proibimos legalmente, enquanto eles permanecem nas trevas da ignorância permitindo abominações como essa. Mas considerando o que Jesus disse sobre os dias da vinda do filho do homem serem semelhantes aos de Sodoma e Gomorra, é de se imaginar que essas práticas imorais vão voltar em peso até lá, então eu diria que é a tendência nas próximas décadas.

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  22. Muito bom artigo, Lucas! Esclareceu algumas dúvidas que eu tinha sobre o Sheol/Hades.

    Mudando de assunto, será que vc poderia comentar esse vídeo? Sei que vc não comenta mais vídeos, mas esse é rapidinho (cerca de 2 minutos). Ficaria muito grato se pudesse comentar.
    - https://youtu.be/dXN2XpkArtY

    A Paz de Cristo! ✝️

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    1. O contexto de 1 Coríntios 6:19 é sobre imoralidade sexual, não sobre alimentação:

      "Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo. Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês" (1 Coríntios 6:18-20)

      Eu vejo toda gente tirando o verso 19 do contexto para falar de tudo que é coisa, até contra a tatuagem, quando no contexto Paulo estava falando apenas da imoralidade sexual. 1 Tessalonicenses 5:23 seria bem mais lógico de se usar no sentido de preservação física do corpo (i.e, a saúde), mas mesmo assim não fala nada sobre as leis cerimoniais de animais considerados puros ou impuros como alimento, até porque tem muito alimento "puro" que dependendo da forma como for consumido pode fazer mal, e muito alimento "impuro" que atualmente não configura ameaça à saúde humana, então o argumento baseado na boa alimentação (a qual eu concordo) não justifica a permanência da lei cerimonial em si. Isso é uma questão bem relativa e depende mais do quanto a pessoa come do que do que ela come. Por exemplo, se uma vez por mês eu lanchar no Mc Donald's eu não estarei deixando de ser saudável só por causa disso e consequentemente não estarei pecando por isso, mas se eu comer no Mc Donald's todos os dias eu vou estar prejudicando seriamente a minha saúde e consequentemente pecando contra o corpo. Tratar a questão como se fosse "alimentos puros da lei vs alimentos impuros da lei" é um reducionismo que passa longe do que Paulo tinha em mente.

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    2. Concordo! Obrigado pela resposta!

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  23. Lucas, na minha opinião se jesus não ressuscitou o cristianismo não teria se iniciado, pois o principal responsável depois de cristo foi Paulo , que se converteu após a ressurreição. Você acha esse pensamento correto?

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    1. Não só por isso, pois os próprios discípulos jamais teriam levado a mensagem adiante se Jesus não tivesse ressuscitado, teria tudo morrido ali. Cada um deles voltaria para a vida que tinha antes e ninguém nem saberia hoje do que aconteceu (ou saberíamos muito por alto, como uma coisa sem muita relevância e longe de constituir uma nova religião).

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  24. Artigo questionando a fé do presidente (por um católico)

    https://medium.com/@adsqueiroz99/seria-jair-bolsonaro-realmente-cat%C3%B3lico-dc153b432cc1

    O que você pensa sobre isso? Acha natural que ele queira manter ótimas relações com vários segmentos religiosos?

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    1. Frequentar cultos evangélicos (mesmo sendo um católico) é algo que ele já fazia desde muito antes de virar presidente, então embora eu entenda a revolta de um católico tradicionalista, é algo natural da parte dele. O que não é natural é ele oferecer oferenda na Índia a deuses hindus num templo pagão apenas por pura demagogia, isso a meu ver é populismo barato (ou seja, agir de um modo que não agiria se não tivesse a intenção de ganhar popularidade entre um grupo). Uma coisa é "manter boas relações" com um grupo, outra coisa é vender a fé a qualquer preço para fazer média com todos os segmentos religiosos.

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    2. Você há de convir que em se tratando de presidentes brasileiros, já houve casos mais bizarros:

      https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0904200512.htm

      https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0704200511.htm

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    3. "Sou um homem sem pecado" 😂😂😂

      Me lembrou aquela fala mais recente dele em que ele diz que é a alma "mais honesta" do Brasil...

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  25. Tenso mesmo. Daqui a pouco, ser cristão e não apoiar as pautas LGBT vai ser considerado crime.

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  26. Lucas, qual o posicionamento que um cristão deve ter em relação a homossexualidade? Pois eu tenho certeza que não é igual ao que uma boa parte dos brasileiros fazem ( trata-los como abomináveis)

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    1. Vale a velha máxima de condenar o pecado, mas amar o pecador.

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  27. Lucas envie pra mim esse estudo por favor! Obrigado🙏💕

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    1. Me passe o seu email ou entre em contato comigo pelo facebook que eu envio.

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  28. Lucas, o que acha da Quadriga medieval?
    Um método de interpretação que faz que um só texto adquira quatro sentidos: histórico (literal), o tropológico (moral), alegórico (místico ou cristológico) e o anagógico (escatológico ou celestial).

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    1. O problema é que nem todos os textos possuem tantos significados assim (eu diria que a grande maioria possui apenas um ou no máximo dois desses sentidos), então na prática o que acontecia era eles enxergarem (ou enxertarem, melhor dizendo) coisas nos textos que não estavam ali, criando as mais diversas heresias (como por exemplo a de que o papa possuía a autoridade temporal sobre os reis e governantes de todos os Estados porque Jesus disse a Pedro para "guardar a espada", que para eles representava a "espada temporal" dos sucessores de Pedro...). Com esse tipo de método, fica muito fácil encaixar qualquer aberração na Bíblia, bastando um pouco de criatividade e deixando a imaginação fluir.

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    2. Verdade, não tinha pensado por esse lado.
      Obrigado pela resposta!

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  29. -Lucas, acha que o que você escreveu nesse artigo (http://www.lucasbanzoli.com/2018/09/seria-uniao-europeia-o-novo-imperio.html?m=1) sobre o papado, os 10 reis de povos bárbaros, entre outra coisas, são apenas uma tipologia do que irá acontecer no futuro (Igual aconteceu com Antíoco Epifânio que era uma tipologia do anticristo)?
    Por exemplo, os 10 reis bárbaros apontam tipologicamente para 10 reis que AINDA surgirão no futuro (sem terem necessariamente uma relação com os primeiros 10 reis).

    -Aproveitando o gancho, sua posição escatológica mudou desde a data de postagem daquele artigo até os dias de hoje?

    -Última coisa, em meados de 2030-2033 (talvez um pouco antes) será o "aniversário" de 2000 anos da morte e ressurreição de Jesus! Acha que essa data terá algum cunho escatológico? (Curioso que a "Agenda 2030" da ONU caia exatamente nessa data...).

    A Paz de Cristo! ✝️

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    1. 1) Pode até ser o caso mas eu não entendo desta maneira, porque a profecia se completa perfeitamente em si mesma.

      2) Nop.

      3) A princípio não, mas vamos ficar de olho...

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    2. Mais uma vez, vlw por me responder!!

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  30. https://cooperscorner338720667.wordpress.com/

    https://cooperscorner338720667.wordpress.com/2020/10/25/a-rejoinder-to-jesse-2/

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    1. He must be a big fan of yours, as more than half of his recent articles are made to "refute" something you wrote. On the subject in question (baptismal regeneration), I believe that this compilation of patristic quotes made by Bruno Lima speaks for itself:

      http://respostascristas.blogspot.com/2016/02/os-pais-pre-nicenos-e-regeneracao_28.html

      http://respostascristas.blogspot.com/2016/02/os-pais-da-igreja-e-regeneracao.html

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    2. This was specifically what he attacked me on:

      https://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/2020/09/one-reason-baptismal-regeneration-is.html?m=1

      Remember that Anonymous Treatise on Re-baptism that you read?

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    3. Yep. The curious thing is that he did not refute your argument or the quoted part of the Treaty. He also showed no other parts of the Treaty that confronted what you said, nor did he give solid arguments.

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  31. Veja só isso:

    https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2020/10/22/papa-defende-uniao-civil-gay-o-que-francisco-ja-disse-sobre-homossexualidade.ghtml

    https://www.google.com/amp/s/amp.dw.com/pt-br/papa-francisco-defende-uni%25C3%25A3o-civil-homossexual/a-55351861

    É nessas horas que dou Graças a Deus por ser protestante.

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    1. Vou escrever um artigo abordando isso e outras coisas relacionadas nos próximos dias.

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  32. Lucas, tenho algumas perguntas para fazer. Entretanto, para não ocupar muito os comentários ( pelo limite ser de 200) irei fazer elas a seguir:

    1- você acha que certos ensinamentos de jesus é semelhante ao de Sidarta Gautama (Buda)?
    2- após a ressureição em que época foi escrito o NT? ouvi dizer que foi em 70 dc
    3- li seu artigo no seu outro blog sobre mateus 25-46 e vi que você precisou traduzir para o grego, na qual foi escrito originalmente . Gostaria de saber quando isso é necessário
    4- você ja viu o livro do bart D`erman ``como jesus se tornou Deus``

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    1. 1) Este artigo responde bem a isso:

      https://www.raciociniocristao.com.br/2017/01/jesus-buda-semelhancas-ou-diferencas

      2) Aqui você tem uma cronologia completa:

      https://biblehub.com/timeline/new.htm

      Resumidamente, a grande maioria dos livros foram escritos bem antes de 70 d.C.

      3) Acho que você quis dizer "traduzir DO grego", não "para o grego". Basicamente precisa quando alguma palavra é mal traduzida ou quando uma interpretação errada é construída totalmente em cima de um termo grego com outro significado.

      4) Não.

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  33. O processo de Venezuelização começando em 5, 4, 3, 2...

    https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2020/10/26/chile-aprova-plebiscito-historico-por-que-e-tao-polemica-a-constituicao-que-78-dos-chilenos-decidiram-trocar.ghtml

    https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2020/10/26/chile-em-festa-povo-nas-ruas-enterra-modelo-de-pinochet-e-paulo-guedes.amp.htm

    https://www.google.com/amp/s/www1.folha.uol.com.br/amp/mundo/2020/10/vitoria-no-plebiscito-e-recado-a-politicos-do-chile-e-lideres-estrangeiros-diz-lagos.shtml

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  34. Lucas, e se o Joe Biden ganhar a eleição presidencial americana? Se ele ganhar será o primeiro presidente católico americano desde John Kennedy, além disso, será que se eleito ele pode aumentar o número de juízes da Suprema Corte e nomear juízes para desfazer todas as conquistas dos conservadores nos EUA?

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    1. Ele sempre foge de responder isso quando questionado diretamente, porque tudo indica que sim.

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    2. Lucas, o fato de Biden também ser católico pode mudar alguma coisa na política americana caso ele seja eleito? Isso porque essa eleição presidencial americana está me lembrando a eleição presidencial de 1960, quando JFK se declarou católico isso foi um grande escândalo na época, porque temiam que JFK pusesse sua lealdade ao papa acima da lealdade ao país e transformasse os EUA num vassalo do Vaticano. Mas uma coisa que noto é que hoje em parte graças ao Concílio Vaticano II que modernizou a ICAR, esse temor não existe mais, mas você acha que por conta dessas declarações recentes dadas pelo Papa Francisco com relação ao casamento gay e ao anticapitalismo isso de certa forma influencie negativamente na política americana, em especial no que diz respeito à parte econômica? Porque ao meu ver, nesse momento essas declarações anticapitalistas dadas pelo Papa podem reforçar a visão intervencionista de Joe Biden são uma grande ameaça à economia americana.

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    3. Além disso, aumentar o número de juízes na Suprema Corte é uma coisa extremamente perigosa e que pode abrir um precedente para futuros líderes populistas fazerem o mesmo: aumentar o número de juízes na Suprema Corte para facilitar a estabilidade de seu próprio projeto pessoal de poder. Além disso, essa medida também é o primeiro passo para destruir uma democracia saudável e estabelecer uma Ditadura à la Hugo Chávez.

      Também é válido sempre lembrar que Hugo Chávez só conseguiu manter-se no poder graças ao fato de ter aumentado o número de juízes na Suprema Corte que eram favoráveis à ele e substituir os que não eram favoráveis, aparelhando o Judiciário para impedir que alguém tente atrapalhar o próprio projeto de Poder, além disso, o atual número de juízes da Suprema Corte americana foi fixado em 9 por uma medida criada pelo próprio Presidente Abraham Lincoln no fim da Guerra Civil com o objetivo de garantir o equilíbrio entre no judiciário, ou seja além de ser imoral viola também um precedente estabelecido pelo Homem mais célebre que já ocupou a Presidência da República Americana.

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    4. A ICAR sempre foi abertamente e declaradamente anticapitalista, isso não é uma coisa recente inventada pelo papa Francisco, neste artigo eu mostro como o papa atual apenas repete tudo aquilo que os outros papas (inclusive papas tidos como "conservadores", como Bento XVI) sempre disseram:

      http://www.lucasbanzoli.com/2019/10/os-papas-contra-o-capitalismo-e-o.html

      Sobre aumentar a quantidade de juízes na Suprema Corte, eu não sei ao certo como funciona o sistema estadunidense mas suponho que seja preciso passar pelo Senado para aprovar uma medida extrema como essa, e o Senado ainda continua com maioria republicana, o que dificulta essa pretensão.

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  35. https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/26/acordos-politicos-dificultam-avanco-do-pacote-de-privatizacoes-diz-guedes.ghtml Comente

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    1. A verdade é que vai acabar o mandato do Bolsonaro e o ministro que prometeu arrecadar 1 trilhão aos cofres da União com a privatização de estatais não vai ter entregado um centavo sequer com privatização nenhuma (e pior, ainda criaram uma estatal nova!). E ainda tem retardado que acha que esse governo tem um viés liberal ou que o liberalismo não funciona porque não está funcionando com o Guedes, como se para o liberalismo funcionar bastasse colocar no poder alguém que se diz liberal, mesmo que não tome medida liberal nenhuma. É uma vergonha, revoltante demais.

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  36. http://www.porcocapitalista.com.br/os-15-casos-mais-graves-de-negacionismo-de-esquerda/?fbclid=IwAR3vNzJ30pnRCkKzxFzKclPSUGUlaLD1skLBLhphl8w_Gpy9HgJl7FzmYr0

    O que você acha desse texto ? Achei bom, concordo com basicamente tudo.

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    1. Também concordo, apesar de ter dúvidas em relação aos alimentos transgênicos.

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  37. https://imgur.com/a/jpdXMf0 isso te lembra alguém Lucas ai ? kkkkkkk

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    1. De jeito nenhum!

      https://www.youtube.com/watch?v=W5liOyvE7jA

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  38. Olá Lucas! Como vai? Recentemente, eu assisti um vídeo que, ao meu ver, colocou argumentos bons a favor da poligamia a luz da Bíblia e, ao meu ver novamente, colocou bons contra-argumentos aos argumentos anti poligâmicos. [1](eu sei que é um vídeo longo, mas acho que vale a pena ver; até porque não tem como saber o pensamento dele sem ver o vídeo. Dica ultra avançada: coloquem a velocidade do vídeo em 2x)

    [1] https://youtu.be/-79gL-2eoYw

    Deus lhe ilumine!

    (Eu já postei sobre esse assunto aqui nos comentários, mas acho que bugou e ele não apareceu para o Lucas. Então eu vou colocar aqui de novo só pra garantir)

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    1. Eu não tenho como assistir um vídeo longo como esse, mas vou liberar o comentário para o caso de alguém querer assistir e comentar.

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    2. Lucas, eu não vou nem assistir também mas não me surpreendo mais com "estudos/argumentos bíblicos" pra justificar todo tipo de entendimento.
      Hoje temos "teologia" de toda cor e gosto corroborada de "provas bíblicas" e ai de quem discordar.
      A minha dica é simples: sejamos honestos com a verdade.

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  39. lucas, tenho dúvida em relação ao perdão de Deus, A bíblia fala que se você se arrepender dos seus pecados Deus irá perdoa-los , mas e se o pecado for um crime? digamos que alguém comete um assasinato que ninguém saiba, porém se arrepende e pede perdão a Deus, o fato de Deus perdoar significa que a pessoa não precisa se entregar pras autoridades e cumprir a pena?

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    1. São duas coisas diferentes, o arrependimento diante dos homens livra a pessoa da morte eterna, mas ela ainda continua sujeita à lei civil dos homens, nós não vivemos em uma teocracia e nem deveríamos, e a lei civil existe para manter a ordem (imagine o que aconteceria se a lei mandasse soltar qualquer assassino que se diz arrependido, obviamente todo assassino simularia arrependimento para continuar matando mais gente).

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  40. Lucas, eu tava conversando com meu amigo, dae ele falo q nos deviamos andar pelados q nem os indios, mas eu respondi q isso iria fazer os homens se sentir mais a vontade e aumentar os casos de abuso, e q nao deviamos tambem, ja q é relativo a cultura, adotar o custume de enterrar recem nascidos, mas ele falo q sao coisas diferentes, pois se as pessoas se acustumarem a andarem nus isso nao aconteceria, mas a questao das criancas isso ja é um direito fundamental porque interfere na vida. Oq responder?

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    1. Não se trata de uma simples questão de costume, se trata de um violento atentado ao pudor, que aumentaria os abusos e tudo mais como você disse. Isso nunca deu certo em nenhum povo civilizado. Veja por exemplo os banhos públicos que existiram por milênios desde a Antiguidade até a Idade Média, onde todos ficavam nus num mesmo lugar e tudo acabava caindo para o lado da orgia ou dos abusos, porque mexe com um instinto muito forte do ser humano, que é o instinto sexual.

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  41. Lucas, quao importante na hora de escolhe vota a historia de vida da pessoa?

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    1. É muito importante sim, porque se o que ela diz contradiz a sua história de vida é uma boa indicação de que ela está prometendo aquilo que não vai cumprir.

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  42. dízimo ainda é lei como na lei mosaica ou pode ser voluntariamente?

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    1. O dízimo é voluntário, mas para um cristão verdadeiro que ama os necessitados e a obra de Deus isso não deveria ser um pretexto para não dizimar.

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  43. Lucas, a etica protestante pode ser encontrada nos primeiros seculos da igreja, atrves do NT ou dos pais da igreja?

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    1. Comentei sobre isso no volume 2 dos 500 Anos da Reforma, mais especificamente no capítulo 3. Você pode baixar aqui:

      http://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html

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  44. https://www.patheos.com/blogs/davearmstrong/2020/10/jason-engwer-origen-intercession-of-saints.html

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    1. These articles by Bruno Lima respond well to that:

      http://respostascristas.blogspot.com/2017/10/origenes-contra-oracao-aos-santos-e.html

      http://respostascristas.blogspot.com/2017/10/oracao-aos-santos-e-o-desespero.html

      http://respostascristas.blogspot.com/2017/10/a-oracao-aos-santos-no-periodo-pos.html

      http://respostascristas.blogspot.com/2017/10/a-oracao-aos-santos-no-periodo-pos_19.html

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  45. Este comentário foi removido pelo autor.

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  46. Bem observado. Este é o problema de uma fé edificada em cima de homens, em vez de em Deus. Se a base cai (e é óbvio que vai cair, porque todos os homens são falhos), todo o resto cai junto.

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  47. Lucas, é normal e saudavel o cristao ter medo de apostatar? As vezes eu fico pemsando q amanha talvez eu nao creia e q por isso irei pro inferno. Isso me deixa com medo.

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    1. Normal pode ser, mas saudável não é. Já recebi muitos comentários de gente que tem medo de apostatar, ou medo da morte e etc, mas é preciso aprofundar o relacionamento com Deus para que estes medos sejam neutralizados. A Bíblia diz que "o amor expulsa o medo" (1Jo 4:18) e que o Espírito Santo testifica em nossos corações que somos filhos de Deus (Rm 8:16), então podemos descansar nEle e viver com confiança, a despeito da possibilidade de qualquer coisa ruim vir a ocorrer no futuro. E também não podemos esquecer que Deus é um Pai amoroso que recebe de volta e de braços abertos todo aquele que se desvia mas se arrepende, porque um tropeço no meio do caminho não é o fim da jornada.

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  48. Lucas o que você de igrejas que recomendam que seus membros não votem em candidatos que não acreditam em Deus? Esse é o caso da CCB,por exemplo um membro dela não poderia votar no Arthur em São Paulo.

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    1. Acho que o problema não é o candidato ser ateu e sim ele defender ideias não cristãs como aborto,ideologia de gênero,no caso do Arthur ele possui um posicionamento mais conservador,o que é raro entre ateus,em muitos aspectos ele defende princípios similares aos cristãos,mesmo sendo ateu,ele defendeu o aborto no passado,mas já voltou atrás,eu vi ele afirmando em uma entrevista que depois de ler um livro do Francisco Razzo conta o aborto ele deixou de defender a descriminalização deste

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    2. Eu mesmo sou de São Paulo e no primeiro turno vou votar no Arthur,caso ele não vá para o segundo turno,eu voto ou no Márcio França ou no Bruno Covas,pq no Russomanno e no Boulos eu não voto de jeito nenhum,o primeiro é um oportunista que apoia qualquer um que está no poder,do Lula ao Bolsonaro ,já foi aliado de Maluf e o segundo é um esquerdista radical maluco,que acha que o problema da moradia se resolve com ocupações e simpatizante de regimes ditatoriais com o cubano e o venezuelano

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    3. Concordo com o Gabriel, nós devemos votar nos candidatos que tem as melhores propostas, a despeito da religião dos mesmos. Até porque em época de eleição até uma ateia como a Dilma vira crente, católica e tudo que é coisa pra conseguir voto, isso é o que mais tem (sem falar em crentes de péssimo testemunho, como a Flordelis e tantos outros). Se o Arthur não vai ser salvo por ser ateu isso é algo que ele tem que resolver pessoalmente com Deus no dia do juízo, mas no que compete às coisas terrenas nada impede que ele seja eleito por ser o melhor candidato.

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  49. Lucas, lembrando que não temos registro nenhum nas Escrituras (pelo menos que eu saiba) de alguém infalível, exceto Cristo.
    Nas palavras de Paulo aos Romanos
    "Porque TODOS pecaram e destituídos estão da glória de Deus"
    Rm 3,23

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  50. Lucas, alguns comentários acima tocaram no tema LGVT, casamento gay em "igrejas" evangélicas, etc
    mas o que tem me chamado atenção é a crença popular que isso é algo novo, sinal do fim dos tempos, recente na história eclesiástica.
    Se olharmos com atenção veremos registro claro de imoralidade sexual na igreja de Corinto, na igreja de Pérgamo, Tiatira. Além do mais não precisa ser exímio conhecedor da história eclesiástica do I séc. pra cocluir que esse problema não se resumia exclusivamente a essas comunidades. A apologia a imoralidade e sua prática no meio eclesiástico é tão antigo quanto a raça humana...
    Vivemos sim em tempos trabalhosos como bem disse Paulo. Resta nos confiar nas Escrituras que afirma
    "...mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça"
    Rm 5,20.

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    1. Verdade. Como eu sempre disse, a ideia de que o mundo é pior hoje do que já foi em qualquer outra época é um mito criado e crido por gente que romanceia um passado do qual desconhece completamente. Há muita imoralidade hoje sim, mas comparado a épocas passadas eu nem diria que estamos tão mal assim. Um estupro, por exemplo, que é algo raro em nossos dias (e que quando acontece vira notícia no país todo), era tão comum na Idade Média que mais da metade dos jovens incorriam nessa prática uma ou mais vezes na vida, em estupros coletivos. E a não ser que a mulher estuprada fosse da nobreza, os estupradores não eram presos nem sofriam sanção alguma, pois a mulher era vista como algo um pouco a mais que um objeto a ser usado pelos homens. Isso e muito mais eu vou expor no terceiro volume do meu livro sobre a Reforma.

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  51. Lucas, oq você acha da teoria de dizer que a vacina é a marca da besta?

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    1. Acho sem base nenhuma.

      PS: vi que você mandou vários links de um site para refutar, mas no momento eu estou muito sem tempo até para responder comentários simples, quanto mais pra ler/refutar artigos ou vídeos inteiros. Então eu não estarei aceitando mais links aqui, mas se você quiser pode resumir em poucas linhas os argumentos de algum lugar e elaborar uma pergunta a partir disso.

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    2. ok, próxima semana vou dar um resumo e coloco aq

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  52. Banzoli, entao como uma fe como essa vem se mantendo por mais de um milenio?

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  53. Lembra do Paulo Leitão? Ele virou consultor de musculação, tem até página no instagram.

    https://www.instagram.com/pauloleitaodegregorio/

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  54. Olá Lucas! Como vai?

    Gostaria de saber qual o verdadeiro significado de Mateus 5:38-41. Está Jesus aqui ensinando que se, por exemplo, alguém quiser fazer você de escravo; ou espancar você até a morte; você deve aceitar numa boa?

    Deus lhe ilumine!

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    1. Não, aquilo é uma hipérbole usada para reforçar o princípio da não-retaliação. Mas mesmo Paulo quando estava para ser injustamente açoitado denunciou o fato às autoridades, em vez de aceitar passivamente os açoites (At 22:25-29). Mas ele não açoitou quem estava querendo açoitá-lo, que é o tipo de coisa que Jesus condena em Mateus 5:38-41 (a vingança).

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  55. Feliz dia da Reforma pra todos nós, protex. Nesse momento, o gueto reacionário de católicos tradicionalistas está agitado no Twitter, os caras estão promovendo uma campanha para manter o Papa Pio V nos Assuntos do Momento da rede, em oposição aos temas comemorativos do lado oposto. Estão investindo em ataques a Lutero, Calvino e ao Protestantismo em geral. Enfim, tenho pena. É impressionante como se doem tanto, porém, ao menos servem como certo entretenimento.

    Vamos atentar para manter nossos olhos em Cristo, preservar nossa comunhão, guardar, defender e representar os ideais da Reforma. O Mundo precisa do Sal da Terra.

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    1. "...Nesse momento, o gueto reacionário de católicos tradicionalistas está agitado no Twitter, os caras estão promovendo uma campanha para manter o Papa Pio V nos Assuntos do Momento da rede"

      Ou seja, um bando de desocupados sem nada melhor pra fazer. O retrato fidedigno da maioria desses apologistas católicos de internet.

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  56. ¿Qué piensas de este comentario de William Lane Craig al respecto?

    https://es.reasonablefaith.org/question-answer/P60/pregunta-sobre-el-aniquilacionismo

    En conclusión dice: "Hasta que los aniquilacionistas no entiendan el hecho de que una persona puede existir para siempre y, aún así, estar espiritualmente muerta, ellos fundamentalmente malinterpretarán la doctrina del Nuevo Testamento de la inmortalidad."

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    1. No mencionó un ejemplo de alguien que "existe para siempre" estando "espiritualmente muerto". En la Biblia, la muerte espiritual es inseparable de la muerte física, porque la muerte espiritual no es más que la anticipación de la muerte física futura, y no una muerte mentirosa o una simple "separación". Tampoco tiene sentido hablar de la muerte final como una "muerte espiritual" que sufrirán los inicuos, ya que ya están espiritualmente muertos. Yo escribí sobre eso aquí:

      http://www.lucasbanzoli.com/2020/09/as-provas-biblicas-do-aniquilacionismo.html

      http://www.lucasbanzoli.com/2020/08/saiba-como-refutar-todos-os-argumentos.html

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  57. https://infidels.org/library/modern/richard_packham/montgmry.html

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    1. Unfortunately, I no longer have time to read and refute articles like this, I have devoted all my time to work and learning new languages, that is why I have been absent here.

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  58. https://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/2020/10/comments-on-sermon-on-mount.html

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    1. Good summary. In my opinion, the Sermon on the Mount is the essence of the gospel.

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  59. Olá novamente, Lucas!

    Oque acha desse artigo?:

    https://www.megacurioso.com.br/polemica/40095-pesquisador-afirma-que-o-julgamento-de-cristo-nao-foi-um-ato-ilegal.htm

    Deus lhe ilumine!

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    1. De acordo com a lei da época, não foi ilegal mesmo (embora tenha sido imoral).

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  60. Lucas, oq a bíblia fala sobre possessão demoníaca? por que certas possessões possam ser somente problemas mentais na pessoa

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  61. "Disse Agripa a Paulo: Por pouco me persuades a fazer-me mortalista"
    (Atos:26:28).

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  62. 1) Lucas, se as igrejas não tivessem adotado o sistema episcopal, como seria fechado o segundo Cânon?

    2) Se Pedro estava na Babilônia literal quando escreveu 1 Pedro, então em que ano foi escrita a carta? Ouvi dizer que lá não haviam condições para evangelização, é verdade?

    3) Alguns teólogos argumentam à favor da Babilônia figurada afirmando que assim como o endereçamento da epístola é figurado (1.1), o local da redação também deve ser (5.13). Neste caso, a "Babilônia" seria uma referência à Jerusalém, já que, na minha opinião, a Babilônia do Apocalipse é Jerusalém, não Roma.

    4) Será que o Espírito Santo impediu Paulo de viajar para a Bitínia (At 16.7) porque Pedro já estava lá (1Pd 1.1)? Se minha hipótese estiver certa, por que Pedro não deu saudações pessoais para os irmãos da Bitínia na sua primeira carta? Bom, talvez seja porque 1 Pedro fosse uma carta circular para várias comunidades cristãs (1Pd 1.1) e não faria sentido Pedro saudar, por exemplo, um irmão da Bitínia, porque as comunidades das demais províncias ficariam sem entender nada, já que não conheceriam esse irmão hipotético. O que acha dessas hipóteses?

    5) Quando surgiu a lenda de que Pedro foi bispo de Roma? Eu acho que como na era apostólica, o sistema de governo das igrejas era presbiteriano, então Pedro foi pastor de vários lugares, inclusive de Roma, mas quando inventaram a lenda de que foram os apóstolos que criaram o sistema episcopal, os patriarcas de Roma e de Antioquia começaram a arrogar para si mesmos a glória de ter tido São Pedro como primeiro bispo, como se ele tivesse sido um patriarca aos moldes de hoje, que manda e desmanda em tudo.

    6) É correto falar em "Tradição Apostólica" mesmo não sabendo o que vem dos apóstolos e o que é acréscimo posterior? Por exemplo: " a Tradição Apostólica diz que o segundo Evangelho foi escrito por Marcos".

    7) Que eu saiba, os católeigos acham que a tradição dos apóstolos foi passada de Papa para Papa até os dias de hoje, é verdade (na cabeça deles)? Mas, na verdade, o Papa que inventa qualquer bobagem e diz que já estava na "Tradição", né?

    8) Depois que Barnabé se separou de Paulo, ele foi para Chipre e foi queimado lá pelos bárbaros. Depois, Marcos pegou um navio para Alexandria, foi para o Oriente Médio encontrar Pedro e daí por diante ficou sendo o colaborador dele. Isso é verdade?

    9) O costume de chamar o pastor da igreja de pai ou "padre" veio do costume dos apóstolos de se considerarem "pais" dos seus rebanhos (1Pd 5.13; 1Jo 2.1; etc.)?

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    1. 1) Não entendi a relação entre uma coisa e outra.

      2) Foi escrita aproximadamente em 67 d.C. Aqui tem uma cronologia completa do NT:

      https://biblehub.com/timeline/new.htm

      Também não entendi o que você quis dizer com “não haviam condições para evangelização”. Jesus mandou evangelizar cada criatura no mundo inteiro, isso independe das dificuldades enfrentadas.

      3) Essa tese é completamente absurda, Pedro não teria razão alguma para deixar de mencionar Jerusalém se estivesse escrevendo de Jerusalém, pela mesma razão que Jerusalém é mencionada inúmeras vezes nos evangelhos, em Atos e nas epístolas, sem reservas. Tampouco há qualquer simbolismo no contexto que sequer indique remotamente um sentido alegórico ou espiritual como no Apocalipse, ou qualquer coisa que justificasse uma alegoria do tipo num contexto todo literal. Também não sei da onde você tirou que “o endereçamento da epístola é figurado”, quando tudo o que ele estava dizendo é que a carta se espalharia por aquelas regiões (o mesmo que Paulo quando pede que sua carta aos Colossenses também fosse lida em Laodiceia e etc). Uma leitura de Atos também anula qualquer pretensão de colocar Pedro em Jerusalém tão tarde na história, já que os apóstolos já tinham se dispersado nessa época e o próprio Pedro aparece em regiões distantes como Antioquia. Por fim, a própria interpretação de que a Babilônia do Apocalipse é Jerusalém é uma inferência pobre criada na base do desespero para tentar conciliar o preterismo com a Bíblia, quando todos os detalhes mostram claramente que se trata de Roma, como eu escrevi aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/01/por-que-jerusalem-nao-e-babilonia-do.html

      4) De onde você tirou que essa parte de Atos retrata a mesma época em que Pedro escreveu sua carta? Há pelo menos vinte anos separando um evento e outro, isso que você disse é um completo nonsense, seria como alguém perguntar “como Jorge Bergoglio poderia ser papa em Roma se em 1980 ele estava na Argentina”. Mas você acerta quando diz que 1ª Pedro era uma carta circular dirigida a diversas comunidades, como eu disse anteriormente (não que isso prove de alguma forma que ele escreveu em Jerusalém).

      5) Eu tenho um livro inteiro sobre este assunto (A História não contada de Pedro), que você pode baixar na página dos livros:

      http://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html

      6) Não é correto mesmo. Por isso cada vertente religiosa tem sua própria definição do que vem a ser a tal da “tradição apostólica” e que tipo de coisa estaria supostamente inclusa nela (que basicamente é qualquer coisa que eles queiram que esteja lá). Eu prefiro falar em termos de “evidência histórica” (que é algo que pode ser apurado, pesquisado e investigado, e não uma coisa que se crê pela fé ou porque uma autoridade religiosa disse) em vez de em “tradição apostólica”. Neste sentido, há boa base para se afirmar que Marcos escreveu o evangelho de Marcos.

      7) Exatamente isso.

      8) Isso é uma tradição tardia, não dá pra saber ao certo a procedência. O que sabemos é que Marcos se tornou um companheiro de Paulo nos últimos anos, e que ele estava com Pedro quando Pedro escreveu sua primeira carta.

      9) Sim, embora biblicamente o termo “pai” seja apenas um apelido carinhoso e não um termo técnico para um cargo na igreja (cf. Ef 4:11), como acabou se tornando entre os católicos.

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    2. 1) Eu ACHO que se a Igreja não tivesse adotado o sistema episcopal, não haveria nenhuma autoridade para impor o cânone sobre os membros de sua diocese. Aí hoje existiriam muito mais cânones cristãos além das dezenas de cânones que já existem dentro do Cristianismo.

      2) Acredito que 1 Pedro deve ser mais antiga do que isso. Porque se realmente tivesse sido escrita em 67, Pedro teria dito que estava em Roma em 5.13, pois ele estava lá em 67 e morreu no mesmo ano. Só 2 Pedro que foi escrita em Roma e nós dois sabemos disso. A minha dúvida é se a "Babilônia" de 1 Pedro 5.13 é literal ou figurada. Se for literal, então temos duas possibilidades: ou foi escrita na Babilônia do Mediterrâneo, ou foi na Babilônia do Egito. Qual das duas vc acha mais provável?

      3) O endereçamento é figurado. Em 1.1, está escrito: "aos ESTRANGEIROS da DISPERÇÃO", dando a entender que a carta foi escrita para os CRISTÃOS JUDEUS da Disperção, mas existem certas referências no livro que deixam claro que Pedro estava escrevendo para CRISTÃOS GENTIOS, ou seja, o que ele estava querendo dizer é que os membros das igrejas que ele escreveu faziam parte do verdadeiro povo judeu. É como se ele dissesse: "Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, ao VERDADEIRO POVO JUDEU do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia". Resumindo, o endereçamento é figurado. Mas minha dúvida é: se o endereçamento é figurado, então será que o local da redação da epístola (5.13) também não é, como argumentam alguns teólogos?

      4) Eu não disse que Pedro escreveu 1 Pedro naquela época que Paulo queria viajar para a Bitínia, eu perguntei o que vc acha da HIPÓTESE de que Pedro estivesse PREGANDO lá quando Paulo queria viajar para o mesmo lugar. Com base em 1 Pedro 1.1, dá a entender que Pedro de fato esteve naqueles lugares mencionados, mas a minha dúvida é: será que Pedro estava PREGANDO lá na Bitínia e foi por isso que Deus não deixou Paulo viajar para lá?

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    3. 1) Existiria a autoridade dos presbíteros, que tomariam uma decisão conjunta. No fim das contas cada diocese teria o seu cânone do mesmo jeito, só que ele teria sido uma decisão conjunta e não unilateral.

      2) Eu escrevi errado, na verdade quis dizer 64 d.C (que é a data de 1 Pedro na cronologia do site que eu passei acima). 67 é a data da segunda carta de Pedro (eu devo ter lido rápido e fiz confusão). Ou seja, em 64 Pedro estava na Babilônia, e em 67 ele já estava em Roma (provavelmente). A referência diz respeito à cidade da Babilônia situada junto ao Eufrates, onde havia uma considerável população judaica na vizinhança nos primeiros séculos da era cristã.

      3) Pro endereçamento ser figurado, as cidades ali citadas precisariam ser figuradas, mas eram cidades literais (assim como a Babilônia do final da carta). Isso que você se refere não diz respeito a uma "figura de linguagem", mas a um conceito teológico recorrente nas cartas paulinas que identifica o povo de Deus como o "novo Israel", enxertado na figueira de Israel. Isso se o seu significado primário não for o de que ele escrevia às tribos não-judaicas de Israel (ou seja, àquelas que foram dispersas entre os vários povos da época, diferentemente dos judeus que tinham voltado a ocupar a região da Judeia e portanto não estavam "dispersos"). Hoje a gente costuma chamar genericamente todo israelita de "judeu", mas naquela época judeu eram os descendentes da tribo de Judá, que havia voltado do cativeiro da Babilônia séculos antes, enquanto as outras tribos levadas cativas pela Assíria nunca voltaram a ocupar o território de antes (ou seja, continuavam dispersas).

      4) É possível, mas como não há mais informações sobre isso não dá pra afirmar categoricamente se foi por isso ou se foi por qualquer outra razão.

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  63. lucas, observe esse comentário

    Por que negam a evolução?

    com evolução não existe adão e eva
    sem adão e eva não há pecado original.
    sem pecado original , o mito do sacrifício de jesus não tem sentido
    sem o sacrifício de jesus não há sentimento de culpa
    sem o sentimento de culpa não se pode vender o perdão
    se não pode vender o perdão acaba-se o negocio

    acredito que o autor tenha se referido à maldição hereditária, que é um mito na teologia. Sem contar que no desenrolar do argumento ele diz como se não existisse culpa dos nossos pecados, como se o fato de nós pecarmos por si só já ser um motivo pro sacrifício ser válido

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    1. Eu concordo até essa parte "com evolução não existe adão e eva,
      sem adão e eva não há pecado original, sem pecado original , o [..] sacrifício de jesus não tem sentido".

      Pelo que entendi, quem escreveu isso argumentava que os cristãos negam a evolução somente para não admitir que a teologia cristã é um mito e sem sentido.

      Ele tem razão em dizer que a teoria da evolução torna o cristianismo sem sentido, pois se a evolução é verdadeira, então todos os fundamentos da fé cristã são falsos (Adão e Eva, a queda de Adão e Eva, e todo o resto que aponta para Cristo), essa é a consequência lógica da teoria da evolução, assim como a consequência lógica do calvinismo é que Deus é o autor do pecado.

      A grande questão é que esse não é o motivo que leva eu e muitos cristãos a rejeitar a teoria da evolução, o motivo que me leva a rejeitar a teoria da evolução é que ela não pode ser provada através do método científico. Os evolucionistas me chamariam de louco, mas essa é a grande verdade, a teoria da evolução da espécies NÃO PODE ser provada pelo método científico.

      Tem um livro com o título Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. Para acreditar na teoria da evolução é preciso ter muita fé.

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  64. Banzolao nas eleições americanas vc tá torcendo para o Trump ou o Biden?Nas eleições de 2016 eu torci para o Trump,pq depois de dois mandatos do Obama,os EUA precisavam ter um presidente conservador,mas o problema é que o Trump em muitos aspectos se mostra reacionário,tendo uma postura muito agressiva similar ao do Bolsonaro,dizendo que o coronavirus é vírus chinês,desprezando a pandemia,ele flerta com um anticientificismo bem obscurantista então eu tô torcendo para o Biden,apesar de tbm não gostar dos democratas

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    1. Apesar disso eu torci pelo Trump, pelo menos é mais confiável economicamente falando do que o Biden. Antes da pandemia ele tinha baixado os índices de desemprego nos EUA para patamares históricos, mas aí veio a pandemia e acabou com tudo. Junto a isso veio aquele ato hediondo do policial contra o homem negro e o "Black Lives Matter", e consequentemente o clima de desordem e convulsão social que tomou conta do país e também afetou muito a imagem do governo. Na verdade o Trump deu um azar extraordinário, se as eleições fossem no início do ano ele teria ganhado muito easy, mas pro azar dele foi cair justamente no auge da pandemia e da convulsão social (ambos não por culpa dele, ainda que ele não os tenha administrado da melhor maneira).

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    2. Lucas, Joe Biden acabou de ser eleito presidente dos EUA, ele foi eleito anteontem no Sábado, fiquei sabendo da eleição por volta das 16h30 da tarde (após ter tirado meu tradicional cochilo de sábado à tarde), embora o resultado foi anunciado às 13h30 da tarde, ele ganhou a eleição no colégio eleitoral por 290 votos contra 214 de Trump (Biden ganhou após uma Vitória na Pensilvânia e em Nevada):

      https://www.google.com/amp/s/brasil.elpais.com/internacional/2020-11-07/joe-biden-vence-as-eleicoes-dos-estados-unidos-e-acaba-com-a-era-trump.html%3foutputType=amp

      https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/noticia/2020/11/07/joe-biden-vence-na-pensilvania-e-garante-votos-para-ser-eleito-presidente-dos-eua-aponta-projecao-da-ap.ghtml

      https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/ao-vivo/eleicoes-americanas-2020-donald-trump-x-joe-biden.ghtml

      Olha, eu já esperava uma Vitória de Biden, embora não goste nem um pouco dos democratas e discorde de uns 65% das ideias de Joe Biden (embora eu discorde bastante dele nas questões econômicas e de costumes, concordo com as ideias dele de defesa do meio ambiente e com algumas questões relacionadas à problemas sociais), espero que ele consiga fazer um bom governo, consiga reunificar mais uma vez os americanos como um só povo novamente e os EUA como uma só Nação novamente e que ele governe para TODOS e não apenas para seus pares. Lucas, agora que Biden venceu, o que podemos esperar de um governo de Joe Biden? Como o Bolsonaro reagirá a um governo Biden?

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    3. Se for igual ao governo do Obama (do qual ele foi vice), já está de bom tamanho, não espero grandes coisas. Sobre como o Bolsonaro reagirá, só o tempo pode dizer, mas eu duvido que ele vá se portar como um inimigo só porque quem ganhou não foi quem ele queria, ele não seria tão estúpido a este ponto. Mas o Biden já disse que vai pressionar o Brasil pela preservação da Amazônia e isso pode ser um foco de possível tensão, principalmente porque a preservação da Amazônia não é lá uma das prioridades do nosso governo.

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  65. Vinícius, convido a ler um pouco as reflexões que tenho sobre o papado;

    Depois, explique mais sobre o que você entende de outras fieis igrejas no período medieval.

    Gledson.

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  66. https://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/2020/11/emulating-example-of-jesus-christ-when.html

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  67. Banzoli, na sua opinião por que todo o otimismo de Salomão nos Provérbios foi substituído por pessimismo e frustração no Eclesiastes?

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    1. Eu não acho que Provérbios seja "otimista", ele é apenas de uma natureza totalmente diferente de Eclesiastes. Eclesiastes é uma reflexão sobre a brevidade e a frivolidade da vida terrena sem Deus, e Provérbios é um livro de conselhos de vida (uma espécie de "autoajuda" daquela época), não uma reflexão filosófica ou algo do tipo, por isso é natural que o teor da obra seja diferente.

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  68. lucas, você acredita em vida extraterrestre? acha que se um dia acontecer o cristianismo corre risco?

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    1. Não acredito que exista vida extraterrestre, mas não acho que o Cristianismo "corra risco" se existir.

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  69. 1-https://conttei.com.br/2020/10/09/pastor-candidato-apoiado-por-marco-feliciano-teria-sido-preso-por-porte-ilegal-de-arma-e-ameaca-de-morte-a-credor/html Eu não tenho candidato a vereador ainda e na porta da minha igreja entregaram um santinho desse candidato,tava pensando em votar,mas ele quando já era pastor foi preso com porte de cocaína e com várias armas https://noticias.gospelmais.com.br/pastor-paulo-marcelo-pregador-gideoes-preso-69538.html ,bem que o próprio pastor Cesino Bernardino que criou o Gideões falou que pastores que pregavam lá consumiam bebidas alcóolicas e drogas.Espero que o povo evangélico não o eleja.

    2- https://medium.com/@gutierresfernandessiqueira,aqui há um artigo interessante do teólogo Gutierres Fernandes Siqueira em que ele aborda a relação dos evangélicos e a política.Ele defende que diferente do que muita gente pensa,os evangélicos não são massa de manobra de pastores,nem bobinhos,ele cita o exemplo do Escândalo dos Sanguessugas de 2006,todos os parlamentares evangélicos envolvidos em tal escândalo não foram reeleitos,concordas que o evangélicos são bem críticos,não são massa de manobra nem coniventes com a corrupção?

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    1. 1) Se eu votasse em SP, meu voto seria com certeza no Barolo (51633, o 51 por causa do partido e o 633 pelos 6 brasileiros, 3 libertadores e 3 mundiais do clube mais vencedor do Brasil), do qual eu sou um grande fã. Deve ser o único no youtube que eu nunca perdi um vídeo desde a época em que começou o canal há uns anos atrás. Além de ser um cara independente e autêntico, está na chapa do Arthur (o que o ajudaria a governar a cidade caso ganhe a prefeitura) e não usa dinheiro público para a campanha (só arrecadou 17 reais para a campanha, que foram doados pela namorada dele rs). E é claro que se você for são-paulino terá uma razão a mais para votar nele ;p

      2) Depende do evangélico. Esses de certas igrejas neopentecostais costumam ser bem suscetíveis a massa de manobra mesmo (eu não duvido nem que reelegeriam a Flordelis se ela concorrer de novo), mas há muitos evangélicos sérios que pensam por si mesmos e não votam naquele que um pastor ou uma igreja instrui a votar (a não ser que seja realmente um bom candidato). Eu por exemplo nunca votei em ninguém por recomendação de pastor nenhum.

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  70. Como ser cristao e racional ao mesmo tempo?

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    1. Que tipo de incompatibilidade existe entre uma coisa e outra?

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  71. Julio Severo está dando uma de Eneas e defendendo que o Brasil tenha armas nucleares http://juliosevero.blogspot.com/2020/11/desafios-para-o-brasil-conservador.html ,ele alega que possuindo essas armas nenhuma nação falaria grosso com o Brasil como o Macron da França já fez e provavelmente o Biden fará,já que o Bolsonaro é um trumpista declarado,mas eu particularmente acho desnecessário,há outras prioridades para o Brasil,vc o que acha?

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    1. Mesmo se o Brasil tivesse uma arma nuclear, ainda estaria há anos-luz das grandes potências militarmente falando. Sem falar que eu tenho até medo do que alguém como o Bolsonaro faria com uma arma nuclear em mãos, quero nem pensar na ideia. E de fato, gastar bilhões com arma nuclear enquanto o povo morre de fome e nas filas dos hospitais chega a ser criminoso só de pensar.

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  72. Banzolao eu vi que a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli postou no Facebook que o Biden vai querer invadir a Amazônia,ou seja a mesma fake news que a esquerda fazia do Bush,eu lembro que vc já contou em um post que até uma professora sua contou essa história,será que agora o bolsonarismo se tornará antiamericano,falará do perigo do imperialismo?

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    1. Entra presidente e sai presidente e é a mesma conversinha, só muda o autor da teoria da conspiração (quando é um presidente de esquerda são os direitistas que dizem isso, e quando é um de direita são os esquerdistas). Todo presidente americano tem planos sinistros e diabólicos de roubar a Amazônia do Brasil mas tragicamente nenhum deles conseguiu até hoje, vai ver é porque temem essa grande potência econômica e militar que o Brasil é...

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  73. 1) Vc é da Metodista Wesleyana?

    2) Vc tem, ou já teve, algum ministério na igreja?

    3) Vc tem algum dom espiritual?

    4) O que vc acha da Igreja Anglicana?

    5) O que vc acha da Igreja Adventista? Na sua opinião, eles acreditam nos dogmas evangélicos (Credo, 5 Solas, sacerdócio universal de todos os crentes, Igreja visível e invisível)?

    6) Como os futuristas explicam Mateus 10.23?

    7) Vc também acredita que o cânon do AT foi fechado por Esdras e Neemias?

    8) Vc também acredita na literalidade e infalibilidade da Bíblia?

    9) A minha visão do batismo é calvinista, mas a minha visão da eucaristia é luterana. E a sua visão dos sacramentos?

    10) O que realmente é a missa? Pelo que li de Lutero, o que caracteriza uma missa são 2 coisas:

    a) Eucaristia todo domingo.

    b) A eucaristia é a parte mais importante do culto.

    Se realmente for isso, então a missa é bíblica e Lutero estava certo (minha OPINIÃO).

    11) Por que a maioria dos evanvélicos do Brasil só distribuem a Ceia uma vez por mês?

    12) Na sua opinião, quando foi feita a Peshita judaica?

    13) O que exatamente é um Targum?

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    1. 1) Sou da metodista "normal", não da wesleyana.

      2) Eu faço parte do ministério de comunicação (ajudo a gravar os cultos ao vivo pro youtube, dependendo da escala).

      3) Todos os cristãos tem algum dom espiritual.

      4) Não faz o meu tipo, por ser litúrgica demais e por ter certa proximidade com o catolicismo, ecumenismo e etc.

      5) Nos 5 Solas eles creem, o problema é a crença na inspiração de Ellen White, o que embora eles não admitam acaba de certa forma comprometendo a Sola Scriptura porque seus escritos são encarados como se fossem uma "outra Bíblia". Embora eu já tenha ouvido adventistas dizerem que Ellen White pode ter errado e que seus escritos devem se sujeitar à Bíblia como autoridade final, neste caso não conflitaria com a Sola Scriptura, mas aí depende da visão do adventista em questão (por exemplo, eu vejo uma grande diferença na abordagem do Rodrigo Silva em comparação com a abordagem do Leandro Quadros sobre Ellen White). Mas de modo geral eu prefiro muito mais a IASD do que a Anglicana e a maioria das igrejas evangélicas por aí.

      6) Essa vinda que o texto se refere não é a volta gloriosa de Jesus, mas seu retorno para a companhia dos discípulos após sua ressurreição. Em Mateus 24:14, Jesus diz que só voltaria depois que o evangelho fosse pregado NO MUNDO TODO, mas neste texto ele diz que os discípulos não teriam pregado nem em todas as regiões de Israel, muito menos no mundo todo. Portanto claramente se tratam de coisas diferentes; um da volta gloriosa no fim dos tempos mencionada em Mateus 24 e a outra a volta após a ressurreição mencionada em Mateus 10. O sentido é que ele morreria, mas voltaria dentre os mortos tão cedo que não daria tempo dos discípulos pregarem nem em Israel (coisa que eles já tinham feito muito antes de 70 d.C, portanto não pode ser interpretado da forma preterista).

      7) Eu não diria que uma pessoa específica "fechou o cânon" porque, da mesma forma que o cânon do NT não foi fechado por um concílio ou uma pessoa em específica, mas foi o resultado de séculos de debates caminhando progressivamente para uma convergência, da mesma forma podemos dizer em relação ao AT durante o chamado período intertestamentário (entre essa época e a época de Jesus).

      8) Sim (o que obviamente não significa que tudo na Bíblia é literal, mas tudo aquilo que foi escrito com a pretensão de ser entendido literalmente).

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    2. 9) Você se refere à regeneração batismal? Eu não creio assim, embora já tenha crido. Sobre a eucaristia eu entendo como simbólica e espiritual, não como uma transformação literal dos elementos, o que seria uma prática de canibalismo além de uma violação grosseira da razão e dos nossos sentidos. A visão luterana é praticamente a mesma da católica, com a diferença de que para os luteranos o pão não se "transforma" em Jesus porque os dois permanecem ali fisicamente ao mesmo tempo, o que é ainda mais contraditório do que a crença católica (que já é totalmente contraditória).

      10) A missa é o sacrifício do corpo de Cristo, quando toda a Bíblia ensina que Jesus morreu uma única vez pelos pecados e se sacrificou UMA ÚNICA vez para todo o sempre (Hb 10:12), então dizer que ele é sacrificado de novo todos os domingos é uma heresia grotesca e um sacrilégio, pra não dizer uma blasfêmia do mais baixo nível.

      11) É uma convenção, já que a Bíblia nunca diz qual a frequência que deve ser feita, embora sugira que os discípulos ceavam todos os dias (sempre que se reuniam). Só que era uma ceia totalmente diferente da ceia atual, já que era inteiramente desprovida de ritualismos e na prática consistia em uma refeição (janta) comum, com a diferença de que eles faziam isso em memória de Cristo. Por isso era praticada todas as vezes, já que eles comiam todas as vezes. Pão e vinho eram o que as pessoas da época usavam normalmente na janta (que era chamada de "ceia"), não eram elementos místicos usados para algum ritual sinistro. Tudo na Bíblia e na história primitiva da Igreja mostra que a ceia era algo muito mais natural e simples do que as pessoas fazem hoje, mesmo nas igrejas evangélicas mais pentecostais e modernas.

      12) Dizem que foi no século II.

      13) São comentários que os judeus de língua hebraica faziam sobre a Bíblia (AT) para a melhor compreensão dos judeus que tinham como língua materna o aramaico (e que por isso não entendiam muita coisa que estava lá, da mesma forma que alguém que fala em português geralmente não entende tudo do espanhol e vice-versa).

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  74. 1-E o comentário do Julio Severo do Biden ser extremista de esquerda é um baita exagero né?Parte da esquerda brasileira sequer o considera de esquerda,o Glenn Greenwald que é um ativista LGBT e casado com um deputado do PSOL pediu demissão do The Intercept por não permitirem que ele critique o Biden,ele disse que Biden não é Lula,concordo com isso,o Bernie Sanders sim seria o Lula,mas não o Biden.

    2-Na economia o Putin está mais a esquerda que o Biden, é muito estatista,na Rússia ha menos liberdade econômica que o Brasil,que teve 13 anos de administração petista,o Putin consegue estar mais a esquerda que o Lula e o Dilma,está no nível de Chavez e Maduro e persegue opositores ,tenta envenena-los ,igual Maduro faz na Venezuela,Maduro tbm não é entusiasta da agenda LGBT já chamou o Capriles de "maricon",o Julio Severo pouco criticou o regime venezuelano e nunca criticou o Putin,na minha opinião ambos são mais nocivos que o Biden,que seria um tucano ao meu ver, é a favor de aborto,agenda LGBT,mas economicamente não é um estatista louco ,nem autoritário,não acredito que ele vá mandar executar os republicanos kkk,concordas?

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    1. 1) Pra ele qualquer um que não seja um histérico de extrema-direita é considerado um radical de esquerda, nada de mais.

      2) Concordo sim.

      Vou aproveitar pra responder seus outros comentários (feitos abaixo) pra não ocupar muitos comments e poder responder os demais:

      "Banzolao vc entende que o Salmo 42 foi escrito durante o exílio na Babilônia? E a procissão a casa de Deus que esse salmista se refere ocorria durante a Páscoa? Ele fala de multidão a festejar durante esse evento"

      O salmo em questão foi escrito por Davi, muitos séculos antes do cativeiro. E é provável que se refere à Páscoa mesmo (a Pessach).

      "Eu bem que comentei em um post anterior que o Bolsonaro poderia partir para o antiamericano da esquerda,vc disse que achava que ele não seria tonto,mas parece que é mesmo,nunca subestime a capacidade dele de falar m... kkk chamou o Biden para a guerra kkkkk"

      Então ele é mais burro do que eu pensava. A cada dia se superando...

      "Banzolão vc se alistaria para lutar na nossa guerra contra os EUA do Biden kkkkk?"

      Eu me alistaria sim (do lado dos EUA).

      "Banzolao e vc acha que a possível chapa Huck-Moro em 2022 seria "loucura, loucura, loucura"?"

      Se o Moro fizer isso, vai se arrepender... não quero nem pensar na ideia dele acabar morrendo ou sendo impeachmado e o país cair nas mãos do Luciano Huck... o país viraria um "caldeirão" (com o perdão do trocadilho).

      "Lula, Dilma e Obama podem ser considerados promotores do imperialismo homossexual? Ou há exagero nisso? Eles como esquerdistas sempre apoiaram essa causa, mas será que tanto assim, para ser chamado de ´´imperalismo´´?"

      Eu acho que nunca antes li tantas vezes o termo "imperialismo homossexual"... mas de fato esses governantes contribuíram para avançar a LGBT, disso não há dúvidas.

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  75. Banzolao vc entende que o Salmo 42 foi escrito durante o exílio na Babilônia?E a procissão a casa de Deus que esse salmista se refere ocorria durante a Páscoa?Ele fala de multidão a festejar durante esse evento

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  76. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/11/10/quando-acabar-a-saliva-tem-que-ter-polvora-diz-bolsonaro-sobre-amazonia.htm Eu bem que comentei em um post anterior que o Bolsonaro poderia partir para o antiamericano da esquerda,vc disse que achava que ele não seria tonto,mas parece que é mesmo,nunca subestime a capacidade dele de falar m... kkk chamou o Biden para a guerra kkkkk, https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/11/10/quando-acabar-a-saliva-tem-que-ter-polvora-diz-bolsonaro-sobre-amazonia.htm

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  77. Banzolão vc se alistaria para lutar na nossa guerra contra os EUA do Biden kkkkk?

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  78. Lucad, oq vc acha d dança no culto?
    Em minha opinião, acho que pode desde de q tenha ordem.

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  79. Banzolao e vc acha que a possível chapa Huck-Moro em 2022 seria "loucura,loucura,loucura"?Kkkk

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  80. Esse trecho do blog Julio Severo

    Passei ano após ano (2003-2009) do governo Lula denunciando seu imperialismo homossexual. Em 2006, o prestigioso “The Religion & Society Report,” editado pelo filósofo Harold O. Brown, publicou meu artigo em inglês “Por trás do tsunami homossexual no Brasil.”

    Passei ano após ano (2010-2016) do governo Dilma denunciando seu imperialismo homossexual.

    Durante o governo Obama dos EUA, denunciei seu imperialismo homossexual ano após ano (2009-2016), e WND, um dos maiores sites conservadores dos EUA, fez uma reportagem em 2011 intitulada “Ministério de Segurança Nacional dos EUA detectado monitorando site cristão,” sobre o governo de Obama monitorando meu blog.

    Lula,Dilma e Obama podem ser considerados promotores do imperialismo homossexual?Ou há exagero nisso?Eles como esquerdistas sempre apoiaram essa causa,mas será que tanto assim,para ser chamado de ´´imperalismo´´?

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  81. 1) Comente:
    https://filosofiacalvinista.blogspot.com/2011/10/pentecostalismo-e-reforma-protestante.html?m=1

    2) Como explicar a um CCBista que 1 Coríntios 11.5-6 não serve para nossa cultura? Eles acham que isso é adaptar a Bíblia a nossas próprias conveniências.

    3) Vc sabia que os EUA não são mais evangélicos? Atualmente, os evangélicos denominacionais são apenas 43% e o número está diminuindo cada vez mais. No senso de 2010, o número era 51%, nos anos 60, o número era 72%. O que vc acha disso?

    4) Na sua opinião, o ateísmo pode ser prejudicial à sociedade? Ele ajuda a esquerda?

    5) Eu não entendo o porquê de tantos evangélicos retardados praticarem ecumenismo com a Igreja Diabólica Romana! Principalmente os da ala protestante. Os luteranos da IECLB, por exemplo, mantem um diálogo com aquela "igreja" do capeta! Os anglicanos já se corromperam tanto que hoje em dia existem "igrejas" anglicanas que são iguaizinhas a Diabólica Romana, os da High Church. E a Broad Church tem várias crenças do Romanismo, por exemplo, 7 sacramentos! Até os evangélicos não protestantes, como nós, metodistas, já assinaram acordos de fé comum com a Igreja Diabólica negando a Sola Fide! Cadê aquele espírito de revolta contra a "igreja" do Diabo, a Romana? Por que os evangélicos estão achando que a Igreja Católica não é do Diabo? Meu Deus do céu! Isso é óbvio! Já inventaram até um "cordão de orações evangélico" lá nos EUA. Eu fico indignado com isso. Só queria entender o motivo de fazer essas idiotices sendo que quem mais perde com isso são os próprios evangélicos. Já perdemos milhões de membros graças a esse ecumenismo besta! Principalmente os anglicanos, que nem evangélicos são mais!

    6) Por acaso, o site está bloqueando automaticamente o segundo comentário? Tipo, eu mando esse agora e depois, quando vou mandar outro, ele fala que deu erro.

    7) Os céticos acusam o livro de Jonas de ser fantasioso porque a) Jonas não caberia no estômago da baleia (Mt 12.40), b) Nínive não era a capital da Assíria na época de Jonas (o livro fala do rei de Nínive).

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    1. 1) Discordo completamente, pelas razões que já apontei outra vez.

      2) Escrevi sobre isso aqui:

      http://ocristianismoemfoco.blogspot.com/2015/09/a-mulher-precisa-usar-veu-no-culto.html

      3) É natural, na verdade o que surpreende é que nos EUA a onda de secularismo tenha entrado mais tarde e enfrentado mais resistência do que na Europa, que é tão desenvolvida quanto (e que já está entregue ao secularismo desde muito tempo). A tendência é que em um momento ou outro os EUA se tornem como a Europa é hoje, e que futuramente o resto do mundo siga o mesmo rumo (o secularismo cresce no Brasil também, só que num ritmo muito mais lento).

      4) Ajuda a esquerda sim. Ateus majoritariamente tendem a ser abortistas, pró-agenda LGBT, a favor de uma economia estatista, a favor da liberalização das drogas e tudo mais. Isso eu digo baseado em pesquisas e números, é algo inegável. A ascensão da esquerda no mundo ocidental se deve em grande parte à ascensão do secularismo.

      5) Isso é fruto da ignorância à qual grande parte do povo evangélico está submetido. Como Deus disse a Oseias, "meu povo perece por falta de conhecimento". Um povo que não conhece suas próprias bases e fundamentos doutrinários e não estuda sobre os enganos de outros ensinos e como reagir a eles só tende a aceitar estes enganos como algo tolerável ou até mesmo como algo certo. Hoje em dia não se ensina doutrina nas igrejas - seja em células, discipulados, reuniões semanais, culto de jovens, EBD ou no culto de domingo, é apenas as questões de cunho moral e ético que são abordadas (o que deve ser o principal mesmo, mas não a única coisa). Neste aspecto até os católicos estão na nossa frente, pois lá eles fazem catequese, e a maioria das igrejas evangélicas não tem nem isso, é uma vergonha. Aí depois é fisgado por um desses ecumênicos ou apologistas que pregam doutrinas de perdição e não sabe o porquê. Tem o que merecem pela sua negligência.

      6) Estranho, não era para estar acontecendo isso.

      7) O tipo de peixe que vive naquela região (o cachalote) já foi encontrado várias vezes em tempos recentes com corpos humanos em seu ventre, e há casos em que o indivíduo saiu vivo lá de dentro (embora tenham morrido dias depois em decorrência de lesões cerebrais). Eles dizem que seria impossível porque acham que foi uma baleia que engoliu Jonas, mas o termo hebraico utilizado não serve só pra baleia, é uma palavra genérica que se aplica a qualquer animal marinho de grandes dimensões. E embora texto nenhum de Jonas diga que Nínive era a capital da Assíria, Nínive tinha reis sim, a história antiga comprova isso (até o verbete da Wikipédia que costuma ser bem tendencioso contra a Bíblia confirma isso).

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  82. Quem são “os espíritos elementares do mundo”( Gl 4.3)?

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