*Nota:
O trecho a seguir é extraído da nova versão do meu livro “A Lenda da
Imortalidade da Alma” (ainda em construção). Eu nunca postei nada tão longo no
site antes, mas achei melhor postar o capítulo inteiro do que ocupar muitos
posts sobre cada texto, o que me faria ficar meses postando só sobre este
assunto. Além disso, como é de costume dos nossos oponentes se apegar a um
texto isolado depois que são refutados em outro, nada melhor do que refutar
tudo de uma vez. Lembrando que este é apenas o capítulo de refutações aos
argumentos deles; em breve postarei o capítulo onde apresento
propriamente os argumentos em favor do aniquilacionismo bíblico. Se alguém
preferir ler em pdf, basta me enviar um e-mail (lucas_banzoli@yahoo.com.br) ou
uma mensagem inbox no facebook (aqui)
que eu envio em anexo. Apreciem :)
***
“Há
uma segunda vida, mais elevada, assim como há uma segunda morte, mais profunda.
E assim como para essa vida não há mais morte (Ap 21:4), também para essa morte
não resta mais vida”
(Henry Alford)[1]
• Introdução
Para contrapor os 181 textos expressamente
aniquilacionistas, os imortalistas tem (literalmente) meia dúzia de versículos
que analisaremos minuciosamente neste capítulo. São eles: (1) o “castigo
eterno” de Mateus 25:46; (2) o “desprezo eterno” de Daniel 12:2; (3) a besta e
o falso profeta “atormentados pelos séculos dos séculos” em Apocalipse 20:10;
(4) a linguagem do “fogo eterno” (Mt 25:41); (5) a “fumaça do tormento que sobe
para todo o sempre” (Ap 14:11) e (6) o “bicho que não morre” (Mc 9:44). Se
parece que são poucos textos, é porque são poucos textos. Mas como tudo o que é
ruim sempre pode piorar, esses mesmos textos usados para defender o tormento
eterno provam exatamente o contrário quando analisados detalhadamente. E é isso
o que veremos a partir de agora.
• O “castigo eterno” de Mateus 25:46
O texto mais comum usado em defesa do
tormento eterno no inferno é o de Mateus 25:46, que a Almeida Corrigida Fiel
traduz como: “E irão estes para o tormento eterno,
mas os justos para a vida eterna”. Um leitor que se paute apenas por
essa versão não poderia chegar a outra conclusão senão a de que Jesus neste
texto está ensinando a doutrina do sofrimento eterno. No entanto, a Almeida
Atualizada e a Almeida Revista e Atualizada traduzem por “castigo” e não por
“tormento”, da mesma forma que a Nova Versão Internacional, a Bíblia de
Jerusalém e quase todas as versões em português. Por sua vez, todas as versões
em inglês que eu conheço vertem por punishment (punição), incluindo a
King James e a Young's Literal Translation.
Portanto, apesar de uma versão da
Bíblia equivocadamente traduzir por “tormento”, esta parece não ser a melhor
tradução da palavra grega kolasin, já que nem mesmo os tradutores
imortalistas das outras versões da Bíblia concordam com essa tradução. Mas
o que dizem os léxicos? A Concordância de Strong define kolasin como «correção, punição,
penalidade»[2],
mas não como sofrimento ou tormento. O Dicionário Internacional de Teologia do
Novo Testamento diz que kolasin deriva de kolos, que significa «mutilar» ou «cortar fora», sendo
usado figurativamente no sentido de «impedir», «restringir» e «punir».
O respeitado Dicionário de Grego Clássico, editado por
Lidell e Scott, mostra o uso de kolasin nos mais diversos escritos dos
primeiros séculos e conclui que ele consiste num “método
drástico de interromper o crescimento da amendoeira”[3].
Já a obra intitulada “A Critical Lexicon and Concordance to the English and
Greek New Testament”, de E. W. Bullinger, dá a kolasin o sentido de “restringir, cortar curto, podar, manter dentro de
limites, interromper, punir... o castigo futuro pelo pecado é claramente
definido como morte e destruição”.
O “Theological Dictionary of the New Testament”, de
Gerhard Kittel, diz que kolasin significa fundamentalmente «mutilar,
decepar»[4]. A Young’s Analytical
Concordance, do Dr. Young, define kolasin como «podar, restringir»[5]. A nota de rodapé da
obra The Emphatic Diaglott traz os seguintes significados para kolasin: “1) Decepar, como no truncamento de ramos de árvores,
podar; 2) Restringir, reprimir; 3) Castigar, punir. Extirpar alguém da vida,
ou da sociedade, ou mesmo restringir, é tido como castigo”.
Como se nota, kolasin tem muito mais a ver com
extirpar alguém da vida do que com sofrimento contínuo e consciente. O que
corrobora ainda mais este fato é que kolasin deriva de kolazo,
que, de acordo com a Concordância de Strong, significa primariamente «podar ou
debastar, como árvores e asas»[6], e que conforme o “The
Classic Greek Dictionary”, do Dr. George Ricker Berry, significa «podar,
cercear».
Novamente vemos que a punição está atrelada não a um tormento, mas a cortar
fora, decepar, podar, como se fazem com as árvores. O Léxico Grego do Novo
Testamento NAS define kolazo como:
1) Cortar galhos ou podar, como árvores e asas.
2) Frear, verificar, coibir.
3) Castigar, punir, corrigir.
4) Fazer com que sejam punidos.
O Dicionário Vine do Antigo e Novo Testamento define kolazo
como «aparar, podar, cortar curto»[7], e o Thayer’s and
Smith’s Bible Dictionary como «cortar galhos, podar, como árvores, asas». Vale ressaltar que
todos esses léxicos famosos não foram editados por adventistas ou testemunhas
de Jeová; ao contrário, foram elaborados por eruditos bíblicos católicos e
protestantes que em suma maioria acreditam na imortalidade da alma. Não se
trata, portanto, de material enviesado, mas de um fato notório reconhecido até
por quem teria uma predisposição contrária.
Como Bacchiocchi comenta,
Um
breve exame ao Vocabulary of the Greek Testament, de Moulton e Milligan,
mostra que a palavra era empregada naquele tempo com o sentido de “podar” ou “cortar
fora” madeira morta. Se este for o sentido aqui, reflete a frequente frase
veterotestamentária “será eliminado do meio do povo” (Gn 17:14; Êx 30:33,38; Lv
7:20,21,25,27; Nm 9:13). Isso significaria que o “castigo eterno” dos ímpios
consiste em sua eliminação permanente dentre a humanidade.[8]
Se a intenção fosse passar a ideia de tormento, Mateus
tinha uma palavra pronta, à mão, que podia perfeitamente ter sido utilizada
para este fim caso ele quisesse: basanos. “Basanos” significa «tortura,
tormento, dores agudas»[9], e é de longe a
palavra mais adequada caso o sentido intentado fosse este. Outras opções seriam
o uso das palavras gregas kakopatheo, odin, ponos e pathema,
que são os termos sempre utilizados nos textos do Novo Testamento que falam de
dor ou sofrimento (cf. 1Pe 1:11; 2Tm 2:3; Tg 5:10; Mt 24:8; Ap 21:4).
Com tantas palavras que significam tormento, dor ou
sofrimento à sua disposição, seria incrível a utilização de kolasin para
este fim, que em toda a Escritura jamais carregou o significado de tormento ou
sofrimento, tampouco na literatura secular. A única vez que kolasin aparece
no Novo Testamento fora de Mateus 25:46 é em 1ª João 4:18, onde “pena” é a
tradução mais adequada (curiosamente, a mesma Almeida Corrigida Fiel que traduz kolasin
em Mateus 25:46 como “tormento”, verte o mesmo termo por “pena” em 1ª João
4:18!).
Mas se a intenção não era passar a
ideia de sofrimento ou tormento, que pena eterna seria essa que o texto se
refere? A resposta mais óbvia ao analisarmos o uso do termo na Septuaginta e ao
compararmos com os textos similares que contrastam a vida eterna dos justos com
o destino dos ímpios não pode ser outra senão a morte. Apesar do
apologista imortalista Natanael Rinaldi afirmar que o aniquilamento não pode
ser uma forma de punição, pois “toda pena
e sentido de culpa ficariam nulos”[10], desde os tempos mais
remotos até os nossos dias a morte tem sido usada como uma forma de punição,
não à toa conhecida pelo nome de pena (punição) de morte.
Na própria lei que o Senhor deu aos israelitas havia
expressamente a pena de morte para os pecados mais graves (Êx 21:12, 22:18-20;
Lv 20:2; Nm 35:16; Dt 22:25), o que mostra que aparentemente Deus não
compartilha da ideia de que a morte não pode ser uma pena. O
uso do mesmo termo kolasin na Septuaginta (a tradução grega do Antigo
Testamento, que foi muito citada pelos apóstolos) traz luz a isso: ele ocorre
em duas oportunidades, e em ambas se refere à pena de morte. Uma se encontra em
Jeremias 18:20, onde o profeta escreve:
“Acaso se paga o bem com o mal? Mas eles cavaram
uma cova para mim. Lembra-te de que eu compareci diante de ti para interceder
em favor deles, para que desviasses deles a tua ira” (Jeremias
18:20)
Qual a pena (kolasin) que
desejavam para Jeremias? O próprio verso 20 indica ser a morte, pois, até onde
eu sei, ninguém cava uma cova para enterrar pessoas vivas. Como se não fosse
suficientemente claro, no verso 23 Jeremias conclui dizendo que o Senhor
conhece “todas as suas conspirações para me
matarem” (Jr 18:23). Ou seja, em Jeremias 18:20 kolasin é
usado no sentido de pena de morte, não de um castigo consciente. O outro
texto onde kolasin aparece na tradução grega do Antigo Testamento é em
Ezequiel 18:30-31, que diz:
“Portanto, ó nação de Israel, eu os julgarei, a
cada um de acordo com os seus caminhos; palavra do Soberano Senhor.
Arrependam-se! Desviem-se de todos os seus males, para que o pecado não cause a
queda de vocês. Livrem-se de todos os males que vocês cometeram, e busquem um
coração novo e um espírito novo. Por que deveriam morrer, ó nação de Israel?” (Ezequiel
18:30-31)
Qual é a pena (kolasin) que os
israelitas sofreriam caso não se desviassem de todos os seus males? O verso 31
esclarece que é a morte (“por que deveriam morrer, ó nação de Israel?”).
Para completar, o verso seguinte finaliza dizendo que “não
me agrada a morte de ninguém; palavra do Soberano Senhor. Arrependam-se
e vivam!” (Ez 18:32). Portanto, a punição (kolasin) que o texto
se refere nada mais é do que, novamente, a pena de morte. Este uso do
termo kolasin também é corrente nos livros apócrifos e na literatura grega
secular da época. Em 2ª Macabeus (livro considerado canônico pelos católicos),
é dito:
“Excitado assim por uma cólera violenta, despojou
imediatamente Andrônico de suas púrpuras, rasgou-lhe as vestes, mandou que
levassem através de toda a cidade até o lugar onde havia lançado a mão
sacrílega sobre Onias. E ali acabou com a vida do homicida. Assim o Senhor
deu-lhe o merecido castigo” (2ª Macabeus 4:38)
O trecho final diz que «o Senhor deu-lhe
o merecido castigo», onde “castigo” é a tradução de kolasin. Mas
qual seria esse “merecido castigo-kolasin“ que o texto se refere? O
próprio trecho anterior responde, ao dizer que «ali acabou com a vida do
homicida». Novamente, kolasin é usado em referência à morte como
punição, não para se referir a um tormento ou sofrimento consciente. O mesmo
sentido aparece na literatura secular. O escritor grego Claudius Aelianus, do
segundo século, escreveu uma obra chamada Aelian, onde diz que “seus filhos que não haviam feito nada de errado foram
condenados à morte”[11].
A punição (kolasin) que o texto se refere não foi uma tortura ou prisão,
mas a morte, à qual foram sentenciados de forma injusta.
Este sentido do termo kolasin
está de acordo com a noção apresentada em toda a Escritura, que coloca em
contraste os dois destinos possíveis na eternidade: vida ou morte. Confira
alguns exemplos:
Contraste
entre vida eterna e morte eterna na Bíblia
|
“Quem
obedece aos mandamentos preserva a sua vida,
mas quem despreza os seus caminhos morrerá”
(Provérbios 19:16)
|
“Quem
permanece na justiça viverá, mas
quem sai em busca do mal corre para a morte”
(Provérbios 11:19)
|
“Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho único, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (João 3:16)
|
“Porque,
se viverdes segundo a carne, morrereis;
mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Romanos 8:13)
|
“Porque
o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos
6:23)
|
“Que
fruto vocês colheram então das coisas as quais agora vocês se envergonham? O
fim delas é a morte! Mas agora que
vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que
colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna” (Romanos 6:21-22)
|
“Pois
para Deus somos o bom cheiro de Cristo nos que são salvos e nos que perecem.
Para estes somos cheiro de morte; para
aqueles, fragrância de vida” (2ª
Coríntios 2:15-16)
|
“Quem
semeia para a sua carne, da carne colherá destruição;
mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna”
(Gálatas 6:8)
|
Outros numerosos exemplos poderiam ser dados (por
exemplo, Dt 30:15, 19:2; 2Sm 15:21; Pv 12:28, 13:14, 14:27, 18:21; Jr 8:3, 21:8,
52:34; Jo 5:24, 11:26; Rm 5:10, 5:17, 5:21, 6:4, 6:10, 7:10, 8:6, 8:38; Fp 1:20;
2Ts 1:9; 1Jo 3:14, 5:16, etc). De fato, os dois destinos finais – vida e morte
– é provavelmente a temática mais recorrente de toda a Bíblia, do Antigo ao
Novo Testamento. Embora geralmente o contraste apresentado seja entre vida e
morte, às vezes é entre vida e destruição (2Ts 1:9), ou entre vida e
perecimento (Jo 3:16), ou entre vida e qualquer outro sinônimo para a morte,
usado com a mesma finalidade.
É espantoso e assustador que, mesmo diante de tantos
exemplos bíblicos contrastando vida e morte, os imortalistas prefiram se
agarrar a um único texto que supostamente apresenta um contraste totalmente
diferente e estranho às Escrituras, baseado inteiramente em um erro grosseiro
de tradução. Pior ainda, tentam condicionar as centenas de passagens bíblicas
que falam explicitamente da morte como o destino final dos ímpios a esse único
texto, como se todas as vezes que os escritores sacros rotineiramente falaram
da morte e da destruição como o destino dos perdidos estivessem na verdade
usando uma figura de linguagem ou uma força de expressão para falar do
tormento, que é o seu destino real (baseado nesse único versículo!). Seria
cômico, se não fosse trágico!
O que os imortalistas querem nos convencer é que em
Mateus 25:46 kolasin está em um sentido totalmente inexistente nos
léxicos, inexistente nas outras ocorrências do termo na Bíblia e induzindo a um
contraste igualmente inexistente nas Escrituras, entre vida eterna e tormento
eterno. Mas – perguntará você – se Mateus 25:46 está falando da vida como
recompensa e da morte como penalidade pelo pecado, como ocorre em toda a
Bíblia, por que Jesus usa o adjetivo “eterno” em seguida? Se kolasin está
no sentido de pena de morte, que sentido faz dizer que “morrerá eternamente”,
se a morte ocorre uma vez só?
Este argumento imortalista baseado no uso da palavra
“eterno” ignora as próprias palavras de Cristo no evangelho de João, onde diz
que “quem vive e crê em mim, não morrerá
eternamente (apothnesko aion)” (Jo 11:26). Se “morrer
eternamente” é uma locução contraditória e por isso não pode ser o sentido de
Mateus 25:46, por que foi exatamente o que Jesus disse sobre quem não crê nele?
E se morrer eternamente é o que Cristo disse que acontece com os incrédulos, por
que Mateus 25:46 deveria ser interpretado de maneira adversa ao que o próprio
Senhor Jesus disse em outra ocasião?
Para entender por que a Bíblia fala sobre “morrer
eternamente” e não somente sobre “morrer”, precisamos entender um pouco do
contexto da época. Uma das crenças mais populares entre os gregos era o
estoicismo, que ensinava o aniquilamento das almas por ocasião da conflagração
universal, quando tudo o que existe será destruído. Mas isso não duraria para
sempre, já que após uma era as almas seriam recriadas e voltariam à existência,
para um novo ciclo de morte e recriação sem fim. Em outras palavras, embora os
estoicos acreditassem no aniquilamento dos ímpios, eles não acreditavam que
essa morte dura pra sempre, já que ela é passível de ser revertida em um ciclo
futuro.
Mas os cristãos não criam numa morte temporária, pelo
menos não no que compete à segunda morte – uma vez que a primeira morte, essa
que sofremos ao final da vida, é de fato revertida na ressurreição do último
dia. Para os cristãos, a segunda morte (que apenas os não-salvos sofrem) é uma
morte eterna, porque dela ninguém volta. É definitiva. E o fato da
segunda morte ser definitiva justificava o uso do adjetivo “eterno” (aionios),
o que diferenciava o tipo de aniquilacionismo pregado pelos cristãos do tipo de
aniquilacionismo ensinado pelos estoicos. Enquanto para os estoicos a morte
durava só uma era, para os cristãos durava pra sempre – morte eterna.
O conceito de morte ou destruição eterna era bem
conhecido pelos judeus, e continuou popular mesmo após a conclusão do Antigo
Testamento. Os “Salmos de Salomão”, obra judaica de meados do primeiro século
a.C e incluída em alguns códices da Septuaginta, dizem que “a destruição do pecador é para sempre, e ele não será
lembrado, quando o justo é visitado. Esta é a porção dos pecadores para sempre”
(3:11-12). Paulo, que conhecia perfeitamente bem o conceito
aniquilacionista de destruição eterna, escreveu sem rodeios:
“Eles
sofrerão a pena da destruição eterna, a separação da presença do Senhor
e da majestade do seu poder” (2ª
Tessalonicenses 1:9)
A palavra aqui usada para designar a destruição dos
ímpios é olethros, a mesma que Paulo usou quando disse que certo iníquo
seria entregue a Satanás “para que o corpo seja
destruído (olethros), e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1Co
5:5), texto em que todos concordam que está falando da morte física do homem em
questão. Se Paulo quisesse dar a entender que os ímpios iriam apenas se perder,
como vertem algumas traduções, ele teria à sua disposição a palavra grega pipto,
que significa «estar perdido»[12],
ou mesmo apollumi, que pode significar destruição ou perdição, a
depender do contexto[13].
Paulo também poderia ter usado qualquer uma daquelas
muitas palavras gregas com a conotação de tormento, dor ou sofrimento, mas em
vez disso fez questão de usar uma cujo significado é destruição, e que assim
era entendida em toda a Antiguidade clássica. Mas observe que Paulo não apenas
diz que os ímpios serão destruídos (algo repetido à exaustão em todas as partes
da Bíblia), mas que essa destruição é eterna. Obviamente, ele não estava
falando de um processo de destruição incompleto que não termina nunca (ou seja,
uma destruição eternamente inconclusiva). É evidente que ele se referia a
alguém que é destruído de uma vez por todas, razão pela qual a destruição é
qualificada de “eterna” – uma destruição definitiva, da qual não há retorno.
Como diz o Dr. Bacchiocchi,
a
destruição dos ímpios é eterna-aionios, não porque o processo de
destruição continua para sempre, mas porque os resultados são permanentes. De
igual modo, a “eterna destruição” de Mateus 25:46 é eterna porque seus
resultados são permanentes. É um castigo que resulta em sua eterna destruição
ou aniquilamento.[14]
Para usar um exemplo didático, imagine se eu estivesse
muito irritado com o meu celular e dissesse que vou destruí-lo para sempre. Com
certeza ninguém em sã consciência entenderia que eu irei quebrá-lo de novo e de
novo, dia após dia por toda a eternidade, mas sim que irei destruí-lo de tal
modo que não sobrará mais nada – o celular estará permanentemente destruído. O
adjetivo “eterno” não está aludindo ao processo de destruir, mas aos efeitos
da destruição. Geisler e Howe, que não conseguem entender essa distinção
tão simples, insistem que “nesse versículo ‘destruição’
não significa aniquilação, pois em caso contrário não seria uma destruição
‘eterna’. A aniquilação se dá num instante, e pronto, terminou. Se alguém sofre
uma destruição eterna, então tem de ter uma existência eterna também”[15].
Para o azar deles, o Novo Testamento está repleto de
exemplos de aionios sendo usado em referência aos efeitos que duram para
sempre, e não ao processo de algo que não tem fim. Por exemplo, em Hebreus 6:2
o autor fala de um “juízo eterno-aionios”, mas isso obviamente não
significa que o juízo é um processo que tem início mas não tem fim. O juízo é
eterno porque tem consequências eternas, não porque não termina nunca.
Ele se dá num momento e depois termina, mas seus efeitos são
permanentes, ecoando por toda a eternidade.
Da mesma forma, em Marcos 3:29 Jesus fala de um
“pecado eterno-aionios”, não porque haja um pecado eterno em processo
(como se em momento algum se deixasse de praticar aquele pecado específico),
mas por ser um pecado de consequências irreversíveis – um pecado que não
tem perdão “nem nesta vida e nem na era vindoura”
(Mt 12:32), ou seja, nunca. Hebreus 9:12 diz que Jesus efetuou “eterna-aionios
redenção”, não porque ele eternamente morra pelos pecados de cada um (ele fez
isso “de uma vez por todas”, como diz o verso 26), mas justamente porque os efeitos
dessa redenção se estendem por toda a eternidade.
Este também é o caso da “eterna-aionios
salvação” de Hebreus 5:9 – eterna porque tem efeitos eternos para os que creem,
não porque estejamos sendo salvos a todo o momento por toda a eternidade.
Isaías diz que “Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna;
vocês jamais serão envergonhados ou constrangidos, por toda a eternidade”
(Is 45:17). Embora nossa salvação tenha se dado num instante, seus efeitos
duram para sempre. O salmista diz que Deus “repreende
as nações e destrói os ímpios; para todo o sempre apagas o nome deles” (Sl
9:5). Isso não significa que Deus passe toda a eternidade apagando o nome dos
ímpios de seu livro, mas sim que eles são apagados uma vez, e permanecem
apagados para sempre.
A punição da morte eterna expressa em Mateus 25:46 e
em tantos outros textos entra na mesma categoria: a morte é eterna não porque
os perdidos estejam morrendo a cada instante por toda a eternidade (uma morte em
processo, eternamente inconclusiva), muito menos porque a morte signifique
na verdade uma vida eterna em tormento (o que é precisamente o inverso de
“morte”!), mas porque é uma morte com efeitos permanentes. O juízo é
eterno por ser irrevogável, o pecado é eterno por não ter perdão, e a morte é
eterna porque quem padece a segunda morte nunca mais voltará à vida.
Os mesmos salmistas que disseram repetidas vezes que
os ímpios serão destruídos (Sl 1:6, 2:12, 5:6, 37:38), eliminados (Sl 37:22,28,34,
104:35), exterminados (Sl 37:9, 54:5, 145:20), consumidos (Sl 21:9, 59:13, 112:10), devorados (Sl 21:9, 63:10)
e que deixarão de existir (Sl 37:10, 59:13, 104:35), também disseram que eles
serão «destruídos para sempre», o que prova que a destruição eterna não
era de modo algum entendida no sentido de uma existência eterna, mas sim
como uma destruição irreversível; uma condição da qual o ímpio jamais
retornaria:
“O insensato não entende, o tolo não vê que, embora os
ímpios brotem como a erva e floresçam todos os malfeitores, eles serão
destruídos para sempre” (Salmos 92:6-7)
Como bem observou o erudito Basil Atkinson:
Quando
o adjetivo aionios com o sentido de “eterno” é empregado no grego com
substantivos de ação faz referência ao resultado da ação, não ao processo.
Assim, a frase “castigo eterno” é comparável a “eterna redenção” e “salvação
eterna”, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou
sendo salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma
vez por todas por Cristo, com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos
não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos
uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo “vida”
não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a
própria vida é eterna.[16]
Em suma, um grupo (o dos salvos) viverá para sempre,
ao passo em que o outro grupo (o dos perdidos) morrerá para sempre. Um
herda a vida, e essa vida é eterna (o que significa que a pessoa nunca mais vai
morrer), enquanto o outro herda a morte, e essa morte também é eterna (o que
significa que a pessoa nunca mais vai viver). No primeiro caso há uma existência
eterna, e no segundo uma inexistência tão eterna quanto. A “morte
eterna” não é um processo eterno de morte onde você está sempre morrendo e
nunca morre de uma vez; ao contrário, é eterna porque dela não há mais volta.
O contraste, portanto, era entre estar vivo para
sempre ou morto para sempre, entre existência ou inexistência eterna. Mateus
25:46 não foge à regra absoluta de toda a Escritura – que contrasta vida e
morte como os dois únicos destinos possíveis – para criar um conceito novo e
estranho à Bíblia, onde há vida nos dois lados: uma vida eterna no céu para os
salvos, e uma eternidade no inferno para os condenados. Em vez disso, o texto
reforça a mensagem mais óbvia e recorrente de toda a Bíblia: a de que só os
justos herdarão a vida, e os ímpios a morte. Não uma vida passageira ou uma
morte reversível, mas uma vida eterna e uma morte eterna.
• Apocalipse 20:10 e o significado do
“lago de fogo”
O significado do “lago de fogo” foi uma
das principais razões que me levaram a fazer uma segunda edição reformulada do
livro, e é inclusive a primeira parte do livro que eu estou escrevendo (embora
provavelmente não seja a primeira que você esteja lendo). Na edição anterior do
livro, eu interpreto Apocalipse 20:10 como uma hipérbole, dado o caráter
altamente hiperbólico do livro. No entanto, reconheço que se trata de uma
explicação superficial, pois parte do pressuposto errôneo de que o lago de fogo
descrito no livro diz respeito a um lago de fogo literal – ou seja, o mesmo
pressuposto tomado pelos imortalistas, que entendem o lago de fogo como o
“inferno” do qual tanto falam.
Nós veremos aqui que o lago de fogo é
uma simbologia que tem sua razão de ser, mas que aponta para a segunda morte,
não para a continuidade da vida humana. Embora os mortalistas creiam em um
castigo temporário que precede a morte, não é dele que João fala ao usar a
figura do lago de fogo, mas da própria morte que é o resultado final do
castigo. Como sabemos disso? Simples: o próprio João disse!
"Então
a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a
segunda morte” (Apocalipse
20:14)
Observe que este versículo aparece depois
do verso 10, que diz que “o diabo, que as
enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido
lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para
todo o sempre” (Ap 20:10). Este é o único texto em toda a Bíblia que
fala de um tormento eterno dos ímpios, embora os “ímpios” aqui se refiram
apenas à besta, ao falso profeta e ao diabo. Em outras palavras, o verso 14 explica
o significado da figura do lago de fogo usada no verso 10, ao dizer que o
lago de fogo nada mais é que a segunda morte.
E essa segunda morte não pode ser
entendida apenas em um “sentido espiritual”, pois espiritualmente falando a
Bíblia é clara ao dizer que os ímpios já estão mortos (Ef 2:1), e não
faz sentido nenhum “matar um morto” – isto é, condenar à segunda morte
alguém que nunca passou da morte para a vida para que seja espiritualmente
morto de novo. O texto só faz sentido se for lido no sentido de uma morte
física e real, no mesmo sentido da primeira. Tanto justos como ímpios estão
vivos hoje e morrerão um dia, e essa é a primeira morte. Mas a Bíblia ensina
que há ressurreição para justos e ímpios (Jo 5:28-29), que os tira do
estado de morte e os traz novamente à existência. É aí que o destino de justos
e ímpios muda drasticamente: enquanto estes morrem novamente (=segunda morte),
os justos vivem para sempre.
É por isso que parte nenhuma da Bíblia
afirma que os justos estão isentos de sofrer a primeira morte, mas diz sempre
que eles estarão livres da segunda morte, que é a morte final e
definitiva:
“Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz
às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte” (Apocalipse
2:11)
“Felizes e santos os que participam da primeira
ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes
de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos” (Apocalipse
20:6)
Se o texto que fala da segunda morte
estivesse se referindo a uma morte puramente “espiritual” (mas com a pessoa
ainda existindo fisicamente), teríamos que entender a primeira morte como
também se referindo a uma morte espiritual, e isso nos levaria à difícil
situação em que um ímpio morre espiritualmente duas vezes, mesmo jamais tendo
vivido espiritualmente após passar pela primeira morte espiritual. A essa teologia
que consegue matar um morto eu carinhosamente chamo de “teologia-zumbi”, onde
uma mesma pessoa é espiritualmente morta duas vezes, mesmo sem estar viva
espiritualmente para que possa morrer de novo.
A teologia-zumbi não explica por que os
salvos passam pela primeira morte já que estão vivos espiritualmente, muito
menos por que a morte espiritual dos ímpios não seria uma só (que se estenderia
por toda a sua existência). Não é preciso muito intelecto para perceber como a
interpretação mortalista do texto faz muito mais sentido: como a primeira morte
é a morte que passamos ao final desta vida, tanto os justos como os ímpios
passam por ela, e como a segunda morte é a morte final de alguém que
ressuscitou, apenas os ímpios experimentam a segunda morte. Isso explica por
que os salvos são livres da segunda morte mas não da primeira, e também por que
os ímpios sofrem duas mortes (uma vez que ressuscitam ao final do milênio para serem
julgados e receber a justa retribuição por seus atos, e só então morrer em definitivo).
Outros imortalistas entendem a primeira
morte não como uma morte espiritual, mas como a separação entre a alma e o
corpo por ocasião da morte. Mas se a primeira morte é a separação da alma do corpo,
porventura seria a segunda morte uma segunda separação da alma do corpo,
após a ressurreição? Se este for o caso, qual o propósito de uma ressurreição
que religa corpo e alma para imediatamente em seguida separá-los novamente? Se
não for, o que faz pensar que a segunda morte consiste em um tipo de morte
totalmente diferente da primeira? Apenas o condicionamento psicológico é capaz
de levar alguém a concluir uma das duas hipóteses excêntricas, não uma análise
racional dos fatos.
Note ainda que João não diz que a
segunda morte é o lago de fogo, como interpretam os imortalistas, mas precisamente
o contrário: que o lago de fogo é a segunda morte. Se o lago de fogo da
visão que João recebeu significasse um lago de fogo literal, João nem ao menos
precisaria explicar do que ele se trata, já que seu significado seria o próprio
conceito. A única razão pela qual João precisou explicar o que o lago de fogo
representa é justamente porque ele não é um lago literal de fogo e enxofre,
mas está tipificando outra coisa. Quando, portanto, ele diz que “o lago de fogo é a segunda morte” (Ap 20:14),
nada mais está do que esclarecendo o que a alegoria do lago de fogo se refere.
Tampouco faria sentido João dizer que o
lago de fogo é a segunda morte se essa segunda morte fosse o lago de fogo
(literal), o que cairia num círculo vicioso bizarro onde A significa B, que na
verdade significa A (o lago de fogo significa a segunda morte, e a
segunda morte significa o lago de fogo). É simplesmente surreal que
alguém chegue a uma conclusão dessas, mas é essa é a triste conclusão que eles
são forçados a chegar quando tomam por pressuposto que o lago de fogo é o
próprio inferno. Ou João estava usando um raciocínio circular pueril e redundante
para dizer que o lago de fogo significa a segunda morte que na verdade
significa o lago de fogo, ou de fato a segunda morte e o lago de fogo são duas
coisas diferentes, onde a primeira é a definição daquilo que é alegoricamente
representado na figura do segundo.
A consequência catastrófica da
interpretação imortalista é que ela inverte representado e representação,
ou seja, toma o símbolo como a realidade e a realidade como o símbolo. João não
diz que a segunda morte “significa” alguma coisa. A segunda morte é o que é:
segunda morte. O que tem um significado por detrás não é a segunda morte, mas o
lago de fogo, que é a segunda morte. Em termos simples:
o lago de fogo é um símbolo, e a segunda morte é o significado desse símbolo.
Os imortalistas invertem todo o panorama aqui e o jogam de pernas pro ar,
transformando a segunda morte em um símbolo, e fazendo do lago de fogo o seu
significado. Isso é eisegese no seu pior nível.
Para compreender melhor isso, comparemos
com a própria linguagem utilizada por João em outros textos do Apocalipse, tais
como o das estrelas e candelabros:
“Voltei-me
para ver quem falava comigo. Voltando-me, vi sete candelabros de ouro e entre
os candelabros alguém ‘semelhante a um filho de homem’, com uma veste que
chegava aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor do peito. Sua cabeça e seus
cabelos eram brancos como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram
como chama de fogo. Seus pés eram como o bronze numa fornalha ardente e sua voz
como o som de muitas águas. Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua
boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando
brilha em todo o seu fulgor. Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então
ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: ‘Não tenha medo. Eu sou o
primeiro e o último. Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo
para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades. Escreva, pois, as
coisas que você viu, tanto as presentes como as que estão por vir. Este é o
mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete
candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete
candelabros são as sete igrejas’” (Apocalipse 1:12-20)
Observe que primeiro o autor trabalha
com a metáfora, descrevendo sete candelabros e sete estrelas, dentre outros
símbolos. Mas no final ele explica o que são as sete estrelas
e os sete candelabros, ao dizer que as sete estrelas são os anjos das sete
igrejas, e que os sete candelabros são as sete igrejas. Nós temos aqui os
símbolos (as estrelas e os candelabros) e os significados dos símbolos (os
anjos e as igrejas). Agora imagine se algum “intérprete” da Bíblia dissesse que
na verdade é o contrário: que os anjos é que representam estrelas, e que as
igrejas é que significam candelabros. Como você reagiria a isso?
Pois é exatamente o mesmo que
fazem com o lago de fogo, que João explica que significa a segunda morte da
mesma forma que explica o significado dos outros dois:
Alegoria
|
Significado
|
“Vi sete candelabros de ouro” (1:12)
|
“Os sete candelabros são as sete
igrejas” (1:20)
|
“Tinha em sua mão direita sete
estrelas” (1:16)
|
“As sete estrelas são os anjos das
sete igrejas” (1:20)
|
“A morte e o Hades foram lançados no
lago de fogo” (20:14)
|
“O lago de fogo é a segunda morte”
(20:14)
|
Não há razão, causa, motivo ou
circunstância para se interpretar a segunda morte como significando o lago de
fogo, quando o que ocorre é claramente o oposto. O que os imortalistas fazem
com o texto é inverter a representação, desse jeito:
O que o texto diz
|
Como o
imortalista o lê
|
“O lago de fogo é a segunda morte”
|
“A segunda morte é o lago de fogo”
|
Como Bacchiocchi escreve,
a
segunda morte é o lago do fogo, e não vice-versa. O significado da segunda
morte deriva do sentido da primeira morte experimentada por todo ser humano
quando da cessação da vida e disso depende. A segunda morte difere da primeira
morte, não em natureza, mas em resultados. A primeira morte é um
sono temporário porque segue-se a ressurreição. A segunda morte é a extinção
permanente e irreversível dela porque não há despertar.[17]
É preciso destacar que no Apocalipse
nem tudo é desvendado; na verdade, a maior parte João deixa apenas nas
“entrelinhas”, sem dar o seu significado direto (ele dá pistas, mas não diz
abertamente do que se trata). Mas há casos onde ele dá o significado das próprias simbologias que
usa, como nos exemplos citados do candelabro e das estrelas, ou quando diz
que “as taças de incenso são as orações dos
santos" (Ap 5:8), ou quando escreve que “o linho fino são os atos de justiça dos santos” (Ap
19:8). Ou seja, nem sempre o que João escreve em símbolos é apenas uma incógnita:
muitas vezes ele mesmo dá os significados (significados esses que alguns
incrivelmente conseguem distorcer e tentar dar outros significados no lugar, ou
pior ainda, insistir que a própria alegoria é literal!).
Tampouco faria sentido a segunda morte
significar alguma outra coisa, pois a segunda morte já é o
significado de uma alegoria, e o significado de uma alegoria precisa ser
literal (não faz sentido algum explicar uma alegoria com outra alegoria, que no
final não explica nada!). Tome como exemplo novamente o texto das estrelas e
dos candelabros, que João diz que significam anjos e igrejas. Seria ridículo se
alguém dissesse que os anjos na verdade não são o significado das estrelas, mas
representam algo maior, ou que as igrejas não são o significado dos
candelabros, mas representam alguma outra coisa (como se João estivesse
explicando o significado de uma alegoria com mais alegoria, e no fim das contas
não explicando nada com nada).
Tal é o que ocorre com o lago de fogo:
se João diz que o lago de fogo é a segunda morte, a segunda morte não é uma
alegoria ou uma representação de algo maior, mas o próprio significado que
precisa ser literal. Da mesma forma, aquilo ao qual se está dando um
significado (neste caso, o lago de fogo) não pode ser literal, doutro modo ele
próprio já seria o significado para si mesmo, em vez de receber uma
significação externa. Assim como seria ridículo dizer que as sete estrelas são
sete estrelas literais nas mãos de alguém e que ao mesmo tempo representam
anjos, também é ridículo inferir que o lago de fogo é um lago de fogo literal e
ao mesmo tempo representa a segunda morte. Em suma, o lago de fogo precisa ser
tão simbólico quanto a figura das estrelas e dos candelabros.
Outra forte evidência de que a segunda
morte é a morte final e definitiva, e não uma existência sem fim ou a separação
da alma do corpo, é que essa expressão sempre foi entendida dessa maneira no
Targum. O Targum é uma coletânea de comentários bíblicos em aramaico feita
pelos antigos judeus para a melhor compreensão dos que tinham o aramaico como
língua materna, em lugar do hebraico (idioma em que o AT foi escrito, mas já
quase em desuso na época de Jesus). Embora os comentários não sejam canônicos,
eles são extremamente valiosos por nos mostrar a forma como os judeus pensavam
e interpretavam a Bíblia, lançando luz sobre diversos textos. E, no Targum, a
expressão “segunda morte” é sempre lida no sentido aniquilacionista, de uma
morte cabal e definitiva.
O Targum de Jeremias 51:57 (um oráculo
contra a Babilônia onde Deus diz que eles “dormirão para sempre e jamais
acordarão”) declara: “Eles
morrerão a segunda morte e não viverão no mundo por vir”[18]. De modo semelhante, o
Targum comenta Deuteronômio 33:6 (“que Rúben viva e não morra, mesmo sendo
poucos os seus homens”) da seguinte maneira: “Que
Rúben viva neste mundo e não morra na segunda morte, na qual os ímpios morrem
no mundo por vir"[19].
Novamente, a respeito de Isaías 65:15, o Targum comenta: “E deixareis o vosso nome por maldição para os meus
escolhidos e o Senhor Deus vos matará com a segunda morte, mas a seus servos,
os justos, ele chamará por um nome diferente”[20].
Como se nota, o termo “segunda morte” já era uma
expressão usada pelos judeus aniquilacionistas desde antes da época do Novo
Testamento, e caracterizava não uma existência eterna e consciente longe de
Deus, mas a própria ausência da vida – uma morte no sentido mais completo e
literal da palavra. Se João fosse imortalista, ele jamais teria usado o termo
“segunda morte”, sabendo que se tratava de uma expressão corrente para
designar o aniquilamento dos ímpios.
Em parte alguma da literatura judaica pré-cristã a
“segunda morte” é usada no sentido de um tormento eterno ou de uma existência
infindável, mas sempre e somente no sentido aniquilacionista. Seria demasiado estúpido
supor que João usaria um termo que em toda a literatura judaica da época
designava aniquilacionismo, para ensinar precisamente o conceito oposto. Na
melhor das hipóteses, seria uma escolha bastante inapropriada, e, na pior, uma
tentativa deliberada de tentar confundir seus leitores judeus.
Mas se o “lago de fogo e enxofre” do qual João fala é
uma figura apocalíptica que simboliza a segunda morte, e não um lago de fogo
real onde os ímpios agonizam para sempre, ainda resta uma pergunta: por que
João usa esse símbolo, e não qualquer outro? Temos fortes razões para acreditar
que a razão está precisamente em como os ímpios morrerão. Nós já vimos
no capítulo anterior que os ímpios serão consumidos pelo fogo que Deus fará
cair do céu sobre eles, um fogo que “não lhes
deixará nem raiz nem ramos” (Ml 4:1), reduzindo-os às cinzas da mesma
forma que ocorreu com Sodoma e Gomorra (2Pe 2:6). Nessa mesma linha, o salmista
escreve que “sobre os ímpios [Deus] fará chover
laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo” (Sl
11:6).
Aqui vemos a presença do fogo e enxofre, não
como um lugar em que os ímpios passarão a eternidade em tormentos, mas como a
forma que eles serão consumidos por Deus. Jesus expressou algo semelhante ao
dizer que “no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu
fogo e enxofre do céu e os consumiu a todos” (Lc 17:29), e que “assim será no dia em que o Filho do homem há de se
manifestar” (v. 30). Novamente vemos o fogo e o enxofre, não como
um lugar de castigo, mas como o modo com que Deus há de consumir os
ímpios, que é o mesmo que ele usou para destruir Sodoma (fogo caindo do céu à
terra). Os habitantes de Sodoma não sobreviveram eternamente em meio às chamas;
eles foram consumidos, como Jesus disse. O paralelo mostra que o “fogo e
enxofre” aqui em nada tem a ver com um “inferno” como o conhecemos, mas com a
aniquilação da vida humana através do fogo.
A presença do “lago”, que é ausente nestes textos,
presumivelmente se dá em consequência do fogo e enxofre que caem do céu sobre
bilhões de condenados, o que inevitavelmente criaria um “lago” de fogo ardente
no local onde os ímpios foram consumidos. Daí a imagem do “lago de fogo e
enxofre” que João descreve, não como um lugar de castigo consciente como se
depreenderia se o relato fosse literal, mas como uma imagem apropriada para a
segunda morte, já que o modo como Deus consumirá os ímpios corresponde à imagem
de um lago de fogo e enxofre que se forma em decorrência de sua aniquilação
(segunda morte).
João poderia ter usado
qualquer outro símbolo para se referir à morte final, mas escolheu o do “lago
de fogo e enxofre” por transmitir de forma mais vívida a imagem do que acontece
na destruição dos ímpios. O lago de fogo, em si, é mais uma simbologia
apocalíptica, mas uma simbologia que tem tudo a ver com a segunda morte, a quem
ele representa. Se alguém ainda prefere insistir em pensar que o
lago de fogo é um lago de fogo literal conhecido pelo nome de “inferno”, e não
uma metáfora adequada que designa a morte final e definitiva pelo fogo e
enxofre, simplesmente considere o tipo de coisa que é lançada nele:
"Então
a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda
morte” (Apocalipse
20:14)
Observe que o lago de fogo não é apenas
o local para onde vão os ímpios após a ressurreição, mas também para onde coisas
abstratas e/ou inanimadas são lançadas, como é o caso da morte e do Hades.
Independentemente de qual seja a noção que você tenha do Hades (se como a
sepultura universal dos mortos, como na Bíblia, ou se como um “inferno”, como
na mitologia imortalista), uma coisa você deve concordar: ele não é um ser pessoal
para que seja literalmente lançado em um lago literal de fogo e enxofre. A
propósito, seria ainda mais ridículo assumir neste texto que o Hades é o
inferno da teologia imortalista, pois neste caso o texto estaria dizendo, nada
mais e nada a menos, que um inferno é lançado dentro de outro inferno!
E as bizarrices não terminam aí: a
própria morte é lançada no lago de fogo! Como uma coisa impessoal e abstrata
como a morte pode ser lançada num lago literal de fogo e enxofre – um
lugar físico e tangível, de acordo com os imortalistas? A não ser que os
quadrinhos da Marvel estejam certos e a Morte seja uma entidade real (a esposa
de Thanos, para ser mais preciso), não há como conceber que um acontecimento ou
um estado seja lançado dentro de um lago de fogo literal – o que não faz
sentido algum, embora faça tanto sentido quanto qualquer outra afirmação dos
brilhantes eruditos imortalistas.
Se por um lado a interpretação
imortalista do texto é uma bizarrice total inteiramente desprovida de lógica ou
bom senso, observe como tudo se encaixa perfeitamente quando entendemos que o
lago de fogo é uma metáfora que significa a morte final e definitiva (a segunda
morte, no caso dos ímpios). Por que “segunda” morte? Porque a primeira é a que
passamos ao final da vida, mas esta é revertida na ressurreição, que nos
recoloca no estado de vida (existência). Já a segunda é definitiva, pois não há
ressurreição futura para ela, o que faz dela uma morte eterna, sem
fim. Então, quando o texto diz que a morte e o Hades (sepultura universal) são figurativamente
lançados no “lago de fogo”, tudo o que ele está dizendo é que a morte será
agora definitiva, final, irreversível, um caminho sem volta.
A morte ser lançada no lago de fogo é
uma outra forma de dizer aquilo que em outro lugar João expressou sem rodeios: “Não haverá mais morte... pois a antiga ordem já passou”
(Ap 21:4). A “morte da morte” é um conceito escatológico bem presente do Antigo
ao Novo Testamento. Isaías diz que Deus “destruirá a morte para sempre” (Is 25:8), e Paulo
alega que “quando o que é corruptível se revestir
de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a
palavra que está escrita: ‘A morte foi destruída pela vitória’” (1Co
15:54). Obviamente, nem Paulo nem Isaías estavam falando de um inferno literal
sendo lançado dentro de um outro inferno literal, o que além de excêntrico é
completamente incompatível com a linguagem da destruição da morte, uma
vez que ali os ímpios existiriam para todo o sempre em “morte espiritual”.
O que Paulo e Isaías falavam era
do fim da morte, o mesmo aludido por João em linguagem simbólica. No
Apocalipse, a morte é retratada como um personagem, como vemos em Ap 6:8,
onde a morte é descrita como um cavaleiro montado em um cavalo amarelo. No capítulo
20, ela e o Hades são lançados no lago de fogo, representando que já não há
mais morte e nem gente morta. Na nova ordem da nova criação de Deus, há apenas
vida, e vida eterna. Sem entender que João estava falando de símbolos e não da
realidade per se, nada faz sentido. Mas quando assumimos que João
descrevia sua visão através de símbolos e entendemos o que esses símbolos
representam, o significado da alegoria torna-se extremamente óbvio.
Da mesma forma que a morte não é uma
entidade pessoal, mas é tratada como uma na visão alegórica que João recebeu e
descreveu, também a besta lançada no lago de fogo não é um ser humano de carne
e osso, mas um sistema que consiste no império do anticristo. Muitos confundem
a besta com o anticristo como se fossem os mesmos, mas uma leitura um pouco
atenta do Apocalipse exclui essa possibilidade. Os “sete reis” de Apocalipse
17:10 equivalem aos quatro reinos de Daniel 7:17-27 (com a diferença de que
João vai desde o Egito, o primeiro império de supremacia mundial segundo a
Bíblia, enquanto Daniel começa com o reino da Babilônia, o que reinava em sua
época).
João diz que “cinco
já caíram [Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa e Grécia], um ainda existe
[Roma] e o outro não surgiu, mas quando surgir
deverá permanecer durante pouco tempo” (Ap 17:10). E então diz que a
besta é um dos sete, que voltará a reinar na época da grande tribulação (v.
11). Isso significa que a besta não é uma pessoa, mas um império que reinava no
passado e que voltará a reinar no futuro. Quem ele é? O verso 3 diz que a
prostituta está assentada na besta, o verso 11 diz que a prostituta está
assentada sobre sete colinas e o verso 18 diz que é “a
grande cidade que reina sobre os reis da terra”. A única cidade
conhecida no mundo antigo como «a cidade das sete colinas» é Roma, o império
que reinava na época de João. Em outras palavras, a besta é a cidade de sete
colinas sobre as quais a prostituta se assenta, e a cidade das sete colinas
(logo, a besta) é Roma.
Isso está perfeitamente de acordo com a
profecia de Daniel, que descreve Roma como o quarto e último império que estará
reinando quando Jesus voltar, com as mesmas características que João atribui à
besta do Apocalipse (compare Daniel 7:17-27 com Apocalipse 17:3 e 9-14). Daniel
diz que o quarto reino (Roma) “proferirá palavras
contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os
tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a
metade de um tempo” (Dn 7:25). Compare essa descrição do quarto reino
com a que João faz da besta em Apocalipse 13:
“À besta foi dada uma boca para falar palavras
arrogantes e blasfemas, e lhe foi dada autoridade para agir durante quarenta e
dois meses. Ela abriu a boca para blasfemar contra Deus e amaldiçoar o seu nome
e o seu tabernáculo, os que habitam no céu. Foi-lhe dado poder para guerrear
contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo,
língua e nação” (Apocalipse 13:5-7)
Ambos proferem palavras blasfemas
contra o Altíssimo, ambos perseguem os santos até a morte e ambos fazem isso
por três anos e meio (equivalente aos 42 meses mencionados por João e ao «tempo
[ano], tempos [dois anos] e metade de um tempo [meio ano]» de Daniel).
Obviamente, a visão que João recebeu é a mesma de Daniel, porque descrevem a
mesma coisa e os mesmos acontecimentos. A diferença é que Daniel o descreve
como um “animal” (Dn 7:19) e João como uma “besta” (Ap 13:5), usando a palavra
grega therion, que significa «animal selvagem»[21] (e
que é traduzida como “fera” ou como “besta” na maioria das traduções).
Se o animal que João viu foi o mesmo
que Daniel viu e todos os estudiosos são unânimes em concordar que este quarto
animal de Daniel é Roma, segue-se que Roma é a besta que João diz que voltará a
reinar por ocasião dos eventos da grande tribulação (a segunda metade dos sete
anos de tribulação que precedem a volta de Jesus). Explicar tudo isso com
profundidade exigiria muito tempo e talvez um livro inteiro (você pode conferir
o meu artigo sobre isso na nota de rodapé, onde eu explico com mais detalhes[22]),
o que desvirtuaria do propósito deste livro, mas por hora o importante é ter em
mente que a besta não é o anticristo, mas o império que o anticristo
governará.
Sendo a besta um reino e não um
indivíduo, faz menos sentido ainda interpretar o lago de fogo literalmente,
pois um império não pode ser literalmente lançado em um lago de fogo para
sofrer eternamente! Novamente, a única opção que nos resta é entender o lago de
fogo como um símbolo daquilo que o próprio João explicou que era: a segunda
morte, a morte final e definitiva. Não faz sentido um sistema ser jogado dentro
de um lago de fogo literal para ser conscientemente atormentado eternamente,
mas faz todo o sentido dizer que um sistema maligno é destruído para todo o
sempre, que é no que consiste a metáfora do lago de fogo.
O que tem em comum a besta, o Hades e a
morte é que todos eles deixam de existir ao serem lançados no lago de fogo,
justamente porque o lago de fogo representa a cessação da existência. Neste
ponto, eu posso até adivinhar o que você está pensando: se o lago de fogo é uma
metáfora para a morte final e não um lago literal de fogo e enxofre, como
explicar o fato de João dizer que a besta, o diabo e o falso profeta seriam
atormentados para sempre ao serem lançados no lago de fogo? Não deveriam eles
apenas morrer, já que o lago de fogo nada mais é que a própria morte
definitiva? Essa é uma objeção franca que pode e deve ser levantada pelo
leitor, sendo você imortalista ou não.
Para responder a isso, precisamos
primeiro entender como funcionavam as alegorias do Apocalipse, pois o modo como
João trabalha a simbologia de Ap 20:10 é exatamente o mesmo modo com que
trabalha as outras simbologias. Para isso, é preciso entender que há uma
diferença enorme entre a descrição das visões e o significado das
visões. João teve uma visão: ele viu o diabo, a besta e o falso profeta sendo
lançados no lago de fogo e atormentados pelos séculos dos séculos, mas
lembre-se que ele também viu um dragão perseguindo uma mulher grávida no
deserto (Ap 12:13), cavalos que soltam fogo e enxofre pela boca (Ap 9:17),
gafanhotos com rosto humano (Ap 9:7-8), mulher que cria asas e voa (Ap 12:14),
estrelas caindo do céu à terra (Ap 6:13), duas oliveiras e dois candelabros
soltando fogo da boca (Ap 11:4-5), cavalos com cabeça de leão (Ap 9:17), Jesus
no céu com sete chifres e sete olhos (Ap 5:6) e em forma de cordeiro
ensanguentado (Ap 5:6); trovões (Ap 10:3), altares (Ap 16:17), peixes (Ap 5:13)
e aves (Ap 19:17) que falam em linguagem humana, e mais inúmeras outras coisas
que se fôssemos transformar em doutrina iríamos criar muito mais problemas que
o tormento eterno no inferno.
É curioso que as mesmas pessoas que
tomam ao pé da letra a visão que João teve da besta sendo atormentada para
sempre no lago de fogo não interpretam com a mesma literalidade as outras
visões que João recebeu, a ponto de dogmatizar o ensino de trovões falantes e
mulheres grávidas voadoras. Devemos lembrar que embora João escrevesse em
termos simbólicos, ele levava essas simbologias até o fim. Por
exemplo, no capítulo 10 ele diz que engoliu um livrinho. Sabemos que isso
ocorreu na visão e não literalmente, mas mesmo assim ele prossegue descrevendo
a visão, chegando a dizer até mesmo o sabor que o livro tinha, embora seja bem
óbvio que no mundo real ele não engoliu livro algum:
“Depois
falou comigo mais uma vez a voz que eu tinha ouvido falar do céu: ‘Vá, pegue o
livro aberto que está na mão do anjo que se encontra de pé sobre o mar e sobre
a terra’. Assim me aproximei do anjo e lhe pedi que me desse o livrinho. Ele me
disse: ‘Pegue-o e coma-o! Ele será amargo em seu estômago, mas em sua boca será
doce como mel’. Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi. Ele me pareceu doce
como mel em minha boca; mas, ao comê-lo, senti que o meu estômago ficou
amargo’” (Apocalipse
10:8-10)
Note que tudo aqui acontece em uma
visão, não literalmente. João pega um livro aberto das mãos de um anjo, o que faz
parte da simbologia. Ele poderia terminar aí, mas prossegue, levando a
simbologia até seus efeitos finais: ele pega o livro, come o livro e ainda
sente o gosto do livro. Ele não apenas descreve o livro, mas também os efeitos que
esse livro causou, que eram os mesmos que causaria caso existisse em realidade
(ou seja, caso não fosse uma visão simbólica e sim algo literal). Da mesma
forma que o livrinho que João engoliu executou sua função dentro da
própria simbologia, o "lago de fogo" (que é tão metafórico quanto
o livro) também executa o seu papel, que é causar sofrimento (que é o que
aconteceria se alguém fosse literalmente lançado em um lago de fogo).
O tormento no lago de fogo é tão
literal quanto o sabor do livro que João “comeu”, porque ambos ocorrem dentro
da visão, não no mundo real. No mundo real, tanto o livro como o lago de fogo
tem outros significados, mas dentro da visão aquilo ocorre como ocorreria se
fosse real. Um exemplo ilustrativo é o sonho que o faraó teve das vacas magras
engolindo as vacas gordas, registrado em Gênesis 41. Obviamente, nunca existiu
uma vaca magra que literalmente engoliu uma vaca gorda – isso era apenas parte
do sonho, e fora do sonho tinha um significado totalmente diferente do literal
(os anos de fome que sucederiam os de prosperidade). No entanto, embora seja
virtualmente impossível uma vaca engolir a outra na vida real, isso acontece
dentro do sonho, não porque o sonho é literal, mas porque ele ilustra o que
aconteceria se fosse real.
Este é o caso do livrinho que João
engoliu e do lago de fogo: eles não são mais literais do que as vacas gordas do
sonho do faraó, mas dentro da visão executam a função que exerceriam se fossem
reais (no caso, o gosto amargo no estômago, o sofrimento ao ser lançado no lago
de fogo e as vacas gordas engolidas pelas vacas magras). Isso também explica
por que é dito que o tormento no lago de fogo é “para sempre”: porque o que
ele está representando (i.e, a morte) é eterno. Tudo faz um perfeito
sentido dentro da simbologia; a estupidez é transpor da simbologia para
o mundo real aplicando tudo literalmente sem critério algum, como uma criança
pequena faria, em vez de observar o que cada elemento representa.
Em toda a Bíblia, Deus muitas vezes
revela verdades profundas através de uma linguagem figurada e enigmática, que
se tornaria absurda se interpretada literalmente, da mesma forma que nos
exemplos citados. Isso é particularmente verdadeiro em relação ao
Apocalipse: João descrevia as coisas que Deus revelou a ele em visão, mas
essas coisas não eram realidades literais, embora fossem levadas até as suas
últimas consequências no contexto da alegoria. O lago de fogo, que na realidade
significa a morte eterna, dentro da visão era um lago literal
que João estava vendo, cujo sofrimento causado não tinha fim porque
representava um efeito que era eterno (no caso, a morte).
Na sua visão, João viu a Morte
personificada sendo lançada em um verdadeiro lago de fogo assim como a besta e
o falso profeta, mas isso era o que ele via, e não o que aquilo
representava. A razão pela qual faz tão pouco sentido a morte ser
literalmente lançada em um lago de fogo – assim como a besta (Império Romano) e
o Hades (sepultura universal dos mortos) – é porque a visão que João recebeu
não foi dada para ser tomada ao pé da letra, mas para ser entendida através do
significado que ela remete – neste caso, bem explicado no verso 14, que
esclarece que o lago de fogo É a segunda morte.
Dentro da metáfora o
lago queimava e causava sofrimento como se fosse real, assim como dentro da
metáfora o livro que João engoliu era amargo como se fosse real, e dentro
da metáfora as vacas magras engoliram as vacas gordas como se fossem reais.
O problema não é a metáfora, mas os néscios que tomam a metáfora do pé da letra
e a usam como um pretexto sórdido para justificar doutrinas grotescas presentes
em parte nenhuma da Bíblia, e que a contrariam completamente. Chega a ser
espantoso que até mesmo teólogos renomados se prestem ao ridículo de
interpretar a visão de Apocalipse 20:10 literalmente, o que só nos mostra até
que ponto alguém é capaz de chegar quando o que está em jogo são suas crenças
frágeis defendidas a priori.
Por fim, é importante ressaltar o
contexto que antecede imediatamente Apocalipse 20:10, que lança ainda mais luz
a tudo o que constatamos aqui. Os três versículos anteriores dizem:
“Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto
da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão
nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a
batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações marcharam por toda a superfície
da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo
desceu do céu e as devorou” (Apocalipse 20:7-9)
O início do capítulo diz que os justos
ressuscitam antes do milênio e passam os mil anos com Cristo na terra (Ap
20:4), e o verso 5 diz que “o restante dos mortos [ou
seja, os ímpios] não voltou a viver até se
completarem os mil anos”. Quando os mil anos terminam, os ímpios
ressuscitam e são compelidos por Satanás a uma última batalha contra o Cordeiro
e os santos, no local designado como Gogue e Magogue. O que acontece com eles?
O final do verso 9 é claro em dizer que um fogo caiu do céu e os devorou. A
palavra aqui traduzida na NVI como “devorou” é katesthio, que significa
«devorar pelo fogo, consumir totalmente, destruir»[23].
Além daqui, essa palavra aparece outras
três vezes no Apocalipse. Uma é pra dizer que João comeu o livro na
visão (10:9-10), outra é pra dizer que as duas testemunhas soltam fogo pela
boca que devora os seus inimigos, insistindo que “é assim que deve morrer qualquer pessoa que quiser causar-lhes
dano” (11:5), e a outra é pra dizer que “o
dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar
o seu filho no momento em que nascesse” (12:4). Em todos esses textos,
alegóricos ou não, katesthio é usada no sentido de destruir algo
completamente, não de conservar em existência eternamente.
Mas como saber se aqui João falava de
uma destruição literal? O único jeito é recorrendo à fonte de onde João
tirou isso, já que ele não foi o primeiro e nem o único profeta a descrever os
acontecimentos finais. A principal pista neste texto está no lugar designado
para a batalha: Gogue e Magogue. Diferente do vale do Megido, uma colina que de
fato existe em Israel e que é palco da batalha de Apocalipse 19:11-21[24],
Gogue e Magogue não existiam nos tempos bíblicos e tampouco existem hoje. O
único lugar em que elas são mencionadas fora do Apocalipse é em Ezequiel 38 e
39, que também fala do tempo do fim, o que significa que Gogue e Magogue são
provavelmente duas nações que existirão ao final do milênio e participarão
desta batalha final[25].
Em outras palavras, a chave para
descobrir o significado de Apocalipse 20:8-10 está em Ezequiel 38 e 39, os
únicos capítulos que falam de Gogue e Magogue no resto da Bíblia, de onde João
tirou as imagens. E em Ezequiel, tal como em Apocalipse 20:9, o destino dos
rebeldes é claramente a cessação da existência:
“Convocarei a espada contra Gogue em todos os meus
montes, palavra do Soberano Senhor. A espada de cada um será contra o seu
irmão. Executarei juízo sobre ele com peste e derramamento de sangue; desabarei
torrentes de chuva, saraiva e enxofre ardente sobre ele e sobre as suas tropas
e sobre as muitas nações que estarão com ele” (Ezequiel 38:21-22)
“Nos montes de Israel você cairá, você e todas as
suas tropas e as nações que estiverem com você. Eu darei você como comida a
todo tipo de ave que come carniça e aos animais do campo. Você cairá em campo
aberto, pois eu falei, palavra do Soberano Senhor. Mandarei fogo sobre Magogue
e sobre aqueles que vivem em segurança nas regiões costeiras, e eles saberão
que eu sou o Senhor” (Ezequiel 39:4-6)
“Filho do homem, assim diz o Soberano Senhor: Chame
todo tipo de ave e todos os animais do campo: ‘Venham de todos os lugares ao
redor e reúnam-se para o sacrifício que estou preparando para vocês, o grande
sacrifício nos montes de Israel. Ali vocês comerão carne e beberão sangue.
Comerão a carne de poderosos e beberão o sangue dos príncipes da terra como se
eles fossem carneiros, cordeiros, bodes e novilhos, todos eles animais gordos
de Basã” (Ezequiel 39:17-18)
O relato prossegue falando dos
cadáveres dos ímpios deixados ao solo, após a grande matança (Ez 39:11-15).
Assim, está claro que a batalha de Gogue e Magogue não resulta na existência
contínua e interminável dos ímpios, mas em sua completa e total eliminação para
sempre. Com isso em mente, fica muito mais fácil interpretar Apocalipse 20: o
verso 9 diz o que acontece com os pecadores impenitentes (i.e, são totalmente
consumidos pelo fogo devorador que cai do céu), e o verso 15 usa a metáfora do
lago de fogo para reforçar o que acontece com aqueles que são consumidos pelo
fogo, cujo destino é a segunda morte, a privação eterna da existência.
Se o princípio mais básico de interpretação
da Bíblia – o de que a Bíblia interpreta a Bíblia – estiver certo, não
há saída ou escape para a doutrina do tormento eterno, refutada cabalmente por
todos os símbolos usados por João em consonância com seu teor em toda a
Escritura. Só quem isola os textos do Apocalipse e os mutila é que tem um bom
pretexto para ensinar uma heresia que não encontra eco em parte alguma da
Bíblia, fazendo jus ao famoso ditado de que texto fora de contexto é
pretexto para heresia. Como vimos, isso não pode ser mais verdadeiro em
relação à primeira mentira, que sustenta todas as outras.
• O “fogo eterno”
Além de Mateus 25:46 e de Apocalipse 20:10, os
imortalistas se apegam aos textos que falam do “fogo eterno” como a prova de
que os ímpios queimarão conscientemente para todo o sempre. A expressão “fogo
eterno” em relação ao geena aparece duas vezes no evangelho de Mateus (Mt 18:8,
25:41), enquanto a expressão “fogo que não se apaga” aparece uma vez em Mateus
(Mt 3:12), uma em Lucas (Lc 3:17) e duas em Marcos (Mc 9:43,45). Precisamos
reconhecer que a leitura do texto em português, desconectada de seu contexto
histórico-cultural, nos faz pensar que de fato Jesus falava de um fogo que
literalmente nunca se apaga (ainda que os textos nada falem sobre um tormento
eterno e consciente).
E é aí que muitos leigos escorregam, ao não se atentar
para o fato de que a Bíblia foi escrita numa época específica, para um público
específico que tinha seus próprios vícios de linguagem, da mesma forma que nós
temos os nossos. Imagine, por exemplo, se daqui dois mil anos uma civilização
futura, que nada tem a ver com a nossa, lesse um texto de nossa época dizendo
que “fulano de tal morreu de rir”. Alguns seriam tentados a pensar que fulano
riu tanto a ponto de falecer, mas nós sabemos que essa não é a ideia que o
texto pretende, o qual quer apenas reforçar que o indivíduo riu muito.
Ou então pense em alguém que exclamasse: “Que calor
infernal!”. Imortalistas do quarto milênio poderiam usar esse texto como a
prova da existência de uma alma imortal que abandona o corpo e se dirige a esse
lugar tão quente chamado inferno, mas nós sabemos que expressões desse tipo são
apenas hipérboles que não devem ser tomadas ao pé da letra. Da mesma
forma que nós brasileiros, os hebreus também tinham suas próprias forças de
expressão, que se entendidas literalmente podem levar a grandes enganos – e,
por que não, a grandes heresias. O “fogo que não se apaga” é um exemplo
primoroso disso.
Mas como podemos ter a certeza de que isso se tratava
de uma força de expressão semítica e não literalmente de um fogo que não se
apaga? É simples: basta ler a própria Bíblia, que interpreta a si mesma. Tome
como exemplo o texto a seguir, que assim diz a respeito de Edom:
“Os
ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra
se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para
sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre
ninguém passará por ela” (Isaías
34:9-10)
Edom era a terra dos descendentes de Esaú, que muitas
vezes estiveram em guerra com os israelitas. Deus diz que sua terra se tornaria
“piche ardente”, mas não só isso: ele diz que sua fumaça subiria para sempre,
que não seria apagada nem de dia e nem de noite, e que para todo o
sempre ninguém passaria por ela. Mas temos um problema: Edom não está
queimando até hoje, nem existe uma fumaça literalmente subindo de seu
território, e qualquer um nos dias de hoje pode tranquilamente passar pelo seu
território sem medo de ser queimado. Será que o profeta falhou? Será que ele
mentiu ou se enganou, comprometendo a inerrância bíblica?
É evidente que não. Quando Isaías usa essa linguagem
hiperbólica, tudo o que ele pretende é enfatizar o fato de que Edom seria totalmente
destruída pelo fogo, e como resultado nunca mais existiria. E, de fato, os
edomitas não mais existem, e será inútil procurar um país chamado Edom num
mapa-múndi. A profecia acertou com precisão, não porque a terra que pertencia a
Edom esteja literalmente pegando fogo até hoje, mas porque o fogo consumiu tudo
e os edomitas não mais existem. Este é exatamente o mesmo caso do fogo do geena
que “nunca se apaga”: o fogo é chamado de “eterno”, não por literalmente
queimar para sempre, mas por consumir completamente os ímpios, que nunca mais
existirão – tal como ocorreu com Edom e seus habitantes.
Caso você ainda não esteja convencido de que essa
linguagem era mesmo de uso comum entre os hebreus, tome também como exemplo o
texto de Jeremias, onde o Senhor diz:
“Mas, se
não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes
alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado,
então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de
Jerusalém e não se apagará” (Jeremias
17:27)
Deus diz que se o povo deixasse de guardar o sábado e
fizesse entrar alguma carga em Jerusalém, ascenderia um fogo que consumiria
seus palácios e não se apagaria. Lemos em 2ª Crônicas 36:19-21 que o
povo fez exatamente isso, e essa profecia se cumpriu. No entanto, não existe um
fogo queimando os palácios de Jerusalém até hoje – os quais teriam que ser
indestrutíveis, tal como os imortalistas imaginam a alma imortal. Em vez disso,
os palácios foram totalmente queimados pelo exército babilônico de Nabucodonor,
e como resultado eles não mais existem (cf. Jr 52:12-13).
Mais uma vez, vemos a linguagem do “fogo que não se
apaga” sendo utilizada não para representar um fogo que literalmente não tem
fim, mas a destruição total causada pelo fogo, que consome tudo a ponto
de extinguir para sempre – exatamente como a Bíblia descreve a sorte final dos
ímpios. Se você é do tipo teimoso que não se dá por convencido tão fácil, aqui
vai outro exemplo:
“Diga à
floresta do Neguebe: Ouça palavra do Senhor. Assim diz o Soberano, o Senhor:
Estou a ponto de incendiá-la, consumindo assim todas as suas árvores, tanto as
verdes quanto as secas. A chama abrasadora não será apagada, e todos os
rostos, do Neguebe até o norte, serão ressecados por ela. Todos verão que eu, o
Senhor, acendi, e não será apagada” (Ezequiel 20:47-48)
Deus repete duas vezes que a chama abrasadora nas
florestas do Neguebe não seria apagada, mas embora a floresta tenha sido
totalmente consumida pelo fogo e a região seja hoje um deserto árido e estéril,
não há um fogo literalmente em operação até os nossos dias. Mais uma vez, o que
ocorreu foi uma destruição total pelo fogo, que extinguiu para sempre
aquilo que foi consumido. Precisamente o mesmo que acontecerá com os perdidos.
O mesmo acontece em Amós, onde o Senhor declara:
“Assim
diz o Senhor à nação de Israel: ‘Busquem-me e terão vida; não busquem Betel,
não vão a Gilgal, não façam peregrinação a Berseba. Pois Gilgal certamente irá
para o exílio, e Betel será reduzida a nada’. Busquem o Senhor e terão
vida, do contrário, ele irromperá como um fogo entre os descendentes de José, e
a devastará, e não haverá ninguém em Betel para apagá-lo” (Amós 5:4-6)
Apesar de ninguém em Betel poder apagar o fogo, Betel
não seria queimada para sempre, pois o verso 5 diz expressamente que Betel
seria reduzida a nada. A função do fogo não é queimar eternamente, mas consumir
permanentemente.
E se você quer um exemplo do Novo Testamento, basta
ler Judas 7, que diz:
“De modo
semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades ao redor se entregaram a
imoralidade e a relações sexuais antinaturais, foram postas como exemplo, sofrendo
a pena do fogo eterno” (Judas
7)
Judas (não o Iscariotes) diz que as cidades de Sodoma
e Gomorra sofreram a pena do “fogo eterno”. Se lermos o relato de Gênesis 19,
vemos que de fato Sodoma e Gomorra foram consumidas pelo fogo que Deus fez cair
do céu, o qual consumiu e destruiu completamente as duas cidades e todos os
seus habitantes (exceto Ló e sua família, que foram avisados com antecedência e
deixaram a cidade). No entanto, será inútil procurar um “fogo eterno” queimando
as cidades até hoje, até porque a região atualmente compreende o mar Morto, e é
difícil queimar no fundo do mar. Mais uma vez, vemos o mesmo padrão se
repetindo: o fogo devorador consumindo tudo a ponto das cidades e seus
habitantes não mais existirem, mas não um fogo que literalmente continua
queimando até os nossos dias.
Sabemos que grande parte da breve carta de Judas é
baseada em 2ª Pedro, e quando Pedro cita o mesmo exemplo de Judas, ele diz que
Deus “condenou as cidades de Sodoma e Gomorra,
reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios”
(2Pe 2:6). O que acontecerá aos ímpios é o mesmo que aconteceu com as cidades
de Sodoma e Gomorra, que não foram queimadas perpetuamente, mas consumidas
completamente até serem reduzidas às cinzas. Essa é uma descrição perfeita
e inequívoca de aniquilacionismo, mas nada compatível com um fogo literalmente
eterno que atormenta para sempre pessoas perfeitamente vivas e conscientes.
Como comenta o Dr. Bacchiocchi,
o
que é eterno e inextinguível não é a punição pelo fogo, que, como no caso de
Sodoma e Gomorra, causa a completa e permanente destruição dos ímpios, uma
condição que dura para sempre. O fogo é inextinguível porque não pode ser
apagado até que haja consumido todo o material carburante.[26]
Uma razão esclarecedora do porquê que o fogo que
consome é chamado de “eterno” é porque ele vem de Deus, a «chama eterna»:
“Em Sião os pecadores estão aterrorizados; o tremor se
apodera dos ímpios: ‘Quem de nós pode conviver com o fogo consumidor?
Quem de nós pode conviver com a chama eterna?’” (Isaías 33:14)
Tanto a primeira parte do verso
14 como os versos anteriores descrevem o fogo que vem de Deus como um fogo consumidor
(cf. v. 11). No entanto, o final do mesmo verso 14 descreve a chama como
uma “chama eterna”, não porque ela nunca consome aquilo ao qual se destina (o
que seria uma contradição explícita com os textos precedentes), mas porque vem
de Deus, e ninguém mais pode conter. É por isso que a mesma linguagem é usada em referência à ira de Deus,
que é comparável ao fogo (cf. Hb 12:29). O salmista pergunta: “Até quando a
tua ira queimará como fogo?” (Sl 89:46). Se usássemos a mesma exegese
imortalista em relação ao fogo do geena, a resposta deveria ser “para sempre”:
“Porquanto
me deixaram, e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira por
todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar, e
não se apagará” (2ª
Reis 22:17)
“Porque
me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para me provocarem à
ira com todas as obras das suas mãos; portanto o meu furor se derramou sobre
este lugar, e não se apagará” (2ª Crônicas 34:25)
“Portanto,
assim diz o Soberano Senhor: A minha ardente ira será derramada sobre este
lugar, sobre os homens, os animais, e as árvores do campo, como também sobre o
produto do solo; ela arderá como fogo, e não poderá ser extinguida” (Jeremias 7:20)
Será que isso significa que Deus está até hoje irado e
continuará irado para sempre com o povo judeu? Não foi o próprio apóstolo Paulo
que disse que Deus tem um plano para Israel, e que no fim “todo o Israel será
salvo”?
“E assim
todo o Israel será salvo, como está escrito: ‘Virá de Sião o redentor que
desviará de Jacó a impiedade. E esta é a minha aliança com eles quando eu
remover os seus pecados’” (Romanos
11:26-27)
Se todo o Israel será salvo quando Deus remover de
Israel os seus pecados, é sensato concluir que essa ira contra Israel não
durará para sempre, apesar dos textos dizerem que Sua ira não seria apagada –
da mesma forma que os vários textos que falam de um fogo eterno ou que não se
apaga. A ideia de que Deus permanece irado para sempre também contradiz textos
como estes:
“Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e
esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu que não
permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor” (Miquéias
7:18)
“Ficarás indignado conosco para sempre?
Prolongarás a tua ira por todas as gerações? Acaso não nos renovarás a vida, a
fim de que o teu povo se alegre em ti?” (Salmos 85:5-6)
“O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e
cheio de amor. Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.
Não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas
iniquidades” (Salmos 103:8-10)
“Tu te levantarás e terás misericórdia de Sião, pois é
hora de lhe mostrares compaixão; o tempo certo é chegado” (Salmos
102:13)
A mesma ira de Deus, que é em
tantos textos descrita como um fogo inextinguível que não pode ser apagado, é
retratada em outros textos como algo passageiro. Essa é a mesma contradição
aparente que existe entre os textos que falam de um fogo “eterno”, e os que
dizem que o fogo consome. Um exemplo dos mais notáveis está no final do
capítulo 21 de Jeremias, que diz o seguinte:
“Ó dinastia de Davi, assim diz o Senhor: ‘Administrem
justiça cada manhã: livrem o explorado das mãos do opressor; se não a minha ira
se acenderá e queimará como fogo inextinguível, por causa do mal que
vocês têm feito’” (Jeremias 21:12)
Qualquer um que ler este texto
isoladamente será levado a pensar que o fogo da ira de Deus queimará para
sempre. Afinal, ele é claramente descrito aqui como um «fogo inextinguível». No
entanto, note como apenas dois versículos adiante, na própria continuação e
conclusão do texto, o Senhor declara:
“Eu os castigarei de acordo com
as suas obras, diz o Senhor, porei fogo em sua floresta, que consumirá tudo ao redor” (Jeremias 21:14)
No verso 14, vemos que a consequência do “fogo inextinguível” do verso 12
não é manter a coisa existindo para sempre em meio às chamas, mas consumir tudo. É impossível não perceber a correlação com o fogo do geena, igualmente
chamado de “eterno” ou “inextinguível”, mas com a mesma função de consumir aquilo
ao qual se destina, e não de perdurar sua existência (cf. Jó 20:26; Sl 21:9, 59:13,
112:10; Is
1:28, 5:24, 26:11, 30:30, 47:14; Na 1:10; Ml 4:1; Ap 20:9). Qualquer pessoa
minimamente honesta consigo mesma daria o caso por encerrado.
Se depois de tudo isso alguém ainda insistir em dizer
que os ímpios serão atormentados para sempre por causa da linguagem do “fogo
que não se apaga”, que me traga um único texto bíblico que fale de um fogo
eterno que comprovadamente continue queimando até hoje em qualquer lugar da
terra, dentre os muitos exemplos que ocorrem na Bíblia – eu pedi o mesmo na
versão anterior do livro e estou há uma década esperando pacientemente. Ficarei
eternamente grato por isso.
Por fim, mesmo que o fogo do geena fosse literalmente
eterno e inextinguível, isso ainda não seria o bastante para provar que os
condenados serão atormentados para sempre, pois para isso seria necessário que
permanecessem vivos e conscientes durante todo o período, algo que não pode ser
provado pelo simples uso do termo “fogo eterno” nos textos usados pelos
imortalistas, que nada falam sobre isso (para isso eles precisam apelar para os
textos de Mateus 25:46 e Apocalipse 20:10, que já foram exaustivamente
elucidados). Há até mesmo aniquilacionistas que creem que o fogo do geena é
literalmente eterno, baseado no texto de Isaías que diz:
“E
sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o
seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a
carne” (Isaías
66:24)
O texto diz que “o fogo não se apagará”, mas o que o
fogo está queimando? Almas incorpóreas? Pessoas vivas, conscientes e imortais?
Nana-nina-não. Em vez disso, o texto é perfeitamente claro em relatar o tipo de
coisa que o “fogo eterno” queimará: cadáveres! Na verdade, esse texto é
mais um exemplo notório de “fogo eterno que se apaga”, onde o fogo é eterno
pelos efeitos irreversíveis da destruição e não pelo processo em si. Mas
mesmo que fosse tomado ao pé da letra, tudo o que o texto estaria dizendo é que
o fogo continuaria queimando os cadáveres como uma advertência a respeito do
pecado e de suas consequências, não com o propósito de causar sofrimento a um
fantasminha fora do corpo.
Hiperbólico ou literal, o “fogo que não se apaga” é
mais uma prova em favor do aniquilacionismo, seja por representar a
destruição completa dos ímpios reduzidos às cinzas, seja por se referir aos
cadáveres de quem já foi aniquilado. A única inferência completamente
antibíblica, tola e disparatosa é a de que o fogo queima eternamente almas
incorpóreas conscientes ou corpos ressurretos imortais e incorruptíveis. Isso é
não apenas uma ofensa gritante ao bom senso, mas um insulto à hermenêutica e à
própria Escritura, no anseio de encontrar na Bíblia o apoio a uma doutrina
aberrante e injustificável.
Ninguém melhor que Samuele Bacchiocchi comentou a este
respeito quando disse:
Para
entender o sentido da frase “o fogo nunca se apaga” é importante lembrar que
manter um fogo aceso a fim de queimar cadáveres requeria considerável esforço
na Palestina. Os cadáveres não queimam prontamente e a lenha necessária para
sua combustão era escassa. Em minhas viagens pelo Oriente Médio e África muitas
vezes vi cadáveres parcialmente queimados porque o fogo se extinguiu antes de consumir
os restos de um animal. A imagem de um fogo inextinguível tem simplesmente o
objetivo de transmitir o pensamento de ser completamente queimado ou consumido.
Nada tem a ver com a punição eterna de almas imortais. A passagem fala
claramente de “corpos dos mortos” que são consumidos, e não de almas imortais
que são eternamente atormentadas. É lamentável que os tradicionalistas
interpretem esta passagem e declarações semelhantes de Jesus à luz de sua
concepção da punição final, em lugar de fazê-lo com base no que a figura de
linguagem realmente queria dizer.[27]
Encontramos apoio a essa interpretação no próprio
livro de Isaías, que diz que “o poderoso se tornará
como estopa e sua obra, como fagulha; ambos serão queimados juntos, e não
haverá quem os apague” (Is 1:31). O curioso é que Isaías havia dito três
versos antes que “os rebeldes e os pecadores serão destruídos,
e os que abandonam o Senhor perecerão” (v. 28), o que significa
que esse fogo que “não há quem apague” tem a função de destruir os
pecadores até que eles pereçam completamente, não sendo apagado por mãos
humanas até que complete a sua função.
Note mais uma vez a similaridade com a linguagem da
ira de Deus sobre Israel, que, como vimos nos textos anteriormente citados, não
dura literalmente para sempre, mas é expressa nos mesmos termos do fogo do
geena:
Jeremias 4:4
|
Isaías 1:31
|
“Circuncidai-vos ao
Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes
de Jerusalém, para que o meu furor não venha a sair como fogo, e arda de modo
que não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras”
|
“E o forte se tornará
em estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não
haverá quem os apague”
|
Ambos os fogos são chamados de “inextinguíveis” porque
não podem ser apagados por mãos humanas, uma vez que quem o acendeu foi
Deus. Isso não significa que o fogo em si seja literalmente eterno, porque
tanto o fogo da ira de Deus como o fogo do geena tem um fim temporal, que só a
Deus compete. O fogo é “eterno” no sentido de que ele nunca pode ser apagado
por homens, do contrário não poderia executar sua função (que é consumir por
completo aquilo ao qual se destina).
Vale ressaltar que no hebraico, assim como no grego, o
advérbio “nunca” e seus equivalentes temporais (“eterno”, “para sempre” e etc)
são rotineiramente usados para coisas que chegam ao fim após completar a ação.
Por exemplo, quando Jonas saiu do ventre do grande peixe, ele testemunha que
desceu “até à terra cujos ferrolhos se correram
sobre mim para sempre, contudo fizestes subir da sepultura a minha vida”
(Jn 2:6). Como se nota, o “para sempre” (owlam) durou até que
ele saísse do ventre do peixe. Embora em nossa gramática possa parecer estranho
e até contraditório um “para sempre” que dura “até que”, isso não é
incomum quando lidamos com o grego e o hebraico dos tempos bíblicos.
Isaías diz que “Ofel e a
torre da guarda servirão de cavernas para sempre, até que se
derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e
o pomar será tido por bosque” (Is 32:14-15). Aqui, owlam é
inserido imediatamente antes da preposição ‘ad, traduzida como “até
que”. O mesmo ocorre no Novo Testamento. Paulo diz que “tudo
isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, sobre quem
tem chegado o fim dos tempos” (1Co 10:11). “Fim dos tempos” é aqui a
tradução de aion (a mesma palavra usada nos textos do “fogo eterno”)
seguida de katantao (fim). É difícil imaginar algo eterno (aion)
que tem fim (katantao), mas isso é possível no grego porque aion não
carrega necessariamente o sentido de algo sem fim, como quando é empregado em
relação a Deus ou ao destino eterno (vida ou morte eterna).
O aspergir do sangue na festa da páscoa era uma “ordenança eterna” (Êx 12:24), tanto quanto era a
herança de Calebe (Js 14:9), a lepra de Geazi (2Rs 5:27), o sacerdócio de Arão
(Êx 29:9), o reinado de Davi (1Cr 28:4) e a duração do serviço de um escravo estrangeiro
(Lv 25:46). Apesar disso, ninguém poderia supor que tais coisas permaneceriam
após a morte, pois owlam tem aqui o sentido de enquanto durar a
existência terrena. O mesmo se aplica a objetos inanimados. Salomão disse
que o templo que ele construiu seria uma “eterna
habitação” para o Senhor (1Rs 8:12-13), mas ele foi destruído alguns
séculos depois pelos babilônicos, e os israelitas tiveram que construir outro.
Quando entendemos que owlam e aion tem
frequentemente o sentido de algo que dura até que se complete a ação,
fica ainda mais fácil entender o aparente paradoxo de Isaías 66:24, que fala de
um cadáver em chamas, cujo fogo “nunca se apaga”. Isso apenas significa que o
fogo não pode ser apagado por ninguém até que os corpos sejam
completamente consumidos a ponto de serem reduzidos às cinzas, como diz Pedro
(2Pe 2:6). De fato, o próprio Isaías diz que “fogo
devorador” (Is 29:6) reservado aos inimigos do Senhor “os consumirá” (Is 26:11) de tal modo que “serão reduzidos a nada” (Is 41:12).
Eles “sem dúvida eles são
como restolho; o fogo os consumirá” (Is 47:14). “Assim
como a palha é consumida pelo fogo e o restolho é devorado pelas
chamas, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó”
(Is 5:24). Toda a linguagem de Isaías diz respeito a alguém que é
totalmente consumido pelo fogo devorador da parte de Deus, “de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo” (Ml
4:1). Longe de respaldar um tormento sem fim, o vocábulo “fogo eterno” prova
que o fogo não pode ser apagado até que complete a sua função, que consiste em
consumir completamente os inimigos de Deus até que voltem ao lugar de onde
vieram: o pó. Isso é apoiado por inúmeros exemplos bíblicos onde o fogo é
“eterno” ou “inextinguível” não por durar para sempre, mas por consumir
permanentemente aquilo ao qual se
destina.
E não só por exemplos bíblicos, mas também históricos.
É curioso notar que o Manual de Disciplina, um dos manuscritos do mar Morto
encontrados nas cavernas de Qumran, fala expressamente no «extermínio» dos
“homens de Belial” (Satanás) por meio do «fogo eterno» (1QS 2:4-8). O Manual de
Disciplina não é canônico, mas prova que a linguagem do “fogo eterno” era
naturalmente usada pelos judeus aniquilacionistas do período intertestamentário
para descrever o extermínio dos homens ímpios após o juízo final, destruindo
qualquer argumento de que tal linguagem implica necessariamente na crença em um
tormento eterno.
• Apocalipse 14:9-11 e o cálice da ira
Um outro texto apocalíptico usado pelos
imortalistas em apoio à doutrina do tormento eterno, mas que na verdade só
ajuda a reforçar o fato de que a linguagem do “fogo eterno” significa um
aniquilamento permanente, é o de Apocalipse 14:9-11, que assim diz:
“Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz:
‘Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na
mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no
cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos
santos anjos e do Cordeiro, e a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para
todo o sempre. Para todos os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem
recebe a marca do seu nome, não há descanso, dia e noite’” (Apocalipse
14:9-11)
O simbolismo textual aqui é evidente, como comenta
Azenilto Brito:
Os
textos de Apocalipse 14:10-11 apresentam uma situação difícil de entender num
sentido literal: iriam esses condenados sob tormentos assim permanecer “pelos
séculos dos séculos” “diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro”? Será
que estes últimos não encontram nada mais elevado para fazer no céu, em vez de
ficarem a assistir “de camarote”, por tempo infinito, o espetáculo repugnante
desses infelizes sob as agruras do fogo e enxofre?[28]
Embora o texto não mencione o lago de fogo, ele usa
outras duas metáforas para o aniquilamento. Uma é a linguagem do “beber o
cálice da ira”, que é usada várias vezes no Antigo Testamento, todas elas para
se referir à morte de quem bebeu o cálice. Por exemplo, em Isaías é dito que
Jerusalém “bebeu da mão do Senhor o cálice da ira
dele” (Is 51:17). O que aconteceu em decorrência disso? O verso 19
responde com “ruína e destruição, fome e espada” (v.
19), formas distintas pelas quais o povo veio a perecer. De modo ainda mais
enfático, o verso seguinte diz que “eles jazem
à frente de cada rua, como antílope pego numa rede. Estão cheios da ira do
Senhor e com a repreensão do seu Deus” (v. 20).
O termo aqui traduzido como “jazem” é o hebraico shakab,
que pode significar alguém que está apenas descansando, ou um eufemismo para
quem teve relações sexuais (“dormiu” com alguém), ou alguém que jaz morto[29].
Uma vez que o contexto claramente não permite as duas primeiras conotações, a
única conclusão que nos resta é a de que aqueles que beberam o cálice da ira de
Deus morreram. Outra ocasião em que o cálice da ira é mencionado está em
Jeremias, onde Deus diz ao profeta: “Pegue de minha
mão este cálice com o vinho da minha ira e faça com que bebam dele todas as
nações a quem eu o envio” (Jr 25:15). Então Jeremias pegou o cálice e
fez “com que dele bebessem todas as nações às quais
o Senhor me enviou” (v. 17).
O que aconteceu com essas nações em decorrência disso?
Após os versos 18-26 descreverem que nações eram essas que beberam o cálice da
ira de Deus, o verso seguinte diz: “Bebam,
embriaguem-se, vomitem, caiam e não mais se levantem, por causa da
espada que envio no meio de vocês” (v. 27). Alguém que cai pra não mais
se levantar não caiu porque estava bêbado, mas porque morreu. É isso o que
acontece com quem é ferido pela espada do Senhor. Por isso a perícope termina
descrevendo a morte pela espada de todos os inimigos do Senhor que beberam o
cálice da ira:
“Naquela
dia, os mortos pelo Senhor estarão em todo lugar, de um lado ao outro da
terra. Ninguém pranteará por eles, e não serão recolhidos e sepultados, mas
servirão de esterco sobre o solo. Lamentem-se e gritem, pastores! Rolem no
pó, chefes do rebanho! Porque chegou para vocês o dia da matança e da
sua dispersão; vocês cairão e serão esmigalhados como vasos finos. Não haverá refúgio
para os pastores nem escapatória para os chefes do rebanho. Ouvem-se os gritos
dos pastores e o lamento dos chefes do rebanho, pois o Senhor está destruindo
as pastagens deles. Os pastos tranquilos estão devastados por causa do fogo da
ira do Senhor. Como um leão, ele saiu de sua toca; a terra deles ficou
devastada, por causa da espada do opressor e do fogo de sua ira” (Jeremias 25:33-38)
Note a incrível semelhança com o texto de Isaías
66:24, que também diz que os mortos no «dia da matança» não teriam seus corpos
sepultados, mas seriam “um horror a toda a carne”.
Ambos os textos descrevem o mesmo evento: os inimigos do Senhor que serão
exterminados após o juízo final pela espada do Todo-Poderoso. Observe que em
Jeremias é dito expressamente que isso acontece após eles beberem do “cálice da
ira” do Senhor, e é essa a metáfora que João se apropria em Apocalipse 14:9-11
para descrever o mesmo acontecimento.
Como vemos, a figura do cálice da ira não é citada
aleatoriamente por João, mas é extraída diretamente dos textos do Antigo
Testamento que descrevem o aniquilamento dos ímpios, seja nesta vida ou após o
juízo final. Talvez nenhum texto seja mais enfático quanto a isso do que
Obadias 16, onde Deus diz: “Assim como vocês
beberam do meu castigo no meu santo monte, também todas as nações beberão sem
parar. Beberão até o fim, e serão como se nunca tivessem existido” (Ob
16). O que acontecerá às nações que beberão o cálice? Continuarão existindo
para sempre em tormentos sem fim? Ao contrário, serão como se nunca tivessem
existido, uma descrição perfeita de alguém que é aniquilado e não mais
existe.
O cálice da ira de Deus é “sem mistura”, ou seja, sem
diluição, para assegurar seu efeito letal[30].
O veneno era um dos meios mais usados na época para se matar alguém, e por isso
era uma metáfora apropriada para descrever o que Deus fará com os ímpios. É
inconcebível que João, que conhecia tão bem a linguagem bíblica e as figuras do
Antigo Testamento, se expressasse dessa maneira para se referir ao seu oposto:
uma existência eterna e sem fim. Isso é zombar da inteligência dos
leitores, não apenas de nossos dias, mas sobretudo dos receptores originais.
É curioso notar que João usa a mesma linguagem do
cálice para a Babilônia, a “mãe das prostitutas e
das práticas repugnantes da terra” (Ap 17:5), que estava embriagada com
o sangue dos santos (v. 6). João diz: “Retribuam-lhe
na mesma moeda; paguem-lhe em dobro pelo que fez; misturem para ela uma
porção dupla no seu próprio cálice” (Ap 18:6). O que acontece com a
Babilônia quando bebe uma porção dobrada do seu próprio cálice? Continua a
viver para sempre? Basta prosseguir a leitura para perceber que é justamente o
contrário: “Por isso num só dia as suas pragas a
alcançarão: morte, tristeza e fome, e o fogo a consumirá, pois
poderoso é o Senhor Deus que a julga” (Ap 18:8).
Assim, vemos que no próprio Apocalipse a figura do
cálice se refere à destruição permanente pelo fogo, e não a uma
existência sem fim. Da mesma forma que a Babilônia não bebe o cálice e continua
existindo para sempre, os ímpios não bebem o cálice para continuar existindo,
mas para deixar de existir. Assim como o lago de fogo, o “cálice sem
mistura” é mais uma figura que João emprega para retratar o aniquilacionismo
dos ímpios, não um sofrimento eterno e consciente.
A segunda metáfora que o texto usa para o
aniquilacionismo é a “fumaça que sobe para sempre”. Já vimos que João tirou a
linguagem do cálice da ira de vários textos do Antigo Testamento que denotam a
morte dos ímpios, mas de onde ele tirou a linguagem da fumaça que sobe para
sempre, e qual o seu significado? Uma comparação simples com Isaías 34:10
responde a isso sem abrir margem a dúvidas:
Edom
|
Ímpios
|
“Nem de noite nem
de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em
geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela” (Isaías
34:10)
|
“Será ainda
atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro, e
a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre. Para
todos os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem recebe a marca do seu
nome, não há descanso, dia e noite” (Apocalipse 14:10-11)
|
Ambos os textos usam a expressão “dia e noite” e falam
de uma fumaça que subiria para sempre, mas nós já vimos que a fumaça de Edom
não subiu literalmente para sempre, mas queimou por um tempo até consumir
completamente a região, e então se extinguiu. Se João recorreu à mesma
metáfora de Isaías, a única conclusão intelectualmente honesta e aceitável é
que o fogo executa o mesmo papel, não de queimar para sempre, mas de consumir
permanentemente. Assim como a figura do cálice sem mistura, a do
“fogo que sobe para sempre” tem o mesmo objetivo de retratar o eterno
aniquilamento dos ímpios, o que qualquer leitor familiarizado com a linguagem
profética do Antigo Testamento compreenderia com facilidade.
Os mesmos imortalistas que usam a linguagem do “fogo
que sobe para sempre” em Apocalipse 14:11 como uma “prova” do tormento eterno
ignoram completamente o mesmo termo quando empregado em relação à «grande
cidade» da Babilônia, que, como vimos, é identificada como Roma (Ap 17:6,9,18).
No capítulo 19, João diz que “a fumaça que dela vem
sobe para todo o sempre" (Ap 19:3). Nenhum imortalista ousa
interpretar esse texto literalmente, porque sabem que uma cidade não pode ser
literalmente atormentada para sempre, e tampouco na nova terra haverá uma
cidade permanentemente em chamas.
Tanto os que identificam a Babilônia como Roma quanto
aqueles que a identificam como Jerusalém (no caso dos preteristas) concordam
que o fogo aqui é um símbolo da destruição total da cidade, não um fogo que
literalmente nunca se extinguirá. Temos evidência disso na própria descrição
que João faz: além da linguagem da “porção dupla” do cálice (Ap 18:6), que já
vimos ser uma alusão à morte e não à permanência da vida, João diz que o fogo a
consumiria (v. 8) e que ela nunca mais seria encontrada, pois não mais
existiria:
“Então um
anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho,
lançou-a ao mar e disse: ‘Com igual violência será lançada por terra a grande
cidade da Babilônia, para nunca mais ser encontrada’” (Apocalipse 18:21)
Por isso, apesar do verso 7 afirmar que ela sofreria
tormento e aflição, seu fim é a total destruição, não uma existência eterna. O
fato da mesma linguagem de Apocalipse 14:11 ser usada em Apocalipse 19:3 como
referência clara e indiscutível à extinção completa pelo fogo, e não a uma
existência sem fim, é mais uma prova inequívoca de que o “fogo que sobe para
todo o sempre” denota o aniquilamento dos ímpios, não sua imortalidade.
• O “bicho que não morre”
Em conjunto aos textos que falam do “fogo eterno”,
“que sobe para sempre” ou “que nunca se apaga”, um outro texto que não sai da
boca dos imortalistas é o do “bicho que não morre”, que consta no evangelho de
Marcos:
“E, se o
teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de
Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno,
onde o seu bicho não morre, e o fogo não se apaga” (Marcos 9:47-48)
Não precisamos explicar a parte do “fogo que não se
apaga”, o que já foi feito anteriormente. Mas o que dizer do “bicho que não
morre”? Para não criar a teologia do “bicho imortal”, alguns imortalistas
chegaram ao ponto de dizer, acredite se quiser, que o “bicho” aqui se refere à
alma do indivíduo(!), e portanto a parte que diz que “o seu bicho não morre”
deve ser lida como “a sua alma não morre” – pronto, está aí a prova da
imortalidade da alma!
Para o azar deles, neste texto Jesus estava aludindo
justamente ao texto de Isaías que afirma:
“E
sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra
mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um
horror a toda a carne”
(Isaías 66:24)
Mais uma vez: o que é que os salvos veem ao olhar para
os ímpios no geena? Almas desencarnadas queimando fisicamente? Seres imortais
sofrendo tormento em um corpo incorruptível? Parece que não. Em vez disso, eles
“sairão e verão os cadáveres dos
homens” que pecaram contra Deus. Cadáveres, e não pessoas vivas!
Pergunta difícil: o que é que come um cadáver? Se você respondeu “vermes”, acertou
(já pode até passar no ENEM). O texto é tão óbvio e de simples assimilação que
é de se impressionar que alguém consiga o feito de encontrar uma alma viva
sendo comida por vermes ali. Devemos lembrar que Jesus dizia essas palavras a
um público judeu, que conhecia bem as palavras de Isaías e jamais o interpretaria
do modo bizarro como fazem os imortalistas.
O geena, como vimos, era o nome dado ao Vale de Hinom,
local situado ao sul de Jerusalém que servia como um verdadeiro “lixão público”
onde se deixavam os resíduos e toda a sorte de cadáveres de animais e
malfeitores. Ali era aceso um “fogo que não se apagava”, pois estava
constantemente aceso para consumir todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que
não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo eram consumidos pela
devastação dos vermes que ali se achavam, que devoravam as entranhas dos
cadáveres em um espetáculo verdadeiramente aterrador.
É este o cenário que Isaías contemplava para os ímpios após o juízo
final, e do qual Jesus faz menção. Não era um cenário onde almas imortais com
corpos ressurretos incorruptíveis eram atormentadas eternamente em meio às
chamas, mas onde cadáveres (i.e, corpos de pessoas já
mortas, que já foram aniquiladas) são lançados para serem devorados pelos
vermes, exatamente como ocorria no Vale de Hinom, que todos os judeus conheciam
bem. Evidentemente, essa visão é inteiramente aniquilacionista do início ao fim,
e em nada se parece com uma alma imortal em um corpo incorrupto (o que é
precisamente o oposto do que ocorria no Vale de Hinom e da imagem que Isaías
transmite).
A imagem de cadáveres sendo deixados no Vale de Hinom para servirem de
alimento aos animais da terra é expressa também em Jeremias, onde se lê:
“Construíram o alto de Tofete no vale de Ben-Hinom, para
queimarem em sacrifício os seus filhos e as suas filhas, coisa que nunca
ordenei e que jamais me veio à mente. Por isso, certamente vêm os dias, declara
o Senhor, em que não mais chamarão este lugar Tofete ou vale de Ben-Hinom, mas
vale da Matança, pois ali enterrarão cadáveres até que não haja mais lugar.
E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos
animais da terra; e ninguém os espantará” (Jeremias 7:31-33)
Note que em Jeremias há a mesma
ideia básica do texto de Isaías citado por Jesus: ambos falam dos ímpios no Vale de Hinom (geena), ambos os descrevem
como cadáveres e ambos dizem que seus corpos são comidos por animais. Mais do
que isso, ambos destacam o fato de que os bichos não sairão dali até que
terminem todo o trabalho (Isaías e Jesus dizem que “o bicho não morrerá”, e
Jeremias diz que “ninguém os espantará”). No entanto, está claro que o que os
animais comem não é uma alma imortal ou um corpo incorruptível, mas meros
cadáveres de gente que pereceu no «vale da matança» (que não leva esse nome por
acaso).
No próprio livro de Isaías há uma passagem menos conhecida, mas que transmite
a mesma ideia do capítulo 66:
“Ouçam-me, vocês que sabem o que é direito, vocês, povo
que têm a minha lei no coração: Não temam a censura de homens nem fiquem
aterrorizados com seus insultos. Pois a traça os comerá como a uma roupa; o
verme os devorará como à lã. Mas a minha retidão durará para sempre,
a minha salvação de geração a geração” (Isaías 51:7-8)
A descrição não deixa margem
para dúvidas: o verme que devora o cadáver dos ímpios o devora literalmente,
da mesma forma que a traça come uma roupa. Não há espaço aqui para um corpo
incorruptível que não pode ser devorado literalmente. O contraste no verso
final deixa claro que os homens ímpios não duram (justamente porque morrem e
são comidos por vermes), diferente da retidão de Deus, que dura para sempre.
Todo o quadro apresentado nos textos bíblicos é de um cadáver sendo devorado
por bichos, não de uma alma imortal ou de alguém vivo e consciente sofrendo em
meio às chamas e vermes.
O texto de Marcos 9:44 é inclusive mais incisivo
quanto a isso, pois enquanto o hebraico usa o termo towla, que se aplica
a qualquer tipo de larva, o grego de Marcos usa o termo skolex, que diz
respeito especificamente ao tipo de verme que depreda cadáveres, como atesta a
Concordância de Strong:
4663 σκωληξ skolex
de derivação incerta; TDNT - 7:452,1054; n m
1) verme, especificamente aquele
tipo que depreda cadáveres.
Portanto, Jesus nada mais estava senão aludindo a um
texto muito conhecido de Isaías em que cadáveres são comidos por vermes (que é
o que acontece a um cadáver). E embora o texto diga que o bicho-skolex “não
morre”, isso deve ser entendido no mesmo sentido hiperbólico do próprio “fogo
que não se apaga”, mencionado imediatamente em seguida. O sentido é de que o
bicho não morre até que o cadáver seja totalmente consumido, e não que o bicho
tem uma vida eterna. Todo o contexto da passagem de Marcos é marcadamente
hiperbólico (um estilo de linguagem baseado no exagero), pois fala de alguém
entrando no Reino de Deus aleijado e sem olho:
“Se a sua
mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida mutilado do que, tendo
as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga, onde o seu verme
não morre, e o fogo não se apaga. E se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o. É
melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no
inferno. onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. E se o seu olho o
fizer tropeçar, arranque-o. É melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do
que, tendo os dois olhos, ser lançado no inferno, onde o seu verme não morre, e
o fogo não se apaga” (Marcos
9:43-48)
Por acaso alguém acredita que no céu haverá caolhos,
manetas e pernetas? Pois deveriam, se tomam o texto ao pé da letra sem
reconhecer o seu caráter obviamente hiperbólico. A ironia é que os próprios
imortalistas reconhecem que ninguém estará mutilado no céu, mas,
misteriosamente, ao chegar na parte do “bicho que não morre” e do “fogo que não
se apaga”, interpretam literalmente sem hipérbole alguma, tamanho o despreparo
e o desespero em se encontrar na Bíblia qualquer mínimo indício da horrenda e
diabólica doutrina do tormento eterno.
A maioria deles também reconhece que os animais não
são imortais por não possuírem uma “alma imortal”, mas subitamente a coisa muda
de modo sinistro em relação ao tal “bicho que não morre”, tudo para sustentar o
argumento de que as pessoas ficarão a eternidade toda sendo comidas por vermes
no geena (já que não faz sentido interpretar o trecho do “fogo que não se
apaga” literalmente e a parte anterior do bicho hiperbolicamente). Não há nada
que não mude conforme a conveniência para salvar uma crença frágil, fraca e
pouco séria, cujos argumentos infantis jogam os princípios mais básicos da
hermenêutica na lata do lixo. Se existe uma coisa imortal na teologia imortalista
não é a alma, mas a desonestidade intelectual de seus proponentes.
• Daniel 12:2 e o “desprezo eterno”
O texto de Isaías ajuda a entender um outro texto que
às vezes também é usado em defesa do tormento eterno: o de Daniel 12:2, que diz
que os justos ressuscitam para a vida eterna, e os ímpios para a vergonha e o
desprezo eterno. O apologista imortalista Robert Peterson argumenta que “enquanto os salvos serão ressuscitados para uma vida que
não tem fim, os ímpios serão ressuscitados para a desgraça infindável”[31],
mas não consegue provar que essa “desgraça infindável” se refere a um
sofrimento consciente (o mesmo que fazem com Mateus 25:46, assumindo a
priori que a punição se refere ao tormento, num típico exemplo de eisegese
que reflete as convicções prévias do intérprete).
O texto de Daniel 12:2 está diretamente associado a Isaías
66:24, pois o termo hebraico utilizado em ambos os textos é o mesmo (deraon,
que é traduzido como “horror” no texto de Isaías e por “desprezo” em Daniel).
Em Isaías, deraon é usado para descrever o sentimento de repugnância
causado pelos cadáveres insepultos e comidos por vermes, e não há qualquer
razão para pensar que Daniel tivesse outra concepção em mente. Ao usar o mesmo
termo empregado por Isaías, ele estava aludindo ao mesmo destino, onde o
“desprezo” está relacionado à decomposição dos corpos, não a um tormento
consciente. Em outras palavras, enquanto os justos tem como recompensa uma vida
gloriosa e digna que dura para sempre, os ímpios tem um fim vergonhoso e
ignóbil, uma morte repulsiva da qual jamais voltarão.
É curioso notar que o mesmo Manual de Disciplina
encontrado entre os rolos de Qumran, que diz abertamente que os ímpios serão
exterminados (1QS 2:4-8), também declara:
“E quanto
à visitação de todos quantos caminham nesse espírito de perversidade, consiste
de uma abundância de golpes administrados por todos os anjos de destruição no
abismo eterno pela furiosa ira do Deus de vingança, de infindável horror e
vergonha sem fim, e de desgraça da destruição por fogo da região das
trevas. E todo o seu tempo de era em era na maior angústia e amarga desgraça,
em calamidades de escuridão até que sejam destruídos com nenhum deles
sobrevivendo ou escapando” (1QS 4:11-14)
Note que o texto fala de «infindável horror e vergonha
sem fim», que é exatamente o mesmo expresso por Daniel. No entanto, o horror (deraon)
e a vergonha eternos não são entendidos como um tormento eterno, mas, ao
contrário, como a consequência da destruição pelo fogo da qual nenhum ímpio
sobreviverá ou escapará. Isso corrobora o fato de que a linguagem de “vergonha
e desprezo eterno” não tinha entre os judeus da época a conotação de um
sofrimento sem fim, mas de uma morte em desonra (que durará para sempre).
Para os judeus, assim como para qualquer um do mundo
antigo, não havia vergonha maior do que morrer de forma indigna, como o ímpio
rei Jeorão, que “morreu sofrendo dores horríveis” (2Cr
21:19) e “seu povo não fez nenhuma fogueira em sua
homenagem, como havia feito para os seus antepassados” (v. 19). “Morreu sem que ninguém o lamentasse” (v. 20), e
foi sepultado fora do túmulo dos reis (v. 20). Isso era sofrer uma morte
vergonhosa, o que no caso dos ímpios após o juízo final é agravado pelo horror
aos seus corpos em decomposição, dilacerados pelos vermes. Nada que pudesse ser
melhor descrito como uma vergonha e um desprezo sem fim.
Um salmo que expressa bem essa condição é o Salmo 52,
que Daniel certamente conhecia bem. Como já vimos, os salmos unanimemente
descrevem o destino final dos ímpios como uma aniquilação irreversível, quando
os ímpios serão completamente consumidos pelo fogo devorador (Sl 21:9), “serão
exterminados” (Sl 37:9) e “deixarão de
existir” (Sl 37:10).
O mesmo salmista declara que os ímpios serão destruídos para sempre, quando
forem eliminados do mundo dos vivos, tornando-se motivo de escárnio para os
justos:
“Amas todas as palavras devoradoras, ó língua
fraudulenta. Também Deus te destruirá para sempre; arrebatar-te-á e
arrancar-te-á da tua habitação; e desarraigar-te-á da terra dos viventes. E os
justos o verão, e temerão, e se rirão dele, dizendo: Eis aqui o homem
que não pôs a Deus por sua fortaleza; antes, confiou na abundância das suas
riquezas e se fortaleceu na sua maldade” (Salmos 52:4-5)
A simetria com Daniel 12:2 está
acima de qualquer dúvida: ambos os textos falam dos ímpios sofrendo escárnio ou
desprezo, e ambos os textos usam o advérbio owlam (traduzido como “para sempre” ou “eterno”). No
entanto, note como o salmista definitivamente não entende essa condição como um
tormento eterno, mas sim como uma destruição eterna. O desprezo que os
ímpios sofrem não decorre de um sofrimento consciente no inferno nem faz
acepção a isso, mas sim ao fato de serem excluídos da “terra dos viventes” e se
tornarem motivo de escárnio para os justos, devido à sua morte indigna. Não
temos razão nenhuma para pensar que Daniel tivesse outra concepção em mente,
que destoasse de todo o padrão da Escritura que ele conhecia e da literatura
judaica.
• Considerações Finais
Como vimos, os poucos textos usados pelos imortalistas
para encontrar um tormento eterno na Bíblia se baseiam em análises
superficiais, interpretações débeis ou traduções defeituosas, que não resistem
a uma exegese simples. De fato, como vimos no capítulo anterior, a Bíblia
ensina a verdade de que os ímpios serão castigados por um tempo proporcional
aos seus pecados, ao mesmo tempo em que diz que eles serão por fim destruídos.
Mas os textos usados na tentativa de enxergar nas Escrituras um tormento eterno
tratam em realidade da morte eterna, que, como vimos, é um conceito
diametralmente antagônico ao do tormento eterno, e respaldado do Gênesis ao
Apocalipse.
De certa forma, não deixa de ser impressionante que em
toda a Bíblia, composta por 66 livros e mais de mil capítulos, não haja nada a
mais que meia dúzia de textos usados em favor da doutrina do sofrimento eterno
no inferno. Quanto aos dois principais, um fala da pena capital (kolasin)
eterna e não de um tormento eterno (Mt 25:46), e no outro o próprio autor
explica a metáfora do lago de fogo como uma referência à segunda morte (Ap
20:10-14). Eles se somam à hipérbole do “bicho que
não morre” (Mc 9:44), cujo contexto diz respeito a cadáveres consumidos
por vermes, e a um conjunto de textos que falam de um “fogo
que não se apaga” (Mc 9:48; Mt 3:12; Lc 3:17), expressão essa que em
toda a Escritura é usada sempre e somente para se referir a qualquer coisa que
tenha sido completamente consumida pelo fogo a ponto de ser extinta para
sempre.
É o tipo de doutrina que seria facilmente
desacreditada com escárnio e sem delongas, se não fosse pelo fato de ser
defendida por grande parte da Cristandade, desde muito. Como eu já disse certa
vez, uma idiotice não deixa de ser idiotice por ser defendida pela maioria, mas
o fato de ser defendida por uma maioria dá ares de credibilidade que ela não
merece, e que tampouco teria se não fosse por isso. Não importa o quão ilógica
ou indecente uma proposição seja: se ela for apoiada por uma maioria,
magicamente se torna uma crença lógica e sensata na cabeça das pessoas – que,
não obstante, irão ridicularizar coisas muito menores se apoiadas por uma
minoria.
Um erro crido por pouca gente é apenas um erro, mas um
erro crido por muita gente e passado adiante pelas gerações vira tradição e
ganha o status de verdade. É por isso que ao longo dos séculos a humanidade tem
a mania de acreditar em tantas coisas burras, que eram levadas a sério pelo
simples fato de serem a crença geral, impulsionadas pelo comportamento manada
de concordar com tudo o que a maioria acredita, para ser aceito no grupo. Foi
por essa mesma razão que muitos judeus criam em Cristo mas se recusavam a
reconhecer publicamente, temerosos do que os fariseus e outras pessoas iriam
pensar, preferindo a glória dos homens à glória de Deus (Jo 12:43).
Diante disso, tudo o que lhes resta são sofismas travestidos
de “argumentos filosóficos” ainda mais fáceis de se derrubar, como veremos no
capítulo seguinte.
Por Cristo e por Seu Reino,
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Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)
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[1] ALFORD, Henry. Apocalypse
of John in the Greek Testament. Chicago: Moody Press, 1958. v. 4, p. 367.
[3] LIDDELL, Henry George; SCOTT, Robert. Greek-English Lexicon. Londres: Clarendon Press, 1966, p. 971.
[4] KITTEL, Gerhard. Theological Dictionary of the New Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1965. v. 3.
[5] YOUNG, Robert. Young’s Analytical Concordance. Nashville: Thomas Nelson Incorporated, 1879, p. 995.
[8] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 201.
[10] RINALDI, Natanael. Imortalidade Condicional ou Sono da Alma. São Paulo: Vida Cristã, 2019, p. 101.
[14] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 200.
[15] GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 382.
[16] ATKINSON, Basil F. C. Life and Immortality: An examination of the nature and meaning of life and death as they are revealed in the Scriptures. Taunton: Goodman, 1969, p. 101.
[17] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 209.
[18] FORD, J. Massyngberde. “Revelation: Introduction, Translation and Commentary”. In: The Ancor Bible. Nova York: Doubleday, 1975, p. 393.
[19] McNAMARRA, M. The New Testament and the Palestinian: Targum to the Pentateuch. Roma: Pontifical Biblical Institute, 1966, p. 117.
[24] De acordo com Apocalipse 16:16, onde o termo “Har Meggido” (vale do Megido) é erroneamente traduzido como “Armagedom” (a tradução de uma transliteração grega que acabou criando um lugar novo no imaginário popular).
[25] Para ser mais preciso, quando João fala das “nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue” (Ap 20:8), ele provavelmente se referia a dois extremos geográficos, assim como quando o Antigo Testamento usava a expressão “de Dã a Berseba” (cf. 1Sm 3:20; 2Sm 3:10; 1Rs 4:25, etc) para designar toda a extensão da terra de Israel (Dã ficava no extremo norte, e Berseba no extremo sul). Como João estava falando das nações “dos quatro cantos da terra”, que é uma expressão usada para se referir a toda a extensão do planeta, é de se supor que Gogue se localize num extremo geográfico, e Magogue no outro extremo. A mensagem principal que o texto quer passar é que Satanás irá reunir os ímpios ressuscitados de todas as regiões da terra para a batalha final contra o Cordeiro e os santos, onde serão definitivamente exterminados pelo fogo consumidor enviado por Deus (Ap 20:9). Diferente da batalha do Armagedom (Ap 19:19-21), que ocorre ao final da grande tribulação e antecede o milênio, aqui não há uma “batalha” propriamente dita, já que as legiões de Gogue e Magogue são devoradas pelo fogo sem que haja combate corpo a corpo.
[26] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 224.
[28] BRITO, Azenilto. Nota do tradutor. In: BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 241.
[30] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. São Paulo: UNASPRESS, 2007, p. 204.
[31] PETERSON, Robert A. Hell on Trial: The case for eternal punishment. Phillipsburg: Nova Jersey, 1995, p. 36.
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Relançamento? Uhuuu esse livro foi muito importante pra mim!
ResponderExcluirSim, tinha muita coisa a melhorar da versão anterior, desde a linguagem até os argumentos que podiam ser aprimorados, e conteúdos novos que não constavam naquela edição. Se você gostou daquela versão então não pode perder essa :)
ExcluirComente:
ResponderExcluirhttps://thatswhatshehad.com/russian-villains-stranger-things/
Certa vez, enquanto eu estava na escola minha professora de história falou da figura do "russo malvado" de Hollywood como um exemplo do imperialismo cultural americano e também que os EUA usam essa imagem como uma espécie de "doutrinação ideológica".
Os russos faziam a mesma coisa com os americanos na Guerra Fria, retratando-os como os "vilões" em seus filmes e obras, a diferença é que a produção artística dos russos era um lixo em comparação com a americana, então quase ninguém ficou sabendo. Sem falar que hoje em dia com o politicamente correto é quase impossível fazer um vilão de cinema, porque virou tudo um mimimi: se o vilão for russo é xenofobia, se for muçulmano é islamofobia, se for gay é homofobia, se for negro é racismo, e assim por diante. Praticamente todos os vilões tem que ser obrigatoriamente homens brancos cisgênero (e de preferência cristãos), senão a patrulha do politicamente correto vai acusar de tudo que é coisa.
ExcluirPutin é o maior vilão russo da atualidade https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/24/hospital-afirma-que-opositor-russo-apresenta-sinais-de-envenenamento.ghtml e o pior que há cristãos que apoiam seu governo só por ele ser contra a agenda LGBT
ExcluirConcordo plenamente com você Gabriel. Aliás apoiar o Putin (que é um Ditador mal-caráter da pior espécie) só porque ele é contra a agenda gay é uma coisa burra, por que até mesmo Fidel Castro (outro ditador comunista mal-caráter) era contra a agenda gay e o Governo Chinês (que também é uma ditadura comunista da pior espécie) fortemente desestimula a homossexualidade na China, embora oficialmente não se posicione contra ou à favor à agenda gay. Aliás o Putin é só mais um comunista (ex-agente da KGB) que se traveste de "conservador" para ludibriar o ocidente, uma vez comunista, comunista sempre!
ExcluirComente esse meme socialista:
ResponderExcluirhttps://pics.onsizzle.com/Facebook-8b23bf.png
Segundo eles, no capitalismo também há filas para pães e também propagandas consumistas, coisa que segundo eles os socialistas eram mais "humanos" nesse quesito, pois segundo eles: sim até tinha filas para pães nos países socialistas, mas só quando estavam em crise, pois quando prosperavam havia comida pra todos e não haviam propagandas consumistas incentivando os pobres à comprar, o que é "desumano" segundo eles.
O engraçado é que é uma foto EM PRETO E BRANCO de uns trocentos anos atrás, porque era o único jeito deles conseguirem encontrar fila para pão em um país capitalista, enquanto as filas pra comprar comida nos países socialistas ocorrem todos os dias até hoje.
ExcluirDa Grande Depressão ainda, que aconteceu há quase 90 anos atrás e antes dessa crise em decorrência da Pandemia de Coronavírus (que trouxe níveis de crescimento compatíveis à Crise de 1929), ou seja, enquanto no Capitalismo tivemos que esperar quase 100 anos para ter uma crise quase equiparável à Crise de 1929, no Socialismo essas crises acontecem o tempo todo.
ExcluirPois é. O capitalismo tem crises, mas o socialismo é em si mesmo uma crise.
ExcluirI am not convinced by these kinds of arguments. I must disagree with this article.
ResponderExcluirWhich part did you disagree with and why? Give your arguments, I'm interested.
ExcluirLucas, como eu posso fala com meu sobre masturbação no caso o vicio q ele tem e pra convece ele a nois doi tenta sai dese vicio junto?
ResponderExcluirEu respondi isso recentemente aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2020/08/confira-live-sobre-inquisicao-e-o.html?showComment=1597278770010#c5695874088278157500
Pode simplesmente reproduzir as minhas palavras para o seu amigo.
Bom dia. Tenho algumas considerações:
ResponderExcluir(1) Em Lucas 2, vemos Maria and José levando Jesus ao templo com 40 dias, para a purificação (Levíticos 12). Nesse episódio sabemos das condições financeiras da família, já que oferecem duas rolinhas (pombas), em vez de carneiro e a ave, para os que pudessem. Ou seja, estavam sem grana. Isso indica que nessa época eles ainda não tinham sido visitados pelos magos, que tinham trazido ouro. Se tivessem o ouro já antes de irem ao templo, a oferta seria a oferta normal, e não a dos pobres. Faz sentido isso?
(2) A estrela então que os magos viram podia ser alguma que durou o tempo necessário para que guiasse os magos (Mateus 2) e não uma supernova explodindo que pudesse ser vista durante o dia. Apenas quem entendesse da coisa, como astrólogos (não o de Virgínia) poderia sacar o evento. E como vieram do Oriente, poderiam ter levando meses se preparando para a viagem, semanas viajando e poderiam ter visitado Jesus quanto ele tivesse meses ou até mais de um ano de idade, e não necessariamente na manjedoura, como nos cartões postais. Pelo menos, se a conclusão anterior for verdadeira, Jesus teria no minimo 40 dias de idade, isso se a família dele tivesse voltado no mesmo dia de Jerusalém para Belém, percurso que levava dias. Faz sentido?
(3) Quando os magos depois foram embora por outro caminho sem avisar Herodes, poderia ser que tivesse levado semanas ou meses depois da primeira visita deles a Herodes para Herodes então perceber que não receberia feedback dos magos a respeito do encontro com a criança. Vamos supor que os magos na primeira visita tivesse dito: 6 meses atrás vimos a estrela do nascimento do Messias, e estamos procurando a cidade. Aí da primeira visita até a conclusão de que eles escaparam por outro caminho pode ser que tenha passado uns 3 a 6 meses, então ele fica furioso e manda matar as crianças, e por precaução manda matar as que tinham de 2 anos para baixo. Faz sentido?
(4) Vamos supor que Maria e José foram pra o Egito assim que os magos partiram por outro caminho, isso deu tempo para que eles usassem o ouro para preparar a viagem e se manter no Egito, então puderam ir com segurança, saindo de noite para não chamar tanta atenção e ir em paz. Digo isso pq não me lembro se nos Evangelhos tem que eles saíram correndo, tipo os soldados de Herodes batendo na porta da frente e eles fugindo pelas portas do fundos, como vi num seriado. Até pq o relato é que eles saíram durante a noite, ligando o modo stealth. Faz sentido?
De fato, quando os magos visitaram Jesus ele já tinha cerca de dois anos de idade, o que pode ser depreendido tanto pelo tempo médio de uma viagem tão longa acompanhando o movimento da estrela, como também das palavras de Herodes (de matar todos os meninos de dois anos para baixo). Mas como a tradição tende a distorcer tudo, criou a ideia de que os magos visitaram Jesus na manjedoura (e não só isso, como também que eram três e que eram reis, daí "os três reis magos", quando a Bíblia fala apenas de "uns magos do Oriente"). Por isso o papel de um teólogo é desfazer as badernas que a tradição criou, e não de reforçá-la, como fazem os dogmáticos.
ExcluirLucas, o que pensa á respeito do aborto voluntário em caso de estupro? É legítimo? Deixa de ser assassinato?
ResponderExcluirNão acho que seja, até porque o feto não tem culpa por aquilo que aconteceu. Pra mim o único caso legítimo é quando a vida da mulher está em risco (como nesse caso recente da menina de dez anos), porque neste caso é vida por vida e a vida da mulher tem preferência.
Excluirvc acha realmente que a vida da menina estava em risco? Nao foi o que uma junta medica disse. Alem disso, da pior forma possivel, ela deu a luz. Mas nao a um bebe que poderia ser dado em adoçao e ser amado, mas a restos mortais de uma vitima de assassinato.
ExcluirIsso não é verdade, nem faz sentido. Uma menina de dez anos não tem estrutura biológica para aguentar um parto, mesmo que isso possa acontecer a chance de morrer é muito alta. Não sei em qual das bilhões de fake news bolsonaristas você se baseia para dizer que não havia risco, mas o próprio médico responsável pelo procedimento disse que o risco era grande:
Excluirhttps://tribunaonline.com.br/risco-do-aborto-era-menor-que-o-parto-explica-medico-sobre-menina-de-10-anos
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2020/08/17/parto-representaria-mais-riscos-a-saude-de-menina-de-10-anos-vitima-de-estupro-do-que-aborto-seguro.htm
O pior é que ainda havia o risco de ambos morrerem (a menina e o bebê) se o aborto não fosse realizado para salvar a vida da mãe, o que é muito comum em se tratando de gravidez extremamente precoce como neste caso. Ser "pró-vida" não é apenas ser a favor da vida intrauterina, mas também da vida fora dela.
https://ndmais-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/ndmais.com.br/seguranca/policia/os-episodios-envolvendo-lideres-das-tres-maiores-religioes-do-brasil-abalam-a-fe/amp/?amp_js_v=a3&_gsa=1&usqp=mq331AQFKAGwASA%3D#referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&_tf=Fonte%3A%20%251%24s&share=https%3A%2F%2Fndmais.com.br%2Fseguranca%2Fpolicia%2Fos-episodios-envolvendo-lideres-das-tres-maiores-religioes-do-brasil-abalam-a-fe%2F
ResponderExcluirLucas, mesmo q catolicos e espiritas possam ser considerados como nao cristaos, eles ainda sao uma boa parte da qual o povo btasileiro ve como tal, vc acha q os casos descritos podem vir a abalar a fe d mt gente q depositava ela n nas doutrinas mas nas pessoas?
De certa forma mancha a imagem sim, é só ver a quantidade de ateus e irreligiosos que atacam o Cristianismo por coisas que não tem nada a ver com os evangélicos (Inquisição, cruzadas, venda de indulgências e etc), embora com a ascensão do neopentecostalismo a gente nem precise dos católicos pra manchar a nossa imagem.
ExcluirComente:
ResponderExcluirhttps://www.huffingtonpost.co.uk/entry/cancel-culture-political-correctness_uk_5f0856d0c5b6480493ce9ec0?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS5ici8&guce_referrer_sig=AQAAAIZtzKgTKPpMo_4fEkeVxCPCVeQcxx90G0vMqvEBX_UnmlshQ978k07OR5IpWrNJJs5yKDxl0PklqOjvgC6RCt6_sg_dkuAT1KYPtRctRFlxYHX_8LIsUTRJRb-HYDTDx2YBiD8-lGNeRG83GMZJ-QmxUEuhoWu4_SS8JXRN4Vpf
O artigo é muito genérico, de qual "correção política" estão falando? Há algumas coisas que precisam ser corrigidas mesmo e faz parte da evolução da consciência humana, mas outras são pura frescura e babaquice sem a menor necessidade (como transformar "todos" em "tod@s" ou "todxs", para não "ofender" as mulheres...).
ExcluirComente:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=Tz86H78BdKY
Eu infelizmente não disponho de tempo para comentar vídeos, a não ser que sejam vídeos muito curtos mesmo, inferiores a 5 minutos.
ExcluirPois bem pra resumir nesse vídeo o Wagner do Canal Tragicômico mostra o que a imprensa não mostrou à respeito do histórico criminal de George Floyd e que segundo ele não foi o Derek Chauvin o responsável pela morte dele:
ExcluirEle mostrou que o George Floyd tem um extenso histórico criminal: que ele foi condenado por assalto à mão armada, que ele apontou uma arma pra cabeça de uma gestante, de que ele era acusado de narcotráfico e que entre 2009 e 2014 ele esteve preso pelo crime de assalto à mão armada, e que quando saiu da cadeia em 2014 ele se mudou para Minneápolis onde tudo começou.
Além disso, segundo ele no vídeo dá pra ver claramente que o mesmo estava sob efeito de drogas (e que isso foi depois revelado na autópsia que ele era viciado em drogas) e que pelo fato do policial não poder imobilizar ele com arma de choque ele se ajoelhou no chão e pra imobilizar, ele chega à admitir que houve excesso desse "policial", mas que a culpa da morte foi inteira do George por estar sob efeito de drogas.
É muito ridículo dizer que o policial imobilizou ele daquele jeito por QUINZE MINUTOS só porque supostamente não conseguia imobilizá-lo com a arma de choque, só alguém muito imbecil acreditaria numa narrativa dessas. Dá pra ver que haviam vários policiais ali, eles facilmente conseguiriam imobilizar o homem sem a necessidade de agir daquele jeito, bastava algemá-lo e pronto, o cara já estava rendido, nem respirar conseguia, muito menos reagir. Esse canal "Tragicômico" é de péssima qualidade, todos os vídeos que eu já vi dele (vídeos que me passaram, porque eu nunca tive o desprazer de assistir um voluntariamente) são conteúdos de extrema-direita, sensacionalistas ou conspiracionistas, endossando narrativas absurdas baseadas em preconceitos escancarados, é um Bernardo Kuster piorado. Eu tenho repugnância a todo o tipo de gente que ao invés de analisar um fato racionalmente e particularmente, tenta sempre torcer um fato para se adequar a uma ideologia, interpretando-o sob um viés ideológico (não importa se de direita ou de esquerda). Dá pra perceber como ele tenta encaixar tudo sob um viés de extrema-direita, o que o leva a defender coisas absurdas e totalmente sem sentido.
ExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ExcluirEu não vejo problema em comentários fora do tema, até porque nem sempre o tema suscita tantas dúvidas, embora de minha parte eu gostaria que todos lessem o artigo e que comentassem alguma coisa sobre o mesmo, mesmo que seja um comentário breve, para em seguida expor outros assuntos. Mas cada um tem sua própria maneira e eu respeito isso. A única coisa que eu não gosto é de receber comentários pedindo pra comentar vídeos e/ou textos muito longos que eu não tenho como ler/assistir/responder, mas o pessoal já está avisado e já estão respeitando isso.
Excluir"O pior é que chegam assim: Comente. No imperativo. Como assim? Esse pessoal é folgado hein? Eles precisam respeitar o seu tempo. Não podem ficar te alugando dessa forma não."
ExcluirO Imperativo não necessariamente significa no contexto de uma ordem, o modo imperativo é o modo verbal pelo qual também pode se expressar (além de uma ordem): pedido, desejo, súplica, conselho, convite, sugestão, recomendação, solicitação, orientação, alerta ou aviso. Quando algum leitor pede ao Lucas para que comente um determinado assunto fora do tema do artigo (porque as vezes o tema do artigo em si nem levanta tantas dúvidas) não é (pelo menos não no meu caso, embora eu raramente use o imperativo, pois em 80% dos casos eu inicio como uma conversa normal, pois só uso quando realmente estou com uma dúvida sobre aquele assunto) em tom de ordem ou obrigação, mas sim como um conselho, uma súplica, uma solicitação e (99% dos casos) um pedido, ou seja o leitor apenas faz um simples pedido ao Lucas para que comente sobre aquele assunto, e o Lucas tem pleno direito de comentar como também não, embora da minha parte eu gostaria que ele tivesse todo o tempo do mundo para sanar as dúvidas de todos os leitores.
E Só pra terminar, quero citar um versículo bíblico:
"Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça."
(João 7:24)
Por favor, eu peço tão encarecidamente ao leitor para que não taxe aos leitores do blog que pedem ajuda ou um conselho ao Lucas de folgados, pois nunca se sabe com quem está falando na internet (pode ser que dentre os leitores do Blog haja algum juiz, promotor ou pessoa que tenha um certo cargo ou influência, pois há muitos evangélicos que são juízes, promotores ou ocupam alguma posição de influência) e taxar todos eles de folgados pode te acatar sérios problemas jurídicos, não estou te ameaçando nem nada (longe disso), apenas estou aconselhando-o amigavelmente para não julgar quem pede ajuda ou um conselho ao Lucas e para que sejas mais prudente para com o próximo, pois nunca se sabe com quem está falando do outro lado no computador. Sou apenas um simples Estudante de Direito que gosta de conversar e dialogar pacificamente com os outros sobre diversos temas e não gosto de recorrer à repressão para impor nada a ninguém, embora na minha profissão terei de lidar com muitos processos judiciais e conflitos. Também sei que o Lucas tem seu tempo, e eu respeito isso, pois nem sempre ele tem tempo de responder às dúvidas dos leitores. Afinal de contas, todos nós temos uma vida fora do Blog. Quanto ao comentário feito pelo Lucas, quero agradecer à ele por sua postura, também quero agradecer por estar sempre respondendo e sanando às minhas dúvidas sejam elas com relação ao tema do artigo ou não. Abraço. Fique com Deus. 🙂💙
Agora quero ver como vai acabar essa treta:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=YKGYx_ZP1Uw
PS. Estou assistindo à essa treta comendo pipoca com refrigerante diet, se você quiser podemos assistir ela juntos e pedir uma pizza pra podermos ver essa treta que tá boa demais.
jesus nasceu em belém ou nazaré
ResponderExcluirBelém.
Excluirhttp://www.biblicalcatholic.com/apologetics/AnsweringJamesWhite.htm
ResponderExcluirThe article is too long to be answered, but the topics he addresses are exactly the same as those I cover in my books "In Defense of Sola Scriptura" and "The Untold Story of Peter" (about the papacy). You can download it from the books page:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2017/04/0.html
If you have difficulty with the language, use this site that translates the pdf from any language to another language:
https://smallpdf.com/pt/blog/traduzir-pdf-para-qualquer-lingua
ResponderExcluirlucas, algumas pessoas dizem que em joão 1:1 no original o certo seria ´´um Deus´´ e não ´´Deus´´ oque acha?
O grego desse texto não traz o artigo indefinido, então deve ser entendido como "Deus", não como "um deus".
Excluirok, obrigado vocês dois
Excluir*Só corrigindo: eu fiz confusão sobre o "artigo indefinido". O que eu deveria ter dito é que o grego não tem artigo indefinido, mas neste texto o artigo definido não é usado na parte que diz que "o Verbo era Deus", assim como não é usado na parte inicial que diz que o Verbo "estava com Deus" (e nem por isso as TJ traduzem por "um deus" nessa parte, que se refere ao Pai da mesma forma que a sequência do texto se refere ao Filho). Geralmente quando se quer afirmar que alguém é "divino" ou "semelhante a Deus", usa-se o termo "theios", e não "theos", como consta no texto. Além disso, os linguistas afirmam que a locução "theos en ho logos" significa literalmente "Deus era o Verbo", por isso é corretamente traduzido como "o Verbo era Deus".
Excluirhttps://guiame.com.br/gospel/noticias/evangelicos-sao-multados-por-atividade-missionaria-na-russia.html E o Julio Severo diz que o Putin é um cristão conservador sincero
ResponderExcluirDaqui a pouco ele vai usar até os países muçulmanos como referencial de "conservadorismo", só porque apedrejam gays.
ExcluirBanzolao falando nessa questão gay vc acha que alguns cristãos hipervalorizam esse pecado,tratam como se fosse pior que os demais pecados?As vezes me dá a impressão de que em vez de ter matado o marido a Flordelis declarasse que é homossexual esses grandes líderes a detonariam,especialmente o Silas Malafaia,que até agora está calado sobre esse caso
ExcluirSim. Não porque a prática homossexual não seja um pecado grave (ela consta na lista de pecados graves que podem levar à condenação, como em 1Co 6:9-10), mas porque certos cristãos focam exclusivamente nisso, como se fosse a única coisa que importasse ou o único pecado que existe.
ExcluirMas pq vc acha que muitas vezes há um foco exclusivo nisso?
ExcluirIsso eu já não sei dizer, teria que perguntar pro Severo ou pro Malafaia...
ExcluirEssa de que os Estados Unidos é a prostituta da Babilônia eu não estava sabendo. Quero ver onde ele vai encaixar os Estados Unidos em sete colinas.
ExcluirOs cinco reis que já caíram devem ser o Aquaman (rei de Atlântida), o Pantera Negra (rei de Wakanda), Aragorn (rei de Arnor, na Terra Média), o rei Arthur e o lateral Reinaldo, do São Paulo (como o próprio nome diz, trata-se de um rei).
Excluir1) Comigo foi parecido, a crença na ressurreição foi o grande gatilho, a partir dela eu fui entendendo o quanto a imortalidade da alma é sem sentido e completamente incompatível com a doutrina da ressurreição, que é ofuscada por ela (e por isso mesmo é tão esquecida em nossos dias e colocada às margens das pregações). Mas só quando eu compreendi que o diabo usa o engano da imortalidade da alma como a base de sustento de todas as piores heresias e desvios possíveis (tais como o culto aos mortos, a comunicação com os "espíritos", a reencarnação, a idolatria, a intercessão dos "santos", a reza aos defuntos e assim por diante) é que eu vi o quão urgente e importante é refutar a primeira mentira contada por Satanás (Gn 3:4), que não à toa é a mais importante, a que sustenta todas as outras. E é justamente pelos protestantes serem tão passivos neste aspecto e aceitarem em grande parte este engano diabólico que as doutrinas satânicas que mencionei continuam tão populares até os nossos dias, algumas delas levadas a sério até mesmo por protestantes. Ou seja, nós pagamos o preço por não atacar o âmago do problema, apenas os seus efeitos (que são muitos e quase impossíveis de se lidar um a um).
ResponderExcluir2) Foi um processo lento e gradual, não de uma hora pra outra como muita gente pensa (geralmente atribuindo tudo na conta de Constantino, como se Constantino tivesse corrompido toda a Igreja de um dia pro outro sem nada ter havido antes ou depois). Mas se eu fosse obrigado a apontar três momentos mais "cruciais", por assim dizer, seria o início do processo de paganização por Constantino, o Cisma com a Igreja do Oriente em 1054 e o Concílio de Trento do século XVI (que consolidou todas as corrupções anteriores de forma oficial e dogmática). Mas tanto antes como depois desses três acontecimentos mais importantes houve distorções doutrinárias e ensinos estranhos à Bíblia (a infalibilidade papal, por exemplo, só foi aprovada em pleno ano de 1870).
3) É triste mesmo. Grande parte do câncer que o neopentecostalismo se tornou é devido à influência de pregadores muito famosos nos EUA como Kenneth Hagin, o pai de todas as heresias modernas (não que ele tenha criado todas, mas ele é quem tornou essas aberrações populares). E a partir daí a coisa só foi deslanchando, de mal a pior. Hoje com a internet eu tenho uma leve esperança que melhore, pois as pessoas já tem contato com o outro lado e é muito mais difícil continuar na ignorância desse jeito recorrendo a práticas tão absurdamente antibíblicas. Mas até que isso aconteça, há muito trabalho a ser feito.
Independentemente do raio ter sido uma "resposta divina", sabemos bem o que Deus pensa desse padre aí...
ResponderExcluirBanzolão a que vc atribui o fato do nível dos políticos evangélicos do Brasil ser tão baixo?
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/08/28/pastor-everaldo-e-preso-em-operacao-que-afastou-witzel-do-governo-de-rj.ghtml
https://istoe.com.br/dentes-de-feliciano-custam-r-157-mil-para-a-camara/
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/08/28/flordelis-pede-a-colegas-pelo-amor-de-deus-para-nao-ser-cassada.htm
Listei alguns escândalos,o mais grave obviamente o da Flordelis,pq envolve homicídio e ela ainda tem a cara de pau de pedir para não ser cassada kkk,em se tratando de Brasil infelizmente não duvido que ela escape,mas eu esperava que os políticos evangélicos,por se proclamarem servos de Deus,defenderem os valores conservadores,teriam um nível melhor,mas vemos que infelizmente são iguais aos demais políticos
Porque quase todos esses políticos evangélicos que estão em Brasília são neopentecostais (que pregam teologia da prosperidade e são amantes do dinheiro), aí não dá pra esperar muita coisa mesmo. Um político já é extremamente suscetível à corrupção porque diferente do cidadão comum ele tem a oportunidade escancarada diante dele, aí junta isso com um pastor que já é amante das riquezas e o resultado só podia ser esse.
Excluirhttps://diariodopoder.com.br/claudio-humberto-home/exercito-dos-traficantes-no-rio-de-janeiro-ja-e-maior-que-o-efetivo-da-policia-militar
ResponderExcluirLucas, como chegaram nessa situação? Acho q o maior problema n é simplemente ter um efetivo maior q o da PM, mas s c chegar um PCC ou Comando Vermelho da vida e unifica td isso, ae o RJ vira um narco estado. Lucas como reverter isso?
A curto prazo, o poder público deveria tratar a coisa do jeito que ela é: uma guerra. O exército deveria ser mobilizado junto com a polícia, não apenas do RJ, mas uma força-tarefa que incluísse outras cidades e outras regiões, e os soldados/policiais deveriam ter legalidade para agir como se age em uma guerra, e não ficar de braços atados como estão hoje (porque se erram um tiro e uma bala perdida atinge um cidadão de bem, ele pode ser incriminado e preso por isso, o que não acontece em uma guerra). Além disso, a polícia é instada a não matar, apenas prender, o que lhe dá uma clara desvantagem nessa guerra, justamente porque os criminosos não tem o mesmo escrúpulo que os policiais, eles atiram pra matar e estão nem aí. Pra você ter uma ideia, antes do Witzel assumir, os policiais não podiam nem mesmo abater um bandido com fuzil na mão, o que seria cômico se não fosse trágico. Como vencer uma guerra assim? Obviamente, é impossível. Não à toa, a polícia brasileira é a que mais morre no mundo, em disparado (especialmente a do RJ). E se dependesse da esquerda seria até pior, os policiais iriam combater os bandidos com estilingues.
ExcluirO principal problema é justamente esse, o Estado não trata isso como uma guerra, trata isso como se fossem bandidos comuns de rua, por isso a polícia nunca consegue êxito. Enquanto um lado tratar como uma guerra e o outro não, o que está na guerra vai sempre vencer. Para evitar a morte de civis inocentes, o Estado deveria proibir que saíssem de casa por alguns dias, até que a guerra acabasse, e todos os criminosos fossem mortos ou detidos. Sim, é uma posição radical, mas claramente já é nítido para todos que a política "mamão com açúcar" que tem sido implementada desde a época do Brizola (que proibiu a polícia de subir o morro a não ser com mandado) simplesmente não funciona, e não vai funcionar nunca. Se isso fosse encarado como uma guerra, o Estado teria uma enorme vantagem, porque as Forças Armadas de diversos estados poderiam ser mobilizadas para atacar em conjunto, o que não pode ser feito pelos criminosos, que não vão sair de um estado a outro só para ajudar outra facção. Mas isso nunca vai ser feito, porque o Estado insiste em encarar a situação como "prender bandido de rua", perpetuando a violência e as mortes, em vez de encará-la como deve e acabar com isso de uma vez por todas.
A longo prazo, a solução seria a "desfavelação", porque além dos morros não oferecerem uma vida digna para a população de bem (sempre sujeita a desmoronamentos, a péssimas condições de saneamento e à violência constante), nos morros também é mais fácil para os criminosos se esconderem e tirarem vantagem em confrontos. Lógico que os moradores não seriam simplesmente expulsos sem ter para onde ir, o que seria um crime humanitário. Caberia ao Estado construir casas populares até que cada um deles pudesse viver em outro lugar, de forma mais digna, e proibir novos povoamentos nos morros. Isso não iria acabar com a violência em absoluto, mas iria restringir muito o número.
Eu sugiro ao Rio de Janeiro seguir o exemplo de Medellín https://exame.com/revista-exame/menos-violenta-e-mais-prospera/ ,Medellín entre os anos 80 e 90 era pior que o Rio de Janeiro mais violenta,Pablo Escobar foi o oitavo homem mais rico do mundo,tinha poder político,patrocinava o time de futebol do Atletico Nacional,inclusive montou o time que ganhou a Copa Libertadores de 1989,foi eleito senador,coisa que nenhum narcotraficante carioca conseguiu,nenhum dos chefões do morro do RJ conseguiu expandir sua influência para além de suas comunidades, ocorreu essa união do Exército e das Polícias locais para desmontarem o Cartel de Medellin e matarem o Pablo Escobar,além de outros integrantes,mas mais importante que a vitória militar foi a vitória cultural,foi incutir na cabeça das novas gerações de jovens de família de baixa renda que o crime não era um bom caminho,isso foi feito através das políticas sociais,combinadas com a intensa repressão.
Excluir´´A explicação para o sucesso de Medellín na segurança pública está numa combinação de coisas que não costumam andar juntas. De um lado, houve uma intensa repressão policial e a aplicação de leis severas. De outro, programas sociais que oferecem uma porta de saída do mundo do crime, com capacitação profissional, renda garantida por tempo determinado e apoio psicológico e social — além da presença tanto do Estado quanto de organizações não governamentais.´´
Mas no Rio de Janeiro,vc tem de um lado a esquerda lacradora,o Freixo e a turma do PSOL,querem só políticas sociais e não querem polícia no morro,seguem essa linha brizolista e deixam os traficantes fazerem a festa e do outro lado vc tem o bolsonarismo tosco,o candidato bolsonarista vai ser o Rodrigo Amorim,aquele que quebrou a placa da Marielle e ele só quer repressão,não quer políticas sociais,então enquanto não tivermos um equilíbrio,alguém que pense como os governantes de Medellín pensaram,esse problema não será resolvido.
Por isso eu tenho umas críticas a alguns liberais que exageram ao pregar estado mínimo,pq penso que o estado tem um papel essencial para salvar o Rio de Janeiro do poder desses criminosos,tanto no combate ao narcotráfico,papel da PM e de outras forças militares auxiliares,como na prevenção ao crime através de políticas sociais,foi o que foi implantado em Medellin e não só em Medellin,mas posteriormente em toda a Colômbia através do governo de Álvaro Uribe,o Uribe sempre foi bem duro com o crime organizado,não só com os cartéis de drogas,mas com as FARC tbm,teve um papel fundamental para reduzir o poder dessa guerrilha.
ExcluirExcelente exemplo. As duas coisas andam de mãos dadas.
Excluirhttps://youtu.be/YSg9TmtnFK4
ResponderExcluirGostei do vídeo do Leandro. Mas na parte que ele falou sobre Deuteronómio 22:28 e 29 da pra perceber que ele não leu o post do Lucas sobre o assunto.
lucas , você ja viu o novo argumento dos neo ateus? eles dizem que o universo se criou sozinho
ResponderExcluirEsse argumento não é novo, ele existe desde que eu me entendo por gente, mas já foi refutado há muito tempo.
ExcluirLucas, você acredita que Deus perdoa a apostasia de uma pessoa que venha se arrepender depois ter se desviado? Pergunto isso pois em Hebreus 6:4-6 parece que está falando sobre as pessoas que se convertem ao Senhor e depois se desviam. Seria um tanto estranho visto que existem muitos cristãos que em algum decurso de suas vidas se desviaram de Deus por anos e hoje voltaram a confessar a fé em Jesus.
ResponderExcluirHebreus 6:4-6 não se refere a qualquer tipo de apostasia, mas a um nível profundo e irreversível, de alguém que tinha dons espirituais, que possuía o Espírito Santo, que chegou a experimentar "os poderes da era futura" e caiu a ponto de não ser mais reconduzido ao arrependimento. A grande maioria dos que se desviaram da fé em algum momento não são exatamente "apóstatas" no sentido do texto de Hebreus, mas "desviados", que ainda podem reencontrar o caminho do qual se desviaram. A apostasia da qual não há perdão é uma apostasia da qual a pessoa nunca se arrepende (porque quem move a pessoa ao arrependimento é o Espírito Santo, que foi rejeitado e blasfemado por ela). Eu escrevi sobre isso mais detalhadamente aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2020/05/o-que-e-blasfemia-contra-o-espirito.html
https://twitter.com/srgadoaldo/status/1300521130596405249/photo/2 O Malafaia nunca acerta nos apoios políticos,apoiou Lula,Lula foi preso, Garotinho,Garotinho foi preso,Eduardo Cunha foi preso tbm,assim como Michel Temer,Pezão e na última semana o Pr Everaldo,apoiou o Bolsonaro que tbm está envolvido em escândalos,por isso que eu acho melhor ele não se envolver com política
ResponderExcluirEu só espero que se um dia eu me candidatar a qualquer coisa, mesmo que a síndico de prédio, o Malafaia não me apoie.
ExcluirPaz de Deus Lucas, quanto tempo irmão.
ResponderExcluirComo está?
Me diga vc ja ouviu falar do Padre Jean Meslier ??
A história desse cara chega a ser bizarra, ja vi muitos Neo-Ateuzinhos Comunistas usando esse cara como fonte:
http://saoasvozesquemandam.blogspot.com/2018/06/padre-jean-meslier-o-ateu-revoltado.html?m=1
Tu acha que esse livro imenso dele oferece algum debate sólido ou é so uma boçalidade a nível do Dawkins ??
Olá, eu vou bem, e você?
ExcluirNunca tinha ouvido falar nesse tal padre Jean Meslier, então não posso dizer se o livro dele é bom ou não. Mas ao que parece a obra dele não fez muito sucesso nem na época dele, e embora alguns possam usá-lo como fonte hoje, os livros dos neo-ateus de nosso tempo são muito mais usados como fonte, e são todos de péssima qualidade. Se o padre Meslier tinha argumentos melhores, os neo-ateus devem ter se esquecido.
Eu estou Bem tbm.
ExcluirDeus tem abençoado bastante minha família, já estou em vários Projetos com meus Professores da Faculdade, e estou com chances altas de ganhar um Bolsa. ^^
Que ótimo, espero que consiga a bolsa!
ExcluirQuando ao Jean Meslier, pelo oq pesquisei ele foi um Padre Francês que viveu no período em que o Iluminismo estava ganhando força no país.
ExcluirEle exerceu o oficio de sacerdote romano durante 40 anos, até a sua morte em 1729.
Jean era tido como um Padre "piedoso" padrão. Buscava ajudar financeiramente os mais pobres, instruía seus fieis e evitava confronto com as autoridades publica.
Contudo após morrer foi encontrado em seu testamento um texto com mais de 600 paginas, onde revelava que esse tempo todo viveu uma farsa.
Nunca havia acreditado em Deus e tinha desprezo genuíno por todas as formas de religião.
Ele começa pedindo perdão aos seus paroquianos por nunca ter lhes contado a verdade, logo em seguida inicia o seu ""Tratado Filosófico anticristão em defesa da descrença"".
Se não me engano ele que foi o autor daquela frase:
Excluir"Que o mundo só terá paz quando o ultimo rei foi enforcado nas entranhas do ultimo padre"
Achei estranho pois, além da historia surreal, não achei nenhum conteúdo apologético contra os escritos dele.
ExcluirNo site do Graig, por exemplo, não há nenhuma citação a este sujeito. Oq é curioso, já que o Filosofo Voltaire chegou a fazer uma analise da obra dele na época.
Atualmente o Meslier parece ser conhecido apenas por um nicho de acadêmicos. Que costumam classifica-lo como um Proto-Comunista.
Vc consegue encontrar algumas obras em PDF aki na internet, ou a versão impressa por Editoras especializadas.
Interessante. Eu também nunca tinha ouvido falar dele. Mas faz sentido ele esconder seu ateísmo na época, ainda mais na França, onde ele fatalmente seria morto se manifestasse suas opiniões abertamente. Embora eu me pergunte até que ponto podemos confiar num livro de alguém que só foi encontrado depois de morto; eu suponho que naquela época não seria muito difícil alguém escrever com o pseudônimo dele (pseudônimos eram muito comuns e muitos não sabiam identificar o verdadeiro autor), que não estaria mais vivo para se defender.
ExcluirLucas oq vc acha da teoria de Bauman sobre a sociedade liquida?
ResponderExcluirÉ uma teoria bem sólida, com o perdão do trocadilho.
ExcluirUm fato curioso, é que Anderson do Carmo, antes de ser marido de Flordelis foi adotado pela deputada e chegou a ser tratado como genro, quando namorou uma das filhas biológica da parlamentar.
ResponderExcluirFonte>>> https://www.pragmatismopolitico.com.br/2020/08/flordelis-foi-mae-sogra-e-mulher-do-pastor-que-mandou-assassinar.html
Ninguem repreendeu eles?
Bizarro mesmo. Nesse meio há muita podridão, as pessoas as consideram "enviados de Deus" e cegam os olhos para essas aberrações. A raiz de tudo isso é a mentalidade de "não toque no ungido do Senhor", que virou lema nas igrejas neopentecostais e se tornou a base da subserviência aos erros das autoridades religiosas, eliminando todo e qualquer senso crítico e abrindo espaço para as atitudes mais absurdas em nome de Deus. Isso vem desde o Watchman Nee e o seu livro "Autoridade Espiritual", que se tornou uma febre no século passado e desgraçou as igrejas que aderiram a esse modelo.
Excluirseguindo o comentário: Muito bem, voce quer o decreto, ora, acha que esta biblia que usas é a original?
ResponderExcluirDa original não existe mais nada, tudo foi mudado e a igreja queimou milhares de escritos, até o seculo XIV queimaram documentos.
Mas como não existe crime perfeito, as atas por fazer parte dos concilios não foram queimadas, como a de Constantino e os escritos de Eusébio
Não se pode afirmar que esteja atualmente disponível, basta verificar nos documentos católicos, porque eles foram os autores
Alguns historiadores catolicos escreverem a verdade mas seus escritos foram adulterados
Além do decreto da deificação dos humanos Yesu e Khrestus através de Constantinus, que acabou virando Jesus e Cristo, existe outros, por exemplo, até o ano 360, cristo ou jesus como queira, não era considerado divino, não era filho de um deus, muito menos salvador de alguém
A partir deste concilio os bispos decretaram os atributos que voce aprendeu do religiosos
Outro Decreto foi a criação do espirito santo, que segundo eles era para fazer parte de uma trindade,
porém nunca seria uma trindade, uma vez que são quatro os componentes
Na verdade quem mais engana voces é a elite protestante
Não pode esquecer que o protestantismo foi criado por Roma, e que este protestantismo que vc segue tem menos de 300 anos
Se voce fizer como muitos estão fazendo, estudando a biblia e não apenas lendo, com certeza vai entender
Os religiosos deitam e rolam porque voce não conhecem
Mas de qualquer maneira estas mentiras criadas pela igreja vai chegar ao fim, a religião vai acabar
Quem vai mandar e que ja começa dar as cartas, é o governo mundial
Tudo foi realizado pela igreja no século IV, e apos 11 séculos nasceu um protestantismo rival
E como ja disse, menos de 300 anos se tornaram amigos
Portanto estude se quiser, pois até´hoje nenhum historiador ou arqueólogo, conseguiu provar algo na história sobre o jesus ou sobre o cristo da nova aliança romana
E nunca irão achar, pois a igreja queimou todos o escritos referente dupla Jesus e Cristo
Além disso, a igreja uniu os nomes querendo ensinar que era um, e isto leva alguns historiadores perder tempo pois procuram por um, e não por dois
Yesu (Jesus), um grande rei no passado, nada tem a ver com este novo testamento
Khrestus (cristo) Era líder de uma seita de fanáticos na judeia, foi preso, condenado a cruz, mas escapou, Simão de Cirene foi o crucificado, mas foi salvo por José de Arimateia
Novo testamento, um livro inventado baseado no livro de Josefo e nos concilios romanos
Resumindo: Toda religião foi criada pelo homens, seja ela qual for, a sua foi criada pelos romanos
Isso já foi refutado aqui:
Excluirhttp://ateismorefutado.blogspot.com/2014/12/a-autenticidade-do-novo-testamento.html
http://www.lucasbanzoli.com/2019/02/a-igreja-catolica-adulterou-biblia.html
Olá Lucas. Engraçado é você e eu sermos idiotas por crermos numa religiao inventada por Constantino mas o nobre delator é intelectual/inteligente/bem informado por crer acriticamente numa teoria da conspiração sem nenhum respaldo científico, histórico ou da arqueologia!
ExcluirPois é. Se o mesmo senso crítico que as pessoas tem em relação ao Cristianismo elas também tivessem em relação às teorias de conspiração contra o Cristianismo, não sobraria uma de pé.
Excluiros videos desse canal é menos de 5min então acredito que você possa da uma olhada. https://www.youtube.com/channel/UCfAM9MDI4Rb3qc0qibhxOqQ
ResponderExcluirVi o trecho da entrevista do Craig sobre o argumento moral e não encontrei nenhuma "obliteração". Pelo contrário, o Craig respondeu adequadamente a tudo o que lhe foi questionado, e mesmo que estivesse errado sobre os membros de uma tribo nunca praticarem canibalismo com os da mesma tribo, o argumento central permanece (o de que existe uma moral objetiva comum a todos os povos, mesmo que não em todos os detalhes). Em todas as culturas de todas as épocas, coisas como o estupro, o adultério, a mentira, o roubo e o assassinato são consideradas moralmente erradas, e contra este fato não há argumentos.
ExcluirSem falar que na maioria dos casos de antropofagia (termo tecnico para canibalismo), em especial na america do sul, é feito em casos ritualísticos, como alguns índios faziam antes de ir para uma batalha, eles comiam seu guerreiro mais forte para absorver suas habilidades, ou seja uma mal menor (matar uma pessoa) para se evitar um maior (a morte de toda tribo), ou quando derrotavam comiam o adversário mais forte que, na maioria das vezes era voluntario (pois provavelmente sua tribo tinha o mesmo costume).
Excluire em relação ao argumento kalam ? qual sua opnião
ExcluirEscrevi sobre isso aqui:
Excluirhttp://ateismorefutado.blogspot.com/2015/04/dawkins-refutou-o-argumento-cosmologico.html
ESSE É UM DIA NEGRO PARA A HISTÓRIA DO BRASIL: 😢😢😢
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=nB9PZnsEvFw
https://www.youtube.com/watch?v=bEYRHwyyxyc
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/09/01/deltan-diz-que-deixa-lava-jato-para-se-dedicar-a-tratamento-da-filha.htm
https://oglobo.globo.com/brasil/deltan-dallagnol-deixa-comando-da-lava-jato-em-curitiba-1-24617670
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2020/09/01/coordenador-da-lava-jato-em-curitiba-deltan-dallagnol-deixa-a-forca-tarefa.ghtml
RIP Brasil.
ExcluirO Rio de Janeiro definitivamente não é para amadores, graças a Deus eu moro na Região Metropolitana do Rio e não na cidade em si, sou fluminense (não o time, e como bem sabes futebol pra mim só futebol americano) e não carioca:
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/09/02/apontado-como-organizador-dos-guardioes-do-crivella-comandava-grupo-com-mao-de-ferro-e-era-temido-por-funcionarios-diz-testemunha.ghtml
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/procuradoria-pede-investigacao-contra-crivella-por-guardioes,fcf9b8d415d4851da5dabedf2d147533l2e89cr2.html
https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2020-09-02/em-video-crivella-rebate-denuncia-e-diz-que-globo-atua-como-partido-assista.html
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/09/01/camara-do-rio-votara-abertura-de-processo-de-impeachment-contra-crivella.htm
Já é o segundo processo de impeachment contra o Crivella em menos de um ano! Se bem que pro Witzel as coisas também não tão nada favoráveis:
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/alerj-deve-votar-impeachment-de-witzel-em-duas-semanas,4bb56244216933d32ca21dbed07748acmnyi8yg4.html
https://istoe.com.br/apos-afastamento-de-witzel-via-stj-alerj-deve-votar-o-impeachment-em-2-semanas/
https://www.metropoles.com/brasil/justica/impeachment-de-witzel-deve-ser-votado-em-duas-semanas-na-alerj
Olha, as vezes me dá vontade de mudar de Estado! 🤦🏻♂️
O RJ é um retrato falado do que há de pior no Brasil. É uma experiência de laboratório envolvendo milhões de seres humanos, algo parecido com Cuba e o socialismo. Uma cidade superlotada de funcionários públicos parasitários, que vivem na praia e não gostam de trabalhar (não generalizando, é claro), com o tráfico e o crime organizado dominando as favelas, com um monte de gente oportunista que gosta de tirar vantagem dos outros, pra no final todos acabarem na mesma lama. Os políticos são apenas o reflexo disso, mesmo porque eles são eleitos pelo povo. É o "jeitinho brasileiro", a malandragem da qual tanta gente se orgulha, mas que dá nisso aí. É uma Europa ao contrário.
ExcluirLucas quem você acha que pode ganhar essa eleição presidencial nos EUA?
ResponderExcluirBiden ou Trump. Um dos dois. Pode anotar a profecia.
ExcluirO Comunismo deixou a Rússia, mas a Rússia não deixou o Comunismo:
ResponderExcluirhttps://horadopovo.com.br/66-dos-russos-querem-uniao-sovietica-de-volta/
https://br.sputniknews.com/russia/2018122012948646-volta-urss-russia/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/19/internacional/1545228653_659406.html
https://vermelho.org.br/2018/12/20/cresce-o-numero-de-russos-que-lamentam-o-fim-da-uniao-sovietica/
Isso tudo me fez lembrar esse plebiscito que aconteceu na URSS em março de 1991 (poucos meses após a dissolução da URSS):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Referendo_da_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica_de_1991
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Soviet_Union_referendum
Porque há tantos russos que querem a volta desse governo pernicioso, autoritário e tirânico?
Primeiro porque autoritária a Rússia ainda é, e pra falar a verdade sempre foi, os russos já estão habituados a isso, assim como os muçulmanos por exemplo. Eles querem a volta da União Soviética porque a URSS é um símbolo de um passado nostálgico onde ela "rivalizava" com os EUA (embora fossem muito inferiores na prática), ou seja, muitos lembram dela como uma época de poder, quando os russos eram respeitados e temidos, tratados por todos como uma grande potência (esquecendo-se de que o sistema econômico levava ao colapso inevitável, que aconteceria de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde). Na época a Rússia se beneficiou grandemente do início do processo de industrialização, hoje ela não conseguiria repetir o feito e só teria a parte da crise mesmo. Até o Brasil quando se industrializou foi o país que mais cresceu no mundo entre 1930 e 1980, isso não significa muita coisa, porque é um crescimento artificial que não se sustenta a longo prazo.
ExcluirOlá Lucas!
ResponderExcluirOuvi uma locução de rádio dizendo que um determinado pastor neopentecostal (daqueles que vive falando pra determinar a vitória, e que "a letra mata!" referente a teologia etc.) era o representante de Deus na Terra! O que você acha dessa afirmação? Seria uma pretensão dele? (Inclusive é um título dos papas).
Aproveitando o gancho, os cristãos são embaixadores de Cristo na Terra. Isso nos faz REPRESENTANTES de Deus na Terra?
Espero a resposta! Abraços, fica com Deus!
De fato todos nós somos representantes de Deus na terra, na condição de embaixadores do Seu Reino (2Co 5:20). Por isso tomamos o nome de "cristãos", que significa "pequenos Cristos". Mas se dizer O representante, como se fosse o único, é um título de soberba fruto do orgulho e da arrogância, coisa típica de papas e de pastores neopentecostais midiáticos.
ExcluirExatamente o que imaginava! Já tinha notado que as "intros" do programa de rádio desse pastor sempre exaltava ele (chegava a ser bizarro).
ExcluirMuito obrigado pela resposta!
Você pode citar o nome do pastor aqui, não tem problema... rs
ExcluirA não ser que seja o pastor da minha igreja, eu não vou censurar o comentário xD
comente: https://www.tiktok.com/@apologistacatolico/video/6861746473831369989?_d=secCgsIARCbDRgBIAIoARI%2BCjz%2FWljvqoOqK1EyOq0Vzvia5yop182OpHxCtINmtqsxJTNF2Nux2FnxHXtOLEZKvxfEGcRFcrx4BvjZSfAaAA%3D%3D&language=en&preview_pb=0&sec_user_id=MS4wLjABAAAAfS5HlxGWpjcp8hgMIyl4d6r5nPt5pY2lU8nqkdS5g7b6SDaq-UD5eDGyWhlX14j1&share_app_name=musically&share_item_id=6867749367315451142&share_link_id=35931026-a9a0-4bb1-8e04-d4560ddd764a×tamp=1599075049&u_code=dcddc25d03i242&user_id=6828395059260539910&utm_campaign=client_share&utm_medium=android&utm_source=twitter&source=h5_m&lang=en
ResponderExcluir(comente o video em si, não a resposta)
Na verdade são as duas coisas: os habitantes de Sodoma eram em grande parte homossexuais (por isso o termo "sodomita" foi usado até o século XIX para designar a prática, até ser substituído pelo termo mais técnico de "homossexual"), e a Bíblia relata a tentativa deles de estuprar os anjos (que eles não sabiam que eram anjos, pensavam que eram apenas homens). Por isso eles eram tão imorais (não só pela prática homossexual em si), o que justificou o castigo divino sobre eles.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ lógico que os evangelhos eram "relatos apaixonados", não poderia ser diferente com alguém que testemunhou a ressurreição de Cristo. Se alguém testemunhasse uma ressurreição e não se impactasse com isso não seria um ser humano. O que ele está pedindo é um relato da ressurreição por testemunhas "independentes" no sentido de não-cristãs, o que é totalmente ridículo, já que qualquer um que testemunhasse a ressurreição de Jesus iria crer nele, e consequentemente se tornaria cristão.
ExcluirJesus não apareceu só para dez pessoas, ele apareceu aos 11 discípulos, aos dois de Emaús, e também às mulheres, que eram pelo menos quatro, isso sem falar de Tiago, o irmão de Jesus, e de outros para quem Jesus apareceu durante os 40 dias que esteve na terra antes de sua ascensão (que Paulo diz ter sido 500). Dizer que "só teríamos 500 testemunhas se tivéssemos 500 cartas de 500 pessoas diferentes" é completamente estúpido, ainda mais considerando que naquela época poucos sabiam escrever, e menos ainda tinham um pergaminho (que custava o equivalente a três meses de salário de um trabalhador comum).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEsse monge iria morrer de qualquer jeito, já que se ele não passasse pelo julgamento do fogo seria queimado na fogueira pela Igreja, o que implicaria numa morte ainda mais certa. Ele não passou pelo julgamento do fogo por livre e espontânea vontade, como os discípulos de Jesus, que poderiam tranquilamente livrar sua pele se apenas seguissem suas vidas, mas preferiram arriscar suas vidas e sua integridade física se sujeitando a prisões, açoites, apedrejamento e martírio por testemunhar a ressurreição de Jesus. Portanto, tratam-se de casos totalmente diferentes, nem um pouco simétricos.
ExcluirPS: eu tive que apagar um monte de comentários seus porque é totalmente impossível dar conta de tantos comentários gigantescos com uma imensidão de coisas para refutar, isso é considerado prática de spam e não é aceito aqui. Uma coisa é tirar uma dúvida qualquer como os outros fazem (uma pergunta simples e objetiva), outra coisa é copiar e colar uma enormidade de posts de internet para refutar tudo, o que consumiria todo o meu tempo e seria extremamente trabalhoso e extenuante. Liberei esses primeiros comentários para que não se zangue, mas espero que entenda que é humanamente impossível refutar tudo o que se encontra na internet. Para isso eu recomendo que se procure fóruns como os grupos de facebook onde tem muita gente pra responder, porque eu sou um só.
ok, na verdade isso é so um comentário porém bem extenso que vi de um neo-ateu, enfim, obrigado
ExcluirDepois que eu vi um vídeo do Rodrigo Silva sobre isso eu estou propenso a acreditar que de fato o Anjo do Senhor/Jesus/Miguel são o mesmo, mas não no sentido de que Jesus era um anjo, e sim que ele é o líder dos anjos (o termo "arcanjo" literalmente é uma junção de duas palavras, uma que significa "líder" ou "chefe", e a outra que significa "anjo" - "líder dos anjos"). Que o Anjo do Senhor é Deus isso é muito claro em diversos textos onde ele é reconhecido como tal e é objeto de adoração, mas isso não se deve ao fato dele ser um anjo propriamente dito, porque a palavra para "anjo" é a mesma para "mensageiro", e os textos que falam do "Anjo do Senhor" eu entendo mais neste segundo sentido, de que está se referindo ao Mensageiro do Senhor (=Jesus, o Verbo que se fez carne). Este não é o mesmo sentido entendido pelos adventistas e pelos TJ (ambos creem que Miguel era um anjo mesmo, e eu não penso assim), mas é o único que faz sentido pra mim. Neste caso, "Miguel" seria o nome celestial de Jesus (que ele tinha antes de se encarnar), "arcanjo" seria sua designação como "chefe dos anjos", e "Anjo do Senhor" seria entendido no sentido de "Mensageiro do Senhor", porque Jesus é o enviado de Deus (como dizem vários textos dos evangelhos). Eu ainda vou fazer um artigo e explicar tudo isso detalhadamente, mas por enquanto veja o vídeo do Rodrigo Silva que eu me referi acima e um outro em inglês que prova que o Anjo do Senhor é Deus:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=-knBOLbj8UU
https://www.youtube.com/watch?v=BNt5NKSse0Y&feature=emb_title
E aí, Lucão. Já leu todo o livro do Bacchiocchi que eu ti mandei? :)
ResponderExcluirJá sim, inclusive já enchi o meu livro de citações do livro dele :D
Excluir"já enchi o meu livro de citações do livro dele"
ExcluirQue bom que lhe foi útil kkk.
É uma raridade. Procurei ele em vários sites para vender e não encontrei.
Eu me lembro que na época em que escrevi o livro originalmente (em 2010, que depois foi revisado em 2012) eu também procurei o livro dele e não achei em lugar nenhum, as citações que eu fiz do livro dele eram da síntese do livro que me foi enviada pelo Azenilto Brito (que traduziu o livro), tinha umas 40 páginas e foi bastante útil, mas é muito melhor ler a obra integral.
ExcluirLucas, você concorda que o pressuposto da mentalidade "não toques no ungido do Senhor" não seria um plágio do dogma católico do Magistério infalível?
ResponderExcluirCom certeza. Os dois visam imunizar o alvo de críticas.
ExcluirGRANDE DIA!
ResponderExcluirhttps://valor.globo.com/politica/noticia/2020/09/01/aps-125-anos-stf-decide-que-palcio-da-guanabara-da-unio-e-no-da-famlia-real.ghtml
https://www.tsf.pt/mundo/um-julgamento-que-durou-125-anos-justica-brasileira-decide-contra-familia-imperial-12602354.html
Minha reação ao saber dessa notícia maravilhosa:
https://www.youtube.com/watch?v=FB36vv75Pz0
Assim que eu fiquei sabendo dessa notícia fui direito ouvir essa música (e eu ouvi mesmo, eu juro!) pra comemorar:
https://www.youtube.com/watch?v=JAEDQwMtf4o
O pior é que eles precisaram de 125 anos pra concluir o óbvio... no Brasil até quando a justiça funciona é desse jeito aí.
ExcluirPelo menos sejamos francos, antes tarde do que NUNCA.
ExcluirBoa noite. Teria como me indicar um site bom que rebata as doutrinas espíritas de forma bem ampla mesmo. Não achei quase nada na net, não sei se procurei direito.
ResponderExcluirEu não conheço nenhum focado exclusivamente nisso. Se alguém conhecer, pode postar nos comentários. Particularmente eu nunca achei a doutrina espírita muito relevante para atrair minha atenção, embora indiretamente eu sempre faça isso quando refuto a imortalidade da alma (que é a base do espiritismo).
ExcluirBanzolão muitas vezes pensadores esquerdistas afirmam que as pessoas se tornam criminosas por serem muito pobres e morarem nas favelas,em parte isso contribui,eu como cristão entendo que o ser humano já nasce ruim,diferente do que Rousseau afirmou ´´ o homem nasce bom e a sociedade o corrompe´´,eu não concordo com Rousseau,entendo que o homem nasce mau mesmo por causa do pecado original,mas certamente o ambiente em que vive e uma família desestruturada,como muitas são hoje em dia,o número de mães solteiras e de divórcios é altíssimo contribui para isso,mas o ponto que eu quero chegar é sobre as origens do Pablo Escobar,eu falei sobre ele em posts anteriores,que a união do Exército e das polícias colombianas conseguiram derrotá-lo,eu pesquisando sobre ele,descobri que ele nunca foi pobre,que vinha de uma família da elite da região de Antioquia.
ResponderExcluir´´En una entrevista concedida a la televisión nacional del entonces (años 80), Pablo Escobar manifestaba sobre sus orígenes lo siguiente:24
Pues mi familia no tuvo unos recursos económicos importantes y vivimos dificultades como las que vive la mayoría del pueblo colombiano, entonces no somos ajenos a esos problemas, los conocemos profundamente y los entendemos.
Pablo Escobar
Sin embargo, sus antepasados y sus familiares más inmediatos se destacaron como políticos, empresarios, ganaderos y figuras de la élite antioqueña,25por lo cual sus tan difundidos «orígenes populares» no corresponderían a la realidad. Entre su extensa parentela podemos mencionar a Isabel Gaviria Duque, primera dama de la Nación, esposa de Carlos E. Restrepo, quien fue presidente de Colombia entre 1910 y 1914. El padrino de bautismo de Pablo Escobar fue el reconocido diplomático e intelectual colombiano Joaquín Vallejo Arbeláez. En la parroquia de Rionegro reposa su partida que dice:
Ele chegou a fazer faculdade:
´´En 1969 terminó el bachillerato en el mencionado Liceo, entonces fue admitido para cursar estudios en la Facultad de Economía de la Universidad Autónoma Latinoamericana de Medellín en la que estudiaban varios de sus primos Gaviria, entre esos José Obdulio, pero finalmente optó por retirarse ya que prefirió dedicarse a sus «negocios» personales.
Mas preferiu seus ´´negócios ´´ pessoais como o texto disse,o caso dele desconstrói totalmente essa teoria esquerdista de que o criminoso é vítima da sociedade,sofreu com a pobreza,pois ele teve oportunidade de estudar economia,nessa época,final dos anos 60 fazer faculdade na América Latina era privilégio da classe média e da elite,poucas pessoas tinham oportunidade,ele teve e escolheu o crime.
Os maiores ladrões que esse país já viu (gente como Sérgio Cabral, Lula, Dirceu, Cunha e etc) não eram pobres, pelo contrário, eram bem ricos. Essa visão de que o pobre é criminoso porque é pobre é um viés preconceituoso contra os pobres, que na grande maioria são pessoas honradas que levam uma vida honesta e digna, apesar das dificuldades. Quem apela para a vida do crime não faz isso porque é pobre, mas porque é mau-caráter mesmo (ainda que use a pobreza como um pretexto).
ExcluirBanzoli, qual o motivo d a gente morre, por causa de Adao, se is filhos n pagam pelos pecados dos pais?
ResponderExcluirAcho q vc ja respondeu, mas ela fica viltando na cabeça.
Os filhos não herdam o pecado, mas herdam as consequências do pecado. Por exemplo, uma mãe fumante que engravida pode passar ao seu filho alguma doença respiratória, um motorista que dirige bêbado pode levar à morte pedestres ou outros motoristas que não beberam, um marido que é preso pode prejudicar a vida (financeira e emocional) da mulher e dos filhos, e assim por diante. Nossos atos tem consequências para terceiros, ainda que eles não sejam culpados. Por isso nós sofremos a consequência do pecado original, mas não a culpa, que é de responsabilidade individual de quem o pratica. Nós somos condenados por nossos próprios pecados, não pelos pecados de Adão, mas o pecado de Adão trouxe consequências ao mundo, por ser ele o primeiro representante da humanidade (o pai de todos nós).
ExcluirMas banzoli nao seria injusto Deus deixar ,nos q nao fizemos nd, sentirmos as consequencias do ato de Adao?
Excluir"Mas banzoli nao seria injusto Deus deixar ,nos q nao fizemos nd, sentirmos as consequencias do ato de Adao?"
ExcluirAlém do que o Vinicius respondeu, eu acrescentaria que Deus permitiu isso para mostrar que as vidas humanas estão conectadas umas às outras. Como eu disse citando alguns exemplos, tudo que nós fazemos para bem ou para mal impacta outras vidas, não apenas a nossa. Ao permitir que o pecado de Adão trouxesse consequências para toda a sua posteridade, Deus estava mostrando ao homem que nossas ações tem consequências, não só para nós, mas para todos à nossa volta. É como um presidente, que na condição de chefe de Estado e representante da nação pode tomar medidas boas e ruins, cada uma delas afetando milhões de vidas, não só a dele. Adão era o "presidente" da raça humana, o seu representante, e por consequência suas decisões boas ou ruins afetariam a posteridade, que ele representava. Isso nos leva a pensar em termos de sociedade, não sob um prisma individualista (no pior sentido do termo). Nos faz ver que precisamos uns dos outros, e que nossas escolhas são muito mais importantes do que pensamos, o que reforça a nossa necessidade de tomá-las com sabedoria e prudência.
Hmmmmmmmm, deixo ver c entendi, nos sofremos as consequências pq Adao e Eva tinham responsabilidades para conosco ( ter filhos e crialos). Assim como um pai d familia fica desempregado, a familia dele tbm é afetada.
ExcluirÉ por aí.
ExcluirBanzoli, oq falta no meu entendimento? Serio mesmo.
ExcluirNão entendi a pergunta.
Excluir"É por aí." da a entender que não cheguei ainda no pleno entendimento da coisa (a res ponsabilidade de Adao e Eva), oq falta nele (q esta abaixo)?
Excluir'...deixo ver c entendi, nos sofremos as consequências pq Adao e Eva tinham responsabilidades para conosco ( ter filhos e crialos). Assim como um pai d familia fica desempregado, a familia dele tbm é afetada."
Quando eu disse "é por aí" não é porque você tenha errado em algo, mas porque é um entendimento correto mas bem resumido de um todo maior.
ExcluirLucas, li um comentário que levantava os seguintes questionamentos.
ResponderExcluirPq a mulher foi mais severamente castigada e amaldiçoada pela queda se ambos (Adão e Eva) pecaram?
Pq a mulher sendo igual ao homem diante de Deus, obteve somente um papel de reprodução e cuidados domésticos?
Pq a mulher seria considerada 7 vezes mais impura se desse à luz uma menina; ou pq uma mulher seria morta se não gritasse o suficiente pra evitar seu estupro?
Pq a mulher abusada poderia casar com seu abusador mediante pagamento de dote; ou pq em uma briga, teria sua mão amputada caso tocasse nos testículos de um homem?
Ainda comentam sobre o relato de Abraão oferecendo sua esposa ao rei e de Paulo silenciando as mulheres na igreja.
Com esses questionamentos defendem que a bíblia é sim machista e que somente pelo movimento feminista a mulher ganhou o status de igualdade juntamente com os homens
Sei que esse assunto pode estar saturado pra vc, mas não encontrei nenhuma obra sua a respeito, e queria muito saber sua opinião.
Eu tenho uns artigos sobre isso:
Excluirhttp://ateismorefutado.blogspot.com/2015/04/o-valor-da-mulher-na-biblia.html
http://ateismorefutado.blogspot.com/2015/04/a-igualdade-entre-o-homem-e-mulher-na.html
http://www.lucasbanzoli.com/2019/04/a-biblia-e-machista-por-pregar.html
http://www.lucasbanzoli.com/2019/10/por-que-sou-favor-do-ministerio.html
Mas resumidamente:
1) Eu não vejo assim. O castigo da mulher foi só as dores de parto, que acontecem algumas vezes na vida (ou uma, ou às vezes nenhuma, dependendo da mulher), ainda que seja bem intenso, enquanto ao homem coube o trabalho da terra que era suado e penoso por toda a vida.
2) Qual texto diz que a mulher tem "somente um papel de reprodução e cuidados domésticos"? Na Bíblia tem mulher que foi juíza, rainha, profetiza e etc, nem de longe se limitava a isso.
3) Também havia leis de impureza relacionadas ao homem (por exemplo, quando derramava o sêmen), e a mulher que não gritava era um atestado de que ela concordou com o ato (ou seja, não foi estupro, porque o estupro implica em não-consentimento, e quem não gritava é porque consentia no ato).
4) O texto não diz isso, eu comentei sobre isso aqui:
http://www.lucasbanzoli.com/2018/08/deuteronomio-2228-29-permite-o-estupro.html
"Tocar" no testículo do homem era um eufemismo para quebrar os testículos, e um homem com testículos quebrados não podia ter filhos ou gerar descendentes e herdeiros, o que era extremamente importante na sociedade da época, por isso exigia uma punição à altura.
5) Isso foi Abraão que quis, não Deus que mandou. Ele fez isso para proteger sua vida, porque pensava que iriam matá-lo para ficar com a sua mulher. Sobre Paulo e o silêncio, se refere a não interromper as pregações com perguntas em voz alta, como algumas mulheres estavam fazendo na época e consequentemente atrapalhando os cultos. Isso não tem nada a ver com a mulher não poder falar na igreja em nenhuma circunstância, até porque o próprio Paulo disse que a mulher podia orar e profetizar na igreja, e ninguém profetiza em silêncio.
Muito bem esclarecido Lucas, obrigado. Fica evidente que em grande parte essas pessoas simplesmente distorcem os princípios e ensinamentos bíblicos pra terem o que acusar, só pra poderem alimentarem o próprio ceticismo, e propagar o engano.
Excluirhttps://www.instagram.com/p/CEsXckKJi8K/ comente
ResponderExcluirIsso daí é mais uma fake news entre as bilhões de fake news bolsonaristas que povoam a internet. Já foi desmentido aqui:
Excluirhttps://www.boatos.org/brasil/secretaria-educacao-sao-paulo-retira-antes-cristo-livros-escolares.html
ah , perdão parece que fui enganado kkkkkk
ExcluirVocê não foi o único :)
ExcluirSe você viu o vídeo há alguns anos então deve ter visto outro, porque esse é do ano passado. Sobre o Novo Testamento citar Miguel e Jesus ao mesmo tempo, na verdade isso só acontece em dois textos, e em ambos está aludindo à pré-encarnação de Cristo. Um é Apocalipse 12:7, que fala da guerra no céu entre Satanás e seus anjos e entre Miguel e seus anjos, e o outro é Judas 9, que é uma alusão a um fato citado no livro da Assunção de Moisés e faz uma paráfrase de Zacarias 3:2, que também diz "o Senhor te repreenda". Ou seja, as duas únicas menções a Miguel no NT são de textos que remetem a coisas que aconteceram no passado (antes de Jesus ter este nome). O argumento sobre Miguel não repreender o diabo diretamente faz sentido, mas em Zacarias 3:2 exatamente a mesma expressão "o Senhor te repreenda" aparece, e ali é claramente o Senhor (YHWH, no texto hebraico) que diz isso. Quanto ao texto que chama Miguel de "um dos primeiros príncipes", na verdade o hebraico desse texto é ambíguo, pode ser traduzido tanto dessa forma como por "o primeiro dos príncipes". E em outro texto Miguel é citado como "o grande príncipe" (Dn 12:1), em exclusividade.
ResponderExcluirNinguém diz que só os pentecostais estão aptos para falar em línguas. O dom é pra todos, mas obviamente vai ser difícil Deus dar o dom a alguém que não crê no mesmo, já que a Bíblia diz que precisamos BUSCAR COM AFINCO os dons espirituais (1Co 14:1). Se os dons só são recebidos por quem busca, e eles não buscam, então não é surpresa que eles não falem em línguas. Isso não significa que eles sejam "menos espirituais" ou cristãos de "segunda classe", podem ser até melhores que os pentecostais (e talvez na média até sejam mesmo), mas o dom não é uma questão de mérito, mas de busca. Se um reformado pelo menos se abrir com sinceridade para a possibilidade do dom de línguas e buscá-lo, o dom lhe estará acessível tanto quanto a um pentecostal. E o mesmo argumento pode ser dado em relação às "línguas terrenas" que eles creem: se o dom se refere às línguas de outros povos, por que ninguém fala sobrenaturalmente a língua de um outro povo (nem mesmo os reformados, que acreditam assim)? Alguns vão dizer que é porque os dons cessaram, mas aí já estará afirmando algo sem nenhuma base bíblica.
ResponderExcluirQuanto ao que "outra pessoa" disse sobre "um amigo cristão árabe", até que haja provas disso, deve ser tratado tal como é: um boato. Ninguém deve fundamentar doutrina na base do "fulano de tal disse que beltrano disse que...", se for assim vamos abrir uma margem enorme para acreditar em qualquer bobagem sustentada por fofocas e diz-não-diz.
https://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/2020/08/editors-should-pay-attention-when-king.html
ResponderExcluirI am always impressed to see how archeology is always corroborating biblical accounts. David's existence is one of many examples.
Excluirlucas , como você sabe , existe o texto do historiador flavio josefo que fala sobre jesus : ´´surgiu jesus , homem sábio...etc. Porém , existe um momento na carta onde fala da ressurreição do cristo: ´´que passando o terceiro dia apareceu-lhes vivo´´ .Entretanto críticos afirmando que esse texto foi adicionado posteriormente , oque acha?
ResponderExcluirJosefo estava falando do ponto de vista dos cristãos, porque ele próprio não era um cristão, então não acreditava na ressurreição de Jesus, mas falou como um historiador. E há zero evidências do trecho ter sido adulterado, ele consta em todos os manuscritos da obra em qualquer idioma antigo.
ExcluirParabéns pelo seu trabalho, Lucas! Vc é um dos meus escritores prediletos. Inclusive já comprei um de seus livros e pretendo comprar mais futuramente. Vou adquirir esse também. Muito obrigado por abrir os meus olhos de que não existe um fantasminha dentro das pessoas que sobrevive a morte do corpo. Essa é uma verdade que pouquíssimas pessoas sabem e me sinto privilegiado e abençoado por ser uma delas!
ResponderExcluirGostaria de tirar mais dúvidas com vc, caro Dr. Banzoli (kkkk).
Bom, tenho visto que a mídia tem tentado provar para as pessoas que Jesus era negro. Não me importaria nem um pouco se isso fosse verdade. Mas o fato é que os palestinos NÃO SÃO NEGROS!!! E ainda tem gente estúpida o suficiente para querer debater com os outros para provar o contrário! As pessoas chegaram a um nível de burrice tão grande que elas nem percebem o quanto isso é improvável!
Vamos lá, segundo os estudiosos (cientistas e historiadores picaretas que distorcem a verdade só para dar argumentos ao movimento negro) Jesus era negro porque ele nasceu no Oriente Médio. O problema é que O POVO DO ORIENTE MÉDIO SEMPRE FOI PREDOMINANTEMENTE BRANCO!!! Então com qual autoridade alguém pode afirmar uma burrice dessas?
Quero deixar claro que NÃO SOU RACISTA. Eu simplesmente fico profundamente irritado quando alguém USA JESUS PARA SEUS PRÓPRIOS INTERESSES, tipo aqueles pastores descarados que usam Jesus para ganhar dinheiro. Agora o movimento negro está tentando fazer o mesmo!!!
SOU TOTALMENTE CONTRA O RACISMO, mas para combater o racismo temos que ser HONESTOS, não usar mentiras e trapaças rasteiras para um bem maior. Pior ainda é usar o meu Jesus para isso! Isso é extremamente irritante. Devemos lembrar que o Sudário mostra Jesus com traços de pessoas brancas.
Queria saber sua opinião sobre isso. O que vc acha das pessoas que mentem e usam Jesus para um bem maior? Vc acha isso honesto? Acha que eu não deveria me sentir tão ofendido? Infelizmente, quando vc fala isso as pessoas ficam irritadas e acham que vc é racista. Para elas, ou vc concorda com tudo que o movimento negro fala ou você é racista. Eu nem discuto sobre isso com as pessoas porque já vi que 99% delas ACREDITAM NO QUE LHES CONVÉM, como vc bem falou no artigo sobre as fake news eu já tinha percebido isso há muito tempo. Dê sua opinião, por favor.
É aquela classica estrategia de tentar fazer a maioria ficar ao seu lado
ExcluirLucas, já vi algums argumento e tal mais poderia me falar sobre se o mundo seria melhor ou não sem religião?
ExcluirUma vez um cara me disse que a maioria dos cristãos são inguinorantes e intolerantes, em primeiro lugar, ninguém é totalmente tolerante, em segundo temos essa impressão porque os cristãos são a maioria, que vem de uma epoca que não tinha a mesma informação e estudos que hoje, internet e etc, sem contar que os movimentos das minorias "mal chegaram" e já está cheio de extremista, lacrador, doente de tudo que é tipo!
Na verdade os que eu vi dizendo que Jesus era negro são adeptos de uma teoria de conspiração segundo a qual os judeus atuais não são judeus de verdade, são judeus fake que não descendem dos judeus da época de Jesus, e os africanos atuais é que são os "judeus verdadeiros", que após a destruição do templo se dispersaram pela África e hoje constituem os povos africanos, enquanto os judeus que nós vemos são judeus de mentirinha que estão aí para controlar o mundo em um plano sinistro de dominação global que envolve George Soros, Karl Marx, os Rothschild, os maçons, os illuminati e muita imaginação. É uma teoria totalmente bizarra, sem pé nem cabeça, que nem merece ser apreciada. Jesus provavelmente tinha a pele amorenada porque vivia debaixo de um sol escaldante trabalhando como carpinteiro e porque os judeus não são branquelos iguais aos europeus, mas dizer que era negro é passar da dose, fica tão ridículo quanto o "Jesus loirão" das imagens católicas.
ExcluirEu acabei me esquecendo de responder a mensagem do Seu Jiraya sobre a religião. Bom, basta lembrar o que os regimes declaradamente ateus fizeram quando baniram a religião totalmente: a Rússia de Stalin, a China de Mao Tsé-Tung, a Coreia do Norte e etc. Um banho de sangue muito maior do que qualquer religião organizada já perpetrou. A ideia de que o mundo seria um lugar melhor sem religião é no mínimo das mais contestáveis, pois o problema não está na religião em si, mas na maldade do coração do homem (que se manifesta com ou sem religião). A religião pode inclusive colocar freios nessa maldade, e na verdade é esse o objetivo maior delas, ainda que algumas ao longo dos séculos tenham falhado miseravelmente nesse propósito. De todo modo, os ateus nunca foram mais tolerantes, eles só parecem mais tolerantes onde são minoria, porque uma minoria nunca consegue oprimir uma maioria. Por isso é verdadeiro o ditado que diz que "se você quer conhecer alguém, dê poder a ele", porque aí sim ele vai agir conforme o seu código de ética moral, não quando ele é uma minoria com pouca voz na sociedade.
ExcluirPode não haver um texto que diga expressamente "Miguel é Deus", desse jeito, até porque Miguel só é mencionado cinco vezes na Bíblia toda, e o próprio Jesus que é mencionado milhares de vezes nós só temos uns dez textos afirmando expressamente sua divindade, mas isso está implícito em textos como Zacarias 3:2, onde o próprio YHWH diz "o Senhor te repreenda", o que em Judas 9 é colocado na boca de Miguel. Além disso, 1Ts 4:16 diz que o Senhor descerá do céu "com voz de arcanjo", e só existe um arcanjo na Bíblia, o arcanjo Miguel (que como eu disse, significa "chefe dos anjos", não um anjo propriamente dito). O fato de Miguel ser citado como "o príncipe de Israel" não o torna menos Deus do que o fato de YHWH ser citado como o "Deus de Israel" em tantos e tantos textos do tipo. O fato do nome de Miguel significar "quem é como Deus?" também não significa muita coisa, já que em si mesmo não diz se ele é Deus ou não, só diz que ninguém é como Deus. "Jesus" significa "Jeová é salvação", não "eu sou Jeová", mas mesmo assim sabemos que Jesus é Jeová (YHWH). Da mesma forma, o argumento de que Miguel é chamado de príncipe e não de rei também é fraco, já que Jesus também é chamado de príncipe, o "príncipe da paz" (Is 9:6). Essas e outras razões me levam a pensar que de fato Miguel é o "Anjo do Senhor" que é o mesmo que Jesus/YHWH, mas eu ainda estou estudando o tema e quando tiver concluído postarei um artigo sobre isso, com mais profundidade que aquela carta-resposta de 2010 que você se refere.
ResponderExcluirLucas, vc afirma q as espistolas universais d joao foram escritas pelo presbitero e n pelo apostolo, certo? Pq Deus deixaria q algo feito por um presbitero entrasse no canon? N deveriamos remover? Pois esta incluido no canom pq pensavam q era do apostlo joao.
ResponderExcluirRemover por que? Você fala como se presbítero fosse um cidadão de segunda classe, quando na verdade os presbíteros na era apostólica eram exatamente a mesma coisa que os bispos que os pastores, eram termos diferentes para designar o mesmo cargo, como eu escrevi aqui:
Excluirhttp://www.lucasbanzoli.com/2019/02/voce-sabia-que-pastor-presbitero-e.html
Só mais tarde é que o presbítero virou um subordinado dos bispos ou "ajudante de pastor", mas naquela época até os apóstolos como Pedro se chamavam de presbíteros (1Pe 5:1), porque todo apóstolo é um pastor e todo pastor é um presbítero. E nem todos os escritores do Novo Testamento eram apóstolos, Lucas foi quem mais escreveu (em quantidade de páginas) e ele não era apóstolo, provavelmente era apenas um presbítero, como o João que escreveu as três cartas e o quarto evangelho (e o mesmo pode ser dito em relação a Marcos). O critério para um livro estar no cânon não era "ser escrito por um apóstolo", mas ter sido reconhecido pela Igreja antiga, desde os tempos primitivos, como prova de sua autenticidade. E também não é totalmente verdadeiro que os Pais da Igreja pensavam que as três cartas de João eram do João apóstolo, a maioria pensava assim, mas vários reconheciam ao menos a possibilidade de ter sido do outro João (como Dionísio de Alexandria e Eusébio de Cesareia), e nem por isso rechaçavam as cartas, pois como eu disse este não era o critério.
N queria rebaixar o presbitero, é q tinha a ideia d q era menor q os apostolo, agr entendi. Lucas quais eram os requisitos da igreja para um livro ser inspirado? pq so as epistolas d joao entraram no canon, e n tbm outras d outros autores? pq pastor d hermas, didaque n entraram no canon? Sinplemente pq a igreja n reconheceu? Conhece um livro bom sobre a formação no NT?
ExcluirO Pastor de Hermas é de meados do século II, muito tardio para entrar no cânon. A Didaquê talvez até tivesse idade para entrar no cânon, mas tem algumas partes estranhas, que não chegam a ser propriamente heréticas mas que fogem da ortodoxia. Para um livro ser considerado canônico era preciso ser recebido e reconhecido pelas igrejas antigas, e ter uma doutrina inteiramente ortodoxa. Sobre livros, o F. F. Bruce tem um chamado "O Cânon das Escrituras".
ExcluirQue partes fogem da ortodxia? EU lembro que tinha umas partes de concertar os pecados com as próprias mãos, seria isso?
ExcluirEu não vou me lembrar de tudo, mas tem uma parte que diz que "os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação” (c. 8). Mas na Bíblia nunca vemos Deus proibindo alguém de jejuar num dia específico, ou obrigando a jejuar em um outro dia determinado.
ExcluirLucas, saindo do tema do artigo, mas é algo exclusivo do Brasil ou ocorre nos EUA também de apologistas católicos serem defensores ardentes do liberalismo? Estava há pouco pensando no assunto e como isso é contraditório e nonsense.
ResponderExcluirNos Estados Unidos os católicos votam massivamente no Partido Democrata, que é a esquerda de lá, embora haja uma minoria de católicos liberais, mas não é o que predomina. Mesmo aqui no Brasil essa coisa de católico liberal só predomina entre os olavetes, historicamente eles sempre foram reacionários e antiliberais de índole fascista ou autoritária, inclusive os católicos mais tradicionalistas continuam assim até hoje, é só ver o que um instituto católico tradicionalista como a Montfort tem a dizer sobre o capitalismo e o liberalismo econômico, pra eles é tão abominável quanto o socialismo. E pra ver como eles não chegam nem perto de um consenso, entre o clero o que predomina é a ideologia de extrema-esquerda, a famosa teologia da libertação que tomou conta da CNBB há muito tempo. Então temos os católicos tradicionalistas que são reacionários e odeiam o liberalismo, os católicos da TL que são socialistas ou algo parecido com isso e também odeiam o liberalismo, e os católicos olavetes que se tornaram liberais por causa do Olavo (deve ter sido a única coisa boa para a qual ele serviu). Mas o ponto é que essa onda de "católicos liberais" é extremamente recente, historicamente falando. Há duas décadas seria quase impossível encontrar um católico liberal no Brasil, há uma década ainda era extremamente raro, isso só se tornou um fenômeno em tempos recentes, na contramão dos ensinamentos oficiais da ICAR e dos ideais pelos quais os católicos brasileiros sempre lutaram.
ExcluirLucas tem mt pessoas d esquerda no meio q vc trabalha? Sao mais professore ou alunos? A maioria é hostil ou é tranquila? Ja foi perseguido?
ResponderExcluirNunca tive problemas com isso, sou uma pessoa tranquila e não gosto de me envolver em intrigas, muito menos por causa de política. Mas de fato a esquerda domina totalmente o meio acadêmico brasileiro, pelo menos no que diz respeito às humanas.
Excluir"(...) a esquerda domina totalmente o meio acadêmico brasileiro (...)"
ExcluirLucas, qual o motivo?
É em grande parte por culpa da ditadura militar, que fez com que a direita brasileira fosse associada ao autoritarismo (o que não deixava de ser verdade, em se tratando da direita que historicamente temos aqui) e fez com que a esquerda pudesse se vitimizar (embora em outros países a esquerda tenha matado muito mais e cometido atrocidades bem maiores, e mesmo aqui houve tentativas de revoltas comunistas, guerrilhas e tudo mais). Então todos os "intelectuais" da época se posicionavam à esquerda por serem contra a ditadura, que por sua vez era a única "direita" que eles conheciam (a direita liberal sempre foi insignificante aqui, só em tempos recentes que começou a ficar popular). E como os militares censuravam a mídia e todas as formas de expressão cultural, restou aos esquerdistas ocupar as escolas e universidades e fazer a doutrinação ali, que pôde ser praticada de forma mais aberta após o fim do regime. A geração atual é fruto desses que foram doutrinados nessa época, que aprenderam que a esquerda é sinônimo de democracia e humanismo, e que a direita é sinônimo de repressão e atraso.
Excluirlucas, não sei se você acompanha o bart D.erman , mas sabe dizer se ele ainda levantou aquela teoria conspiracional sobre o irmão gêmeo de jesus?
ResponderExcluirEle levantou essa teoria bizarra no debate dele com o William Lane Craig sobre a ressurreição de Jesus.
Excluireu sei , porém ele continuou falando isso?
ExcluirNão faço ideia.
ExcluirBanzoli, noe levo os dinosauro na arca ou levo as galinha pra dps vira dinossauro?
ResponderExcluirProvavelmente levou filhotes pequenos.
Excluirlucas, só é possivel o divorcio se ocorrer adultério? e em casos de relacionamentos abusivo?
ResponderExcluirIsso é muito complexo e polêmico pra ser respondido de forma tão simples em um comentário breve como este, mas resumidamente o que eu penso é o seguinte: (1) A única exceção que Jesus abriu para o divórcio é em casos de "porneia" (cujo significado inclui homossexualismo, imoralidade, adultério e outros mais), mas Paulo aos coríntios abre pelo menos mais uma exceção, que é no caso de um marido ou esposa incrédulo que decide se divorciar, e neste caso o cônjuge cristão estaria livre de qualquer culpa. Então existem mais causas que justifiquem um divórcio além da "porneia"; (2) o ponto principal de Jesus não era exatamente delimitar em quantas ou quais condições um divórcio é justificável, mas sim se opor ao conceito farisaico de que o marido pode abandonar a mulher "por qualquer razão", como se pudesse trocar de esposa como se troca de roupa, o que é um absurdo. Eu não vejo necessidade de tratar a questão de forma estritamente legalista, como muitos fazem; (3) mesmo que o divórcio em casos de relacionamentos abusivos, agressão física e etc fosse pecado por não se enquadrar no conceito de "porneia", ainda assim eu acharia preferível pecar por se divorciar de um traste desses do que continuar com a criatura que vai tornar sua vida um inferno e colocar em risco sua própria salvação, por tirar a própria alegria de viver, que nos motiva a sermos mais produtivos e a evitar o pecado. Lembrando que da mesma forma que Jesus disse que quem se divorcia comete adultério, também disse que quem olha para uma mulher para desejá-la também comete adultério com ela em seu coração, e nem por isso temos o hábito de condenar ao inferno todo mundo que já se masturbou um dia ou que cobiçou uma mulher comprometida. Eu não estou dizendo isso para suavizar o pecado, mas penso que em certos casos um pecado é "preferível" a um mal maior (como Raabe, que mentiu para salvar os espias).
ExcluirÉ um argumento bem bobinho, bem típico deles. É óbvio que a afirmação "estarei convosco até a consumação dos séculos" se refere ao período de vida deles, ele não estava falando sobre os mortos. É como quando a Bíblia diz que Geazi pegaria lepra "para sempre", ou que Davi seria rei "para sempre", ou que o sacerdócio de Arão era "perpétuo", dentre outras centenas de exemplos que ninguém em sã consciência pensa que permanecem depois da morte, mas apenas durante o período em que a pessoa vive. No caso em questão, o que Jesus estava dizendo é que até o fim dos tempos ele estaria com os crentes, por isso a sua presença se faz entre nós até hoje, não tem nada a ver com uma alma saindo do corpo (a não ser que se pressuponha a imortalidade da alma como parte das premissas, o que seria uma petição de princípio). O conceito católico de "comunhão dos santos" é um conceito herético e delirante, sempre que a Bíblia se refere à comunhão entre os irmãos o contexto é de comunhão entre os crentes da terra com outros crentes da terra, nunca de comunhão entre os mortos ou com os mortos (que é um espiritismo mal disfarçado).
ResponderExcluirSobre a ligação da ICAR com o nazismo, há narrativas dos dois lados, e eu ainda não estudei o assunto com profundidade. Mas o que está acima de qualquer dúvida é: (1) a ICAR estimulou durante séculos o preconceito antissemita, e quase todas as leis que os nazistas criaram foram apenas cópias de seus estatutos que vigoravam há muito tempo nos Estados Papais e nos países ligados ao papado (sobre isso eu escrevi no artigo abaixo); (2) o Vaticano foi o primeiro Estado do mundo a fazer uma concordata com Hitler, isso quando o nazismo já dizia explicitamente as suas intenções; (3) os próprios apologistas católicos reconhecem que o papa demorou para a condenar o nazismo oficialmente e abertamente, supostamente por "medo de represálias", o que é uma desculpa bem fraca dado que eles condenavam oficialmente e abertamente regimes liberais e socialistas. Ele só começou a erguer a voz contra o regime quando já estava claro que os Aliados ganhariam a guerra, aí qualquer covarde se enche de coragem para fazer o certo. No mais, eu desconheço esse suposto plano do papa para matar Hitler, mas se ele realmente tentou isso deve ter sido muito incompetente pra falhar cinco vezes.
http://www.lucasbanzoli.com/2018/06/conheca-todo-o-odio-intolerancia-e.html
Dae Banoli, vi um cara refutando o argumento de q o peixe usado no Livro de Tobias é bruxaria, pra isso ele cita 1 Sm 16:23 por causa da harpa, e At19:11,12 por causa dos pano em que Paulo tocava.
ResponderExcluirNão são casos simétricos, Davi não tocava a harpa para expulsar um demônio, mas para acalmar o espírito perturbado de Saul, e os panos de Paulo não curavam ninguém, era Deus que "fazia milagres extraordinários por meio de Paulo" (v. 11), o pano era apenas um instrumento, diferente do livro de Tobias que diz que o próprio coração do peixe espantaria qualquer demônio.
ExcluirContinuando, e pra confirma a ideia d q no livro de Tobias, as esmolas apaga pecados, ele fala q Deus deu esse meio pq eles n tinham o sangue de Cristo e cita Dn 4:24, ele cita outros como Tg 2:17; Dt 15:11, mas o mais importante é o de Daniel q é o mais parecido.
ResponderExcluirEu não vi nada disso em Daniel 4:24 (muito menos nos outros textos).
ExcluirQuando esse livro atualizado sobre esse assunto ficará pronto mais ou menos?
ResponderExcluirO livro inteiro só no final do ano ou início do ano que vem, mas nas próximas semanas vou publicar uma prévia do segundo volume completo (como ficaria estranho publicar o volume 2 antes do volume 1, vou esperar para publicar a versão impressa dos livros quando terminar a parte 1, mas vou disponibilizar o pdf da parte 2 assim que terminar de revisar todo o texto, que já terminei de escrever).
ExcluirLucas, seguramente o mortalismo possui um grande respaldo bíblico. Mas em meio à tanta clareza relacionado ao assunto, há algo em particular que ainda não consegui conciliar. Trata-se da situação existencial de Cristo em sua morte.
ResponderExcluirSeguindo as premissas:
1- A morte humana significa cessação de consciência, completo aniquilamento do ser.
2- Cristo se fez homem e passou pela morte
3- Cristo deixou de existir enquanto morto
Mas como conciliar tal entendimento com o ensino da imortalidade inerente à divindade Cristo? Não me parece razoável imaginar que Cristo morreu como homem, permanecendo vivo em sua divindade (no sentido mortalista). Pois em minha percepção, é o msm que dizer que ele de fato não morreu. Pois, teoricamente, pra morrer, o seu eu (pessoa integral), precisaria experimentar a inexistência.
Concluo que há certas realidades que estamos muito limitados em entendermos, cabendo-nos somente a fé.
Não penso que seja "o mesmo que dizer que ele de fato não morreu", ele morreu, mas como homem. Da mesma forma que Tiago diz que "Deus não pode ser tentado" (Tg 1:13), mas Jesus foi tentado, como homem. Da mesma forma que Paulo diz que Deus é imortal (1Tm 6:16), mas Jesus morreu, como homem. Deus "não tem princípio nem fim de dias" (Hb 7:3), mas Jesus nasceu (teve um começo como um homem). E assim por diante, numerosos exemplos poderiam ser dados: Deus não pode sofrer dores físicas, mas Jesus sofreu como homem; Deus não faz necessidades físicas, mas Jesus sim, como homem; Deus não pode "crescer em graça e sabedoria" (Lc 2:52) porque já é pleno de graça e sabedoria, mas Jesus sim, como homem. Sem separar as duas coisas seria impossível declarar Jesus como Deus, porque como homem ele fez ou sofreu um monte de coisas que seria impossível a Deus, e a morte é uma delas.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=ormp0FucbTo esse video so tem 2 min então acho que possa da uma olhada.
ResponderExcluirBom, o ´´cosmos´´ é um pouco antigo pois carl sagan morreu em 96, você acha que hoje a gente possa concluir a ultima pergunta dele? que não o universo não é eterno?
O que todas as evidências científicas indicam é que o universo não pode ser eterno. No meu outro site tem alguns artigos sobre isso:
Excluirhttp://lucasbanzoli.no.comunidades.net/existencia-de-deusp2
http://lucasbanzoli.no.comunidades.net/o-argumento-cosmologico-kalam
lucas, qual a sua opinião em relação ao santo sepulcro ? dizem que não é la de fato
ResponderExcluirNinguém sabe onde realmente Jesus foi sepultado.
ExcluirLucas, esqueci de ter dito isso antes à você com relação ao artigo, ele está muito bem feito e pelo jeito o livro parece estar bem escrito, mas como é um tema que não tenho interesse decidi não comentar sobre o assunto. Muito obrigado por estar sempre respondendo às minhas dúvidas e tenho certeza que minha participação no Blog é sempre muito bem-vinda espero também ser um bom leitor que gosta de conversar com você sobre todos os assuntos, especialmente direito, política, história, teologia e assuntos atuais um grande abraço.
ResponderExcluirObrigado, e é claro que pode comentar, sempre que quiser. Abs!
Excluirhttps://www-cartacapital-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/www.cartacapital.com.br/politica/projeto-aprovado-na-camara-perdoa-dividas-de-1-bilhao-de-reais-de-igrejas/amp/?amp_js_v=a3&_gsa=1&usqp=mq331AQFKAGwASA%3D#referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&_tf=Fonte%3A%20%251%24s&share=https%3A%2F%2Fwww.cartacapital.com.br%2Fpolitica%2Fprojeto-aprovado-na-camara-perdoa-dividas-de-1-bilhao-de-reais-de-igrejas%2F
ResponderExcluirOooooohhh gloriaaaaa, agr o BR vai pra frente, so falta a teologia da prosperidade chega no paulo guedes pra comeca a chuva de serodia nessa nação.
Banzoli, comonuma igreja pod ficar enfividada???
Também acho isso um absurdo, a União não deveria perdoar dívidas de ninguém, nem de estados e municípios, nem de outros países, nem de igrejas, nem de indivíduos particulares ou de qualquer organização que seja. O Estado está cada vez mais quebrado e indo de fundo do poço a fundo do poço, e ainda quer perdoar dívidas de quem as contraiu por irresponsabilidade. Além de ser extremamente deseducador, pois se o Estado perdoa as dívidas de quem quer que seja, as pessoas vão pensar que não tem problema se endividar de novo, estimulando a irresponsabilidade fiscal.
ExcluirPS: eu deixei de aprovar um comentário recente seu porque esgotou os 200 comentários deste post, por isso peço para postar o mesmo comentário no post mais recente (se você não tiver mais o comentário, é só falar, porque eu tenho guardado aqui).
Eu também acho bizarro o modo como os teólogos liberais chegam às suas "conclusões", basicamente qualquer hipótese por mais fraca e sem base que seja é tomada com peso de prova, por isso eles não conseguem concordar nem entre eles mesmos, já que cada um usa a sua própria imaginação de um jeito diferente do outro, para concluir as coisas mais absurdas e sem lógica nenhuma. Um livro que me mostrou isso com clareza foi a "Introdução aos Escritos do Novo Testamento", de Erich Mauerhofer. Ele aborda tópico por tópico, escrito por escrito e autor por autor, mostra as várias vertentes de interpretações liberais que contradizem umas às outras e refuta cada uma delas com uma enorme facilidade e simplicidade, sem fazer esforço, já que as teorias são realmente muito fracas. É basicamente um "vale tudo" para desacreditar a Bíblia, que os leva às conclusões mais mirabolantes que eles jamais chegariam se não fosse por esse preconceito.
ResponderExcluirO artigo chegou aos 200 comments e por isso a caixa de comentários daqui será fechada. Quem quiser postar um novo comentário ou responder a algum daqui, fique à vontade para fazer no artigo mais recente 👍
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